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Brasil : DESIGUALDADE
Enviado por alexandre em 08/05/2021 00:01:02

Pobres foram mais afetados na pandemia

Uma pesquisa desenvolvida pelo Observatório das Metrópoles mostrou que pandemia em 2020 agravou pobreza

Amanda Garcia, da CNN, em São Paulo

Bairro de Boa Viagem, no Recife, é marcado por desigualdade territorial
Bairro de Boa Viagem, no Recife, é marcado por alta desigualdade social em seu territorial
Foto: Diego Herculano/NurPhoto via Getty Images

A desigualdade nas metrópoles brasileiras bateu recorde durante a pandemia em 2020. É o que aponta uma pesquisa desenvolvida pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC-RS e o Observatório da Dívida Social na América Latina.

Em entrevista à CNN, um dos coordenadores do estudo, o professor Marcelo Ribeiro, da UFRJ, reforçou que mesmo antes da pandemia a diferença já era grande.

“No começo da série histórica, que foi em 2012, os 10% mais ricos da população ganhavam 22 vezes mais do que os 40% mais pobres. Antes da pandemia essa diferença já estava em 29 vezes”, explicou.

Agora, por causa da pandemia da Covid-19, o avanço foi ainda mais acentuado. “Em apenas um ano, a diferença passou para 39 vezes, já estávamos com um nível grande, a desigualdade se acelerou de forma abrupta durante 2020”, disse Marcelo Ribeiro.

Segundo a análise do estudo, houve perda de renda para todos os extratos sociais. “Todo mundo perdeu, mas os mais pobres perderam muito mais do que aqueles do topo da distribuição de renda”, contou Ribeiro.

Os 10% de brasileiros que fazem parte do topo da arrecadação perderam 6,9% de rendimentos, enquanto os 40% mais pobres perderam 34,2%. “A perda dos mais pobres foi mais significativa, em uma situação em que todos perdem, com os pobres perdendo mais, a desigualdade se eleva.

”Na avaliação de Marcelo Ribeiro, é necessária uma mudança de mentalidade para que a situação seja revertida: “A gente precisa discutir enquanto sociedade o que é preciso ser feito para não só reverter para o quadro anterior, de 2019, mas para um processo de fato para reduzir a desigualdade de renda, um processo de mudanças muito mais profundas.”

Brasil : HOMOAFETIVAS
Enviado por alexandre em 06/05/2021 00:52:33

Uniões homoafetivas disparam disparam no Brasil após a eleição de Bolsonaro

Mais de 80 mil: Levantamento revela o avanço da união civil entre pessoas do mesmo sexo após a chegada de Bolsonaro ao poder. "A gente nunca se viu casando, aí chegaram as eleições de 2018, o medo de perder direitos que estão garantidos, e fizemos tudo do dia para a noite"


Quase 80 mil casais LGBTQIA+ formalizaram sua relação nos últimos dez anos, desde quando o Brasil entrou para a (ainda seleta) lista de países que reconhece a união civil entre duas pessoas do mesmo sexo.

Entre 2011 e 2020, o número de registros de união estável de casais homoafetivos passou de 1.531 para 2.125, e o de casamentos, de 3.700, para 8.472 — um aumento de 28% e 138%, respectivamente —, segundo levantamento da Anoreg (Associação dos Notários e Registradores do Brasil) feito exclusivamente para Universa.

Nesta quarta (5), completam-se dez aos desde que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, por unanimidade, equiparar os direitos de casais homoafetivos aos direitos de casais heterossexuais e reconhecer como família a união entre dois homens ou duas mulheres e os filhos do casal.

Saiba mais: Decisão inédita do STF reconhece adoção de crianças por casal gay

Em 2018, o número de registros teve uma alta de 61% em relação a 2017, com uma influência política: a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Desde que era deputado federal, Bolsonaro faz comentários homofóbicos e chegou a dizer que preferia ter um filho morto do que um filho gay.

A jornalista Beatriz Sanz e a publicitária Angel Pinheiro, de São Paulo, estavam juntas havia três anos quando decidiram se casar, em 2018, por medo de que o governo Bolsonaro colocasse em risco o direito ao casamento.

A gente nunca se viu casando, era para ser uma coisa mais “vamos morar juntas”, bem informal. Aí chegaram as eleições de 2018, o medo de perder direitos que estão garantidos, e fizemos tudo do dia para a noite. O segundo turno foi no final de outubro, e em novembro a gente tava se organizando para casar

Por conta da alta procura, conseguiram assinar a certidão apenas em 27 de dezembro daquele ano, penúltima data disponível no cartório da região,

Não há um estudo claro que mostre isso, mas pelo sentimento e entendimento dos profissionais nos balcões de cartórios, houve sim uma movimentação de casais que decidiram assegurar juridicamente suas relações em 2018“, diz Ana Paula Frontini, diretora do Colégio Notarial do Brasil e porta-voz da Anoreg.

Decisão levou a outros avanços, mas não virou lei

Especialistas ouvidos por Universa dizem que, ao reconhecer a união de pessoas do mesmo sexo, o STF abriu as portas para uma série de outros avanços favoráveis à população LGBTQIA+: o casamento, em 2013; o nome social para pessoas trans, em 2016; a criminalização da homofobia e da transfobia, em 2019; e a permissão para doar sangue, em 2020.

O advogado Saulo Amorim, presidente da Abrafh (Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas), no entanto, faz uma ressalva: todas essas decisões foram tomadas pelo Poder Judiciário, e não pelo Legislativo, portanto, não são leis e nem direitos conquistados:

São avanços, claro, mas conquista mesmo será quando tivermos um Congresso sensível a essa parcela da população e que transforme essa decisão judicial em lei, que altere o Código Civil e edite leis que deixem claro que não existe diferenciação entre as famílias brasileiras. O que temos hoje são direitos garantidos para a população em geral e que foram estendidos para nós, LGBTQIA+

Cada vez mais casais dizem “sim”

Em 2011 quando o STF reconheceu a união civil, o número de registros triplicou em relação ao ano anterior: se em 2010 apenas 576 casais assinaram a união em cartório no Brasil, em 2011 foram mais de 1,5 mil.

Ana Paula Frontini, da Anoreg, afirma que o aumento de deveu a uma “demanda reprimida” pela união homoafetiva. Nos anos seguintes, o país atingiu a marca de 2 mil registros anuais e continuou na mesma casa até o ano passado, mesmo durante a pandemia de coronavírus.

Em 2020, o país registrou 2.125 uniões estáveis entre casais do mesmo sexo, aumento de 38% em relação a 2011, quando esse direito foi assegurado.

O número de casamentos — direito ratificado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2013 — teve um aumento bem mais expressivo que a união estável, de 127% desde que foi reconhecido. Em 2013, 3,7 mil casais disseram “sim” em cartório; em 2020, último ano completo calculado pela Anoreg, foram 8.472 casais.

O que mudou com a decisão do STF

Há dez anos, a decisão do STF foi lida pelo então ministro Ayres Britto, designado relator da ADPF 132, que pedia que o Supremo analisasse a constitucionalidade da união estável entre duas pessoas do mesmo sexo.

Na ocasião, ele argumentou que a Constituição veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor. Portanto, ninguém pode ser diminuído ou discriminado por conta da orientação sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica“, falou.

Saulo, da Abrafh, e Maria Berenice Dias, presidente do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família) e advogada especialista no direito de famílias homoafetivas, casais de dois homens ou duas mulheres que quisessem tornar a união oficial antes de maio de 2011 tinham poucas opções:

assinar uma escritura pública de parceria civil, equivalente a um contrato de sócios, para resguardar os direitos do casal em relação a bens materiais;
mover uma ação judicial pedindo o reconhecimento da união estável, o que dependia da interpretação de um juiz e podia levar algum tempo para ser aprovado — isso só começou a acontecer poucos anos antes do reconhecimento pelo STF, a partir de meados de 2005.

Os Tabelionatos de Notas registravam uniões como sociedade de fato, mas sem caracterizar família, pois não havia a autorização do STF“, explicou Ana Paula Frontini, diretora do Colégio Notarial do Brasil e porta-voz da Anoreg.

O arquiteto Jill Castilho e o advogado Éder Serafim, de Guapiaçu (SP), por exemplo, realizaram em 2010 uma cerimônia com amigos e familiares para assinar um contrato que estabelecia a divisão de bens entre eles — “como se fosse um contrato de sócios de uma empresa, só que a empresa era o nosso casamento“, conta.

O papel não garantia direitos além dos bens materiais e não tinha valor jurídico. Mas o casal lembra: “De toda forma, foi muito importante para as pessoas à nossa volta entenderem que era um casamento, que a gente queria virar uma família“.

Mesmo depois do reconhecimento pelo STF, nos primeiros anos depois de 2011, muitos casais enfrentaram problemas para assinar a união estável, explica Saulo.

Eles chegavam ao cartório pedindo para reconhecer a união, e os agentes do cartório não tinham informações sobre isso ainda. A primeira resposta era sempre ‘não, não fazemos união estável entre pessoas do mesmo sexo‘”, conta.

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Por falta de orientação do CNJ, quando encontravam um cartório que topasse fazer o registro, pediam uma lista de documentos absurda, muito maior do que a exigida para casais heterossexuais. Temos relatos de casais que tiveram que apresentar até laudo médico atestando que eles estavam em plenas faculdades mentais“.

Brasil : SUS É MELHOR
Enviado por alexandre em 04/05/2021 01:14:43

SUS é o melhor sistema de saúde do mundo, diz a dona do Magazine Luiza

Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (3), a empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho da Magazine Luiza, falou sobre o movimento 'Unidos pela Vacina', que une empresários e o governo pela ampliação da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Trajano destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser o maior aliado na imunização dos brasileiros, desde que reformuladas questões como gestão e digitalização dos serviços. 

"Não tem nada melhor para a desigualdade do que o SUS, nós temos uma experiência de vacinação em massa que nenhum país tem. Em cada cidadezinha, por mais simples que você possa pensar, tem uma pessoa apaixonada por vacinação, que passa em estrada ruim para aplicar a vacina", disse a empresária.

O movimento 'Unidos pela Vacina' reúne entidades, empresas, associações e ONGs com o  propósito de tornar viável a vacinação de todos os brasileiros até setembro de 2021. 

"O SUS é o melhor sistema de saúde que existe, nós vamos poder lutar para ser um órgão do estado e digitalizar. Imagina você poder marcar uma consulta por telefone, diminuir as filas. O pessoal fala muito de orçamento, mas sem gestão não serve para nada. Nossa proposta, junto com o governo, é mobilizar para que a saúde seja do povo", destacou Trajano. 

Luiza Trajano afirmou que, em parceria com o Ministério da Saúde, o objetivo é trazer mais vacinas de outros países.

"Temos dois pilares bem distintos, estamos junto com o Ministério da Saúde tentando trazer vacinas de outros países, mas quem tem que comprar é o Ministério da Saúde, não tem como a gente comprar vacina porque temos cinco fornecedores para vacinar milhões no mundo", disse. 

A empresária falou sobre a importância da geração de emprego, mas, enfatizou que a solução imediata para a crise é a vacinação em massa. 

'Temos que começar a gerar emprego, porque isso que irá fazer a diferença, mas sem a vacina vai continuar nesse abre e fecha, o foco é a vacina não vejo outra forma. Se todo mundo se unir, a gente vai ter uma retomada muito legal".

Luiza Trajano conversou com a CNN sobre a ajuda à vacinação
A presidente do Conselho da Magazine Luiza, Luiza Trajano, conversou com a CNN sobre a ajuda na vacinação (03.mai.2021)
Foto: Reprodução / CNN

Brasil : VACINAÇÃO NOS EUA
Enviado por alexandre em 03/05/2021 23:30:46

Os latino-americanos que viajam aos EUA para se imunizar

"Minha mãe tem 80 anos e, como fomos convidadas para um casamento na Flórida, aproveitei a viagem para nós duas recebermos a vacina."

A história desta venezuelana que prefere não dar seu nome é cada vez mais comum: a de viajantes de países latino-americanos que estão sendo vacinados contra o coronavírus nos Estados Unidos.

"Foi tudo muito simples. Bastava mostrarmos nosso passaporte e eles nos vacinaram sem nem precisar sair do carro no Hard Rock Stadium de Miami", disse ela à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC).

No norte dos EUA, na cidade de Boston, outra venezuelana de 62 anos também não teve grandes dificuldades. "Eu me registrei na página do Departamento de Saúde de Massachusetts e alguns dias depois eles me deram a vacina sem pedir nenhum documento". Ela recebeu a vacina da Pfizer no Hynes Convention Center.

"Meu marido insistiu que eu viesse tomar. Realmente, é uma questão de vida ou morte e não sei quando as vacinas chegarão ao meu país ou se vão administrar os imunizantes bem na Venezuela. E aqui foi tão fácil ... "

Mas não são apenas os venezuelanos. No México e na Colômbia, proliferam agências de viagens que promovem pacotes turísticos que têm como principal atrativo o acesso à vacina, ainda longe do alcance da maioria em muitos países latino-americanos devido à lentidão em sua distribuição na região.

Pacotes de viagens

Segundo a Associação Mexicana de Agências de Viagens, já existem cerca de 500 empresas que oferecem pacotes que incluem voo para os EUA, recepção no aeroporto, acomodação e traslado para um centro de vacinação — tudo por cerca de 20 mil pesos (cerca de US$ 1 mil ou mais de R$ 5 mil)

Nos principais aeroportos do sul dos EUA, como os de Miami, Orlando, Houston ou Los Angeles, o turismo de vacinas é um fenômeno já bem visível.

Florida

Crédito, EPA

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A Flórida é um dos lugares para onde os latino-americanos estão viajando para se vacinar

Isso é também consequência do avanço da campanha de vacinação nos EUA, onde mais de 53% da população já recebeu pelo menos uma dose da vacina, percentual só superado por Israel e Reino Unido.

Os dados contrastam com 6,1% na Colômbia, onde as autoridades foram obrigadas a decretar novos confinamentos para conter o avanço da epidemia. Em outros países, o percentual de pessoas vacinadas também é baixo: 9,5% no México e 1% na Venezuela.

Na região, poucos casos excepcionais, como Uruguai e Chile, se aproximam dos números americanos.

"A América Latina é a região que atualmente mais necessita de vacinas", diz a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne.

Vacinação na Bolívia

Crédito, EPA

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A vacinação está atrasada em muitos países da região

Isto é um problema?

Quando a crescente chegada de latino-americanos — incluindo pessoas famosas cuja vacinação causou polêmica — virou notícia na imprensa, alguns Estados anunciaram medidas para garantir que apenas residentes recebessem a vacina.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou que o Estado exigiria comprovante de residência para aplicar a vacina.

Mas a Secretaria de Saúde do Estado disse à BBC Mundo que há exceções.

Como a Flórida tem muitos residentes temporários, principalmente idosos, as autoridades dizem que "não podem limitar" a vacinação de pessoas que não moram lá durante todo o ano.

Na sexta-feira (30/04), o clínico geral do Estado, Scott Rivkees, emitiu uma instrução recomendando estender a vacinação a todos os não-residentes na Flórida que estejam lá "fornecendo bens e serviços".

Os turistas latino-americanos que foram vacinados na Flórida consultados pela BBC Mundo disseram que não é necessário comprovante de residência.

E até políticos locais parecem ter visto no novo "turismo de vacinas" uma oportunidade de compensar um pouco a queda de visitantes causada pela pandemia. É o caso do prefeito de North Miami Beach, Anthony F. DeFillipo, que chegou a sugerir que estrangeiros venham para a cidade em busca da vacina.

Três dias depois, a Prefeitura esclareceu em comunicado que cabe à Secretaria de Estado da Saúde definir os critérios para administrar a vacina.

Chegada das vacinas ao México

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

Especialistas exigem que países como os EUA enviem mais vacinas para outros menos desenvolvidos

Mary Jo Trepka, especialista em Epidemiologia da Florida International University, disse à BBC News Mundo que "nos EUA há um amplo estoque de vacinas e a pequena porcentagem de doses que os viajantes latino-americanos estão tomando não deve representar um problema [para os demais americanos]".

"Na verdade, é do interesse dos EUA que a população de nossos países vizinhos seja vacinada e, do ponto de vista da saúde pública, o problema é: por que não estão chegando vacinas suficientes a esses países", diz Trepka, que cobra do presidente dos EUA, Joe Biden, um maior envolvimento no programa Covax e em outras iniciativas de ajuda a países menos favorecidos.

A Casa Branca anunciou em 26 de abril que enviará 60 milhões de doses da vacina Oxford-AstraZeneca para países em dificuldade "assim que elas estiverem disponíveis". Mas ele não detalhou quem serão os favorecidos.

López Obrador

Crédito, EPA

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O presidente do México é um dos que pediu ajuda a Biden com as vacinas

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'E você? Qual você recebeu?'

Por Marcos González, correspondente da BBC no México

Estou embarcando em um voo da American Airlines de Miami para a Cidade do México. Embora seja de manhã cedo, há muitas conversas animadas. Três jovens mexicanos de no máximo 30 anos falam sobre sua viagem aos EUA. Eles cumprimentam outros conhecidos mexicanos que estão embarcando no avião.

"E você chegou ontem e vai embora hoje? Nossa, tá maluco. E qual você recebeu? Eu, a da Moderna", diz um deles, de terno e perfeitamente penteado, para uma das amigas que está andando pelo corredor procurando por seu assento.

Não é segredo para os passageiros ou tripulantes que, entre os inúmeros atrativos de se viajar para os EUA, agora existe também a possibilidade de se receber a vacina por lá. E não são poucos os que trocam dicas sobre como fazer isso de forma rápida e confortável.

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Desigualdades

Para Trepka, a desvantagem do turismo de vacinas da América Latina é que ele "agrava as desigualdades nos países de origem", pois quem pode viajar para os EUA é quem pode pagar e tem autorização de entrada, o que exclui grande parte da população da região.

O fato de nem todos poderem pagar explica o alvoroço causado pelos casos conhecidos de celebridades que viajaram aos EUA para se vacinar, como o ex-candidato à presidência do Peru Hernando de Soto, que inicialmente negou ter recebido a vacina.

Trepka, no entanto, não culpa os turistas. "Eu acho que faria o mesmo se estivesse no lugar deles."

Vacina

Crédito, Reuters

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A desvantagem do turismo de vacinas da América Latina é que ele "exacerba as desigualdades nos países de origem"

Brasil : NOVOS SANTOS
Enviado por alexandre em 03/05/2021 23:17:55

Igreja Católica retoma canonização, conheça os novos santos

Depois de um ano sem consagrações, em função da Covid-19, Vaticano volta a realizar processos de canonização, que cresceram com o papa Francisco

Edison Veiga, colaboração para a CNN

Papa Francisco celebra missa de Domingo de Ramos
Francisco é o papa que mais fez canonizações na história (28.mar.2021)
Foto: Reprodução / CNN

Impulsionados por João Paulo II (1920-2005), os processos de canonização cresceram ainda mais com o papa Francisco no comando da Igreja Católica. Agora, começam a ser retomados depois de uma interrupção atribuída à pandemia de Covid-19. O atual pontífice é o maior responsável por consagrações de santos na história do catolicismo, com 45% das canonizações.

Francisco pontífice sempre demonstrou ter apreço por estimular e reconhecer devoções populares e há muito superou o antecessor polonês. De março de 2013, quando se tornou papa, até outubro de 2019, na celebração da última missa de canonização, o argentino consagrou aos altares a incrível marca de 897 santos. João Paulo II, por sua vez, canonizou 482 nomes durante os 16 anos de pontificado.

O ano de 2020 foi um raro momento dos tempos modernos em que o Vaticano não reconheceu nenhum novo santo. Desde a primeira canonização presidida por João Paulo II, em 1982, só haviam passado em branco 1985 e 1994 — este último, com uma possível explicação: o papa havia fraturado o fêmur e precisou reduzir a agenda devido às dificuldades de locomoção.

Nesta segunda-feira (3), haverá um consistório em que será anunciada a data para a retomada da consagração de santos. Sete religiosos serão canonizados: o oficial das Forças Armadas, explorador, geógrafo, linguista e eremita francês Charles de Foucauld (1858-1916); o oficial da corte indiano Devasahayam Pillai (1712-1752), que assumiu o nome cristão de Lázaro; o padre francês Cesar de Bus (1544-1607); os padres italianos Luigi Palazzolo (1827-1886) e Giustino Russolillo (1891-1955); e as religiosas italianas Maria Domenica Mantovani (1862-1934) e Maria Francesca de Jesus (1844-1904), cujo nome de batismo era Anna Maria Rubatto.

Consistório é o nome que se dá para a reunião de cardeais, convocada e presidida pelo papa. No caso do encontro agendado para esta segunda-feira, trata-se de um consistório ordinário, ou seja, embora todos os purpurados sejam convidados, espera-se a presença apenas daqueles que estejam em Roma ou arredores. Essa característica dos tempos de pandemia tornará mais simples o encontro.

Voz do povo tem força nas canonizações

Em 28 de novembro, quando ocorreu o último consistório realizado para a nomeação de novos cardeais, houve ausências por conta da situação sanitária. “Geralmente os que não podem comparecer justificam a ausência. Mas nesse último, pela primeira vez, alguns participaram por videoconferência”, explica o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. 

Ele acredita que, dado o precedente aberto, eventualmente os consistórios a partir de agora possam permitir esse tipo de participação remota, em casos de necessidade. “Mas a ideia dos cardeais presentes fisicamente em Roma é uma questão histórica e simbólica”, salienta ele, sobre o papel dos cardeais como conselheiros papais.

 Já a celebração da canonização em si, cuja data será anunciada na segunda, realmente seria difícil de ocorrer com a pandemia fora de controle. “Seria complicado, pelo próprio sentido da cerimônia”, explica a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. 

“Numa canonização, a pessoa recebe o título de ‘santa’ e seu culto é ‘estendido a toda a Igreja Universal’, para usar a linguagem técnica. Não é um ato só da hierarquia católica, ao contrário do que se pensa. Os canonistas reiteram que além do processo em si, a ‘vox populi’, ou seja, a voz do povo de Deus, tem seu peso. O povo, que espalha a fama de santidade da pessoa, é parte fundamental desse processo”, afirma Medeiros.

O vaticanista italiano Andrea Gagliarducci avalia que uma canonização de forma reservada “não faria sentido”. “Os fiéis devem estar presentes [à cerimônia], e o papa deve celebrá-la”, pontua ele, que acredita haver condições para realizar a celebração neste ano de 2021 seguindo protocolos de segurança. 

Charles de Foucauld, novo santo católico
Charles de Foucauld, novo santo católico, em foto provavelmente de 1915
Foto: Domínio Público

Missas de canonização costumam ser celebrações concorridas, com a Praça São Pedro lotada de fiéis, geralmente reunindo caravanas dos países de origem dos novos santos. Em outubro de 2019, na última celebração do tipo, eram muitas as bandeiras brasileiras empunhadas na cerimônia que fez de Irmã Dulce (1914-1992) a 37ª santa brasileira. Cerca de 25 autoridades do Brasil, como o vice-presidente Hamilton Mourão, os então presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, acompanharam a cerimônia. Também integraram a comitiva nacional o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Há casos em que o Vaticano celebra as canonizações no país de origem do novo santo — exigindo uma logística impossível em um período sanitariamente inviável. Foi assim, por exemplo, que o mundo viu o então papa Bento XVI reconhecer, em maio de 2007, Frei Galvão (1739-1822) como o primeiro santo nascido em solo brasileiro. A missa, naquela ocasião, foi celebrada no Campo de Marte, em São Paulo.  

As origens dos novos santos

Dentre os sete novos nomes apresentados, o mais aguardado é o do francês Charles de Foucauld. Sua biografia é bastante interessante: órfão de pai e mãe na infância, tornou-se oficial das Forças Armadas da França e acabou enviado para a Argélia. Aos 23 anos, deixou a vida militar e decidiu explorar o Marrocos. Convertido ao catolicismo, viveu como monge trapista por um período — depois saiu da ordem e adotou hábitos de ermitão. 

Assassinado no deserto da Argélia, Foucauld tornou-se, para a Igreja, um mártir da fé. “É considerado o profeta do diálogo religioso entre o cristianismo e o islã, entre os vários títulos ligados à sua trajetória. Sendo assim, nada mais significativo que a canonização seja feita pelo papa Francisco, que investe muito nessa aproximação”, avalia Medeiros. “A vida de Foucauld se tornou universalmente conhecida e é óbvio que muitos fiéis rezam a ele, conhecem sua história”, acrescenta Gagliarducci. “Sua história é fascinante.” 

Também vale ressaltar a presença de um mártir indiano entre os que serão canonizados, no caso o oficial da corte indiano Devasahayam Pillai, depois conhecido como Lázaro. Embora o país não tenha maioria católica, é um local que tem sido contemplado pelo olhar atento de Francisco às periferias do mundo. Em 2019, na última cerimônia de canonização ocorrida, foi canonizada Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan (1876-1926), uma religiosa indiana. 

  • Devasahayam Pillai
  • Cesar de Bus
  • Luigi Palazzolo
  • O padre italiano Giustino Russolillo agora é canonizado pela Igreja Católica
  • Religiosa italiana Ana Maria Rubatto também é uma nova santa católica
  • Maria Domenica Mantovani, nova santa católica, era italiana

“Trata-se de um país onde a fé católica se fortalece, com muitas vocações”, analisa o vaticanista Domingues. “Francisco enfatiza a questão da fé popular, então observa essas devoções e as joga para toda a Igreja.”

Os demais nomes são todos de lideranças de ordens religiosas — e, claro, há um fator político importante que acaba influenciando em tais processos, que acabam por conferir maior prestígio e notoriedade para tais congregações. 

Francisco, o fazedor de santos

Se em oito anos de papado Francisco já vai atingir a incrível marca de ter canonizado 904 nomes, considerando os apresentados nesta segunda, é preciso fazer uma ressalva que esse número só foi possível graças a canonizações coletivas, quando o papa reconhece como santos, de uma vez só, um grupo de grande de cristãos, geralmente martirizados.

E em maio de 2013, Francisco bateu o recorde absoluto de santos feitos de uma só vez, quando canonizou os 813 moradores da cidade de Otranto, no sul da Itália, que foram dizimados por otomanos em 14 de agosto de 1480. A maior canonização coletiva da Igreja anterior a isso havia sido presidida por João Paulo II em outubro de 2000: na ocasião, foram santificados 120 mártires chineses.

A reportagem da CNN Brasil cruzou dados levantados pelo teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Júnior, chefe do departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com informações da Congregação para as Causas dos Santos, organismo da Cúria Romana responsável pelos processos de canonização. Com os sete nomes a serem oficializados neste ano, a Igreja atingirá a marca de 2 mil santos. 

Considerando aqueles cuja identidade é conhecida — o que nem sempre é possível nos casos desses grupos de mártires santificados em conjunto —, o levantamento mostra de 68% são de religiosos como padres, bispos, papas, monges, freiras etc. E a preponderância é masculina: 78% dos eleitos para os altares católicos são homens.

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