ÉPOCA O deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG), o Fabinho, é figura célebre nos corredores do Congresso em razão de sua sensibilidade gastronômica. Os quitutes mineiros preparados por seu cozinheiro Reginaldo, sob supervisão rígida do parlamentar, atraem a atenção dos colegas e preencheram estômagos em momentos cruciais da política nos últimos anos. Às vésperas do impeachment de Dilma Rousseff, era sinal de desprestígio não ser convidado para os almoços ou jantares promovidos pelo emedebista em seu apartamento na Asa Sul. Estar ao lado de Ramalho, conhecido como o “rei do baixo clero”, também significava ter o voto de confiança de Michel Temer, o sucessor da petista. Não à toa, o deputado se tornou vice-presidente da Câmara com o apoio de Temer e chegou a levar uma leitoa à pururuca para um rega-bofe no avião presidencial durante uma missão oficial à China. Jair Bolsonaro não havia completado sete dias de mandato quando Ramalho apareceu no Palácio do Planalto portando uma sacola térmica repleta de linguiça artesanal, queijos e doces mineiros para presenteá-lo. À época, queria ser presidente da Câmara. Não foi bem-sucedido. Agora, em vez dos jantares, leva seus banquetes em caixas térmicas para fazer a alegria dos deputados no cafezinho da Câmara. “O baixo clero nunca esteve tão abandonado”, reclamou o deputado. Continue reading →
Envolta em polêmica desde sua apresentação, a medida provisória que institui o programa Verde Amarelo recebeu o número recorde de 1.930 emendas (instrumento usado para alterar o texto original de um projeto) de deputados e senadores. Boa parte dos parlamentares quer derrubar a taxação do seguro-desemprego, que bancaria incentivos para a contratação de jovens entre 18 e 29 anos. Uma ala, liderada por deputados ligados ao movimento sindical, defende até que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolva a MP ao Executivo. Anunciado pelo governo há 12 dias, o programa prevê redução de até 34% nos impostos sobre a folha de pagamento das empresas que contratarem jovens com remuneração de até R$ 1.495. Para bancar as perdas da União, o trabalhador que recebe seguro-desemprego terá de contribuir com 7,5% ao INSS. Diante das críticas, o governo disse que o Congresso poderia mudar o programa, desde que encontrasse outras fontes de receita. Em 2017, MP que ajustava pontos da reforma trabalhista recebeu 697 emendas, o recorde anterior, segundo levantamento do Senado. O texto acabou perdendo efeito antes de ser votado. Em reação ao que chamam de minirreforma trabalhista, deputados liderados pelo presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), vão se reunir na terça-feira com Alcolumbre para discutir o destino da proposta. Paulinho, que também é presidente licenciado da Força Sindical, quer que o Congresso devolva a MP ao Executivo e, consequentemente, anule as medidas. “Essa medida é uma loucura. Onde já se viu desempregado financiar novos empregos? Não vamos permitir que se acabe com quase 70 artigos da CLT. Vamos ter uma reunião com Davi (Alcolumbre) para tentar fazer devolver essa medida provisória”, afirmou o deputado. Continue reading → |