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Brasil : AGRO VAI PARAR
Enviado por alexandre em 09/09/2021 09:22:08

Agricultura brasileira ficará para trás se não considerar mudanças do clima, diz ex-ministro da Agricultura
  • João Fellet - @joaofellet
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Nuvens se acumulam, mas não produzem chuva e rachaduras são vistas em uma represa municipal na África do Sul afetada pela seca em novembro de 2019

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

Aquecimento causado por humanos causou danos irreparáveis ​​à Terra que podem piorar nas próximas décadas

Apesar do prestígio de que Jair Bolsonaro desfruta em setores do agronegócio, visível nas manifestações do 7 de Setembro, falta ao governo uma estratégia para ampliar a produção de alimentos no país, diz Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em entrevista à BBC News Brasil, Rodrigues cita a estimativa de que a produção agrícola brasileira precisaria crescer 40% em dez anos para que, considerando o aumento projetado em outros países, a fome seja erradicada no mundo.

"As condições que temos agora permitiria que isso acontecesse. Mas vai acontecer? Não vai, porque não há estratégia", diz Rodrigues.

O ex-ministro afirma que falta ao país um plano integrado que promova melhorias logísticas, acordos comerciais com países grandes, seguros para agricultores e incentivos à formação de cooperativas.

Diz ainda que a agricultura brasileira sofrerá se não se adaptar à nova realidade imposta pelas mudanças climáticas - o que implicará mais investimentos em pesquisa e a adequação a novas regras comerciais que penalizarão atividades mais poluentes.

"Se não tivermos sustentabilidade, vamos ficar para trás", afirma.

Nascido em 1942 em Cordeirópolis (SP), Rodrigues foi ministro da Agricultura entre 2003 e 2006, no governo Lula.

Floresta Amazônica margeada por terreno desmatado para plantio de soja no MT

Crédito, Paulo Whitaker/Reuters

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Desmatamento afeta o regime de chuvas e o clima local e no continente como um todo

Antes, foi secretário de Agricultura no Estado de São Paulo (1993-1994) e presidiu várias organizações setoriais, como a Sociedade Rural Brasileira (SRB), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

A última, que representa grandes empresas e indústrias do setor, ampliou um racha no agronegócio ao divulgar um manifesto em que cita preocupações com "desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social".

O manifesto foi lido como uma crítica a Jair Bolsonaro em sua ofensiva contra as instituições.

A entrevista com Rodrigues ocorreu na sexta-feira (3/7). Na ocasião, ele disse que via as manifestações pró-governo programadas para o 7 de Setembro como "pacíficas" e que a adesão de agricultores aos atos não mancharia a imagem do setor.

No dia 8, a BBC voltou a contatá-lo para questionar se sua posição se mantinha. Ele disse que sim, mas que preferia não comentar assuntos políticos.

Confira os principais trechos da entrevista.

BBC News Brasil - Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), produto que é o carro-chefe do agronegócio brasileiro, está sendo investigado por integrar um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), estaria tramando ameaças à democracia. Qual a sua avaliação?

Roberto Rodrigues - De certa forma, houve um desmentido em relação às ameaças. Não há ameaça nenhuma, o que há é uma movimentação muito grande, englobando vários setores de serviços e da produção no Brasil, para questionar medidas tomadas pelo STF que estariam restringindo a liberdade de pessoas ou instituições. É uma manifestação.

O produtor rural brasileiro, de qualquer Estado, de qualquer produto, é pacifista. O papel dele é produzir e fazer o país ir para a frente.

Amazônia, em foto de 2017

Crédito, Getty Images

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A Floresta Amazônica é questão central no debate ecológico internacional

BBC - O presidente Bolsonaro tem feito várias ameaças às instituições, insuflou a população a comprar fuzis e convocou as pessoas às ruas para o 7 de Setembro. Essas pessoas do agronegócio não chancelam as posições dele ao estar presente ali, a pedido dele?

Rodrigues - Primeiro, não tenho certeza se é a pedido dele. Acho que é uma coisa mais espontânea ligada a vários segmentos: caminhoneiros, serviços e produtores de algumas áreas do país. E também da área urbana.

Mas, por outro lado, como a ideia é muito pacífica, sem nenhuma provocação contra ninguém, a não ser contra ações de alguns ministros do STF, não vejo nenhuma violência que possa manchar a imagem do agro brasileiro.

Se houvesse uma grande greve, como foi anunciado no começo, aí seria uma coisa mais preocupante, porque pararia o país, e esse não é o papel do produtor rural brasileiro. Mas esse ponto, parece-me, foi afastado.

(Nota da redação: Em Uberlândia, em 31 de agosto, Bolsonaro convocou seus apoiadores a ir às ruas no 7 de Setembro: "Acho que chegou a hora de, no dia 7, nos tornarmos independentes pra valer e dizer que não aceitamos que uma ou outra pessoa em Brasília queira impor sua vontade. A vontade que vale é a vontade de todos vocês", afirmou.)

BBC - O que explica a identificação tão grande desse setor do agronegócio com o Bolsonaro?

Rodrigues - O presidente escolheu uma ministra da Agricultura muito ligada ao movimento, que conhece os problemas do agro.

Depois, de alguma forma, ele mitigou processos anteriores muito difíceis para o produtor rural sobre temas ligados à questão trabalhista, fundiária, ambiental.

Instituições que cuidam desses temas, tipo Incra, Ibama, Ministério do Trabalho, ficaram menos agressivas, digamos assim, ao produtor rural, o que deu um conforto maior do que havia no passado. Isso gerou gratidão por parte do produtor rural de maneira geral, sobretudo na fronteira agrícola.

Também houve a troca de ministros das Relações Exteriores e do Meio Ambiente por pessoas mais alinhadas ao agro. O primeiro chanceler foi um pouco agressivo em relação à China, nosso principal mercado, criando problemas de imagem. A troca dos dois foi muito bem vista.

Desmatamento na floresta amazônica

Crédito, Getty Images

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Risco para o agronegócio é maior quando altas temperaturas são concomitantes com períodos de diminuição das chuvas

BBC - Qual sua avaliação do governo?

Rodrigues - Essa é uma questão muito política, sobre a qual não gosto de falar. Acho que nós precisamos ter atenção a questões estratégicas para o país. Agora mesmo, temos o tema energético, que é central para o crescimento do país. É fundamental que a energia esteja disponível.

Sabia-se que a seca muito grande que aconteceu de março até agosto deste ano poderia gerar problemas na oferta de energia, mas só na semana passada veio se falar nesse assunto. São temas dessa natureza, muito estratégicos para o país, que precisam ser tratados com mais antecipação e cuidado.

Precisamos ter resolvidas a reforma tributária e a do Estado. São coisas importantes que estavam anunciadas e não aconteceram ainda. Falta uma estratégia para que possamos avançar.

BBC - Temos visto uma divisão entre alguns setores do agronegócio. De um lado, grupos empresariais encabeçados pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) têm tido posições mais críticas ao governo e ao desmatamento da Amazônia. De outro, grupos como os sojicultores seguem alinhados ao governo. Como avalia essas divergências?

Rodrigues - Não acho que sejam divergências. A Abag, que ajudei a fundar, em 1993, é uma instituição de representação do agronegócio, não da agropecuária. Ela lida com cadeia produtiva, indústria de insumos, transformação etc. Existem aproximações diferentes, com interesses diferentes.

BBC - Houve ao longo da história do Brasil diferentes setores da agropecuária que foram dominantes politicamente. Houve a época da cana, do café, e hoje temos um setor de grãos muito forte. Como é a relação entre esses diferentes setores?

Rodrigues - Nós tivemos ciclos anteriores, da borracha, da cana, do café, com uma coincidência entre quase todos eles: eram ciclos fortemente amparados por instituições de governo. Havia uma relação muito íntima entre política pública e o setor produtivo.

Os (setores de) grãos são muito mais livres, cujas regras estão muito mais ligadas a bolsas de Chicago, Nova York, mercado internacional, preço em dólar, estoques globais.

Não há dependência desse setor em relação ao governo. O que cria uma certa liberdade, uma independência, salvo naqueles temas que têm a ver com a agricultura de maneira geral.

Máquina agrícola em campo

Crédito, Getty Images

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O agronegócio corresponde a mais de 20% do PIB brasileiro

BBC - E em relação às agendas defendidas pelo setor? Vemos no Congresso muita ênfase em pautas como a regularização fundiária, uma pauta que faz mais sentido em áreas de fronteira agrícola, assim como pautas contra a demarcação de terras indígenas. Há muitas iniciativas para dificultar as demarcações e facilitar o arrendamento de terras indígenas. Como o senhor vê o envolvimento do setor com essas pautas?

Rodrigues - São pautas polêmicas, porque interessam a alguns setores do agronegócio, e não a todos. Mas faz parte da história do país.

A questão fundiária da Amazônia é típica. Tem milhares de famílias levadas para lá há décadas que até hoje não têm o direito à propriedade.

E, sem o direito à propriedade, não tem como oferecer garantia ao crédito rural. E, sem crédito rural, tem que sobreviver de alguma forma, até desmatando de maneira ilegal. Temos que acabar com as ilegalidades todas.

O importante desse tema é acabar com a ilegalidade: ter todos processos institucionais definidos para que a ilegalidade seja combatida rigorosa e vigorosamente pelo Estado brasileiro. As ilegalidades é que mancham a imagem de um agro profissional competitivo e sustentável que o Brasil tem.

Esses projetos que circulam hoje têm prerrogativa de criar um marco legal definitivo para que não haja condição de transigência nesse processo todo.

BBC - Mas o que se comenta é essas propostas buscam combater a ilegalidade legalizando o que é ilegal. Uma das propostas de regularização fundiária, por exemplo, cria a possibilidade de regularizar áreas públicas desmatadas até os dias de hoje.

Rodrigues - Isso é inaceitável. Deve-se legalizar o que é legalizável. O que é ilegalizável, ninguém quer. São injunções eventuais de interesses específicos de setores, mas o agronegócio como um todo não quer isso.

Ninguém quer legalizar grilagem de terra ou invasão de terras públicas. É uma discussão ideológica que está fora dos desejo dos produtores rurais brasileiros profissionais.

Roberto Rodrigues discursando

Crédito, Assembleia Legislativa de MS

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Roberto Rodrigues presidiu várias organizações do setor agrícola

BBC - Então haveria uma falta de conexão entre os congressistas que defendem essas pautas e o setor como um todo?

Rodrigues - Não sei se entre quem defende isso na ponta ou se é dentro do Congresso que há defasagem da discussão. No setor rural profissional, quem vive disso, quem trabalha com isso, ninguém quer nada ilegal.

Nem desmatamento, nem incêndio, nem grilagem, nem descumprimento dos contratos. Todos querem a legalização dos processos, sem que legalizar processos facilite a vida de bandido ou de invasor.

BBC - Existe um discurso forte entre aliados do Bolsonaro de que uma vitória do Lula em 2022 poderia levar o Brasil ao socialismo. O que o senhor, que foi ministro no governo Lula, acha desse discurso?

Rodrigues - Eu fui ministro dele e não sou socialista. Sou cooperativista. A vida inteira trabalhei com cooperativas, com associações de classe, mecanismos de integração regional, setorial etc.

Se ele me levou ao ministério da Agricultura e depois trouxe outros ministros que não eram socialistas, não eram comunistas, acho que não há nenhuma acusação de radicalização contra ele.

Não vejo no Lula essa visão ideológica de esquerda radical.

BBC - O senhor tem dialogado com ele?

Rodrigues - Há muitos anos não o vejo. A última vez foi há quatro, cinco anos, num grande evento em Milão, quando ele fez uma fala e eu dei alguns dados para ele.

BBC - Fala-se muito do papel que o Brasil tem para alimentar uma crescente população global. Mas temos visto que, mesmo com crescimento das exportações agrícolas do Brasil, tem havido no país um aumento da fome e um encarecimento de produtos que fazem parte da dieta brasileira. Por quê?

Rodrigues - O que existe é a lei universal da oferta e da procura. Quando a oferta é menor que a demanda, os preços crescem.

Com a pandemia, os estoques mundiais de grãos, particularmente, eram baixos. Muitos países foram afetados pela pandemia na medida em que houve colapso de transporte, faltou contêiner, faltou navio.

Por outro lado, tínhamos um problema de desemprego, agravado pela pandemia.

Nós produzimos, tivemos safras poderosas. A oferta cresceu aqui, mas não cresceu no mundo por circunstâncias climáticas. Os preços subiram em dólar.

E nós tivemos aqui um adicional: como o dólar ficou valorizado aqui, os preços aumentaram mais ainda, gerando uma inflação de alimentos.

Só tem um jeito de resolver isso aí: com uma safra grande, que aumente os estoques globais, para que os preços caiam.

BBC - Alguns setores defendem que o governo restrinja exportações de alimentos para baixar os preços internos. O que o senhor acha?

Rodrigues - Acho que o mercado tem de funcionar. Se você exporta e falta comida, que importe. Tem que ter uma política liberal. Cada vez que você interfere no comércio ou cria um tipo de subvenção ou de proteção, distorce o mercado.

Há um tema discutido de formação de estoques. O Estado não deve ter o estoque dele, mas pode financiar estoques privados. Isso pode ajudar muito em crises como a deste ano.

Soja

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

Maior associação de produtores de soja é próxima de Bolsonaro e deixou a Abag por discordar de carta com sugestões para frear o desmatamento

BBC - Há vários anos o senhor deu uma entrevista dizendo que o Brasil poderia colaborar com a falta de alimentos no mundo ampliando a produtividade e também abrindo novas áreas para a agricultura. O senhor continua defendendo a abertura de novas áreas?

Rodrigues - A legislação brasileira ficou muito mais restritiva e rigorosa. Por outro lado, não vejo a necessidade de abrir novas áreas. Estamos com tecnologias, como a integração lavoura-pecuária-floresta, que hoje tem milhões de hectares no Brasil, e reduziu a demanda por áreas novas.

Hoje o que está impulsionado a produção de comida (no Brasil) é pasto que está virando alimento.

A liberação de áreas de pastagem é suficiente pra plantar alimento, fibras, energia, madeira, sem precisar desmatar mais nada.

O que acho é que nós no Brasil temos de nos preocupar não apenas em exportar alimentos, mas em ensinar países tropicais com tecnologias e instituições que nós fizemos para que eles também sejam mais capazes de se autoalimentar.

BBC - O senhor vê a agricultura brasileira preparada, consciente e se planejando para lidar com as mudanças climáticas?

Rodrigues - A questão das mudanças climáticas é um dado da realidade e já preocupa muita gente. Até porque vai implicar tecnologias inovadoras que permitam cultivar em áreas que se tornarão improdutivas.

Mas, mais do que isso, tem a ver com regras de comércio que estão sendo criadas na Europa e evoluindo para EUA, China e outros grandes compradores do mundo tendo em vista a inibição da emissão de carbono. É um tema determinante para a competitividade.

Se não tivermos sustentabilidade, vamos ficar para trás. Essa questão já está muito clara na cabeça dos produtores rurais brasileiros, sobretudo as lideranças, e o processo está avançando. Estaremos na COP-26 (conferência climática da ONU), em Glasgow (Escócia), em novembro, para tratar das mudanças climáticas e regras de comércio.

O pessoal está acordado para o processo esperando que o governo faça a parte dele nas negociações e não engula qualquer métrica que seja imposta de fora para dentro. Temos de ter nossas métricas também para avaliar qual o tamanho da emissão associada às nossas exportações.

Carnes penduradas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Grandes empresas brasileiras do setor de frigoríficos anunciaram recentemente metas para equilibrar emissões e absorção de gases causadores do efeito estufa

BBC - Quais os temas centrais para a agricultura brasileira hoje?

Rodrigues - Tem um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) dizendo que, em dez anos, a oferta mundial de alimento precisa crescer 20% para que não haja fome no mundo.

Para que isso ocorra, a produção do Brasil precisaria crescer 40%. As condições que temos agora permitiria que isso acontecesse. Mas vai acontecer? Não vai, porque não há estratégia. Falta-nos estratégia.

Não existe logística e infraestrutura, o que só vai ser resolvido com parceria público-privada. O setor privado só vai investir com segurança jurídica. E a segurança jurídica só vai existir com reformas: tributária, reforma política, do Estado.

O segundo ponto é o comércio. Hoje 40% do comércio global de alimentos acontece no âmbito de acordos bilaterais e multilaterais. Não temos nenhum acordo importante.

O acordo do Mercosul com a União Europeia, que é crucial para nós, está patinando até hoje por erros de conduta do Brasil e de outros países do Mercosul.

O terceiro ponto é tecnologia. Tem que investir mais do que estamos investindo, porque os países desenvolvidos estão investindo, inclusive em países tropicais, para plantar lá.

Um quarto ponto é a política de renda. Basicamente, temos de estabilizar quem está produzindo no campo com seguro rural. Hoje só tem 10% da produção agrícola segurada porque o governo não faz a parte dele nos orçamentos do seguro rural.

Falta uma estratégia que considere logística, política de comércio, política tecnológica, política de renda no campo, sustentabilidade na área sanitária, rastreabilidade, certificação de produtos e organização rural.

Brasil : FLORESTA SALVA?
Enviado por alexandre em 09/09/2021 09:18:16

Dinheiro pode salvar floresta amazônica?

  • Alexander Matthews
  • BBC Future
estrada de terra ao lado de floresta desmatada, com uma única árvore

Crédito, Getty Images

Quando você pensa nas suas economias para a aposentadoria, ou seus investimentos, provavelmente você não os associa à derrubada de árvores nas florestas tropicais. Mesmo assim, bancos conhecidos, gestores de ativos e outras instituições financeiras possuem ações ou fornecem crédito para companhias ligadas ao desmatamento.

O fato de que os setores que desmatam dependem do setor financeiro levanta a pergunta: como as instituições financeiras podem virar a mesa e ajudar a proteger as florestas do planeta?

Entre 2001 e 2015, quase um terço do desmatamento global ocorreu devido à produção de commodities - incluindo gado, soja, óleo de palma e papel.

No Brasil, onde o desmatamento atingiu o maior nível em 12 anos, a principal razão é a pecuária. Dois terços das terras desmatadas na Amazônia e no Cerrado foram convertidos em pasto para o gado, segundo a conclusão dos autores de um estudo a respeito. Além de causar enorme perda para a biodiversidade, isso torna o setor pecuarista brasileiro responsável por um quinto de todas as emissões causadas pelo desmatamento para a produção de commodities em toda a zona tropical.

O desmatamento não poderia acontecer nessa escala sem amplo investimento financeiro. Empréstimos totalizando US$ 249 bilhões (R$ 1,3 trilhão) foram concedidos para companhias ligadas ao desmatamento entre 2013 e abril de 2020, enquanto os investimentos em ações dessas companhias somaram US$ 37 bilhões (R$ 192 bilhões) até abril de 2020, segundo o banco de dados Forests and Finance, desenvolvido por uma coalizão internacional de grupos de pesquisa e organizações da sociedade civil.

Enquanto isso, três dos maiores gestores de ativos do mundo - BlackRock, Vanguard e State Street - tinham US$ 12,1 bilhões (R$ 62,9 bilhões) investidos em produtores e comerciantes cujas atividades supostamente estão incentivando diretamente o desmatamento, segundo a análise do grupo ativista ambiental Amigos da Terra em setembro de 2020.

Interromper as fontes que financiam o desmatamento tornou-se o objetivo de muitas pessoas que trabalham para preservar os habitats dos quais o mundo, e o clima, dependem.

Carne brasileira

Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará mostra grande número de árvores mortas (ou seja, aquelas sem folhas) como resultado dos incêndios

Crédito, Marizilda Cruppe/Rede Amazônia Sustentável

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Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas)

A Amazônia é uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo e é fundamental para que o mundo tenha um clima saudável. O Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia, é também o maior exportador de carne de boi, representando cerca de 20% das exportações globais do produto, e o maior produtor de soja do planeta. Cerca de 20% das exportações de soja e pelo menos 17% das exportações de carne da Amazônia e do Cerrado para a União Europeia podem estar "contaminadas com desmatamento ilegal", segundo pesquisas recentes.

Cerca de 450 mil km² - uma área maior que a do Marrocos, ou metade do Estado de Mato Grosso - de Amazônia desmatada no Brasil foram transformados em pasto para o gado, segundo o Atlas Florestal Global da Universidade de Yale. A pecuária e o cultivo de soja são frequentemente relacionados, pois a soja é cultivada em antigos pastos para o gado, empurrando os produtores para dentro da Amazônia. O atlas sugere que a pecuária atualmente é responsável por 80% do desmatamento nos países amazônicos.

Segundo um estudo, três companhias processadoras de carne - JBS, Marfrig e Minerva - representaram 71,7% das exportações brasileiras de carne de 2015 a 2017. Durante esse período, as três companhias foram relacionadas a 756 km ²em risco de desmatamento na Amazônia e 1477 km² no Brasil como um todo, segundo os pesquisadores.

Todas as três companhias afirmam que a ligação apontada pelo estudo entre suas atividades e o desmatamento foi de correlação e não de causa, e que todas elas possuíam sistemas de monitoramento para evitar o desmatamento na sua cadeia de fornecimento direto. A Marfrig também afirma que começou a testar uma nova plataforma de rastreamento baseada em blockchain, Conecta, como parte de um conjunto de medidas sendo implementadas para aumentar o monitoramento dos seus fornecedores indiretos (os fornecedores dos seus fornecedores).

A Marfrig e a Minerva afirmam que já começaram a usar o Visipec, uma ferramenta de software que sintetiza informações de conjuntos de dados separados disponíveis ao público para destacar o risco de desmatamento entre os fornecedores indiretos. Enquanto isso, a JBS afirma que o seu sistema de monitoramento do risco de desmatamento é considerado um dos melhores e mais sofisticados do mundo e a companhia adota uma política rigorosa de compras sustentáveis para aquisição de matéria-prima desde 2009.

Uma investigação sobre a JBS conduzida em agosto de 2020 pelo think tank (centro de pesquisa e debates) norte-americano especializado em desmatamento Chain Reaction Research (CRR) concluiu que, entre 2008 e 2019, 983 fazendas fornecedoras diretas da JBS causaram o desmatamento de 203 km2, enquanto 1874 fornecedores indiretos causaram mais 508,5 km² de desmatamento. Um porta-voz da JBS afirma que a companhia monitora 60 mil fornecedores diariamente, utilizando imagens de satélite, e suspende da sua cadeia de fornecimento aqueles que considera insustentáveis - foram 12.600, até agora.

As fazendas investigadas pela CRR foram uma pequena amostra do total da cadeia de fornecimento da JBS. A consultoria calcula que a pegada de desmatamento total dos fornecedores ligados à JBS naquele período poderá ter sido de 2.000 km2 para seus fornecedores diretos e 15.000 km2 para os indiretos - uma área total aproximadamente igual ao tamanho do Kuwait, ou três vezes o Distrito Federal. A JBS, entretanto, contesta esses números e insiste que o relatório da CRR não considerou as medidas de redução de risco da companhia. Um porta-voz agregou que a abordagem da JBS é de "tolerância zero contra o desmatamento na sua cadeia de fornecimento" e investe na educação dos fornecedores, monitoramento e tomada de medidas para aprimorar os padrões da indústria.

O relatório da CRR observou, entretanto, que os fornecedores indiretos da companhia estão fora do alcance da sua política de desmatamento zero. Ao abordar o risco de desmatamento entre os seus fornecedores indiretos, um porta-voz da JBS afirmou: "Devido às dificuldades de disponibilidade de informações, não temos visibilidade dos fornecedores dos nossos fornecedores. Estamos enfrentando essa questão com a nova blockchain da companhia, a Plataforma Pecuária Transparente, que ampliará essa capacidade para analisar os fornecedores dos nossos fornecedores e nos permitirá eliminar todo o desmatamento ao longo da nossa cadeia de fornecimento de carne até 2025."

Força para mudança

Bois

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

A limpeza do terreno para criação de gado é uma das principais causas do desmatamento da Amazônia

Mas de onde vem o financiamento? A análise da CRR demonstra que a JBS depende de companhias europeias para quase um terço do financiamento para ajudar a custear as suas atividades. Os gestores de ativos detêm ações - a Vanguard era dona de 1,2% da JBS e a BlackRock tinha 2,1% em outubro de 2020, segundo o Trase Finance (a BlackRock afirma que, em maio de 2021, os seus clientes eram donos de 1,33% da JBS). A participação acionária e o fornecimento de crédito colocam as companhias financeiras em uma posição poderosa para inspirar mudanças.

Existem sinais de que as companhias financeiras estão despertando para os riscos do desmatamento. Em setembro de 2019, 251 investidores, representando cerca de US$ 17,7 trilhões (R$ 92 trilhões) em ativos assinaram uma carta pressionando as companhias "a redobrar seus esforços e demonstrar compromisso claro com a eliminação do desmatamento nas suas operações e cadeias de fornecimento". Mas, em um relatório de outubro de 2020, o think tank Global Canopy concluiu que apenas 33 dos signatários adotavam políticas claras sobre o desmatamento. Doze deles implementaram políticas apenas para algumas commodities que representam risco para a floresta e não para outras. A Global Canopy argumenta que as políticas de desmatamento são importantes porque indicam que os investidores estão comprometidos com ações contra o desmatamento, incentivam uma abordagem sistemática para lidar com a questão em todo o seu portfólio e também fornecem clareza sobre o que esperam de cada companhia.

Para compreender quanto dos seus investimentos envolve riscos de desmatamento, os investidores podem utilizar uma ferramenta chamada Trase Finance. Parceria entre o Instituto Ambiental de Estocolmo, a Global Canopy e a Neura Alpha, a plataforma apresenta dados facilmente pesquisáveis sobre as dívidas e os investimentos em ações de cerca de 12 mil instituições financeiras em companhias que exportam óleo de palma da Indonésia e soja e carne do Brasil.

A Green Century Funds, empresa de investimentos com consciência ambiental com sede em Boston, vem enfrentando o desmatamento desde 2012. Utilizando apoio aos acionistas, ela teve sucesso ao convencer companhias de toda a cadeia de fornecimento de óleo de palma (uma das principais causas do desmatamento na Indonésia) a adotar compromissos de fornecer óleo de palma com desmatamento zero. Essas companhias incluíram compradores importantes, como a Starbucks, Kellogg's e Target, grandes comerciantes de óleo de palma (incluindo a Archer Daniels Midland e a Bunge) e produtores - como a Wilmar, a maior empresa de agronegócio da Ásia, que, seguindo o compromisso da Green Century, adotou uma política de desmatamento zero em 2015.

Segundo a análise da CRR, as refinarias de óleo de palma do sudeste asiático com políticas de Desmatamento Zero, Turfa Zero e Exploração Zero (NDPE, da sigla em inglês) atingiram 83% em abril de 2020 (embora a pouca implementação em alguns casos indique que a real cobertura dessas políticas é de cerca de 78%). Embora operadores desonestos continuem a derrubar florestas, as taxas gerais de desmatamento vêm caindo. Segundo o World Resources Institute, o desmatamento das florestas antigas da Indonésia foi 40% menor em 2018 em comparação com a média de 2002 a 2016.

"A nossa abordagem ideal é normalmente poder enfrentar nossas preocupações com as companhias por meio do diálogo", afirma a defensora dos acionistas da Green Century, Jessye Waxman. "Por isso, enviaremos uma carta inicial para elas descrevendo nossas preocupações. E o objetivo é sempre gerar um diálogo produtivo onde podemos desenvolver um relacionamento com a companhia para continuar a expressar preocupações com as práticas da companhia e os impactos sobre a cadeia de fornecimento ou a necessidade de maior transparência, para podermos compreender qual o desempenho da companhia em comparação com esses índices", ressalta ela.

Em 2019, a Green Century convenceu a Aramark (uma companhia multinacional de serviços de alimentação que fornece quase dois bilhões de refeições por ano) a adotar uma política sobre o desmatamento. A companhia comprometeu-se a erradicar o desmatamento nas suas cadeias de fornecimento até 2025. Erin Noss, diretora sênior de comunicações externas da Aramark, afirma: "em setembro de 2020, 100% da soja em óleos, margarinas e coberturas adquiridas pela Aramark foram de regiões livres de desmatamento. Todo o óleo de palma desses produtos foi também obtido de forma responsável. Também concluímos que pelo menos 80% da carne fornecida pela Aramark vinha de regiões sem risco de desmatamento."

Uma floresta amazônica que foi queimada durante o El Niño de 2015

Crédito, Erika Berenguer/Divulgação

"Fazer com que uma companhia assuma um compromisso [de desmatamento zero], a nosso ver, é realmente a primeira etapa - a implementação é onde as coisas acontecem", afirma Jessye Waxman, da Green Century. "Estamos fazendo com que as companhias compreendam as suas cadeias de fornecimento, o que significa que elas possuem cadeias de fornecimento rastreáveis para seus fornecedores diretos e indiretos. Elas necessitam compreender de onde estão comprando e se esses fornecedores estão ou não produzindo de acordo com a política da companhia. Para isso, você precisa ter rastreabilidade. Você precisa ser capaz de monitorar a sua cadeia de fornecimento e precisa de um processo que defina o que acontece se o seu fornecedor não puder ou não quiser obedecer", ressalta ela.

Se não houver progresso por meio do diálogo, outra opção é apresentar uma resolução de acionistas. "As resoluções não são compulsórias, mas são uma ferramenta muito importante para ajudar os acionistas a comunicar-se com a administração da companhia", afirma Waxman. Em outubro de 2020, 67% dos acionistas votaram a favor da resolução da Green Century convocando a Procter & Gamble "a eliminar o desmatamento e a degradação das florestas na sua cadeia de fornecimento" na assembleia anual da gigante de bens de consumo (a Procter & Gamble não respondeu ao pedido de comentários).

Entre os acionistas que votaram a favor, estava o gestor de ativos BlackRock, que apoiou pela primeira vez uma resolução sobre o desmatamento. Ao todo, entre julho de 2020 e junho de 2021, a BlackRock apoiou 46 propostas ambientais de acionistas relativas a uma série de companhias diferentes (nem todas referentes ao desmatamento) e votou contra 26.

O apoio a resoluções contra o desmatamento é apenas uma forma de pressão dos gestores de ativos como a BlackRock e outros sobre as companhias para reduzir o desmatamento.

Pesquisas do Amazon Watch, Profundo e Amigos da Terra demonstraram que, em 2018, 94% dos investimentos com risco de desmatamento da BlackRock estavam em fundos de índice - um tipo de fundo negociado em bolsa (ETF, da sigla em inglês) que acompanha o desempenho de um índice do mercado de ações, como o S&P500. Em julho de 2020, os investimentos em ETF foram avaliados cumulativamente em US$ 6,7 trilhões (R$ 34,8 trilhões) - ou cerca de 2,5 vezes o PIB do Reino Unido em 2020 - segundo uma pesquisa do think tank financeiro Planet Tracker.

Rebanho no pasto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

O Brasil, que abriga a maior parte da floresta amazônica, é também o maior exportador mundial de carne

Tanto os ETFs quanto a indústria de índices são "altamente concentrados", segundo o relatório da pesquisa. Cerca de sete instituições controlam juntas cerca de 70% dos mercados de índices e ETFs. Isso significa que esses sete operadores - iShares (administrado pela BlackRock), Vanguard e State Street Global Advisors, de um lado, e MSCI, FTSE Russell, S&P Dow Jones e Bloomberg - "possuem poder desproporcional para reduzir o risco de desmatamento", segundo a Planet Tracker.

Mas como as grandes instituições financeiras podem usar esse poder para salvar as florestas?

O relatório da Planet Tracker recomenda que elas "devem ter como objetivo uma redução rápida das companhias envolvidas com o desmatamento das suas ofertas universais de produtos" - por exemplo, emitindo seus próprios ETFs sem incluir ações ligadas ao desmatamento, pressionando ao mesmo tempo os fornecedores de índices a projetar índices que façam o mesmo. E, se os fornecedores de índices não estiverem dispostos a projetar novos índices, a Planet Tracker sugere que as companhias projetem os seus próprios (como fez a companhia de serviços financeiros Fidelity).

Uma porta-voz da S&P Dow Jones Indices afirma que eles oferecem uma série de índices ESG que excluem companhias que não atendam objetivos ambientais e de sustentabilidade. Um porta-voz da Vanguard afirma que eles conversam regularmente com empresas relevantes sobre o desmatamento e seus riscos para a sustentabilidade comercial a longo prazo. Já a BlackRock lançou versões alternativas dos seus principais índices para que sejam mais sustentáveis, incluindo três fundos na S&P, e trabalha com a FTSE Russell e a Markit para criar alternativas sustentáveis para as referências padrão. A State Street Global Advisors, FTSE Russell, MSCI e a Bloomberg não responderam aos pedidos de comentários.

A ameaça de remoção de um índice poderá fornecer incentivo para que as companhias comecem a tomar medidas significativas sobre o desmatamento - da mesma forma que a ameaça de retirada dos investidores individuais. Neste ponto, as empresas escandinavas estão tomando a liderança. A Nordea Asset Management retirou sua participação de US$ 45 milhões (R$ 234 milhões) na JBS devido às preocupações com o desmatamento em 2020. O Danske Bank excluiu a Cargill, Bunge e ADM, três grandes comerciantes de commodities, de dois dos seus fundos de investimento devido ao risco de desmatamento, segundo confirmou o banco por email. A Bunge e a ADM não responderam ao pedido de comentários. Uma porta-voz da Cargill afirma que "não temos relacionamento bancário significativo com o Danske [Bank] e eles não nos enviaram notificações referentes a nenhuma exclusão".

Em julho, a Grieg Seafood excluiu a Cargill Aqua Nutrition do acesso a financiamentos por meio do seu "título verde" de 1 bilhão de coroas norueguesas (US$ 120 milhões ou R$ 624 milhões) devido a preocupações de que a sua empresa controladora Cargill não estava fazendo o suficiente para reduzir seu risco de desmatamento com a soja no Brasil. Uma porta-voz da Cargill afirmou: "Grieg permanece sendo um cliente valioso e importante da Cargill. A Cargill mantém seu compromisso com a eliminação do desmatamento das nossas cadeias de fornecimento no menor prazo possível. Nós compartilhamos regularmente com a Grieg e com nossos outros clientes os progressos que estamos fazendo para eliminar o desmatamento das nossas operações globais de soja e atingir nossos objetivos coletivos de ter uma cadeia de fornecimento sustentável."

Uma pesquisa da Forests and Finance concluiu que os 50 maiores bancos e investidores do mundo ainda estão muito atrasados nas suas políticas de combate ao desmatamento.

"A BlackRock, que é o maior gestor de ativos do mundo, fornece uma enorme quantidade de capital para as companhias que estão causando o desmatamento e prejudicando os direitos dos indígenas, que chega a US$ 2 bilhões (R$ 10,4 bilhões)", afirmou Moira Birss, diretora financeira e de assuntos relacionados ao clima da Amazon Watch em junho, quando foi publicada a pesquisa da Forests and Finance. "É um aumento de 157% em comparação com abril [de 2020], em um período no qual as vidas dos defensores da Terra estão cada vez mais sob ataque e o desmatamento continua disparando", afirma ela.

Por fim, com relação a ações e dívidas, os investidores precisam fornecer "padrões claros, prazos definidos e consequências claras" para as companhias que recebem os investimentos, conclui Birss. "Quando as companhias demonstram que são intransigentes... é preciso haver disposição e ações para suspender o financiamento", destaca.

Amazonia em chamas

Crédito, Greenpeace Photo/Daniel Beltra

Um porta-voz da BlackRock afirma: "a equipe de administração de investimentos da BlackRock vem dialogando há muito tempo com as companhias sobre os riscos de sustentabilidade, incluindo os riscos de desmatamento, pois consideramos que o uso não sustentável da terra e das florestas apresenta riscos para as companhias que afetam sua capacidade de gerar valor para os acionistas a longo prazo. Esperamos que as companhias que dependem de capital natural estabeleçam processos para identificar, administrar e reduzir os riscos, além de apresentar esses riscos para os investidores."

O poder de fogo financeiro

Como os investidores individuais podem fazer a sua parte? "Escolha onde investir o seu dinheiro", afirma Jessye Waxman, da Green Century. "Os investidores podem escolher empresas que ofereçam fundos livres de desmatamento ou que priorizem a pressão sobre as companhias expostas ao desmatamento para que mudem suas práticas de compras. Existem ferramentas, como os Fundos Livres de Desmatamento (promovidos pela Amigos da Terra e As You Sow) que ajudam os investidores a identificar quais fundos atendem a esses critérios", ressalta ela.

Waxman também sugere conversar com o gestor dos seus investimentos. "Pessoas que detêm fundos de pensão ou [planos de aposentadoria] 401(k) podem perguntar aos seus gestores como seus procuradores estão votando, se eles retiraram investimentos de companhias que promovem o desmatamento e se o gestor dialoga com as companhias do seu portfólio em nome deles. Os investidores individuais podem também perguntar aos seus gestores como eles estão administrando a exposição a riscos relativos às florestas", destaca ela.

Quando o assunto é desmatamento, o setor financeiro pode realmente fazer a diferença? Se olharmos para o seu papel na promoção de mudanças em outras esferas, a resposta com certeza é "sim".

Um exemplo é o investidor ativista Engine n° 1, que acredita que a ExxonMobil deveria levar as mudanças climáticas mais a sério e incentivar o desenvolvimento de energias renováveis, e conseguiu votos suficientes na assembleia anual dos acionistas em maio para eleger três novos membros para o conselho da gigante energética, conquistando o apoio dos principais acionistas, como a BlackRock e a Vanguard - embora seja muito cedo para dizer o quanto isso irá mudar as diretrizes da Exxon Mobil.

E, quando o engajamento falhar, a retirada de investimentos tem um histórico poderoso. Em 1986, protestos dos estudantes levaram a direção da Universidade da Califórnia a retirar US$ 3,1 bilhões em investimentos (R$ 16,1 bilhões, pela cotação atual) de companhias com investimentos na África do Sul, em protesto contra o apartheid - o sistema de opressão racial da África do Sul. Mais de 150 outras universidades norte-americanas também retiraram seus investimentos.

O movimento inspirou os esforços da organização ativista 350.org para incentivar a retirada de investimentos em combustíveis fósseis. Até agora, o rastreador da ONG indica que o valor das promessas de retirada de investimentos em combustíveis fósseis por mais de 1300 instituições soma cerca de US$ 14,58 trilhões (R$ 75,8 trilhões). Esse total inclui a Cidade de Nova Iorque, que anunciou a retirada de US$ 4 bilhões (R$ 20,8 bilhões) em investimentos em combustíveis fósseis em janeiro, e a República da Irlanda, que, em 2018, tornou-se o primeiro país do mundo a aprovar uma lei que compromete o país a retirar fundos públicos investidos em combustíveis fósseis.

Esses poderosos precedentes sugerem que, se houver um esforço concentrado dos investidores, as companhias serão forçadas a levar o desmatamento a sério.

Brasil : PAU-BRASIL
Enviado por alexandre em 09/09/2021 01:03:44

PF prende mulher tentando embarcar para Colômbia varetas de pau-brasil escondido nas malas
A Polícia Federal, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, prendeu hoje (7/9), uma passageira, identificada pela Receita Federal e pelo Ibama, tentando embarcar para o exterior com madeira nacional de extração e comercialização proibida.
Fiscais do Ibama monitoravam uma mulher que havia solicitado autorização para o transporte ao exterior, de varetas feitas de pau-brasil, cuja autorização fora indeferida pelo órgão federal. Não obstante o indeferimento, à margem da legislação, a passageira tentou embarcar para a Colômbia.
As malas despachadas foram submetidas à fiscalização indireta, por meio do raio-x, e ficou evidenciada a existência de material orgânico no formato de varetas. A passageira suspeita foi localizada e, na presença de testemunhas, sua bagagem foi aberta, momento em que os fiscais constataram a presença de 37 varetas feitas de pau-brasil (caesalpinia echinata).

A mulher, uma brasileira de 31 anos de idade, que pretendia usar as varetas para produção de arcos para instrumentos musicais, foi conduzida à delegacia da PF e presa em flagrante. Ela foi encaminhada à Justiça Federal, onde responderá pelo crime de contrabando.

Informações da Polícia Federal


Brasil : VACA LOUCA
Enviado por alexandre em 08/09/2021 00:06:39

Por que novos casos no Brasil são menos graves que epidemia letal dos anos 1990

A doença da vaca louca provocou uma epidemia que matou animais e pessoas nos anos 1990

A notícia de que o Brasil suspendeu por tempo indeterminado as exportações de carne bovina para a China no fim de semana devido a identificação de dois casos de vaca louca provocou preocupações em alguns consumidores e gerou incertezas sobre o preço do produto.

O ministério da Agricultura rapidamente emitiu uma nota dizendo que os casos identificados em frigoríficos de Belo Horizonte e Nova Canaã do Norte (MT) não representam risco para saúde humana ou animal.

"A medida, que passa a valer a partir deste sábado (04/09), se dará até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações já repassadas sobre os casos."

O frigorífico de Belo Horizonte foi interditado, segundo o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Segundo a nota, casos atípicos como esse não são considerados graves e o Brasil continua sendo um país de "risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos"

A suspensão das exportações para a China se deu por conta do estrito protocolo sanitário em vigor entre os dois países — e o governo brasileiro espera que nos próximos dias a exportação já possa ser normalizada.

Para muitas pessoas, a doença da vaca louca traz memórias assustadoras dos anos 1980 e 1990, quando um surto no Reino Unido levou ao abatimento de quatro milhões de cabeças de gado e a dezenas de mortes de pessoas que haviam ingerido carne contaminada — com boicotes e prejuízos bilionários aos produtores britânicos.

Então como esses casos no Brasil são diferentes do que aconteceu no Reino Unido? Isso acontece porque a variante da doença identificada no Brasil é considerada menos perigosa do que aquela que se alastrou há 30 anos. Ainda assim, a variante é monitorada de perto pela indústria e por autoridades sanitárias.

Confira algumas perguntas e respostas sobre os novos casos no Brasil.

O que é a doença da vaca louca?

A encefalopatia espongiforme bovina (EEB) — nome oficial do mal — é uma doença degenerativa que atinge o sistema nervoso do gado. É conhecida popularmente como doença da vaca louca porque os sintomas incluem agressividade e falta de coordenação. A doença também é conhecida como BSE, por causa do seu nome em inglês (bovine spongiform encephalopathy). Ela é causada por um tipo de proteína chamada príon e normalmente é fatal para os animais.

A versão humana da doença mais comum hoje em dia é conhecida como Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD) e também é letal. Ela está ligada ao consumo de carne contaminada. A doença ataca o cérebro progressivamente, mas pode ficar dormente por décadas.

Os sintomas mais comuns são perda de memória, dificuldade locomotora e visual, cansaço e rápida perda de peso.

Desde 1995, quando foi identificada, a vJCD já matou 178 pessoas.

vaquinhas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Doença possui duas variantes conhecidas, mas apenas uma delas provoca surtos como dos anos 1990

Acredita-se que uma em cada 2 mil pessoas no Reino Unido seja portadora da doença. No entanto, relativamente poucas pessoas que se contaminam desenvolvem os sintomas.

Por que o caso no Brasil seria menos grave?

Isso acontece porque a variante da doença identificada no Brasil não representa um risco à saúde pública, segundo autoridades sanitárias.

A doença da vaca louca pode se manifestar de duas formas — a variante clássica e a atípica.

A clássica ocorre em bovinos após a ingestão de ração contaminada com príons, enquanto a atípica pode aparecer espontaneamente em todas as populações de gado. Acredita-se que isso poderia ter acontecido agora em Belo Horizonte e Nova Canaã do Norte (MT) — como também aconteceu em junho de 2019 em outra cidade no Mato Grosso.

A forma clássica da doença é a mais preocupante e foi detectada pela primeira vez em 1986. No Brasil, ela nunca foi detectada. Foi essa variante que causou o pânico e as mortes dos anos 1990. Ela se espalha rapidamente entre os animais através da ingestão de ração contaminada com príons.

Não existe cura para a doença de Creutzfeldt-Jakob — que é fatal — e o único tratamento é ajudar o paciente a conviver com os distúrbios provocados. Por isso, a principal medida de prevenção da doença é usar protocolos sanitários rígidos que impeçam o consumo de qualquer carne contaminada.

Nas últimas décadas, segundo a Organização Internacional para Saúde dos Animais, a implementação de medidas de controle resultou no declínio da variante clássica em todo o mundo.

O que se sabe sobre essa versão atípica da doença?

A versão atípica — identificada no Brasil agora — é considerada de ocorrência "natural e esporádica", ou seja, ela provavelmente sempre está presente em grandes populações de gado, mas em uma proporção muito baixa e só costuma ser identificada quando são adotados procedimentos de vigilância intensiva. A variante só foi identificada nos anos 2000 quando foram aprimorados os procedimentos de investigação de príons.

No Brasil, os dois casos anunciados neste final de semana são o quarto e quinto casos já registrados no país.

Além disso, a versão atípica costuma afetar apenas bovinos mais velhos — exatamente o que aconteceu em Belo Horizonte e Nova Canaã do Norte, segundo o ministério da Agricultura do Brasil.

O número de casos de EEB atípica é insignificante no mundo, informa a Organização Internacional para Saúde dos Animais. Todo ano, há relato de variantes atípicas registradas em rebanhos de países produtores de gado. A medida mais comum depois da detecção é que o gado é morto e incinerado e testes são realizados para se verificar que não houve nenhuma contaminação na cadeia alimentar.

Embora não haja provas de que a vaca louca atípica seja transmissível, essa hipótese também não foi descartada. Por isso, como medida de precaução, autoridades de saúde fazem de tudo para impedir que essa variante seja introduzida na cadeia alimentar animal.

Por que o Brasil suspendeu a exportação?

O Brasil suspendeu no sábado (04/09) a exportação de carne para a China, atendendo a um protocolo sanitário entre os dois países.

"Os dois casos de EEB atípica — um em cada estabelecimento — foram detectados durante a inspeção ante-mortem. Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avançada e estavam em decúbito nos currais", afirma nota do ministério.

O Brasil hoje possui "nível de risco insignificante" para casos de vaca louca. Mas existe a preocupação de que o país possa ser rebaixado para o status de "nível de risco controlado" — o que poderia acarretar em uma suspensão prolongada das exportações do Brasil para a China.

A Irlanda, um fornecedor de menor peso de carne bovina para a China, registrou um caso da doença 'atípica' da vaca louca em maio do ano passado e teve seu status rebaixado pela Organização Internacional para Saúde dos Animais. O país ainda não conseguiu retomar as exportações, segundo a agência de notícias Reuters.

A suspensão das exportações para a China se dá por conta do estrito protocolo sanitário em vigor entre os dois países.

Uma suspensão de longo prazo prejudicaria economicamente o Brasil e causaria um desequilíbrio nos preços do mercado — dado o tamanho do comércio bilateral Brasil-China.

O Brasil é líder de exportações de carne bovina para a China. O país embarcou mais de 500 mil toneladas de carne bovina para os chineses de janeiro a julho deste ano, ou 38% das importações totais da China. O Brasil está bem à frente do segundo colocado, a Argentina, que forneceu pouco menos de 300 mil toneladas.

Analistas acreditam que se o problema for resolvido em breve, a suspensão desta semana deve provocar poucas oscilações no preço da carne.

O que aconteceu na epidemia de vaca louca dos anos 1980 e 1990?

A epidemia de doença da vaca louca começou no Reino Unido nos anos 1980. Isso levou à proibição do uso de miúdos bovinos para consumo humano em 1989. Muitas pessoas temiam ser contaminadas ao consumir, principalmente, produtos com carne processada.

No ano seguinte, o ministro da agricultura, John Gummer, disse que a carne de vaca era "completamente" segura. Para "provar", ele convocou a imprensa para uma entrevista coletiva na qual comeu um hambúrguer. No mesmo evento, ele tentou convencer sua filha de 4 anos de idade a comer também — ela não quis. Isso foi antes de a ciência confirmar o risco da doença para humanos.

A epidemia atingiu um pico entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos. No total, estima-se que 180 mil cabeças de gado tenham sido afetadas.

John Gummer e sua filha Cordelia em 1990

Crédito, PA

Legenda da foto,

John Gummer tentou fazer sua filha Cordelia comer um hamburguer em 1990 para mostrar que a carne era segura

O surto aconteceu porque os animais costumavam ser alimentados com ração feita com restos de carne, miúdos e medula óssea, que muitas vezes estavam contaminados com os príons.

Para tentar conter a doença, mais de 4,4 milhões de animais foram sacrificados. Hoje, cérebro e medula espinhal são descartados e não voltam para a cadeia de alimentação.

Também há um processo de monitoramento mais rigoroso. Depois que a ligação entre a EEB e a vCJD foi descoberta, o Reino Unido introduziu controles mais rígidos para proteger a população. Passou a ser ilegal vender determinados cortes de carne, incluindo a venda de carne com osso - isso foi introduzido em 1997 e removido um ano depois.

Outra medida foi importar plasma para tratar pessoas nascidas após janeiro de 1996 em caso de exposição à doença. Muitos países pararam de importar carne do Reino Unido - a China só acabou com sua restrição em 2018.

Brasil : RIO MADEIRA
Enviado por alexandre em 05/09/2021 01:09:50

Por que o rio Madeira tem este nome?

Um dos principais afluentes do rio Amazonas, o Madeira é considerado um rio 'jovem' e com curso ainda em formação


Um dos principais afluentes do rio Amazonas, o  rio Madeira  é considerado um rio "jovem" e com curso ainda em formação. Ele tem uma extensão de cerca de 3,3 mil quilômetros, nascendo na Cordilheira dos Andes, mas é no estado de Rondônia que ele se destaca, sendo um dos principais símbolos da capital, Porto Velho.

Mas e qual a origem deste nome, no mínimo curioso? O professor Waldemir Lima dos Santos, do curso de geografia da Universidade Federal do Acre (Ufac) explica que no período de verão ele inunda grandes áreas de planície vegetal, carreando troncos e restos de madeira em seu leito.

Na verdade, o rio só recebe o nome de Madeira no território brasileiro. Os indígenas, por exemplo, chamam o rio de Cuyari, que significa amor. Já pelos nativos, ele era conhecido como Iruri, o rio que treme.

Curiosidades

O Madeira possui a maior biodiversidade do mundo entre os rios já estudados. Mais de mil espécies de peixes, sendo 40 raros e desconhecidos, foram catalogados por pesquisadores durante estudos realizados para a construção da hidrelétrica Santo Antônio. Nele, são encontradas diversas espécies de peixes de grande porte como pirarara, dourada, jaús e piraíbas que chegam a ter dois metros de comprimento.

Há ainda diversas curiosidades históricas, entre elas, as primeiras expedições que foram realizadas nos séculos XVI e XVII, por espanhois e portugueses que desbravaram a Amazônia, os desafios para subir o rio repleto de trechos encachoeirados e os 445 mil achados arqueológicos como, por exemplo, os fragmentos cerâmicos de vasos, pedras que eram usadas como machadinhas, entre outras amostras históricas de sete sete mil anos atrás.


Você sabia que a poeira do deserto do Saara vem até a Amazônia?

Uma descoberta feita em 2019 aponta que aproximadamente 182.000 toneladas de poeira do Saara atravessam o oceano Atlântico até chegar à América. Ao todo, cerca de 2,7 milhões da poeira do deserto do Saara se instalam na bacia amazônica.

Um estudo da NASA feito pelo Goddard Space Flight Center mede a quantidade de areia que viaja pelo oceano Atlântico. Segundo os satélites da agência espacial, mais de 27 milhões de toneladas de areia viajam do Saara para a Amazônia a cada ano, com cerca de 22 mil toneladas de fósforo.

Para medir a formação química das substâncias na atmosfera da Amazônia, os pesquisadores usaram um instrumento óptico chamado Lidar. A certeza de que a poeira encontrada no local vem do Saara e não de um terreno próximo é dada pela sua composição química, mais especificamente pela presença e proporção de alguns elementos como alumínio, manganês, ferro e silício.

O que não esperava é que beneficiaria a Amazônia, já que 0,8% correspondem a um nutriente responsável pela nutrição das plantas. Essa quantidade de fósforo, de acordo com o estudo, é suficiente para suprir as necessidades nutricionais que a floresta amazônica perde com as fortes chuvas e inundações na região: "Todo o ecossistema da Amazônia depende do pó do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos", afirmou o coordenador do estudo, Dr. Hongbin Yu, que coletou dados entre 2007 e 2013. 

Foto: Reprodução

 Essa ligação do Saara e a Amazônia beneficia não apenas na nutrição, mas é responsável pela maior parte das chuvas torrenciais que se formam na região.

Os núcleos de condensação são parte da nuvem em que o vapor de água condensa, são formados, entre outros elementos, por partículas em suspensão no ar, como a poeira.No caso da floresta amazônica, uma parcela desses aerossóis é proveniente do Saara.

Um grupo de pesquisadores reunindo Brasil, Estados Unidos e Alemanha, que desenvolvem a mais de uma década, levando a descoberta que a poeira do deserto ajuda a formar nuvens sobre a Amazônia Central (onde se localiza Manaus).

Foto: Reprodução/ NASA

Para testar essa hipótese, os pesquisadores realizaram experimentos em laboratório, onde parte das partículas coletadas na torre ATTO foi injetada em uma câmara, na qual é possível simular a formação das nuvens convectivas (nuvens com grande altitudes verticais), reproduzindo as condições da atmosfera e até 18 km acima do solo, onde prevalecem as baixas pressões e temperaturas (até 70º negativos).

Em 2015, a Nasa, a agência espacial americana, divulgou um estudo segundo o qual todos os anos o deserto envia, junto com o pó, 22 mil toneladas de fósforo, nutriente encontrado em fertilizantes comerciais e essencial para o crescimento da floresta. É quase a mesma quantidade que a mata produz, com a decomposição das árvores caídas e, em seguida, perde com as chuvas e inundações. 

Segundo o levantamento da Nasa, todos os anos 182 milhões de toneladas de poeira, mais ou menos o equivalente a 690 mil caminhões de areia saem do Saara para as Américas do Sul e Central. Desse total, cerca de 28 milhões de toneladas (cerca de 105 mil caminhões) caem na Bacia Amazônica, e, junto com elas, o fósforo.

Confira o vídeo ilustrativo produzido pela Nasa:https://portalamazonia.com/amazonia/voce-sabia-que-a-poeira-do-deserto-do-saara-vem-ate-a-amazonia

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