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Brasil : O FILME
Enviado por alexandre em 12/03/2018 18:48:16


Imagens de fotógrafa cuiabana fazem parte de filme nacional sobre violência obstétrica
As imagens da gravidez e do parto de Lurdes Soares, registradas pela doula e fotógrafa de Cuiabá Elis Freitas, fazem parte do filme ‘O Renascimento do Parto 2’, que tem estreia programada para o dia 10 de maio em todo o Brasil. O documentário, que teve sua primeira parte lançada em 2013, fala desta vez sobre violência obstétrica. Nascida em Rondônia, Elis Freitas é farmacêutica e mora há cerca de cinco anos em Cuiabá. Em 2010, quando teve um parto domiciliar de seu segundo filho, decidiu fazer curso de doula e apoiar a causa. Depois dessa experiência, ela conheceu o parto humanizado.

Lurdes Soares, mais conhecida como ‘Lulu’, teve seu primeiro filho em 2015, de forma natural. Em entrevista ao site ‘Mães de Peito’, ela contou que foi mais difícil achar um médico que apoiasse sua escolha do que parir. Lurdes foi atropelada por um caminhão quando tinha sete anos de idade, e os médicos tiveram que amputar suas duas pernas.

Parto de Lulu:

“Ele [o diretor] me pediu especificamente o parto da Lulu”, contou Elis ao Olhar Conceito. “Porque foi realmente de quebrar muitos paradigmas pela condição física dela. Depois ele abriu o leque pra mais gente, abriu o chamado pra mais tipos de parto, e me pediu pra mandar outros partos pra ele, pélvico, gemelar...”.

Uma das fotos de Elis, que retrata Lulu grávida, em sua cadeira de rodas, e fazendo um símbolo de força, foi escolhida inclusive para ser o cartaz do documentário. Segundo a assessoria do filme, ainda não há certeza se ele vai ser exibido em Cuiabá, visto que a primeira parte não passou por aqui. No entanto, ele ficará disponível, depois, nas plataformas digitais.

O Renascimento do Parto

Com direção e roteiro de Eduardo Chauvet, ‘O Renascimento do Parto 2’ traz depoimentos de mães, ativistas, médicos e outros profissionais da saúde, e tem na violência obstétrica o seu fio condutor, além de apontar para experiências bem-sucedidas de parto normal praticados tanto no Brasil como no exterior.

O primeiro filme, feito em 2013, nasceu para falar sobre os dados que impressionavam sobre as cesarianas no Brasil. O país era o campeão mundial de cirurgias cesarianas no setor privado. Na época, mais de 55% das grávidas brasileiras passavam pelo procedimento cirúrgico, e esse número saltava para mais de 90% dos nascimentos na rede privada de saúde. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que a porcentagem de cesarianas não ultrapasse 15% do total de nascimentos.

O primeiro longa foi feito sem nenhum recurso público ou privado. De forma independente, bateu o recorde brasileiro de crowdfunding ao arrecadar mais de R$ 140 mil, dinheiro utilizado para garantir a exibição no circuito comercial.

“O Renascimento do Parto” terminou 2013 como o segundo documentário mais assistido nos cinemas do país. Em 22 semanas em cartaz, o filme passou por 50 cidades e foi selecionado para festivais dentro e fora do Brasil. Neste ano, coincidindo com o lançamento de “O Renascimento do Parto 2” no circuito exibidor de cinemas, o longa também será lançado nas plataformas de vídeo sob demanda pela Vitrine Filmes.

Além de “O Renascimento do Parto 2”, já está garantido o lançamento de “O Renascimento do Parto 3” nos cinemas em setembro de 2018, fechando assim a trilogia.

O Renascimento do Parto 2 será lançado em 2018 nos cinemas do Brasil e percorrerá, inicialmente, o circuito exibidor comercial de cinema com a mesma distribuidora do Renascimento do Parto 1, a Espaço Filmes, que também é o 3º maior exibidor de cinema no Brasil com 110 salas próprias.

O Renascimento do Parto 2 e 3 serão, logo em seguida, distribuídos em multiplataformas digitais como Netflix, VOD, iTunes Brasil e Mundo, Canal Brasil da Globosat e outras janelas pela Vitrine Filmes. Os DVDs, como no filme 1, serão distribuídos pela Bretz Filmes.

Haverá distribuição gratuita de 200 DVDs para bibliotecas públicas, escolas, instituições de ensino superior, centros culturais, cineclubes, e entidades do terceiro setor, dentro e fora do Brasil. Outras 300 cópias serão prensadas para distribuição específica. Cem cópias serão disponibilizadas sob demanda, através de contatos da proponente. Outras 200 cópias serão oferecidas às pessoas e instituições que, de alguma forma, contribuírem para a realização do filme.

“O Renascimento do Parto 2” ganhou edital de apoio na modalidade finalização e lançamento do Fundo de Apoio a Cultura da Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Distrito Federal.

Veja o trailer do Renascimento do Parto 1:


http://www.olhardireto.com.br/conceito/noticias/exibir.asp?id=15030&noticia=imagens-de-fotografa-cuiabana-fazem-parte-de-filme-nacional-sobre-violencia-obstetrica

Brasil : VENCEDORA
Enviado por alexandre em 12/03/2018 18:41:32


Cervejaria de Cuiabá vence maior concurso da América Latina com Hop Lager
A cervejaria cuiabana Louvada venceu, na última semana, o Concurso Brasileiro da Cerveja, com a melhor Hop Lager do Brasil. O evento, que aconteceu de 7 a 10 de março em Blumenau, Santa Catarina, durante a 10ª edição do Festival Brasileiro da Cerveja, é o maior da América Latina.

A Louvada ganhou medalha de prata com sua Hop Lager, e foi a única premiada em sua categoria. De acordo com a assessoria, cervejeiros, especialistas e consumidores degustaram mais de 800 rótulos, em cerca de 130 estandes, para chegar ao resultado final. "O mais relevante nesta premiação é o fato de que a cerveja que foi avaliada e depois premiada é do mesmo lote que está nos bares, restaurantes, conveniência, na casa do consumidor. Não é uma cerveja específica para prêmio. Além disso, acreditamos que a Hop Lager Louvada foi vencedora por conseguir aliar equilíbrio, leveza e traços cítricos", afirmou Gregório Ballarotti Laurindo, mestre cervejeiro da Louvada.

A cerveja ‘Hop Lager’, que levou o prêmio, é clara, leve, refrescante e lupulada, indicada para quem gosta da refrescância de uma Pilsen, mas com aromas cítricos e amargor mais presentes. Apresentada nas versões 500 ml e long neck, a Hop Lager Louvada é uma das mais vendidas da marca, ficando atrás apenas da Pilsen. A Louvada está disponível nos pontos de vendas: bares e restaurantes de Cuiabá, empórios de Rondônia e Campo Grande e, em breve, em todo o Brasil.

OLHAR DIRETO

Brasil : JOGO PROIBIDO
Enviado por alexandre em 10/03/2018 19:23:57


Não creio que seja atribuição do Estado decidir como cada cidadão pode gastar o seu dinheiro

Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo

O lobby pela legalização dos jogos sofreu um revés esta semana com a rejeição, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, do projeto de lei que liberaria e regulamentaria a atividade. A matéria ainda irá para o plenário, mas o placar da votação, um eloquente 13 a 2, resultado da aliança da esquerda com a bancada da Bíblia, mostra que o clima não é favorável aos entusiastas da jogatina.

Creio que o jogo, mesmo quando bem controlado, atrai para seu entorno alguma atividade criminosa. Há ainda possibilidade de a proliferação de casas de aposta trazer repercussões negativas para a saúde mental de pessoas propensas ao jogo compulsivo. Parecem-me também algo exagerados os cenários de arrecadação milionária projetados pelo lobby. Eles falam em R$ 12 bilhões a R$ 18 bilhões por ano em impostos.

Não penso, porém, que essas sejam razões suficientes para manter a proibição, que, segundo as más línguas, teria sido iniciativa de Dona Santinha, o apelido da mulher carola do presidente Eurico Gaspar Dutra.

Meu argumento é essencialmente filosófico. Não creio que esteja entre as atribuições legítimas do Estado decidir como cada cidadão pode gastar o dinheiro que ganhou. Se o sujeito se diverte jogando roleta a dinheiro e se essa atividade não representa ameaça direta a terceiros, não faz nenhum sentido proscrevê-la.

O que me chama a atenção é a incongruência de setores da esquerda que defendem a legalização das drogas com base no argumento da autonomia individual, mas não a do jogo. Ora, todas as hierarquias de valores conhecidas colocam a saúde física, que é impactada pelas drogas, mas não pelo jogo, acima do patrimônio, impactado pelas drogas e pelo jogo.

A única explicação que me ocorre é que a esquerda parece nutrir uma espécie de fobia ao dinheiro. É louco, considerando que a moeda foi uma das invenções que mais bem-estar trouxe à humanidade.

Brasil : LIBERADO
Enviado por alexandre em 09/03/2018 23:02:17


Fronteira de MS com Paraguai é “deserto” aberto para o crime
Estrada de areia cheia de atoleiros, Rodovia Internacional divide países em uma região onde os dois Estados não estão presentes
Helio de Freitas, de Dourados

Trecho da MS-165, rodovia que liga Coronel Sapucaia a Paranhos; do outro lado fica o território paraguaio (Foto: Helio de Freitas)Trecho da MS-165, rodovia que liga Coronel Sapucaia a Paranhos; do outro lado fica o território paraguaio (Foto: Helio de Freitas)

Enquanto blindados do Exército patrulham os morros cariocas na inédita intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, uma importante parte do território brasileiro segue abandonada, sem a mínima presença do Estado.

Trata-se da fronteira de 1.300 quilômetros entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, aonde ir de um país para o outro significa apenas dar alguns passos. Na segunda-feira (5), o Campo Grande News percorreu boa parte dessa fronteira imaginária, que só existe no mapa, porque na prática, é como se fosse uma rua entre dois bairros de uma mesma cidade.

Ironia do destino que o governo brasileiro ignora. É exatamente por essa faixa de fronteira que passa boa parte do motivo da guerrilha urbana instalada nas favelas do Rio. Sai dessa área abandonada pelo Estado a maior parte da cocaína e da maconha consumidas no país e parcela importante das armas usadas pelas facções criminosas brasileiras.

Narcotraficantes brasileiros radicados no Paraguai e depois presos em ação conjunta dos dois países já revelaram que utilizaram a fronteira desguarnecida para enviar drogas e armas aos comparsas cariocas.

No dia que foi preso, em dezembro passado, em Concepción, Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o “Marcelo Piloto”, contou a policiais brasileiros e a agentes da DEA (órgão norte-americano de combate às drogas) que enviava por Mato Grosso do Sul armas, munições e maconha destinadas aos morros cariocas.

Atoleiro e abandono – Assim como fazia Marcelo Piloto, outros traficantes e contrabandistas de cigarro paraguaio – outro segmento do crime organizado extremamente fortalecido na fronteira – utilizam as dezenas de estradas que cortam essa região do país, sem qualquer fiscalização.

Uma dessas estradas da “fronteira sem lei” é a MS-165, uma rodovia estadual que começa no município de Ponta Porã e segue até Paranhos, circundando a fronteira entre os dois países. Do lado paraguaio também existe uma estrada paralela e as duas recebem o nome de Rodovia Internacional.

Mas não é só no nome que as duas estradas se assemelham. Elas não têm asfalto e foram abertas em meio a um terreno de areia. Não há qualquer tipo de fiscalização nessa rodovia, que mais parece uma estrada de fazenda, cheia de atoleiros, cortada em vários locais por veios de água e por onde só passam alguns caminhões e caminhonetes.

A reportagem percorreu a MS-165 de Coronel Sapucaia até o município de Paranhos, numa distância aproximada de 80 quilômetros. Por causa do atoleiro, não foi possível chegar à cidade de Paranhos e a equipe teve de retornar a Coronel Sapucaia.

Em vários locais há acessos entre os dois lados da fronteira. Caminhões boiadeiros cruzam de um lado para o outro, assim como tratores e caminhonetes. A fronteira ali é apenas geográfica.
Motociclista sem capacete circula pela MS-165; nem lei de trânsito é respeitada (Foto: Helio de Freitas

Só no mapa - “Aqui todo mundo vai de um lado para o outro, para nós é como se fosse um país só. Alguns vizinhos têm terra dos dois lados, plantam e criam gado nas duas propriedades”, afirmou o capataz de uma fazenda na margem da MS-165 que vistoriava a cerca na segunda-feira à tarde. Por não ter autorização do patrão para dar entrevista, pediu para não ter o nome divulgado.

Também não há vestígios nessa parte da fronteira do Exército brasileiro, que desde 2014 implanta o projeto-piloto do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) no trecho entre Mundo Novo e Bela Vista.

Empacado por falta de recursos, o Sifron patina há quase quatro anos, está atrasado e até agora não produziu resultados para a segurança pública de Mato Grosso do Sul.

Os tais sensores e radares implantados na fronteira não são percebidos, nem militares fardados são vistos na Linha Internacional. Segundo moradores dessas cidades fronteiriças, a presença do Exército se resume aos quartéis em Ponta Porã e Amambai.

Acesso a Coronel Sapucaia e Capitán Bado, importantes bases do crime organizado (Foto: Helio de Freitas)

Outras estradas – Mas a falta de fiscalização não é exclusividade da Rodovia Internacional. Nos 650 km percorridos nos municípios de Ponta Porã, Amambai, Coronel Sapucaia, Paranhos, Tacuru e Sete Quedas, a reportagem não encontrou nenhuma viatura da polícia.

Nem mesmo um carro locado com placa de Belo Horizonte (MG), que poderia ser roubado sendo levado para o Paraguai ou poderia estar retornando ao país com drogas e armas, chamou a atenção dos policiais.

Às 10h30 de segunda-feira não havia nenhum policial no posto da Polícia Militar Rodoviária na MS-386, entre a BR-463, em Ponta Porã, e a cidade de Amambai. Mesma situação ocorria às 18h30 no posto da PMR entre Amambai e Caarapó. Apesar dessa situação, a PMR aumentou suas apreensões de drogas e contrabando nos últimos tempos nessa região de fronteira.

A Polícia Rodoviária Federal tem números impressionantes de apreensões em Mato Grosso do Sul – foram 103 toneladas de drogas só no primeiro semestre do ano passado. Entretanto, com pouco efetivo e sentindo na pele os cortes de gastos adotados pelo governo federal, não consegue manter vigilância permanente.

Quando a reportagem passou pelo posto da PRF na BR-463, por volta de 10h de segunda-feira, só havia um policial fazendo o serviço interno. Já o posto na BR-163, no município de Caarapó, estava fechado na segunda à noite.

Brasil : NOVINHA
Enviado por alexandre em 05/03/2018 18:53:01


Termo lidera sites pornô e é código para pedofilia

Ela é uma velha conhecida de todos que falam português, palavra que, graças ao diminutivo, ganhou ao longo de décadas – séculos, talvez – a função de reforçar a juventude de mulheres e também de objetos como casas, roupas, aparelhos de tevê. Adjetivo que desfilava de forma garbosa e inocente, passava de boca em boca de maneira elogiosa, aqui e ali invejosa, quase sem malícia. Mas, embalada pelo batidão do funk e incentivada pelo coro de plateia e ouvintes, a palavra novinha ganhou corpo, hormônios e alta carga erótica, deixou de lado a leveza e subjetividade características para incorporar a rigidez de um substantivo.

Como diziam professoras do antigo curso primário, substantivo é algo concreto, que se pode pegar. Uma definição precária, mas que, no caso, se encaixa com perfeição – dialoga com buscas em sites pornô e com a popularização de um novo sentido do verbo pegar. Novinha virou substantivo para lá de concreto, estrela de sucessos musicais, objeto direto de desejo e alvo de preocupação dos que veem na popularização da palavra um atalho que, amenizado pelo carinhoso sufixo inha, potencializa a pedofilia e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

A transformação do adjetivo novinha em substantivo que define criança ou adolescente bonita, sexualizada e disponível é recente, como indica o Google Trends, ferramenta que compara o grau de interesse por palavras e expressões ao longo do tempo. Esses dados mostram que a presença relativa de novinha nas buscas era discreta até 2006 – perdia de goleada para palavras mais neutras, como garotae menina, e estava menos presente que ninfeta e lolita, há muito tempo associadas à representação da criança ou jovem capaz de despertar desejo sexual.

No Brasil, em dezembro de 2006, no índice de zero a 100 que marca a proporção de buscas realizadas num determinado período, garotamarcou dez pontos; menina, nove. Ninfeta comparecia com cinco; lolita, com dois. Nesta comparação, a popularidade de novinha era inferior a um ponto – nos meses seguintes, o novo substantivo começaria a dar sinais de vida e, em fevereiro de 2009, empataria com ninfeta – três pontos cada. A ascensão seria constante e, em dezembro de 2013, novinha aplicaria uma goleada de 50 a 42 em menina (a popularidade de garota ficou em 22; a de ninfeta, quatro; a de lolita, um). Em janeiro passado, novinha liderava a comparação com 67 pontos contra 45 de menina, 15 de garota, três de ninfeta e um de lolita. Novinha dava goleada até em Neymar, tradicional campeão de audiência na rede – no mesmo mês, o já nem tão novinho craque do PSG amargava 23 pontos.

O detalhamento dos dados de janeiro passado expõe a diferença entre os significados associados a novinha e a menina. Em suas primeiras 25 citações mais relevantes, a primeira palavra é associada à atividade sexual: “novinha sexo”, “novinha pornô” e “comendo novinha” são as três expressões mais populares. No caso de menina não há, nas 25 primeiras referências, qualquer relação com sexo. Curiosidade: a primeira citação à palavra lolita decepcionaria Vladimir Nabokov, autor do romance que trata da relação entre um homem maduro e uma adolescente – a campeã no Google Trends é a veterana apresentadora de tevê Lolita Rodrigues, que completará 89 anos em 10 de março.

A relação entre novinha e sexualidade foi consolidada em 2016, quando as buscas pela palavra no Google passaram a indicar sites de sexo explícito, entre eles, o maior do gênero, o Xvideos. Em 2014, novinha alcançava, entre internautas brasileiros, o topo do ranking de procura de um dos maiores fornecedores internacionais de pornografia da internet, o PornHub – fenômeno semelhante ao ocorrido em países como Canadá, Alemanha, México e Argentina, onde a preferência é pela palavra teen (norte-americanos e britânicos optaram por lésbica; japoneses e indianos foram de esposa; espanhóis, poloneses e egípcios buscaram por mãe).

A consagração, no suposto sigilo da internet, das imagens de sexo com crianças e adolescentes foi seguida, um ano depois, por outro tipo de postura, manifestada publicamente. Depois de vários protestos de grupos conservadores, uma exposição de arte seria fechada em Porto Alegre, acusada de incentivar a pedofilia. A imagem, registrada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, da menina que tocava mãos e pés de um artista que se apresentava nu também seria motivo de polêmica que se arrastaria por muitas semanas. A mãe da criança – que acompanhava a filha –, o ator e o museu foram apresentados como incentivadores de uma perversão. No dia 10 de setembro, quando a exposição Queermuseu foi cancelada na capital do Rio Grande do Sul, na internet as novinhascontinuavam populares, muito buscadas na privacidade do computador. A palavra alcançou, no estado, segundo o Google Trends, 74 pontos de popularidade – por lá, a expressão relacionada ao substantivo que teve maior procura foi “novinha dando”. As buscas por garota bateram nove pontos, por guria, zero ponto.

Em entrevista por e-mail, Clayton Nunes, dono do site Brasileirinhas – especializado em vídeos pornô –, afirma que chegou a resistir ao uso da palavra novinha na descrição de suas produções, achou que o termo “remeteria à pedofilia”. Mas, argumenta, com o passar do tempo, depois de ouvir tantas músicas que tratavam do tema, percebeu “que o termo estava totalmente popularizado” e que não havia uma “repulsa popular” ao seu uso. Na época, novinha já ganhava de lolita e ninfeta nas buscas do site pornô: “Tivemos que aceitá-la”, justifica. Segundo ele, a procura começou em 2014 e foi consolidada dois anos depois. Um processo que não chegou a abalar o prestígio de outra palavra que remete ao mesmo universo de desejo: estudantes. Nos últimos doze meses, porém, o filme campeão de visualizações pelos assinantes do site tem como estrela a cantora Gretchen, de 58 anos.

Das músicas citadas por Nunes, as nascidas do funk carioca foram as que mais contribuíram para a popularização deste novo jeito de perceber uma palavra que está aí há tempos. Uma das canções pioneiras é Vai novinha, de Mc Frank e Bonde dos Magrinhos:

Vai novinha
uh vai novinha
vou deixar você maluca tu vai ficar suadinha
Eu vou te pegar de jeito
Gata para de gracinha

Outro trecho deixa tudo mais explícito:

Aqui a chapa é quente é várias linguadinha
na xotinha
na bundinha
no peitinho
e na boquinha
uh vai novinha

MC Loscar foi outro que apostou no filão e que, a exemplo de outros colegas, não deixou a norma culta da língua interromper a narração do desejo. Como roupas que atrapalhavam o desfrute de um prazer, regras de concordância voltaram a ser jogadas para o alto em mais uma louvação agressiva ao sexo adolescente. Ele lançou sucessos como Ela é novinha, mas já é piranha – o título resume o conteúdo – e Novinha de 17, este, um funk que alerta para eventuais problemas em manter relações sexuais com menores de 14 anos, crime previsto em lei.

Elas são tão gostosinhas…
Mas, é “chave de cadeia”!

A letra cita o artigo 214 do Código Penal, que classificava como crime as relações sexuais com menores de 14 anos. Por conta do uso de heranças retrógradas como a valorização da virgindade e de expressões como “mulher honesta”, o artigo acabou revogado e substituído pelo de número 217-A, que trata do estupro de vulnerável e pune relações sexuais e atos libidinosos com menores de 14 anos.

Filólogo e lexicógrafo, diretor do Instituto Antônio Houaiss, Mauro Villar diz que ainda é cedo para pensar em levar a novinha – tão popular no funk e nos sites pornô – para as páginas do sisudo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – ele é coautor da publicação. Diz que sequer conhecia a acepção erótica da palavra. “Os dicionários andam sempre a reboque, os dicionaristas são paquidermes, vão muito lentamente”, explica. Uma lentidão justificável pela dinâmica da língua, já que palavras envelhecem com rapidez – daí a preferência pelas adotadas pela literatura e que têm uma sobrevida garantida.

Mas novinha, a palavra, parece pouco se importar com sua ausência em compilações que registram e tentam eternizar a língua. Está viva, e, além de excitar, assusta muita gente. Coordenadora do Núcleo de Defesa de Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Arlanza Rebello cita que o funk não é o único gênero a propagar a violência contra mulheres – o samba está na lista. Ela não vê qualquer graça no processo de popularização da palavra e de sua forte ligação com a sexualidade.

Para Rebello, a palavra novinha passou a definir um produto, objeto de prazer para homens, uma espécie de boneca sem personalidade ou sentimentos. Um processo de aceitação que facilitaria crimes como os estupros coletivos – adolescentes são vítimas frequentes desse tipo de ataque. Ressaltou que, no rastro da novinha e do culto à juventude, mulheres passam a usar um tipo de depilação que remete à infância e há até produtos de higiene íntima com cheiros que lembram os utilizados em bebês.

A defensora frisa que novinha contribui para um processo de banalização da violência contra mulheres: “A palavra é mais palatável que cachorra, vagabunda”, detalhou. Mas o problema vai além da disseminação do termo, algo facilitado por uma certa tolerância social – os funks fizeram sucesso. Ela cita um processo de sexualização da infância que reforça o fetiche relacionado a mulheres mais jovens e que se manifesta há algumas décadas entre nós, na maquiagem usada por crianças, nas roupas cavadas usadas por apresentadoras como Xuxa, nas danças e músicas – quem tem mais de 40 deve lembrar de programas de tevê que promoviam concursos em que crianças rebolavam na boquinha da garrafa ao som do sucesso do grupo Companhia do Pagode. “O resultado de tanta erotização é que as meninas estão menstruando cada vez mais cedo”, comentou.

Ex-professora de escola da rede estadual, Rebello afirma ter detectado a aceleração do processo que leva meninas a uma iniciação sexual precoce. Segundo ela, a sociedade e, em particular, os pais têm dificuldades em lidar com o tema, o que facilitaria a naturalização de situações como o início da vida sexual aos 13 anos. “Há garotas de 14 anos que têm vergonha da própria virgindade”, contou. Para ela, houve um relaxamento em torno de certos tabus, como o de relações entre professores e alunas. A pobreza, disse, contribui para estimular um processo de busca de reconhecimento de meninas e adolescentes – nesse contexto, ser chamada de novinha pode representar a conquista de um determinado lugar social.

O que a defensora classifica de “coisificação” do corpo da mulher tem como face mais cruel os abusos, crimes de difícil punição. Ela enumera resistências da polícia, do Ministério Público e do Judiciário – há casos de advogados que pedem para que a vítima descreva o pênis do acusado, que detalhe a relação sexual. Fundadora da Rede Feminista de Juristas, a advogada Marina Ganzarolli afirmou que há juízes que ignoram o Código Penal, adotam a tese de consentimento e, assim, descaracterizam o estupro em relações com menores de 14 anos. “A condenação em casos de crime sexual é muito difícil, fica a palavra da vítima contra a do agressor. Não se valoriza o que diz a vítima, a Justiça prefere ficar com a versão do homem”, relatou. De acordo com ela, é quase impossível conseguir a condenação por estupro de uma mulher adulta – no caso de adolescentes, depende do juiz.

“As coisas que a gente ouve… Perguntam se a mulher gozou, se ela gemeu, se o homem gozou dentro ou fora. Além disso, falta maior sensibilização dos médicos responsáveis pelo atendimento às mulheres estupradas”, reclama.

Dados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio ilustram a dificuldade de punir crimes sexuais contra adolescentes. Ao longo de 2017 foram julgados onze processos relacionados à exploração sexual de menores de idade ou vulneráveis. No mesmo ano, apenas 49 ações relacionadas a esses crimes foram protocoladas no fórum.

De acordo com a advogada, a predominância da palavra novinha em caixas de procura de sites pornô só surpreende quem desconhece estatísticas de crimes contra mulheres: afirma que em 70% dos casos de estupro no Brasil as vítimas têm até 17 anos; 50% de todas as ocorrências envolvem meninas com menos de 13 anos. Uma violência que tem como palco a casa da jovem ou outros lugares por ela frequentados. “Na maioria dos casos, a vítima conhece o estuprador, os casos de ataques em terrenos baldios não chegam a 5%”, disse. Ganzarolli ressaltou também a prática de outro crime, a pornografia de vingança – casos em que ex-parceiros expõem na internet fotos íntimas de mulheres. Na mesma linha, delegacias estão entulhadas de casos de abusadores que chantageiam jovens com a ameaça de divulgação de imagens em que aparecem nuas ou praticando sexo.

Para Ganzarolli, a popularização do substantivo novinha reforça a desigualdade da educação para meninas e meninos e a lógica de que o desenvolvimento da sexualidade da mulher tem que ser conduzida por um homem. As músicas que tanto ajudaram a disseminar a palavra são vistas pela advogada como a “ponta do iceberg”. “Reflete uma construção estrutural, enraizada no imaginário coletivo, de que o corpo feminino está no mundo para servir ao prazer masculino.”

Fonte: Piauí

Créditos: Piauí

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