« 1 ... 644 645 646 (647) 648 649 650 ... 1625 »
Política : ENVIOU OU NÃO?
Enviado por alexandre em 28/02/2020 08:40:59

Bolsonaro ataca jornalistas e nega ter compartilhado vídeo
Por Estadão Conteúdo

O presidente Jair Bolsonaro atacou ontem, a jornalista Vera Magalhães, editora do BRPolítico e colunista do Estadão, que noticiou que ele enviou a seus contatos no WhatsApp vídeo convocando para manifestações marcadas para o dia 15 de março. Os protestos, em defesa do governo e contra o Congresso, têm sido convocados por grupos ligados ao bolsonarismo desde a semana passada. Em entrevista na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que Vera "mentiu". Depois, em transmissão pelo Facebook, voltou a atingir a jornalista.

"A Vera mentiu. Eu quero que a Vera mostre o vídeo em que eu estou convocando as pessoas para isso", afirmou o presidente, ao ser questionado se busca refazer uma parceria com o Legislativo.

Bolsonaro disse que o vídeo divulgado pela jornalista teria sido gravado em 2015. Há, na gravação, porém, imagens que foram feitas depois disso. Um dos vídeos mostra imagens da facada sofrida por Bolsonaro, em setembro de 2018, durante a campanha presidencial. Há imagens dele no hospital e portando a faixa presidencial. "Tem um (vídeo) de 2015, que, por coincidência, no 15 de março houve um movimento, que foi num domingo", afirmou o presidente. Em 2015, contudo, Bolsonaro ainda era deputado federal e a facada que ele sofreu foi em setembro de 2018.

Questionado se a polêmica pode atrapalhar votações de interesse do governo no Congresso, repetiu: "Estou aguardando a Vera mostrar o vídeo dela. E não vai mostrar, né? O caráter dela...", nesse momento o presidente é interrompido por outra pergunta e não completa o raciocínio.

O BRPolítico revelou que Bolsonaro compartilhou com seus contatos do WhatsApp dois vídeos convocando para os protestos. O site divulgou também o print da tela do celular que mostra o presidente como autor dos disparos e os vídeos.

Nesta quarta-feira, Bolsonaro já havia comentado sobre o assunto nas suas redes sociais. Pelo Twitter, afirmou que envia mensagens de "cunho pessoal" a dezenas de amigos pelo WhatsApp. Na ocasião, ele não negou ter compartilhado o vídeo que chama para os atos.

Em entrevista ao Estadão, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que Bolsonaro repassou a peça com a justificativa de que ela faz a defesa do presidente. O ex-deputado federal e amigo de Bolsonaro, Alberto Fraga (DEM-DF), também confirmou à reportagem ter recebido um outro vídeo, com mesmo teor, do telefone pessoal do presidente.

A reportagem provocou uma onda de ofensas à Vera por parte de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashstag #VeraFakeNews chegou a ficar nos trending topics do Twitter, mesmo argumento usado hoje por Bolsonaro.

O vídeo divulgado pelo presidente, no entanto, faz uma clara menção às manifestações do dia 15. "Ele foi chamado a lutar por nós. Ele comprou a briga por nós. Ele desafiou os poderosos por nós. Ele quase morreu por nós. Ele está enfrentando a esquerda corrupta e sanguinária por nós. Ele sofre calúnias e mentiras por fazer o melhor para nós. Ele é a nossa única esperança de dias cada vez melhores. Ele precisa de nosso apoio nas ruas. Dia 15.3 vamos mostrar a força da família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil. Somos sim capazes, e temos um presidente trabalhador, incansável, cristão, patriota, capaz, justo, incorruptível. Dia 15/03, todos nas ruas apoiando Bolsonaro", diz o texto que aparece na tela, entremeado por imagens de Bolsonaro sendo esfaqueado, no hospital e depois em aparições públicas.

Pouco depois de falar na porta do Alvorada, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook em que repetiu a versão de que o vídeo divulgado pelo WhatsApp é em apoio a manifestações em 2015. "Eu disparei trilhões de 'zap' pedindo o apoio de todos na manifestação de 15 de março. O que eu mandei para poucas pessoas, eu mando sem filtro, são ministros, algumas personalidades, talvez não passe de 50, de 60. A Vera Magalhães teria recebido um vídeo meu pedindo, sim, o apoio para a manifestação de 15/03/2015. Então esse vídeo deve estar rodando por aí, vou botar no Facebook daqui a pouco. É um vídeo em que eu peço o comparecimento do pessoal num dia pelo que parece", afirmou.

"Vera Magalhães, eu não sou da tua laia, em cima disso você fez a matéria de que eu teria feito isso. E depois, como ela viu que tinha feito besteira, porque o vídeo é de 5 anos atrás, começou a ligar para algumas pessoas para saber e eu tinha mandado o 'zap' ou não e uma pessoa teria confirmado que eu mandei um 'zap'", completou o presidente na sua 'live' semanal.

"Agora, o vídeo ela não mostra. Veja lá se eu estou atacando o parlamento brasileiro, atacando o Poder Judiciário, atacando quem quer que seja. Ela não divulga isso daí. Ela printou o vídeo e mostrou o print, não mostrou o vídeo. Até o vídeo que está no print dela não tem nada ver, é um vídeo que fala da minha vida, da facada, da campanha, não é nada mais além disso. Mas não posso afirmar, com toda a certeza...ela queria dar um furo de reportagem com aquele meu vídeo convocando o pessoal para 15 de março, domingo, mas no seu afã de dar o furo rapidamente, ela foi e esqueceu de ver a data que era 2015. Se bem que dá para ver, perceber um pouquinho no meu semblante, que eu estou um pouco mais jovem. Mais um trabalho porco que a mídia toda repercutiu isso daí", disse o presidente na transmissão ao vivo.

A divulgação do vídeo tem sido tratada como um endosso, por parte de Bolsonaro, às manifestações e gerou reações no mundo político e nas redes sociais.

Veja abaixo o posicionamento da Diretoria de Jornalismo do Grupo Estado sobre as declarações do presidente:

"O Estado de São Paulo lamenta que o Presidente da República ataque a jornalista Vera Magalhães acusando-a de mentir por ter revelado que ele divulgou via WhatsApp dois vídeos conclamando a participação nas manifestações previstas para o próximo dia 15 de março. Ao agir assim, ignorando os fatos, endossa conteúdos falsos vinculados ao tema que circulam nas redes sociais, algumas com ameaças veladas ou não direcionadas à Vera Magalhães."


Governador do Rio: "resposta jurídica" a Bolsonaro é impeachment

Por Estadão Conteúdo

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), criticou ontem, o compartilhamento pelo presidente Jair Bolsonaro de vídeo de teor anti-Congresso e disse que "a resposta jurídica para isso é o impeachment". Segundo Witzel, "apoiar um movimento destrutivo da democracia (...) evidentemente afronta à Constituição".

A colunista do Estadão, Vera Magalhães, revelou que o presidente usou seu celular pessoal para disparar, via Whatsapp, um vídeo que convoca apoiadores a irem às ruas no dia 15. A manifestação tem sido articulada por grupos de direita em repúdio ao Congresso.

Bolsonaro não negou ter feito o compartilhamento e disse que "troca mensagens de cunho pessoal, de forma reservada". Witzel rebateu a justificativa e afirmou que "enquanto ele for presidente, todas as manifestações serão consideradas manifestações do presidente da República". a resposta do presidente.

"Quer fazer (manifestação) em caráter privado? Renuncie à Presidência da República e pode fazer em caráter privado. Enquanto ele for presidente, o que ele fala, o que ele faz, o que ele comunica, para quem quer que seja, é uma comunicação do presidente da República e nós não podemos aceitar que um presidente da República, diante de um movimento destrutivo da democracia, compartilhe esse tipo de vídeo", afirmou o governador.

O governador do Rio se elegeu em 2018 na esteira dos votos de Bolsonaro e com discurso voltado à segurança pública semelhante ao do presidente. Desde então, ele tem se distanciado politicamente do presidente e já classificou Bolsonaro como "despreparado". O presidente acusou Witzel de manipular investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e acusa o ex-aliado de usar polícia e órgãos de investigação estaduais para atingi-lo. O governador diz que irá acionar o presidente na justiça pelas acusações.

Em Washington, onde participou de evento organizado na American University, Witzel afirmou que um movimento como o convocado para o dia 15 busca "a desconstrução do País". "É uma sequência de desrespeitos em relação aos governadores, a membros do Congresso, e não é só ele, tem a declaração do general Heleno. Isso não é bom para o Brasil, não resolve o problema das pessoas que estão precisando de empregos. Estamos patinando desde o ano passado. Nada andou, nada avançou", afirmou.

A jornalistas, Witzel abriu o Whatsapp em seu celular e mostrou na tela do aparelho o vídeo no qual sua imagem aparece junto a de parlamentares e ministros do Supremo associados a doença ao som da música Pulso dos Titãs. O vídeo fora enviado ao governador por um deputado federal.

"O vídeo que eu recebi mostra ele (Bolsonaro) como um salvador, mostra o presidente como uma pessoa que foi eleita pelo povo para salvar o povo. (...) Se o presidente tem conhecimento ou não, eu não perguntei a ele, mas nós vamos fazer uma ilação de que ele tem conhecimento de que esse movimento é um movimento destrutivo, não é um movimento construtivo. Quem exerce um cargo de mandatário do povo para poder criar dias melhores para a população, um diálogo respeitando as instituições, não pode ter um comportamento como esse", afirmou o governador.

Witzel seguiu com outras críticas ao governo Bolsonaro, além do compartilhamento do vídeo, como a falta de diálogo com governadores e dificuldades na economia. Ele disse que Bolsonaro já fez "outras manifestações inadequadas" de críticas aos governadores e que o trato com o presidente "é um relacionamento muito difícil, que não agrega ao nosso País". "Os governadores têm pedido ao presidente bom senso e equilíbrio, que ele converse com a população e com os governantes, sob pena de chegarmos a uma situação de completo descontrole da sociedade porque a população espera resultados", afirmou.

"Se isso não acontecer, não gerar emprego, não resolver o problema dos Estados e municípios, a economia não avançar, ele próprio vai ser colocado para fora do poder: ou pelo voto em 2022 ou num processo de impeachment que naturalmente vai ser levado a efeito diante daquilo que ele está fazendo contra as instituições democráticas", disse Witzel.

Política : 300 LADRÕES
Enviado por alexandre em 27/02/2020 08:35:57

"300 ladrões com título de doutor", diz jornal francês

Em longo artigo sobre a composição e a atuação do Congresso Nacional, o jornal francês Le Monde Diplomatique traça um perfil pouco edificante da maior casa do poder legislativo brasileiro. A análise indica também que a falta de habilidade da presidente Dilma Rousseff para lidar com os parlamentares explica, em boa parte, a grave crise política que o país atravessa.

Publicidade

A situação delicada da presidente Dilma, que tem menos de 10% de aprovação popular e corre o risco de ter as contas de seu governo rejeitadas pelo Congresso, é o ponto de partida para Le Monde Diplomatique analisar o papel da Câmara dos Deputados na atual crise política brasileira.

A destituição da chefe de Estado por "crime de responsabilidade", como defende a oposição, não pode avançar sem o "aval de um parlamento cada vez mais rebelde" em relação à autoridade da presidente, afirma o jornal, que escolheu como título da reportagem "Trezentos ladrões com título de doutores".

A frase faz referência ao trecho da música do grupo Paralamas do Sucesso, que parodiou uma declaração do ex-presidente Lula, em 1993, de que a Câmara era controlada por uma maioria de "300 picaretas". Depois de eleito presidente em 2002, Lula aprendeu a elogiar quem tanto ele havia recriminado, observa a autora do texto, Lamia Oualalou.

Controle do poder

Le Monde Diplomatique lembra que o Congresso brasileiro, criado em 1824, após a independência do país, conta atualmente com 513 deputados e 81 senadores e se "caracteriza por uma fraca representatividade popular. Sua principal virtude? Permitir às elites perpetuarem sua influência sobre o poder", escreve.

Recorrendo ao trabalho executado pelo site Congresso em Foco, Le Monde Diplomatique lembra que desde a declaração de Lula, o perfil típico dos deputados não mudou: é "um homem branco, de cerca de 50 anos de idade, titular de um diploma universitário e com patrimônio superior a R$ 1 milhão". Outro dado relevante desse perfil não esquecido pela publicação francesa: em 2008, um estudo indicou que 271 deputados estão ligados direta ou indiretamente a alguma empresa de comunicação.

"O sistema político perpetua um fosso entre a população e seus eleitos", diz o texto. Em tom pedagógico, Le Monde Diplomatique compara o Congresso brasileiro ao americano, observando que a votação proporcional ao número de habitantes, mas com a obrigação de um número mínimo de representantes por estado, cria distorções que só favorecem os "caciques locais" da política, que "se impõem aos partidos e impedem a renovação da classe política".

Além de contornos ideológicos pouco claros, os políticos mudam de etiqueta partidária em função de interesses próprios, mesmo após a reforma adotada em 2007 para limitar essa prática, ressalta o texto.

Tiririca “puxador de votos”

Outro aspecto singular do processo eleitoral para o Congresso é o sistema de "quociente eleitoral". Com esse método, em que o voto a um candidato pode beneficiar outro da mesma sigla, o eleitor pode dar mandato a um político que defende os direitos humanos e acabar, sem querer, garantindo também uma cadeira a um homofóbico e militante pela expulsão de trabalhadores sem terra.

"Tal sistema incita os partidos a atrair personalidades e líderes carismáticos, os chamados puxadores de votos", explica. O melhor exemplo escolhido pelo Le Monde Diplomatique foi o conhecido "palhaço" Tiririca, eleito deputado federal em 2010, mesmo sem ter nenhuma experiência política. Ao receber 1,3 milhão de votos, ele permitiu que seu partido elegesse outros 24 deputados, que não conseguiriam sozinhos votos suficientes para entrar no Congresso.

Esse sistema também adora personalidades esportivas, pastores evangélicos e herdeiros políticos, afirma. Citando a radiografia do Congresso feita pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), o jornal informa que nada menos que 211 parlamentares devem suas eleições às ligações com algum parente.

“Marqueteiros” políticos entre os mais caros do mundo

A reportagem destaca ainda os preços exorbitantes das campanhas eleitorais em um país com dimensões continentais. A eleição de cada deputado custa R$ 6,4 milhões ao partido, um aumento de 283% em 12 anos. Os custos incluem despesas com deslocamentos até spots publicitários, passando pelo pagamento dos marqueteiros eleitorais, cujos preços estão entre os mais altos do mundo.

Mas os valores são bem maiores porque os partidos usam "caixa 2", para os financiamentos ocultos. A prática favorece a corrupção, como ficou evidente no caso da Petrobras, exemplifica a jornalista Oualalou. O financiamento de campanhas pelas empresas foi suspenso pela primeira vez pelo Supremo Tribunal Federal, mas "nada garante que não será rapidamente retomado", diz.

"Presidencialismo de coalizão"

Le Monde Diplomatique também explica como a multiplicação de partidos no Congresso, 28 no total, dificulta a vida de um governo. Mesmo quando o partido tem o maior número de deputados, não consegue maioria na casa e é obrigado a fazer alianças para governar.

A prática leva a uma situação em que as negociações com aliados são permanentes para manter apoio até o final do mandato. O escândalo do Mensalão, descoberto em 2005, durante o governo do ex-presidente Lula, é a melhor ilustração da dificuldade em manter uma base de apoio majoritária. É o que o jornal chama de "presidencialismo de coalizão".

Le Monde Diplomatique explica também a conturbada relação entre os poderes executivo e legislativo, envolvendo desde a distribuição de cargos no governo até a aprovação de ações como a construção de casas e pontes.

Em entrevista ao semanário francês, o cientista político Paulo Peres, da UFRGS, explica como é tentador para os partidos políticos se aproximarem do governo, mas, por outro lado, essa relação vira uma armadilha quando se trata de negociar com um governo fraco e com falta de carisma. Neste caso, lembra o especialista, os "aliados" passam a exigir mais cargos e verbas. É o que acontece com a presidente Dilma Rousseff, afirma o jornal.

PMDB, partido sem linha política

Ao insistir nas posições ideológicas "opacas" de muitos políticos, Le Monde Diplomatique argumenta que elas são tão fortes que provocam distensões no interior de um mesmo partido. É o caso do PMDB, uma legenda "sem linha política". A presidente deu vários cargos à legenda na esperança de frear o processo de impeachment no Congresso, mas ela só contentou a uma ala do partido. Outros líderes continuam a exigir sua saída do cargo e querem deixar a base de apoio do governo para não serem prejudicados nas próximas eleições.

Em entrevista ao jornal, o cientista político Stéphane Monclaire, da Universidade Sorbonne, explica que os grupos parlamentares "não são homegêneos" e os deputados, que deveriam seguir a orientação de seus líderes, podem obedecer a outros políticos de fora do Congresso, como prefeitos e governadores.

Ao "ignorar a engrenagem do sistema", Dilma Rousseff permitiu a Eduardo Cunha "deitar e rolar" no primeiro ano de seu mandato, afirma o jornal, dizendo ter sido um "erro" da presidente tentar impedir sua eleição para a presidência do Congresso.

Bancada do “Cunha”

Le Monde Diplomatique explica como Cunha, que tem o poder de decidir sobre a agenda do Congresso, ampliou seus poderes sobre os deputados e conseguiu aprovar projetos de lei extremamente conservadores, como a redução dos direitos dos trabalhadores e a mudança da maioridade penal para 16 anos.

O jornal explica também como deputados se unem e formam as bancadas, que atuam de acordo com temas de interesse comum. Entre os exemplos citados estão as bancadas do agronegócio, das empresas e até dos evangélicos. Mas esses grupos perderam um pouco de seus poderes depois da ratificação da "fidelidade partidária", explica. Só em casos excepcionais os deputados podem votar contra a orientação de suas lideranças, afirma.

No caso de Cunha, afirma Le Monde Diplomatique, ele atua em diferentes frentes, e tem até uma bancada em seu nome. Apesar de estar no centro de um escândalo relacionado a contas na Suíça, ele mantém um grande poder e pode até influenciar na eventual escolha de seu sucessor, diz o texto.

Ao analisar o cenário político, o professor Monclaire afirma que as tensões existentes entre o Congresso e o Planalto acontecem principalmente pelas disputas internas do PMDB com vistas à próxima campanha eleitoral. Sem contar com o apoio dos movimentos sociais, a presidente Dilma se encontra em uma situação delicada e seu partido, o PT, parece estar "imobilizado" por pertencer a esse governo, que corre o risco de ser o mais reacionário da história, afirma o cientista político da Sorbonne.

Le Monde Diplomatique encerra o artigo comentando que nem no auge de sua popularidade, quando tinha 85% de aprovação, o ex-presidente Lula não teve disposição de enfrentar o Congresso e propor uma reforma política.

Política : KAJURU NA VEIA
Enviado por alexandre em 27/02/2020 08:30:07

"Governo tem razão, tem muito chantagista no Congresso"

Confirmando presença nas manifestações marcadas para dia 15 de março, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) endossou as críticas do ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, a supostas “chantagens” do Congresso. “O governo tem razão, tem muito chantagista lá”, afirmou ele.

“Eu vou [aos protestos] porque é uma coisa normal para mim, todo mundo merece manifestação contra e tem muita gente ruim lá, do mesmo jeito que tem muita gente boa”, pontuou.

Segundo ele, “ou as pessoas se enganaram ou não quiseram entender” que Bolsonaro não falava dos parlamentares de forma generalista. “Em nenhum momento o presidente quis dizer que todo mundo no Congresso é igual, até por que ele permaneceu lá por sete mandatos. Entre os 594 [deputados e senadores], tem muita gente boa.”

Apesar de concordar com as críticas do auxiliar de Jair Bolsonaro (sem partido), contudo, Kajuru cobrou que o presidente exponha quem são os tais chantagistas, em vez de generalizar uma crítica ao Congresso. “Não dá nome por quê? Quer negociar com essa pessoa depois, não tem coragem? Generalizar é irresponsabilidade, é algo que eu nunca vou aplaudir”, rebateu o senador.

“Nós sabemos quais são os Aécios (Neves, deputado federal pelo PSDB-MG) no Senado e na Câmara dos Deputados. O Álvaro Dias (senador do Podemos-PR) pediu dinheiro ao governo? Eu sei que não. O Randolfe (Rodrigues, senador pelo Podemos do AP) pediu? Não. Eu queria era a verdade, ele falar quem é que está chantageando. Chantagem de quem, cara pálida?”. Continue reading


Investidor olha para a tela de seu computador durante o pregão na bolsa de Xangai, na China - 08/07/2015https://abrilveja.files.wordpress.com/2016/06/alx_economia-bolsa-xangai-20150708-01_original.jpeg?quality=70&strip=all&resize=420,280 420w, https://abrilveja.files.wordpress.com/2016/06/alx_economia-bolsa-xangai-20150708-01_original.jpeg?quality=70&strip=all&resize=360,240 360w, " data-pin-nopin="false" width="618" height="412" />

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, viveu o inferno em plena quarta-feira de cinzas, (26). Depois de passar dias fechada para as comemorações do Carnaval pelo país, enquanto via outros mercados amargurarem perdas consecutivas desde a última segunda-feira (24), o principal índice da Bolsa brasileira encerrou o dia em queda acachapante, de 7%. A perda de valor é histórica. O índice recuou de 113.646 pontos para 105.718 pontos. Para falar em valores, “sumiram” da bolsa 290 bilhões de reais — valor proporcional ao quanto vale o banco Itaú. Foi o pior desempenho para um dia desde 18 de maio de 2017, quando o mercado repercutiu a divulgação das conversas do ex-presidente Michel Temer com Joesley Batista, um dos donos da companhia frigorífica JBS — o evento ficou marcado como “Joesley Day” pelos investidores.

O motivo, em suma, para tamanha desventura no mercado de ações do país é de que o coronavírus (batizado de covid-19) tem ultrapassado as fronteiras. Na manhã desta quarta-feira, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso no país — outros vinte estão sob suspeita. Quase 3.000 pessoas já morreram mundo afora devido ao contágio — ao menos 44 países já confirmaram casos do vírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda descarta o risco de uma “pandemia” para a doença, mas diz que o surto deve ser tratado como emergência internacional.

A China, epicentro da enfermidade, tenta retomar a normalidade de sua produção aos poucos. No auge da doença, lojas e fábricas foram paralisadas. Pessoas em quarentena, em seus próprios lares, não se deslocavam nem aos supermercados, bares e restaurantes, por ordem do governo chinês. O resultado disso se mostrou instantâneo. A Apple, que detém boa parte de sua produção no país asiático, admitiu que não irá atingir sua meta de faturamento para este trimestre. Nesta quarta-feira, foi a vez de Danone e Diageo — dona das marcas Johnnie Walker, Smirnoff e da cachaça brasileira Ypióca — revisarem suas projeções para baixo. A companhia de bebidas alcoólicas britânica projeta um impacto de até 325 milhões de libras para as vendas do ano de 2020.

Companhias aéreas, montadoras, fabricantes de smartphones e empresas de turismo também serão impactadas com o coronavírus. Apesar desta ressaca sem fim aparente, a maioria dos bancos de investimentos instalados no país mantém as projeções para o Ibovespa este ano. A XP Investimentos, por exemplo, estima que a Bolsa registrará 140.000 pontos ao fim de 2020. “Ainda é difícil falar de revisão não só para o mundo como para o mercado doméstico também”, diz Betina Roxo, analista da XP. “Essa pressão sobre o Ibovespa continuará sendo vista no curto prazo. Mas ainda acreditamos que o Brasil conseguirá alcançar um crescimento de 2,3% para o PIB este ano”, complementa.

Política : A COBRA VAI FUMAR
Enviado por alexandre em 27/02/2020 08:16:46

Traidor da Constituição é traidor da pátria

O presidente Jair Bolsonaro não deve estar no seu melhor estado mental. Compartilhar de seu celular um vídeo convocando a população para protestar contra o Congresso, no próximo dia 15 de março, beira à loucura, uma insanidade. Cabe a um chefe de Estado trabalhar, diuturnamente, pela madura e democrática relação entre os poderes, nunca instigar qualquer instituição que seja.

Incitar manifestações contra poderes e instituições é ferir a Constituição. Quando promulgou a Constituição de 88, o então presidente Ulysses Guimarães, eternizado pelo Senhor Diretas, fez uma defesa ardorosa da Carta Magna. Disse que não era a Constituição perfeita, mas útil. “Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros e ignorados da miséria”, pregou num discurso antológico.

Não é a primeira vez no atual Governo que o seu chefe e asseclas mandam recados ao retrocesso. Seu filho Eduardo e o general Heleno já defenderam a volta do AI-5, o Ato Inconstitucional que fechou o Congresso, entregou o poder aos militares, baniu e perseguiu políticos, abrindo a janela para a tortura e a repressão.

Ao invés de ficar instigando a sociedade, representada pelas mais notáveis instituições, como o Congresso, o Judiciário e o Ministério Público, Bolsonaro deveria pôr os olhos no retrovisor e não se deixar tentado pelo mal. Reproduzir parte do discurso de Ulysses aqui possa servir a uma reflexão, para tirar da cabeça dele ideias malucas, que só atrapalham o seu Governo e comprometem o País.

“A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia”.

Que fique o exemplo do Doutor Ulysses!

O que está rolando – Depois das críticas do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, ao Congresso, grupos de direita que apoiam o Governo vêm convocando uma manifestação contra o Supremo e o Congresso, o que tem sido visto como ameaças a dois pilares do sistema democrático. Na terça passada, Bolsonaro usou sua conta pessoal no WhatsApp para divulgar a alguns correligionários a convocação da manifestação, sem citar o Supremo e o Congresso. Cobrado, disse que a Imprensa e os políticos fizeram ilações maldosas à sua fala.

Tensão institucional – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao ser abordado sobre o vídeo de Bolsonaro, afirmou em rede social que “criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir. Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a Nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas”, disse.



CURTAS

OS SEM FOLIA – Não foi apenas o Ceará que ficou sem carnaval por um fato localizado, a greve da polícia militar. Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios aponta que mais de 40% das cidades brasileiras não investiram na folia, preferindo guardar os minguados recursos para aplicar em saúde e educação.

RISCO DE BLOQUEIO – Por falar em crise, os municípios brasileiros têm até amanhã para homologar as informações sobre o sexto bimestre de 2019 no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde, o Siops. Até a semana passada, 2,5 mil prefeitos não haviam alimentado o sistema e correm o risco de sofrer bloqueios das transferências de recursos constitucionais a partir de 1 de março. O Siops tem o seu próprio portal, canal pelo qual os prefeitos devem atualizar as informações. Quem não correr até amanhã, vai sofrer um baita prejuízo.

O ATAQUE DE CIRO – De Ciro Gomes ao ser informado do vídeo que Bolsonaro está convocando o povo a protestar contra o Congresso: “Atenção, senhor Jair Messias Bolsonaro, canalha-mor: as instituições brasileiras serão defendidas. Eu vou te enfrentar, presidente canalha. E a sua família de canalha. Eu conheço por dentro o Congresso Nacional. E posso dizer que Bolsonaro sempre foi ligado a tudo o que não presta, em matéria de corrupção”.

Perguntar não ofende: O ano 2020 começou agitado com as ameaças de Bolsonaro às instituições?



Vídeo de Eduardo defendendo orçamento impositivo circula pelo Whatsapp

Do Terra - Por Estadão Conteúdo

Um vídeo no qual o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, elogia a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento Impositivo, de março do ano passado, circula desde ontem, por grupos de Whatsapp de partidos do Centrão, após a crise entre os poderes ter aumentado. 

O vídeo mostra a fala do parlamentar no plenário da Câmara, no dia 26 de março do ano passado. Eduardo foi um dos 453 deputados que deram voto favorável à PEC 2/1, que engessou parcela maior do Orçamento e tornou obrigatório o pagamento de despesas hoje passíveis de adiamento, como emendas de bancadas estaduais e investimentos em obras.

"Presidente, como vários parlamentares falaram, eu queria deixar nossa posição favorável à PEC e parabenizar vossa excelência pela Presidência", diz Eduardo se dirigindo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Quando Jair Bolsonaro era deputado federal, ele e eu já éramos favoráveis a esta pauta, porque ela vai trazer independência para este Plenário, independência para os colegas. Então, de maneira nenhuma se trata de uma reforma do governo, mas, sim, de uma relação harmônica entre os Poderes. Parabéns! O PSL vai votar a favor da matéria", disse o deputado naquele dia no plenário.

O Orçamento impositivo é um dos pivôs da atual crise entre os Poderes. Após governo e Legislativo fecharem um acordo sobre os vetos presidenciais à proposta, o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, acusou o Congresso de "chantagear" o governo por recursos. Nesta terça-feira, 25, em mais um capítulo da crise, foi revelado que o presidente Jair Bolsonaro enviou para contatos do WhatsApp convocação para a população sair às ruas, no dia 15 de março, em defesa do governo e contra o Congresso. O disparo das mensagens foi revelado pela colunista Vera Magalhães, do Estadão/Broadcast.

Veja o vídeo aqui: Vídeo de Eduardo Bolsonaro defendendo orçamento ... - Terra

Política : 300 PICARETAS
Enviado por alexandre em 26/02/2020 09:34:07

Criaram uma Constituição Frankenstein

Criaram uma constituição Frankenstein, na qual o presidente, que é responsável pelo governo, não tem os poderes para governar; quem tem esses poderes é o Congresso, que não tem a responsabilidade de governar

“Há no Congresso uma minoria que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses.” A constatação é de 1993, do presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, depois de ter sido, por quatro anos, deputado constituinte. Dois anos depois, a constatação virava música dos Paralamas do Sucesso: “Luiz Inácio avisou, Luiz Inácio avisou/São trezentos picaretas com anel de doutor”. O tempo passou, a prática continuou, e, em fevereiro de 2015, foi o ministro da Educação de Dilma, Cid Gomes, que avisou: “Tem lá uns 400, 300 deputados que, quanto pior, melhor pra eles, que querem que o governo esteja frágil, porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele e aprovarem suas emendas impositivas.”

Semana passada foi a vez de um ministro de Bolsonaro, general Augusto Heleno, dar o aviso. Não o fez em público, mas numa queixa privada, para o ministro Paulo Guedes, captada por um microfone indiscreto: “Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. F…-se.” Mais tarde, em nota, o ministro da Segurança Institucional acrescentou: “Isso prejudica o Executivo e contraria os preceitos de um regime presidencialista. Se desejam o parlamentarismo, mudem a Constituição.”

A Constituição de 1988 é a origem disso. Logo que foi promulgada, entrevistei o presidente José Sarney na TV e ele disse: “Esta Constituição torna o país ingovernável”. Em 2014, com 28 anos de observação, Sarney, que viveu a maior parte da carreira política no parlamento, acrescentou: “A compulsão de expandir poderes torna o país ingovernável. O parlamento desmoralizou-se, instituiu práticas condenáveis.” Eu cobri a Constituinte e sei como aconteceu. Estavam fazendo uma constituição parlamentar e o presidente Sarney se mobilizou contra. De consolo, fizeram uma emenda presidencial, dando ao presidente a medida provisória. E criaram uma constituição Frankenstein, na qual o presidente, que é responsável pelo governo, não tem os poderes para governar; quem tem esses poderes é o Congresso, que não tem a responsabilidade de governar.

O resultado é que, para governar, os presidentes se entregaram aos partidos, cedendo ministérios e estatais, o que gerou a maior corrupção institucionalizada. Chamou-se isso de “presidencialismo de coalizão” — um eufemismo para esse “Frankenstein”. O atual governo interrompeu o acesso do monstro e afetou as “práticas condenáveis” e “os próprios interesses”, aplicando a separação de poderes, prevista na Constituição. A situação foi agravada com as emendas impositivas — dê o dinheiro aos deputados, ainda que falte para quem tem o ônus de cobrar os impostos e governar. E agora articulam a derrubada de um veto do presidente para usar mais R$ 30 bilhões em ano de eleição municipal.

Por Alexandre Garcia

« 1 ... 644 645 646 (647) 648 649 650 ... 1625 »
Publicidade Notícia