Ataques à imprensa por parte de Bolsonaro são "Inaceitáveis"
Jornalista se manifestou por meio de uma rede social
A jornalista Andréia Sadi usou as redes sociais, na tarde desta segunda-feira (21), para se manifestar contra as críticas que o presidente Jair Bolsonaro fez à Globo e à CNN Brasil. Para ela, a postura do chefe do executivo é “inaceitável”.
– Inacreditável e inaceitável mais um ataque do presidente Bolsonaro à imprensa. Minha solidariedade aos colegas que foram alvos hoje. Ataque a um colega é ataque à liberdade de imprensa, à democracia. Nunca é demais – e cada vez mais necessário – lembrar o óbvio: ‘cala boca já morreu’ – escreveu a jornalista.
BOLSONARO SE IRRITA COM JORNALISTA Durante uma entrevista com jornalista nesta segunda-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro mostrou irritação com uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, e disparou críticas à emissora e ao trabalho da Globo. As declaração foram dadas durante uma viagem que o presidente fez a Guaratinguetá, em São Paulo.
Durante uma entrevista com jornalista nesta segunda-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro mostrou irritação com uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, e disparou críticas à emissora e ao trabalho da Globo. As declaração foram dadas durante uma viagem que o presidente fez a Guaratinguetá, em São Paulo.
Durante a entrevista, Bolsonaro falou sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil e lamentou as 500 mil mortes pela doença. Então, ele voltou a defender o tratamento precoce.
– Lamento todos os óbitos […] Desde o começo, o governo federal teve coragem de falar em tratamento precoce. E alguns até dizem como está sendo conduzida esta questão. Parece que é melhor se consultar com jornalistas do que com médicos. Tem municípios que vão voltar agora, como Chapecó [SC], que está sendo conhecida como a cidade do tratamento precoce […] Sempre se falou em tratamento precoce. Não sei por que [não] se pode falar em tratamento precoce no Brasil. Eu sou uma prova viva [de que funciona] – destacou.
Após sua fala, Bolsonaro foi questionado pela repórter da TV Vanguarda sobre a multa aplicada pelo governo de São Paulo. Inicialmente o presidente se recusou a responder e passou a palavra a outro repórter, mas depois decidiu voltar ao questionamento da afiliada da Globo.
– Rede Globo. Eu estava com um capacete balístico à prova de 7,62. Então eu vou ser multado toda vez que andar de moto por aí – apontou.
Bolsonaro então foi interrompido pela repórter, mas continuou falando e ainda pediu para os outros presentes “calarem a boca”.
– Deixa eu falar, porque eu sou um alvo de canalhas do Brasil – disse.
A repórter então voltou a comentar que o presidente chegou ao estado sem máscara, o que foi rebatido por ele.
– Eu chego como quiser e onde quiser. Eu cuido de minha vida. Agora, tudo que falei sobre a Covid, infelizmente, para vocês deu certo. Tratamento precoce salvou a minha vida e [a de] mais de 200 pessoas no meu prédio. Jornalistas falam comigo, reservadamente, que usaram hidroxicloroquina, que usaram ivercmectina. Por que vocês não admitem isso? Você acha que vou me consultar com o Bonner ou a com Míriam Leitão sobre o assunto? – questionou.
Depois Bolsonaro retirou sua máscara, perguntou se iria aparecer no Jornal Nacional e disparou críticas pesadas à Globo.
– Pare de tocar no assunto. Me bota no Jornal Nacional. Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Essa Globo é uma me*** de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa. São canalhas. Vocês fazem jornalismo canalha, que não ajuda em nada. Vocês destroem a família brasileira… a religião brasileira. Vocês não prestam. A rede Globo não presta. É um péssimo órgão de informação. Se você não assiste à Globo, você não tem informação. Se assiste, está desinformado. Você tinha que ter vergonha na cara de prestar um serviço porco, que é esse que você faz na Rede Globo.
Repórter atacada por Jair Bolsonaro recebe apoio na web: 'Você foi gigante!'. VEJA
A jornalista Laurene Santos
A jornalista Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, recebeu mensagens de apoio na web, nesta segunda-feira (21), depois de ter sido alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro em um evento.
Laurene questionou o presidente sobre a obrigatoriedade do uso da máscara, já que ele chegou ao evento, que aconteceu em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, sem o acessório de proteção. Vale lembrar que, no último sábado (19), o Brasil atingiu a tenebrosa marca de 500 mil mortos pela Covid-19.
Laurene perguntou por que ele tinha chegado à cidade sem máscara mesmo tendo sido multado recentemente em São Paulo por não usar a proteção. Bolsonaro disse: "eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida"; e tirou novamente a máscara. Ela, então, tentou explicar que o uso da máscara é exigência de lei, mas ouviu Bolsonaro lhe mandar "calar a boca". O presidente ainda insultou a Rede Globo com palavrões.
Em seu Instagram, Laurene recebeu diversas mensagens de solidariedade de internautas em suas últimas publicações. "Toda a minha solidariedade. Você foi brava!!", comentou um. "Meus parabéns pelo seu profissionalismo hoje. Sua altivez, sua coragem e sua calma fazem a diferença e ajudam a iluminar o momento histórico grave que vivemos. Força e continue sempre em frente. Viva o jornalismo. Vamos juntas!", escreveu a jornalista Vera Magalhães.
"Parabéns pela coragem, Laurene! Você foi gigante!", "Laurene, parabéns!!! Você é uma repórter especial e incrível! Mostrou como ser uma excelente profissional, obrigada pela coragem!!" e "parabéns pelo seu profissionalismo e coragem, hoje! Que seja abençoada e protegida por Deus e todas as deusas!" ainda estavam entre as mensagens.
A Globo e a TV Vanguarda emitiram uma nota de repúdio a Jair Bolsonaro e em apoio a Laurene:
"O presidente Jair Bolsonaro falou hoje sobre a marca de 500 mil mortos por COVID no Brasil alcançada no sábado. Foi em viagem a Guaratinguetá, interior de São Paulo, durante conversa com jornalistas que o questionaram se gostaria de dizer alguma palavra sobre as mortes. Bolsonaro disse que lamenta todos os óbitos e em seguida voltou a defender o uso de medicamentos ineficazes contra a COVID.
Na mesma entrevista, o presidente destratou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo. Laurene perguntou por que ele tinha chegado à cidade sem máscara mesmo tendo sido multado recentemente em São Paulo por não usar a proteção. Bolsonaro disse “eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida”. Em seguida, tirou novamente a máscara. A repórter tentou explicar que o uso da máscara é exigência de lei. Mas o presidente mandou a repórter calar a boca e insultou a Globo com palavrões.
Fotos: Reproduções
A Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente à repórter Laurene Santos, que cumpria apenas o seu dever profissional. Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguarda".
"Estamos atentos à conjuntura nacional", diz general Braga Neto
Segundo ministro, "a sociedade pode contar com as Forças Armadas para manter a independência dos Poderes"
Nesta segunda-feira (21), o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, destacou que os comandantes da Forças Armadas estão “atentos à conjuntura nacional”. Com o presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto participou da cerimônia de formatura de sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP).
– À frente do Ministério da Defesa, reafirmo que estamos atentos à conjuntura nacional. A sociedade brasileira pode contar com o comprometimento das suas Forças Armadas para atuarmos dentro da legalidade e com legitimidade para manter a independência e a harmonia dos Poderes – declarou o ministro.
Já Bolsonaro afirmou, durante o evento, que “a obrigação maior de todos nós, militares, além de fazer cumprir a Constituição, é garantir a nossa liberdade”.
Bolsonaro diz que tá a frente do governo é milagre
Presidente voltou a criticar a Globo e afirmou que a emissora "entrou em êxtase" quando o país alcançou 500 mil mortes por Covid-19
O presidente Jair Bolsonaro classificou como “milagre” o fato de ainda estar à frente do governo. Em conversa com apoiadores diante do Palácio da Alvorada, na segunda-feira (21), Bolsonaro disse existir uma “jogada política” para inflar o número de mortes causadas pela pandemia de Covid-19, com o objetivo de provocar desgaste à sua gestão.
– As mortes parecem que interessam para a TV Funerária. A TV Funerária entrou em êxtase quando atingiu as quinhentas mil mortes – disse ele, em referência à Rede Globo.
Mais cedo na segunda-feira, em Guaratinguetá (SP), Bolsonaro fez duras críticas contra a emissora, a quem acusou de fazer “jornalismo canalha”. No fim do dia, já em Brasília, Bolsonaro afirmou a eleitores que o aguardavam na entrada do Alvorada, sede da residência oficial, que continua no Palácio do Planalto por milagre.
– Cada um tem a religião que quer, né? Para mim, são dois milagres: estar vivo e estar eleito. E outro, o terceiro: estar no mandato ainda – completou.
Depoimentos intermináveis e humilhações na CPI são comparadas a "torturas"
O tratamento agressivo, debochado e humilhante a depoentes da CPI da Pandemia, além da demora excessiva dos interrogatórios, com as quase dez horas impostas ao ministro Marcelo Queiroga (Saúde), são temas que sempre mereceram condenação enfática de juristas.
Eles citam, por exemplo, a luz da Lei de Abuso de Autoridade, aprovada no Congresso em 2019, leis que protegem direitos humanos e convenções internacionais que classificam os tratamentos abusivos como “tortura”.
Guilherme Souza Nucci já pontuou que interrogatório demasiado longo visa, “por intermédio da tortura”, enfraquecer e desestabilizar a pessoa.
O jurista Luís Guilherme Vieira refletiu, em artigo para o Conjur, em 2009, sobre dignidade humana e a demora abusiva dos depoimentos em CPIs.
Vieira citou Betch Cleinman na crítica à CPI-espetáculo pelos índices de audiência: “Varre-se a Lei Maior, queimam-se os princípios civilizatórios”.
Há 21 anos, o ministro Celso de Mello, em decisão sobre depoimento em CPI, citou a Constituição, que proíbe “tortura” e “tratamento degradante”. As informações são do Diário do Poder.
O valor cobrado da bandeira vermelha 2, o patamar mais alto desse sistema, deve subir mais de 60%, de acordo com fontes que conhecem o assunto de perto.
Conforme foi anunciado aqui na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai aumentar os valores das bandeiras tarifárias, uma taxa extra que é acionada quando o custo da geração de energia sobe, o que está acontecendo neste ano por causa da crise nos reservatórios das hidrelétricas.
Os custos estão sendo calculados e os novos valores devem ser anunciados ainda neste mês, para valer a partir de julho.
Hoje, são cobrado R$ 1,34 a cada cem quilowatts-hora (kWh) consumidos na bandeira amarela; R$ 4,16 na bandeira vermelha 1; e R$ 6,24 na vermelha 2. Na bandeira verde não há cobrança adicional.
Pelos cálculos conduzidos pela Aneel, o novo valor da bandeira vermelha 2 deve ser de cerca de R$ 10.
Analistas do setor estimam ser necessário algo próximo a R$ 12 na bandeira vermelha 2 para que ela consiga dar conta de cobrir os custos extras decorrentes da geração de energia por termelétricas. Essa bandeira deve vigorar pelo menos até novembro, quando tem início o período úmido.
A bandeira tarifária é um adicional cobrado nas contas de luz para cobrir o custo da geração de energia por termelétricas, o que ocorre quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas está muito baixo, como está ocorrendo neste ano por conta da crise hídrica.
O mecanismo também serve para o consumidor ficar ciente do custo da geração de energia, ao dividir o sistema em três cores: verde, amarela e vermelha (que tem dois patamares). Mesmo durante o período úmido, o governo deve manter as térmicas ligadas, o que não é o padrão.
Bolsonaristas arrecadam R$ 50 mil vaquinha virtual para pagamentos de multas
A motociata promovida por bolsonaristas em São Paulo no último dia 12 de junho rendeu multas do governo paulista ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ministros e parlamentares que o acompanharam pelo descumprimento ao decreto que determina o uso de máscaras em locais públicos. A medida, junto ao distanciamento social, ajuda a evitar o contágio pelo novo coronavírus.
As multas são de R$ 552,71 e o não pagamento resultaria na inclusão do nome do infrator em serviços como o Serasa.
Como uma espécie de protesto contra as autuações, deputados bolsonaristas como Carla Zambelli (PSL-SP), Hélio Lopes (PSL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) organizaram neste domingo uma vaquinha virtual para pagar as multas. Entre os autuados, além dos deputados citados, está o ministro Tarcísio Gomes, da Infraestrutura.
Até a noite deste domingo, quando publicamos esta reportagem, a vaquinha já havia arrecadado mais de R$ 53 mil. O que sobrar depois do pagamento das multas, segundo os parlamentares, será usado para comprar alimentos a serem doados para instituições de caridade e famílias afetadas “pelo fechamento promovido pelo governador João Doria”, como disse Zambelli em vídeo de divulgação da iniciativa.
Zambelli também disse que os deputados vão depositar na vaquinha o valor das multas, “antes que critiquem”.
“Essa maldade vai virar uma bondade”, provocou Eduardo Bolsonaro na divulgação.
Integrantes da cúpula da CPI da Pandemia passaram a defender que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entre no rol de investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito e, como primeiro passo para consolidar a medida, avaliam pedir que Bolsonaro preste depoimento por escrito aos senadores.
A equipe jurídica que auxilia o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), após avaliar precedentes do Supremo Tribunal Federal, tem a convicção que o único impedimento da comissão em relação ao presidente é a sua convocação para prestar esclarecimentos presencialmente. A avaliação é a de que outras medidas, inclusive a própria investigação sobre ações e omissões de Bolsonaro no combate à pandemia, podem ser adotadas pelos senadores.
Nesse cenário, a cúpula da CPI da Pandemia costura um caminho para que, em breve, Bolsonaro seja instado a responder a uma série de questionamentos por escrito. Uma das preocupações dos senadores é garantir que, uma vez aprovado o pedido, ele não seja derrubado pelo Supremo.
entre integrantes da corte, não há um consenso sobre a possibilidade de comissão investigar o presidente da República, mas a avaliação é a de que, se for elencado como testemunha, Bolsonaro tem a prerrogativa de depor por escrito.
Em entrevista à imprensa na última sexta-feira (18), o senador Renan Calheiros afirmou que estuda incluir Bolsonaro na lista de investigados pela CPI da Pandemia. “Aparecendo fatos óbvios, como tem aparecido, a CPI vai ter que responsabilizar. Diante de provas, não há como não responsabilizar. Seria um não cumprimento do nosso papel”, afirmou.