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Brasil : POBREZA
Enviado por alexandre em 25/04/2015 20:32:40


Brasil: pobreza extrema quase eliminada no país
Do Jornal do Brasil

País lidera redução em toda a América Latina e Caribe entre 2001 e 2013

Um novo relatório do Banco Mundial - "Prosperidade Compartilhada e Erradicação da Pobreza na América Latina e Caribe" - mostra que o Brasil conseguiu praticamente erradicar a extrema pobreza. O percentual de brasileiros vivendo em extrema pobreza caiu de 10% para 4% entre 2001 e 2013. A mudança aconteceu mais rápido do que nos países vizinhos. 

“De 1990 a 2009, cerca de 60% dos brasileiros passaram a um nível de renda maior. Ao todo, 25 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema ou moderada. Isso representa uma em cada duas pessoas que saíram da pobreza na América Latina e no Caribe durante o período”, diz o relatório. O país acabou puxando para cima o desempenho da região como um todo.

Os autores do estudo lembram que, até 1999, os índices de extrema pobreza no Brasil e no resto da região eram parecidos: em torno de 26%. Foi em 2012 que se observou uma redução maior no percentual brasileiro: 9,6%, ante os 12% regionais. Também chamam a atenção os indicadores de mobilidade social nesse período. Atualmente, os do Brasil ficam em terceiro lugar na região, atrás do Chile e da Costa Rica.

Segundo o estudo, o bom desempenho brasileiro se explica por três motivos. Primeiro, graças ao crescimento econômico a partir de 2001, bem mais estável que o registrado nas duas décadas anteriores. Segundo, pelas políticas públicas com foco na erradicação da pobreza, como Bolsa Família e Brasil sem Miséria.

Terceiro, pelo mercado de trabalho nacional: no período da pesquisa, aumentaram as taxas de emprego e o percentual de empregos formais (60% em 2012). O relatório ainda aponta a evolução do salário mínimo, que fortaleceu o poder de compra dos brasileiros. 

O site do Banco Mundial diz que enfrentar a pobreza em meio ao atual baixo crescimento econômico é um desafio não só para o Brasil, mas para o resto da região.

“Uma reforma tributária também favoreceria os mais pobres porque, no país, muitas taxas estão embutidas nos preços dos produtos, tornando-os mais caros. Como a maior parte da renda dessas pessoas é gasta com a compra de itens básicos, o fardo dos impostos acaba pesando ainda mais”, diz o site do Banco Mundial.

Brasil : MEIO AMBIENTE
Enviado por alexandre em 22/04/2015 01:39:03


II Caminhada ecológica acontece dia 1º de Maio em Ouro Preto do Oeste
Que tal você e toda sua família saírem da rotina neste feriado de 1° de maio? Iniciar o dia com um delicioso café da manhã no Graúna Resort Hotel e caminhar junto à natureza através das lindas e inesquecíveis trilhas da Reserva Ecológica Federal da Ceplac, no município de Ouro Preto do Oeste, além de ajudar em um uma causa social.

Portanto, no dia 1° de maio sua agenda está reservada para a II Caminhada Ecológica, que se iniciará a partir das 08h no Graúna Resort Hotel, com um café da manhã. Em seguida, os participantes iniciarão a caminhada pelas três trilhas disponíveis na Reserva Ecológica Federal da Ceplac, sendo uma para crianças, a segunda com o percurso de 3 quilômetros e a terceira com 6 quilômetros.

Os participantes das três trilhas terão o acompanhamento de funcionários da Ceplac, que desempenharão o papel de guias. Durante todos os percursos, irão explicar sobre a história, fauna e flora daquela reserva. O evento também contará com a presença de médicos, policiais militares, bombeiros, e profissionais de educação física, habilitados e credenciados no Conselho Regional de Educação Física da 8ª Região – Cref8.

Pela segunda edição, o evento está sendo organizado pela Loja Maçônica Acácia n° 2.409, Clube das Acácias e pela PROMOVIDA e conta com o apoio da Ceplac, Casa da Lavoura, Confiança Cereais, Sicoob, Rancho Leiteiro, Graúna Resort Hotel, Piscicultura Verde Vale, Supermercado Taí Max, Cometa Motocenter - Honda, Inviolável - Monitoramento Eletrônico, Oficina da Moda, e Auto Posto Bosque.

As pessoas interessadas em participar, independentemente de qualquer idade, deverão adquirir o kit pelo valor de 50 reais, composto por um boné, uma camiseta, água mineral, frutas, e uma mochila. Nesse kit também está incluso o café da manhã. Os organizadores informam que foram colocados a venda somente 200 kits. A quantidade limitada, segundo eles, foi em virtude da capacidade das trilhas e em respeito ao meio ambiente.

Todo o valor arrecadado nas vendas dos kits será doado à Casa de Acolhimento do Idoso, que é administrada pela Associação para a Vida, Dignidade e Esperança do Ancião – PROMOVIDA. O dinheiro será utilizado para a construção de uma calçada, no trecho entre a rua Maira e a sede do Lar do Idoso.

Contato para aquisição do kit da II Caminhada Ecológica: (69) 9269-1144.

GAZETA CENTRAL

Brasil : MUDANÇA JÁ
Enviado por alexandre em 21/04/2015 18:48:41


Redução da maioridade penal: 83% apoiam
Com base em pesquisas da Confederação Nacional dos Transportes, de 2013, e do Ibope, de 2014, que mostram que 92,7% e 83% dos brasileiros, respectivamente, são favoráveis à redução da maioridade penal; o professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Denis Lerrer Rosenfield afirma que a esquerda brasileira não tem levado em conta a opinião do povo devido à nítida divergência entre eleitos e eleitores.

Segundo ele, “o discurso dos ‘progressistas’ não deixa de ser hilário”, pois se um menor de 16 anos já pode votar nas eleições, ele também consegue distinguir atos morais de imorais.


Sobre o argumento de que os jovens iriam adquirir mais vivência sobre diversos crimes ao ir para cadeias conviver com adultos, Rosenfield afirma que muitos desses menores dariam aulas, pois são ‘pós-graduados’ em certos atos ilegais.

ASCOM

Brasil : RÁDIO
Enviado por alexandre em 20/04/2015 17:01:23


Noruega será primeiro país a acabar com rádios FM
A Noruega será o primeiro país a acabar com as transmissões de rádio via FM (freqüência modulada). Em 11 de janeiro de 2017, o sistema será desativado, e o padrão local de transmissão será digital: o Digital Áudio Broadcasting (DAB), de acordo com reportagem da rádio norueguesa Radio.no. Segundo a emissora, o Ministério da Cultura aponta algumas vantagens do DAB. A primeira é a maior oferta de rádios. Atualmente, cinco emissoras transmitem programação por FM no país. Com o sistema digital, o número subirá para 22, podendo ampliar a capacidade para outras 20. A segunda vantagem é a qualidade do som, considerada superior à da FM. Além disso, a digitalização permitirá novas formas de interação com o público. As emissoras também podem lucrar com a migração.

De acordo com a Radio.no, transmitir por FM custa oito vezes mais que por DAB. A nova tecnologia tornou-se disponível na Noruega em 1995. Em 2007, uma versão aprimorada, o DAB+, também passou a ser oferecida. 
Vários países europeus e do sudeste asiático estudam a migração para o DAB, mas a Noruega foi a primeira a marcar uma data para isso. O FM começará a se aposentar com menos de 100 anos de uso comercial. A patente da tecnologia FM foi requerida em 1933, mas as primeiras rádios comerciais só entraram no ar no fim daquela década.

O FM é uma tecnologia de transmissão em que a informação é fornecida por uma combinação de freqüências de onda. Quando surgiu, foi considerada superior à tecnologia AM, de amplitude modulada, pela qualidade do som. Em 1978, o número de estações FM superou o de AMs nos Estados Unidos. Sua principal limitação é o alcance: as ondas são captadas apenas por quem estiver num raio de cerca de 100 quilômetros da estação. (Terra)

Brasil : DAMAS DO CRIME
Enviado por alexandre em 18/04/2015 18:21:36


Casadas com o crime riquezas e glamour das damas do crime

Tinha 15 anos quando lhe disseram pela primeira vez: “A patroinha chegou…”.Era dia de baile funk no morro do Cerro Corá, zona sul do Rio de Janeiro. A Daniela Silva que subia a favela naquele dia levava uma vida de classe média. No “asfalto”, circulava comas amigas patricinhas do colégio, mantinha o bronze nas areias de Copacabana e se submetia à rígida educação do pai militar. A filha seguia a cartilha obtendo as melhores notas e voltando às 10 horas da noite para casa. Assim foi, até Daniela se apaixonar por Junior, o dono da festa – e do morro inteiro. Lá do alto, o traficante aguardava a convidada de honra com um fuzil atravessado nas costas. Os dois se conheceram na região do Lido, próximo ao Posto 2, onde um amigo de Daniela costumava comprar maconha – ela mesma não curtia o barato, mas acompanhava o rolê. Sempre por ali, Valdir de Oliveira Junior deu um jeito de serem apresentados e não tirava os olhos da morena de cabelos cacheados. “Achei que ele gostasse de uns baseados também, mas não podia imaginar que era o dono da boca”, diz. Engataram um romance: cinco anos mais velho, ele a buscava de moto na escola e passavam a tarde na praia. Em um mês, Junior conseguiu tirar a virgindade e as desconfianças dela quanto ao seu sustento. Logo precisou confessar seus segredos.

STATUS 36 - VIOLÊNCIA

Daniela Silva

De uma vez só, ele contou que morava com uma mulher, que a família toda trabalhava no crime e que tinha problemas com a Justiça. Atônita, Daniela quis entender melhor que problemas eram aqueles. Junior estava foragido, respondia por tráfico de drogas, dois assaltos e latrocínio (roubo seguido de morte). “Fui embora chorando e a palavra ‘latrocínio’ não saía da minha cabeça – tive vergonha de perguntar o que significava”, diz. A noite em claro, num misto de medo e decepção com tantas descobertas perturbadoras, não foi suficiente para afastar Daniela da paixão. A diferença é que a partir de então ela sabia e aceitava, tornara-se cúmplice do amor ficha-suja. Sem conta em banco, Junior depositava bolos de cheques oriundos do crime na poupança que a namorada mantinha apenas por causa de sua mesada. Certa vez, Daniela guardou no armário do próprio quarto uma sacola com dinheiro, pistola e um quilo de cocaína. Metia-se em viagens-relâmpago, mentindo para os pais que estaria com as amigas. O casal partia com a roupa do corpo, sem planos, para gastar no destino como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. A intensa adrenalina e a grana fácil seduziam tanto quanto os afagos à vaidade. “Temiam o chefe e faziam qualquer coisa para me agradar”, diz. “Ninguém me contrariava, mesmo que dissesse a maior bobagem.”

Quando Daniela completou 17 anos, seu pai pediu transferência para Manaus. Ele fracassara nas tentativas de afastar a filha daquele perigoso envolvimento. A adolescente se recusou a ir, rompeu relações com a família e foi morar com Junior. Decisão que a faria entrar de cabeça no universo da bandidagem pelos próximos anos. Certa vez, Daniela voltava da academia quando percebeu a presença de policiais no prédio em que moravam, em Botafogo. Correu até o apartamento para sumir com os flagrantes antes que esmurrassem a porta. Enfiou pistolas, granadas e cocaína dentro de travesseiros e jogou pela ventilação interna do banheiro. Foi aquele estardalhaço: “Vocês estão presos”. O traficante sabia que estava sendo caçado e guardava parte do lucro para cobrir eventuais subornos. Minutos depois, acertou a liberdade em troca de R$ 100 mil, uma moto e algumas armas. “Ficou ‘estreito’ de a gente circular pelo ‘asfalto’, tivemos que nos mudar para o morro”, conta. “Mas eu nunca me adaptei àquilo.” Apesar do status e das regalias como primeira-dama, além do conforto de uma casa equipada, Daniela vivia entediada. Não se identificava com as garotas da favela. Quando o cerco se fechava contra Junior, ela o seguia na rotina nômade. Um dia dormia no meio do mato, noutro em barraco de desconhecidos.

Ele havia sido identificado num grampo telefônico em que negociava o fornecimento de drogas com um traficante colombiano. Após três operações policiais no Cerro Corá e muito tiroteio, Junior foi preso em 1997. Daniela nem sequer cogitou abandoná-lo. Aprendeu o caminho e as artimanhas de cada penitenciária, preparando o “jumbo” com os mais variados produtos (de frutas a papel higiênico). Numa das primeiras visitas, ela engravidou no “ratão” – transa de 15 minutos no banheiro, proibida pelos agentes. Mais do que um filho na barriga, passou a carregar responsabilidades bem pesadas. “Eu tinha que tomar conta dos negócios aqui fora”, explica. “É como se diz: são os olhos do dono que engordam o boi…”. Ótima em matemática, Daniela já ajudava na contabilidade do tráfico. Para organizar a distribuição do dinheiro, ela montou um caderno de pagamentos. Cada integrante recebia um valor semanal de acordo com a hierarquia que ocupava no esquema. Havia ainda a quantia entregue às mulheres dos funcionários cumprindo pena. Com o marido atrás das grades, passou também a cobrar e dar ordens. Mas não fazia nada sem falar com ele. Junior ligava o dia inteiro para saber onde e com quem Daniela estava. Pedia para ouvir a voz das pessoas no telefone. Quem ousaria desafiar o ciúme de um homem desses?

O morro, então gerenciado por Daniela, foi tomado por uma facção inimiga. Ela cuidava do filho quando, em 2001, Junior apareceu fugido da cadeia. Voltou à ativa, dessa vez assaltando residências e joalherias. A família gozou do dinheiro sob o sol de Porto Seguro (BA). A lógica do crime não prevê nada a longo prazo – é ganhar e gastar. Certa noite, enquanto assistia a um jogo de futebol e cheirava pó em casa, Junior discutiu com o comparsa por causa de um roubo que, por pouco, não deu errado. Daniela percebeu o tom sinistro da conversa e se meteu entre os dois. Levou três tiros: na barriga, no pescoço e nas costas. “Junior descarregou o pente da pistola e matou o cara. Eu sabia que a vizinhança já devia ter chamado a polícia”, diz. “Achei que fosse morrer, então mandei que ele fugisse dali com o nosso filho.” Daniela foi internada com uma bala alojada na coluna e quase ficou paraplégica. Perdeu pedaços do intestino, do estômago e da bexiga. Sobreviveu com apenas uma sequela no pé esquerdo, sem movimentos. Junior foi pego meses mais tarde e transferido para Bangu, onde permanece até hoje. Ela se recuperou e, em 2007, foi presa após uma investigação que quebrou seus sigilos bancário e telefônico. Os amantes arquitetavam o esquema dos famosos golpes de falso sequestro por telefone. Acusada por extorsão, associação ao tráfico e formação de quadrilha, Daniela recebeu oito anos de condenação. A criança do casal, órfão de pais livres, ficou com a avó materna nos três anos em que ela cumpriu pena sob regime fechado. “Via o desespero da minha mãe, a carinha do meu filho e percebi que havia feito tudo errado”, diz. “Eu queria morrer e nascer de novo.”

Determinada a recomeçar, Daniela conseguiu um emprego na sede da ONG AfroReggae. Junior detestou a ideia de a mulher buscar independência financeira e sair definitivamente da ilegalidade. “Vai trabalhar por um salário de R$ 500, coisa que você gastava numa bolsa?”, ele provocava. Em março de 2013, numa visita ao marido na penitenciária, Daniela mostrou que não aguentava mais. Tirou a aliança do dedo e avisou que não voltaria. “Eu sabia que aquela era a hora e o lugar, cheio de gente e policial – se ele tentasse alguma coisa contra mim, teria como pedir socorro”, lembra. “Junior duvidou, mas eu saí andando sem olhar pra trás.” Durante meses, ele a ameaçou de morte por telefone. Tinha certeza de que Daniela estava com outro homem. “Imagina! Preciso ficar sozinha para ele digerir… e não é justo botar alguém num rolo desses.” Hoje, ela se divide entre as obrigações como mãe de um garoto de 15 anos, o terceiro ano da faculdade de administração e o trabalho como coordenadora do projeto Empregabilidade do AfroReggae. “Durmo em paz, não devo nada a ninguém”, diz, aos 36 anos. “Tenho estabilidade para construir um futuro. Os castelos que Junior me deu sempre foram de areia.” Daniela ainda envia os alimentos e materiais de que ele precisa – agora, pelos Correios. A previsão é de que ele só retorne às ruas em 2026. E ela não esconde o receio quanto a isso.

 

PLAYBOYZINHO

O caso de Daniela e o de tantas outras mulheres, mostrados também em uma série do canal GNT chamada Paixão bandida, são cada vez mais comuns e atraem muita curiosidade. Como, afinal, elas entram nesse mundo? A verdade é que muitas delas andam soltas por aí, mas estão tão presas quanto seus companheiros. Seja por medo ou por amor. “Muitas mulheres de traficantes trabalham e têm empregos formais, mas acabam sendo solicitadas por eles – seja para carregar uma arma, seja para esconder dinheiro. Sempre para resguardar a segurança de seus companheiros”, diz Carolina Grillo, antropóloga e professora da Fundação Getulio Vargas, com tese de doutorado sobre o tráfico nas favelas. “Em geral, é um envolvimento periférico, elas não percebem que estão envolvidas no crime.” É o caso de Renata Coimbra. Quando adolescente, queria ser médica e frequentava a igreja evangélica na Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, zona norte do Rio, onde cresceu. Do casamento aos 17, veio a primeira filha. Renata se separou três anos depois e conheceu Johny da Silva Militão em rodinhas de samba. Chamado de “playboyzinho” pelo estilo e pela boa pinta, era um tímido auxiliar de dentista. Renata resistiu o quanto pôde, preocupada com sua reputação, mas acabou saindo com o galã trabalhador. “Todo mundo gostava dele, não era envolvido no crime”, lembra.

Não demorou até que os namorados estivessem morando juntos e ela engravidasse novamente. O salário mínimo que Johny recebia parecia ainda mais insuficiente agora. Apesar da renda familiar, sonhavam com um bom carro e uma casa com piscina. Ele arrumou um emprego numa empresa de eventos, passou a viajar para fora do Estado e do País. “Ele começou a se deslumbrar e a conviver com pessoas estranhas”, diz. “Eu sabia que algo errado estava acontecendo, brigava para que ele me contasse no que tinha se metido”. Johny foi mandado embora do trabalho, mas não aparentou nenhuma preocupação. A despeito do desemprego, a renda familiar só aumentava. Embora não o visse armado ou em bocas de fumo, Renata concluiu que ele estava revendendo drogas. O pai de família se transformara num matuto, como se diz na gíria: comprava em São Paulo e na Colômbia para abastecer o morro da Vila Cruzeiro.

STATUS 36 - VIOLÊNCIA

Renata Coimbra

“Coloquei ele contra a parede, relutei muito, tentei fazer com que mudasse de ideia”, diz. Johny cravou que aquela era a vida que almejava para si – R$ 10 mil por semana. Renata, com seus dois filhos pequenos, dependia dele financeiramente e se resignou com a decisão. “Ele não queria ser bandido para matar, mas para ter acesso rápido às coisas materiais que invejava.” Por dois anos, desfrutaram dos símbolos de status a que podiam pagar, como as roupas de marca. As pessoas da comunidade passaram a olhá-los de forma diferente, com reverência e temor. “‘Não mexe com a mulher do Johny’, diziam. Se por um lado era um alívio não ter dificuldades financeiras, por outro descobrimos um cotidiano arriscado. A grana não rendia porque não tinha o valor do suor”.

 

OBRIGADA A IR NO PRESÍDIO

O marido doce e gentil ficou agressivo, cheio de neuroses de perseguição. Acusado de traição por um traficante, foi ameaçado de morte. A família saiu às pressas: no dia seguinte,eles mudaram-se para Realengo, onde ele arrumou um emprego de carteira assinada numa ONG. Estavam empenhados em acabar com aquela loucura e recuperar o passado honesto. “Meu pavor era que ele morresse ou fosse preso”, afirma. “Não existe outra alternativa para quem entra nessa vida.” E a intuição de Renata não poderia ser mais precisa. Certo dia, ela abriu a porta de casa e deu de cara com um oficial de Justiça. Era um mandado de prisão para Johny por tráfico e associação ao tráfico. Trêmula, ela assinou o papel garantindo que ele se apresentaria à delegacia quando retornasse do expediente.

Fugiram para outro bairro, em meio à montanha-russa de emoções. Renata insistia para que ele não cedesse às tentações de voltar ao crime. Para dar o exemplo, ela conseguiu um bico como demonstradora de produtos em um supermercado e iniciou a faculdade de nutrição. Johny tentou, sem sucesso, vender cestas básicas e abrir um lava-rápido. Certo de que a prisão seria inevitável, combinou com a mulher que venderia drogas até que o dinheiro pudesse comprar um lugar para morarem.

STATUS 36 - VIOLÊNCIA

Os moradores de favelas como as da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão tratam as mulheres de traficantes como rainhas por medo de represálias de seus maridos

Eles se instalaram na casa nova e reformada na Vila Cruzeiro de suas infâncias. Um mês depois, quando Johny saiu de carro para buscar Renata na faculdade, foi abordado por policiais. Não foi uma batida à toa. Ele era foragido da Justiça e havia sido flagrado numa escuta telefônica. Ao saber da condenação de dez anos, Renata ficou deprimida e sozinha. Hoje recebe ajuda dos sogros e da avó para manter as crianças e realizar as visitas semanais – nos três anos em que ele está preso, ela nunca faltou aos encontros permitidos. “Renata paga o preço das visitas à cadeia e do estigma de ser mulher de bandido. Mulher de traficante corre muitos riscos, como ser sequestrada e torturada pelas facções inimigas e pela polícia”, diz José Junior, presidente da ONG AfroReggae. “Depois, quando o cara é pego e condenado, elas também ficam presas, obrigadas a frequentar os presídios em todas as visitas.”

Hoje, Renata atua como coordenadora pedagógica de uma creche na comunidade e batalha para conquistar o diploma de nutricionista. Os dois filhos estudam e preferem não ter contato com o ambiente penitenciário. Perderam o convívio com o pai nos últimos anos. Mas Johny acaba de progredir do regime fechado para o semiaberto, com direito a trabalhar durante o dia e retornar à noite para a cadeia. “É engraçado… posso ver uma pessoa com um baita carrão que não invejo. Mas me dói demais ver uma foto de amigos viajando em família.”

STATUS 36 - VIOLÊNCIA

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