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Política : NOVO MINISTRO
Enviado por alexandre em 05/11/2018 19:40:46

Moro entra de férias e afirma que pedirá exoneração perto da posse
Ele aceitou convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça
O juiz federal Sérgio Moro apresentou nesta segunda (5) o seu pedido de férias acumuladas durante os quatro anos em que comandou a Operação Lava Jato em Curitiba. Com isso, começa o processo de afastamento do magistrado das audiências ligadas à operação.

O tempo pedido é de 17 dias, período remanescente dos anos 2012 e 2013. Quando essa solicitação acabar, no dia 21 de novembro, Moro deve fazer um novo pedido de férias, que dura dessa vez até o dia 19 de dezembro. A partir de agora, Moro participa do trabalho de transição entre os governos Temer e Bolsonaro, que começa esta semana.
Na última quinta (1º), o juiz aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para comandar o Ministério da Justiça, que a partir do próximo ano reunirá a área de Segurança Pública — incluindo a PF, a PRF e a Força Nacional de Segurança —, a Controladoria-Geral da União (CGU) e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

No entanto, a exoneração de Moro do cargo de juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba acontecerá apenas próximo a sua posse como ministro, em janeiro do ano que vem. A decisão do magistrado adia a escolha de um novo titular para a vara que concentra as ações da Operação Lava Jato. Por enquanto, a juíza substituta Gabriela Hardt ficará no comando.

DIÁRIO DO PODER

Política : SESSÃO SOLENE
Enviado por alexandre em 05/11/2018 19:36:41

Congresso terá segurança reforçada para sessão pelos 30 anos da Constituição
Será a primeira vez que Bolsonaro retorna ao Congresso após ser eleito presidente da República
Um forte esquema de segurança está sendo montado no Congresso Nacional para a sessão solene que vai comemorar os 30 anos da Constituição Federal. Foram distribuídos 1,5 mil convites. A solenidade está marcada para começar às 10h desta terça-feira (6).

Entre os convidados, o presidente eleito Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão. Será a primeira vez que Bolsonaro retorna ao Congresso após ser eleito presidente da República.
Entre as autoridades que estarão na sessão, o presidente da República Michel Temer, do Legislativo Eunício Oliveira e Dias Toffoli do Judiciário. A Procuradora-Geral da República (PGR) Raquel Dodge, senadores, deputados federais e ministros de Estado.

Entretanto, além do tapete vermelho, não haverá pompa, e todas as autoridades vão chegar ao Congresso Nacional pela chapelaria, como é de praxe. O acesso ao plenário e as galerias da Câmara dos Deputados ficarão restrito aos convidados. Amanhã não haverá visitas as dependências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

DIÁRIO DO PODER

Política : DEMOCRACIA
Enviado por alexandre em 05/11/2018 19:16:54

Ninguém está pensando em intervenção militar ou autoritarismo, diz general Heleno

Indicado como ministro da Defesa do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno afirmou que o fato de muitos militares terem indicação para postos do Executivo é uma questão de coerência. "Não tem nada a ver com governo militar. Ninguém está pensando em intervenção militar, em autoritarismo, nada disso. É um aproveitamento de gente que o País não estava acostumado a aproveitar."

Heleno, que participa de reuniões com integrantes do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, considerou natural a demora para a escolha de nomes para a equipe do próximo governo e afirmou que a estratégia de apresentar a indicação a conta-gotas é boa. "Há muitos candidatos. Todos apresentam credenciais significativas. A escolha é difícil e precisa ser pensada", disse. "Não há essa urgência. Existe essa urgência para vocês (jornalistas), que estão atrás de notícias. É uma questão de ter na cabeça. E até do ponto de vista de mídia é bom que ele vá soltando aos poucos."

Heleno afirmou não ter conversado ainda com o juiz Sérgio Moro, indicado para ocupar um super ministério da Justiça. "Fiz uma ligação telefônica rápida. Mas a escolha foi um gol de bicicleta do meio do campo que o presidente fez."

O general não quis comentar o adiamento da visita do governo do Egito ao Brasil. A decisão da suspensão da visita é associada às declarações feitas pelo presidente eleito pró-Israel. "Não vou tecer considerações sobre esse problema que aconteceu. Não sou nem primeiro-ministro nem ministro das relações exteriores. Vai ter gente mais tarde que vai entrar nessa seara. Numa campanha, é diferente. Agora não. Cada macaco no seu galho. O ministro das relações exteriores vai tecer considerações e levar ao presidente", disse, na tarde desta segunda.

O governo egípcio atribuiu o adiamento a compromissos de autoridades do país. Nos bastidores, no entanto, a informação é de que a verdadeira causa a mudança de planos foi a decisão anunciada por Bolsonaro de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

Heleno afirmou que o trabalho humanitário para acolher venezuelanos tem total apoio da equipe, é um trabalho difícil e uma preocupação. "Não tem como negar esse apoio. É um problema humanitário."

Agência Estado

Regionais : ISSO É BRASIL:Prefeito acusado de matar ex-funcionário reassume a Prefeitura
Enviado por alexandre em 05/11/2018 19:08:14

Marcelo Arcanjo é policial federal aposentado (Foto: Reprodução/ Facebook)

Suspeito de ter assassinado um ex-funcionário no último dia 29 de agosto, o prefeito de Santana do Acaraú reassumiu a Prefeitura nesta segunda-feira, 5. Raimundo Marcelo Arcanjo (MDB) foi preso em 4 de setembro, após seis dias foragido, quando confessou a autoria da ação aos policiais do Departamento de Política do Interior (DPI). À época, ele chegou a ficar detido. As informações foram confirmadas por Paulo Costa, identificado como chefe de gabinete da Prefeitura.


Conforme O POVO Online apurou, o suspeito do crime retorna às atividades do Município normalmente, já que não há condenação e ele havia pedido apenas licença da gestão para resolver problemas pessoais. Questionado sobre o andamento do processo, Costa informou que "os advogados" estão cuidando do caso, mas se recusou a passar contato deles para a reportagem.

Marcelo Arcanjo é acusado pela morte de Augusto César do Nascimento. A vítima era ex-funcionária da Prefeitura e teria sido exonerada meses antes do crime. No depoimento, Marcelo Arcanjo disse que foi à casa do ex-motorista do Município para conversar. Ele estaria querendo tomar satisfação por causa de boatos supostamente espalhados por César afirmando que a esposa de Marcelo estaria recebendo propina.

Após ser demitido, em novembro, César teria se tornado crítico da gestão de Marcelo, o que a família da vítima aponta como motivação do crime. O prefeito contou que ao encontrar com César foi logo agredido e atirou para se defender. Por ser policial federal aposentado, Marcelo tem porte de arma.

A versão vai de encontro ao afirmado por familiares de César que presenciaram o episódio, ocorrido por volta das 18h40min do dia 29. Segundo eles, Marcelo aparentava estar bêbado e atirou na vítima ao fazer um movimento de abraço, sem nenhuma discussão. À Polícia, o prefeito negou estar alcoolizado. Teria tomado duas doses de uísque no almoço.

Redação O POVO Online

Regionais : História de Rondônia: conheça o médico Ary Pinheiro, que atendia pacientes em casa, não cobrava consultas e recebia carne de caça como gratidão
Enviado por alexandre em 05/11/2018 19:05:38

Ary Pinheiro: legenda amazônica, orgulho da medicina e do povo de Rondônia

Paraense de Bragança, o médico Ary Tupinambá Penna Pinheiro era também um brincalhão.

– O boto veio do Polo Norte – ele dizia sério.
– Eu consultava diversas publicações, não encontrava nenhuma prova da veracidade e só fui descobrir quando fiquei moça – conta a filha única, escritora, acadêmica de letras e historiadora Yêdda Pinheiro Borzacov.

Ary deu de presente a Yêdda a coleção de livros do escritor Monteiro Lobato, como prêmio por ela beber corretamente remédios contra o sarampo. “Meus cabelos caíram, mas eu li um tanto, e gostei”, ela lembra.

Bacharel em Ciências Físicas e Naturais, recém-formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, o mais lendário médico de Rondônia chegou a Porto Velho em 12 de maio de 1937. Por mais de meio século foi o médico cirurgião que mais operava.

O ex-governador Jorge Teixeira Oliveira homenageou-o, dando seu nome ao Hospital de Base, o maior da Amazônia, inaugurado em 12 de janeiro de 1983.

VÍTIMAS DA FEBRE

Duas décadas antes de sua chegada, médicos norte-americanos no antigo Hospital da Candelária, [inaugurado em 1907] socorriam vítimas da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, e de doenças endêmicas, entre as quais, impaludismo, febre amarela e malária.

Falava eloquentemente a respeito do trem e da Linha Telegráfica Mato grosso-Amazonas, oferecendo nítida visão dos acontecimentos ocorridos durante a construção de cada uma dessas obras.

“Conhecia, porque muito lhe foi transmitido por antigos trabalhadores da linha de ferro ou pelos guarda-fios e servidores da linha telegráfica”, conta o ex-seringalista, historiador e diretor do extinto jornal O Guaporé, Emanuel Pontes Pinto, em caderno cultural nos anos 1980.

A sina desses profissionais era dolorosa em julho de 1910, quando o sanitarista Oswaldo Cruz visitava a vila de Santo Antônio do Rio Madeira: dos 11 médicos fixos, três faleceram vítimas de moléstias, outro adoeceu aqui e foi morrer nos Estados Unidos.

Em Guajará-Mirim, na fronteira brasileira com a Bolívia, a 366 quilômetros de Porto Velho, o médico pioneiro Américo Cassara muito auxiliou Ary na rotina de trabalho para a EFMM, cujo diretor, Aluízio Pinheiro Ferreira, também nascido em Bragança (PA), o chamava de “homem do coração de ouro”.

NO SERINGAL

Para não se entregarem aos legalistas, após o fracasso da Revolução de 1924 (*) no Amazonas, alguns revolucionários internaram-se na região do Vale do Rio Madeira. Já o segundo-tenente Aluísio Ferreira fugiu para o Vale do Rio Guaporé, encontrando guarida no Seringal Laranjeira, de Cassara.

O seringal era a base para muitas incursões à floresta povoada por índios e seringueiros. Ali, o tenente trabalhou durante algum tempo na coleta da seringa e na administração do barracão. Estudou os indígenas regionais, notadamente os Makurape da região entre o rio Corumbiara e Branco. Em 1928 apresentou-se às autoridades militares de Belém onde ficou preso por sete meses, sendo julgado e absolvido.

Escritora Yêdda Pinheiro Borzacov, com o bule de porcelana inglesa, herdado de Ary

“Papai não sabia nadar e tinha pavor de candirus, mas fez muitas cirurgias para salvar pessoas atacadas”, lembra Yêdda.

O candiru amazônico [ou peixe-vampiro], com sete a oito centímetros de comprimento, é de água doce e pertence ao grupo comumente denominado peixe-gato.

Entre os nativos ele é mais temido do que piranhas, porque penetra pela uretra de banhistas desavisados.

No Brasil do século passado, médicos andavam a cavalo, carregando maletinhas com aparelhos, estojos de injeção e remédios. As relações com pacientes eram também amistosas no extinto Guaporé, conta o médico Viriato Moura, diretor-presidente do Hospital Central.

ARES NATIVOS NA CASA DA D. PEDRO I

“O Dr. Ary atuava como cirurgião na rede pública, com limitados salários, e também atendia a todos que o procuravam em sua residência, sem cobrar. Foi por isso homenageado em 1967: o que mais operava gratuitamente”, lembra Viriato.

Quase todas as tardes, entre o final dos anos 1970 e início da década de 1980, ele reunia amigos médicos, e intelectuais no jardim com orquídeas, samambaias e antúrios de sua casa de alvenaria decorada no estilo desse estudioso de antropologia, botânica e zoologia, na Rua D. Pedro I, esquina com Euclides da Cunha, atrás das Caixas-d’Água construídas por engenheiros ingleses.

“Geralmente, em troca de seus atendimentos médicos, em vez de dinheiro, recebia dúzias de ovos, galinhas, carnes de caça e outras manifestações de gratidão”.

Ary e seus vizinhos médicos Hamilton Raulino Gondim e Lourenço Antônio Pereira Lima são reconhecidos pelos porto-velhenses “pela prática da medicina como sacerdócio”.

Flechas, bordunas, cocares, demais adornos e cerâmicas indígenas ocupavam espaço entre o chão e as paredes da casa.

O ex-governador Cunha Meneses [1964-65] quis comprar o acervo cultural de Ary [peças indígenas, borboletas, etc], aproximadamente duas mil peças, ao que ele respondeu: “O patrimônio indígena não pertence a ninguém, e sim à Nação”. E doou tudo. As peças foram catalogadas e fichadas com o auxílio do ornitólogo húngaro José Idasse.

Em 1976, o único museu aquele período do território federal de Rondônia fora desativado, porque a Divisão de Educação precisava do prédio para instalar o curso supletivo.

Naquele ano, o médico participou em Belém do 12º Congresso de Medicina Tropical, apresentando tese a respeito da Involução Cultural Aruak, quando mostrou uma peça de cerâmica de 45 cm e 75 cm de circunferência, encontrada numa urna funerária próxima a Pedras Negras, às margens do rio Guaporé.

As peças ficaram três anos encaixotadas até a reinauguração numa pequena sala do Presidente Vargas. Algumas são vistas por lá. O antigo palácio foi transformado em Museu da Memória.

Médico Viriato Moura lembra humanismo de Ary Pinheiro e Raolino Gondim

RODAS DE CONVERSA

Sabia o nome científico das plantas, o significado das palavras indígenas, nome das personalidades eminentes que de uma forma ou outra estavam ligadas à região; descrevia doenças tropicais temidas e meios práticos de evitá-las.

“Conversador emérito”, segundo o ex-desembargador Hélio Fonseca, que confirma o alto nível cultural do convívio com Ary.

“Certa ocasião, na varandinha, fui apresentado a dois distintos cidadãos de passagem por Porto Velho, e a certa altura o assunto recaiu sobre a passagem por aqui de Oswaldo Cruz e Belisário Penna (este, aliás, meu conterrâneo de Juiz de Fora), quando vieram supervisionar o saneamento da Madeira-Mamoré. Aproveitei e meti a colher de pau na discussão, estribando-me no livro A febre amarela no Pará, até que um deles, sorrindo modestamente disse-me: Eu tive a honra de escrever essa obra. Era o Dr. Rubens Britto, o próprio sábio em pessoa, que tanto havia contribuído para erradicar várias doenças epidêmicas de Rondônia”.

O DIAMANTE

“Era o cirurgião dos pobres”, assinala Moura.

Renunciava a presentes de alto valor: “Um garimpeiro sofria de cálculo renal curou-se com ele e muito tempo depois apareceu com uma pedra de diamante pra dar de presente; ele não quis e eu me frustrei, porque já namorava a pedra pra fazer um anel” – relata Yêdda.

“Durval Gadelha [cartorário em Porto Velho] comprou a pedra” – conta.

Moradora antiga, Elba Cantuária elogiava o médico: “Doutor Ary tem o dom do diagnóstico”.

Ary deu aulas de História da Civilização, Matemática e História Natural na Escola Normal Carmela Dutra, mas não recebia salário de professor.

“Ele era um humanitário, pagava para lecionar, sem jamais reclamar”, dizia o historiador Esron Penha de Menezes nos anos 1980.

Incentivava a juventude a pesquisar, porque considerava mais importante “o interesse por algo mais do que a obtenção do diploma”. Em 1993, a Universidade Federal de Rondônia concedeu-lhe o título de doutor honoris causa [conferido a pessoa sem que esta tenha passado por quaisquer exames ou concursos].

ECOLOGISTA

Emanuel Pontes Pinto define-o desta maneira: “Um homem singular: médico e professor por vocação, matemático por necessidade, historiador, geógrafo, antropólogo, etnólogo, zoólogo, botânico, poeta, filósofo e folclorista por diletantismo”.

Foi Ary, segundo conta Emanuel, que lhe deu as primeiras lições sobre a história e geografia amazônica. Uma delas, essencial: “Defendia a igualdade e independência do homem e criticava com veemência aqueles que não admitiam a racionalidade dessas condições”.

Preservacionista, Ary não se contentava apenas com estudos a respeito dos povos amazônicos. Aos familiares e a quem estivesse por perto, ele proibia no crescimento e no desenvolvimento das árvores e demais plantas que preenchiam toda a área do terreno em torno da residência.

“Ninguém podava um galho que dificultasse a movimentação no local, e quem ousasse infringir essa ordem era veementemente admoestado”, conta.

A filha Yêdda recorda que ele recebia “prazerosamente” a todos os que recorriam à sua memória prodigiosa: “De tudo um pouco, ele ditava detalhadamente aos estudantes, respostas às suas indagações”.

O FUSCA

O único presente aceito foi um automóvel Fusca [da Volkswagen], presenteado pelo seringalista Flodoaldo Pontes Pinto, grato pelos partos da mulher, dona Balbina.

“Ele não queria, mas Flodoaldo deixou as chaves e foi embora” – diz a filha Yêdda.

Carmen Veloso Boucinhas, cuja primeira filha veio ao mundo pelas mãos de Ary, depõe: “Era cirurgião por excelência. Estar sob seus cuidados era estar em segurança. Que se saiba, nunca sequer perdeu um paciente por incompetência, negligência ou descuido, e quando morria, era porque não tinha chance alguma”.

Foi um esforço grande da família para ele se desfazer da mágoa de ir para a selva. “Sempre foi ativo, tido como esquerdista, e ao ser denunciado, Aluízio Ferreira cuidou de preservá-lo” – explica Yêdda.

De peixes e mamíferos ele já entendia, e ali se sucederam também suas pesquisas de répteis e insetos.

NO HOSPITAL SÃO JOSÉ

Convidado pelo padre salesiano Ângelo Cerri, de 1942 a 1944 Ary dirigiu o Hospital São José, o único daquela época.

Não apenas dirigiu. Nas primeiras horas da manhã ele começava atender dezenas de pacientes, a maioria deles, indigentes. Ensinou práticas da profissão a famosos profissionais, entre eles o ex-governador Oswaldo Piana Filho, médico gastroenterologista.

Em 1943, com a criação do Território do Guaporé, assumiu também a direção do Centro de Saúde de Porto Velho. E retornou algumas vezes à direção do São José.

Um conhecido Gilberto morcego recebeu de Ary a função de porteiro. Autêntico cumpridor de ordens, não poupou nem o governador da época, Petrônio Barcelos [1951-1952], e o barrou numa visita. Yêdda lembra o diálogo:

– Sabem quem sou eu? – perguntou-lhe Barcelos.

– Sei sim, o governador do território, mas ordem é ordem, e eu cumpro; não é hora de visita – respondeu-lhe irredutível. Morcego foi então contratado por Barcelos.

O BRASIL EM 1910

Em 13 de setembro de 1910, quando nascia Ary, filho único do engenheiro Joaquim Magno Botelho Pinheiro e da professora Cacilda Penna Pinheiro, o marechal Hermes da Fonseca era escolhido presidente do Brasil, em eleições diretas.

O pai, Joaquim Pinheiro, morreu muito cedo e Ary foi educado pela mãe. Casou-se pela primeira vez com Christina Struthos, de família grega radicada em Guajará-Mirim, mãe de Yêdda.

Cristina morreu no parto do segundo filho. Da segunda mulher, Lourdes Apoluceno, não teve filhos. Filhos de Yêdda, Ary deixou os netos Ary, Eduardo Jr., Cristina Helena e Lourdes Maria.

Nessa década, segundo o médico C. J. Wilson relatava ao jornal The Porto Velho Marconigram: “Não era raro que a metade dos que entravam na área das febres fosse infectada e morresse em poucas semanas. Certa vez, 40 homens partiram, mas 27 morreram na jornada”.

Em 1910 também nasciam: o presidente Tancredo Neves, em março; Francisco Cândido Xavier, o médium espírita Chico Xavier, em abril; Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, lexicógrafo, em maio.

Joaquim Nabuco, abolicionista e diplomata, morria em janeiro daquele ano.

E algo que teve tudo a ver com o antropólogo Ary: pelo Decreto n° 8.072, em 20 de julho, o governo federal criava o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), antecessor da Funai.

Em 22 de novembro, no Rio de Janeiro, marinheiros afro-brasileiros e mulatos foram punidos a chibatadas por oficiais brancos no motim conhecido por Revolta da Chibata.

Grupo de índios Massaká em visita ao acampamento da Expedição Dequech

O GUAPORÉ, EM 1937

Designado médico da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré pelo Departamento de Saúde de Mato Grosso, aos 27 anos ele foi combater endemias em Guajará-Mirim, a 366 quilômetros da Capital, na fronteira brasileira com a Bolívia, onde já havia trabalhado o médico, farmacêutico e odontólogo baiano Carlos Rocha, nomeado o segundo prefeito municipal.

Até então, os moradores de Guajará-Mirim se davam por satisfeitos com ações de Rocha. Pouco depois, Ary avançou, chefiando um grupo de 30 soldados do Exército no saneamento da cidade atacada pela malária e febre amarela.

Seus estudos a respeito de saúde pública na região dos rios Mamoré e Beni mereceram elogios dos professores Ayrosa Galvão e Leônidas Deane, expressões da medicina de então.

Praticou técnicas ensinadas pelo médico alemão Maximiliano Koeller, de quem foi assistente, em Cachuela Esperanza, às margens do rio Beni, próxima a Guayaramerín, Bolívia. Era o auge daa exploração da borracha do alto Madeira.

“MINAS DE URUCUMACUÔ

Seria um “batismo de fogo”, se já não conhecesse as agruras do povo fronteiriço.

Aluízio Ferreira o incumbiu-o de participar da Expedição Dequech (**), cujo objetivo era também e uma expedição nas lendárias minas de ouro de Urucumacuã, entre as cabeceiras dos rios Galera e Jamari.

Aluízio foi presidente da EFMM e primeiro governador do Território do Guaporé. A exemplo da maioria de seus governados, “ouvia dizer” de algumas lendas, entre elas, Urucumacuã.

Acompanhado de dois enfermeiros, o médico embarcou numa lancha carregada de material cirúrgico e de remédios, em 29 de junho de 1941.

Um conhecido Manoel, desempregado e passando fome, chegou chorando ao hospital pedindo emprego. Havia sido libertado depois de cumprir pena por homicídio. Ary conseguiu sua contratação com o Governo de Mato Grosso, a quem esta terra estava circunscrita.

Segundo Yêdda, ele também trabalhou como enfermeiro, mas foi tão grato que passou a ser uma espécie de “cão de guarda” do médico, armando redes e mosquiteiros, e dormindo ao lado de Ary.

A exemplo de outras incursões pioneiras na história da saúde amazônica ocidental, Ary atendeu ribeirinhos e indígenas. Mas Urucumacuã, que nada!

Ao que consta, nem o intrépido marechal Rondon localizou essas minas, do contrário, certamente fariam parte da filmografia feita por seu “relações públicas”, major Thomaz.

“Na vastidão do Guaporé, ele nada havia encontrado. Pessoalmente, acredito que as minas poderiam ter sido o Roosevelt, tempos depois de explorado”, diz Yêdda.

(*) Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, a Revolução de 1924 teve a participação de vários tenentes, dentre os quais Joaquim do Nascimento Fernandes Távora [que faleceu na revolta], Juarez Távora, Miguel Costa, Eduardo Gomes, Índio do Brasil e João Cabanas. Foi um levante para depor o presidente Artur Bernardes, considerado inimigo dos militares desde a crise das cartas falsas. Reivindicações: voto secreto, a justiça gratuita e a instauração do ensino público obrigatório.

(**) Entre 1941 e 1943, o geólogo Vitor Dequech comandou a Expedição Urucumacuã, enviada por Cândido Rondon em busca de jazidas de ouro no rio Pimenta Bueno, a leste do rio Tanaru. Dequech documentou vários contatos com os Massacá, como ele os chamava. Os primeiros contatos dos Aikanã com a população não indígena ocorreu nos anos 1940, quando eles habitavam terras nas proximidades do rio Tanaru. Em 1940, o Serviço de Proteção ao Índio inaugurou um posto de atendimento para onde os Aikanã foram enviados. [Wikipédia]

Ary sobe o rio Guaporé em 1941; ao lado dele, o índio Aucê

LIVROS DO MÉDICO ARY PINHEIRO
Contribuição Indígena na alimentação atual da Amazônia
Lendas da Amazônia
Olhando o Passado
Palmáceas Amazônicas
Répteis Amazônicos
Viver Amazônico

ALGUMAS DATAS

1941 – Liderou movimento de esquerda em Guajará-Miri, quando foi designado médico-chefe da Expedição Dequech.
1942 – Entrou em contato com tribos indígenas do Guaporé [ainda como membro d Expedição Dequech], sobretudo os Massakás. Assistiu o “Chocho ou Couvade”, escrevendo bela crônica sobre esse costume indígena. Iniciado na ordem Maçônica na Loja União e Perseverança.
1943 – Assumiu a direção do Centro de Saúde, do Departamento de Saúde de Mato Grosso. Escreveu o vocabulário dos índios Massakás, Caoés e Sabanês.
1951 – Estagiou nas clínicas de Barata Ribeiro, Sílvio Brauner, Mota Maia, Orlando Vaz, e na Santa Casa de Misericórdia, no Rio de Janeiro.
1954 – Foi preso sob suspeita de liderar movimento de esquerda junto com o médico Renato Medeiros, o engenheiro Wady Darwich Zacharias e o engenheiro Osmar Silva.
1964 – Representou Rondônia no Congresso Internacional de Malária em Poços de Caldas. Seu trabalho foi citado em revistas médicas. Coordenou o saneamento de Porto Velho.
1965 – Participou como médico informante dos trabalhos de pesquisa sobre a hepatite A, na Fundação Rockefeller, a convite dos cientistas Domingos de Paula, Bochell e Francisco Pinheiro.
1970 – Recebeu a condecoração da Ordem do Albatroz, do Museu Nacional.
1977 – Nomeado membro da Sociedade de Ecologia e Preservação da Fauna e Flora Amazônica.

Fotos: Ésio Mendes, Jeferson Mota, Álbum de Família e Arquivo de Ariquemes

Autor / Fonte: Montezuma Cruz

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