Vacinas salvaram mais de 150 milhões em 50 anos, destaca entidade
Os esforços de imunização estão sob crescente ameaça à medida que a desinformação, o crescimento populacional, as crises humanitárias e os cortes de financiamento comprometem o progresso e deixam milhões de crianças, adolescentes e adultos em risco. O alerta foi feito nesta quinta-feira (24) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), em razão da Semana Mundial de Imunização.
Em nota, as entidades destacam que surtos de doenças preveníveis por meio da vacinação, como o sarampo, a meningite e a febre amarela, estão aumentando globalmente, enquanto doenças como a difteria, que há muito tempo vinham sendo mantidas sob controle ou praticamente desapareceram em diversos países, correm o risco de ressurgir. Em resposta, as agências pedem “atenção política urgente e sustentada”, além de investimento para fortalecer programas de imunização e proteger o progresso alcançado na redução da mortalidade infantil nos últimos 50 anos.
Em seu perfil na rede social X, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou que as vacinas salvaram mais de 150 milhões de vidas ao longo das últimas cinco décadas. “São mais de 4 milhões de vidas salvas a cada ano. Com imunização para todos, tudo é possível”, escreveu. “Graças às vacinas, uma criança nascida nos dias atuais tem 40% mais chance de sobreviver ao seu primeiro ano de vida do que há cinquenta anos.”
“Com novas vacinas contra a malária e o câncer cervical, estamos salvando ainda mais vidas. Mas, com os cortes recentes no financiamento para a saúde global, esses ganhos duramente conquistados estão em risco. Surtos de doenças preveníveis por meio de vacinas estão aumentando em todo o mundo, ameaçando milhões de vidas. As vacinas não protegem apenas a vida de cada indivíduo, protegem comunidades, sociedades e economias”, completou Tedros.
SARAMPO
A OMS alerta que o sarampo está ressurgindo “de forma especialmente perigosa”. O número de casos, de acordo com a entidade, vem aumentando ano a ano desde 2021, acompanhando reduções na cobertura vacinal registradas desde a pandemia de covid-19 em diversas localidades. Os casos chegaram a atingir a marca de mais de 10 milhões em 2023 – um aumento de 20% em relação a 2022.
As três agências avaliam que essa tendência ascendente de novas infecções provavelmente se manteve ao longo de 2024 e também continuará em 2025, “na medida em que os surtos se intensificaram em todo o mundo”. Nos últimos 12 meses, 138 países relataram casos de sarampo, sendo que 61 registraram surtos classificados como grandes ou disruptivos – o maior número observado em um período de 12 meses desde 2019.
MENINGITE
Casos de meningite na África também aumentaram acentuadamente em 2024, e a tendência ascendente, segundo a OMS, continua em 2025. Apenas nos três primeiros meses deste ano, mais de 5,5 mil casos suspeitos da doença e quase 300 mortes foram relatados em um total de 22 países, contra cerca de 26 mil casos e quase 1,4 mil mortes notificados em 24 países no ano passado.
FEBRE AMARELA
Dados da OMS mostram que os casos de febre amarela na região africana também estão aumentando – foram 124 casos confirmados em 12 países em 2024. “Isso ocorre após declínio significativo de casos da doença na última década, graças aos estoques globais de vacinas e ao uso da vacina contra a febre amarela em programas de imunização de rotina”.
Na região das Américas, surtos de febre amarela vêm sendo confirmados desde o início deste ano, com um total de 131 casos em pelo menos quatro países, incluindo o Brasil.
CORTES NO FINANCIAMENTO
“Esses surtos ocorrem em meio a cortes no financiamento global. Balanço recente da OMS com 108 escritórios da entidade – sobretudo em países de baixa e média renda – mostra que quase a metade deles enfrenta interrupções moderadas ou graves em suas campanhas de vacinação, na imunização de rotina e no acesso a suprimentos em razão da redução do financiamento de doadores”, destacou a OMS.
A vigilância de doenças, inclusive doenças preveníveis por meio da vacinação, segundo a entidade, também vem sendo afetada em mais da metade dos países pesquisados.
CRIANÇAS NÃO VACINADAS
Os números mostram ainda que o contingente de crianças que não receberam vacinas de rotina vem aumentado ao longo dos últimos anos, ainda que os países se esforcem para alcançar menores que não foram imunizados durante a pandemia. A estimativa é que, em 2023, cerca de 14,5 milhões de crianças tenham ficado sem receber todas as doses da vacinação de rotina – número superior aos 13,9 milhões registrados em 2022 e aos 12,9 milhões de 2019.
“Mais da metade dessas crianças vive em países que enfrentam conflitos, fragilidade ou instabilidade, onde o acesso aos serviços básicos de saúde é frequentemente interrompido”, destacou a OMS.
“A crise global no financiamento está limitando severamente nossa capacidade de vacinar mais de 15 milhões de crianças vulneráveis contra o sarampo em países frágeis e afetados por conflitos”, disse a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell.
“Os serviços de imunização, a vigilância de doenças e a resposta aos surtos em quase 50 países já estão sendo interrompidos – com retrocessos em um nível semelhante ao que vimos durante a pandemia de covid-19. Não podemos nos dar ao luxo de perder terreno na luta contra doenças evitáveis.”
Vacinas salvaram mais de 150 milhões em 50 anos, destaca entidade
Os esforços de imunização estão sob crescente ameaça à medida que a desinformação, o crescimento populacional, as crises humanitárias e os cortes de financiamento comprometem o progresso e deixam milhões de crianças, adolescentes e adultos em risco. O alerta foi feito nesta quinta-feira (24) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), em razão da Semana Mundial de Imunização.
Em nota, as entidades destacam que surtos de doenças preveníveis por meio da vacinação, como o sarampo, a meningite e a febre amarela, estão aumentando globalmente, enquanto doenças como a difteria, que há muito tempo vinham sendo mantidas sob controle ou praticamente desapareceram em diversos países, correm o risco de ressurgir. Em resposta, as agências pedem “atenção política urgente e sustentada”, além de investimento para fortalecer programas de imunização e proteger o progresso alcançado na redução da mortalidade infantil nos últimos 50 anos.
Em seu perfil na rede social X, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou que as vacinas salvaram mais de 150 milhões de vidas ao longo das últimas cinco décadas. “São mais de 4 milhões de vidas salvas a cada ano. Com imunização para todos, tudo é possível”, escreveu. “Graças às vacinas, uma criança nascida nos dias atuais tem 40% mais chance de sobreviver ao seu primeiro ano de vida do que há cinquenta anos.”
“Com novas vacinas contra a malária e o câncer cervical, estamos salvando ainda mais vidas. Mas, com os cortes recentes no financiamento para a saúde global, esses ganhos duramente conquistados estão em risco. Surtos de doenças preveníveis por meio de vacinas estão aumentando em todo o mundo, ameaçando milhões de vidas. As vacinas não protegem apenas a vida de cada indivíduo, protegem comunidades, sociedades e economias”, completou Tedros.
SARAMPO
A OMS alerta que o sarampo está ressurgindo “de forma especialmente perigosa”. O número de casos, de acordo com a entidade, vem aumentando ano a ano desde 2021, acompanhando reduções na cobertura vacinal registradas desde a pandemia de covid-19 em diversas localidades. Os casos chegaram a atingir a marca de mais de 10 milhões em 2023 – um aumento de 20% em relação a 2022.
As três agências avaliam que essa tendência ascendente de novas infecções provavelmente se manteve ao longo de 2024 e também continuará em 2025, “na medida em que os surtos se intensificaram em todo o mundo”. Nos últimos 12 meses, 138 países relataram casos de sarampo, sendo que 61 registraram surtos classificados como grandes ou disruptivos – o maior número observado em um período de 12 meses desde 2019.
MENINGITE
Casos de meningite na África também aumentaram acentuadamente em 2024, e a tendência ascendente, segundo a OMS, continua em 2025. Apenas nos três primeiros meses deste ano, mais de 5,5 mil casos suspeitos da doença e quase 300 mortes foram relatados em um total de 22 países, contra cerca de 26 mil casos e quase 1,4 mil mortes notificados em 24 países no ano passado.
FEBRE AMARELA
Dados da OMS mostram que os casos de febre amarela na região africana também estão aumentando – foram 124 casos confirmados em 12 países em 2024. “Isso ocorre após declínio significativo de casos da doença na última década, graças aos estoques globais de vacinas e ao uso da vacina contra a febre amarela em programas de imunização de rotina”.
Na região das Américas, surtos de febre amarela vêm sendo confirmados desde o início deste ano, com um total de 131 casos em pelo menos quatro países, incluindo o Brasil.
CORTES NO FINANCIAMENTO
“Esses surtos ocorrem em meio a cortes no financiamento global. Balanço recente da OMS com 108 escritórios da entidade – sobretudo em países de baixa e média renda – mostra que quase a metade deles enfrenta interrupções moderadas ou graves em suas campanhas de vacinação, na imunização de rotina e no acesso a suprimentos em razão da redução do financiamento de doadores”, destacou a OMS.
A vigilância de doenças, inclusive doenças preveníveis por meio da vacinação, segundo a entidade, também vem sendo afetada em mais da metade dos países pesquisados.
CRIANÇAS NÃO VACINADAS
Os números mostram ainda que o contingente de crianças que não receberam vacinas de rotina vem aumentado ao longo dos últimos anos, ainda que os países se esforcem para alcançar menores que não foram imunizados durante a pandemia. A estimativa é que, em 2023, cerca de 14,5 milhões de crianças tenham ficado sem receber todas as doses da vacinação de rotina – número superior aos 13,9 milhões registrados em 2022 e aos 12,9 milhões de 2019.
“Mais da metade dessas crianças vive em países que enfrentam conflitos, fragilidade ou instabilidade, onde o acesso aos serviços básicos de saúde é frequentemente interrompido”, destacou a OMS.
“A crise global no financiamento está limitando severamente nossa capacidade de vacinar mais de 15 milhões de crianças vulneráveis contra o sarampo em países frágeis e afetados por conflitos”, disse a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell.
“Os serviços de imunização, a vigilância de doenças e a resposta aos surtos em quase 50 países já estão sendo interrompidos – com retrocessos em um nível semelhante ao que vimos durante a pandemia de covid-19. Não podemos nos dar ao luxo de perder terreno na luta contra doenças evitáveis.”
Anvisa aprova apenas uma marca de creatina; saiba qual
Apenas uma marca de creatina foi aprovada pela Anvisa. Foto: reprodução
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisou 41 suplementos alimentares de creatina de 29 fabricantes brasileiros. O teste foi finalizado com a aprovação de apenas uma marca e reprovação de outra, que apenas um produto apresentou teor de creatina abaixo do regulamentado, sem configurar risco à saúde.
A única aprovação foi dada à amostra do produto CREATINE MONOHYDRATE – 100% PURE, marca ATLHETICA NUTRITION, fabricado por ADS LABORATÓRIO NUTRICIONAL LTDA.. O estudo, realizado no segundo semestre de 2024, focou em embalagens de 300 gramas, as mais vendidas no país, coletadas em cinco estados (RJ, SP, PR, SC e ES). As amostras foram testadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
Apesar da conformidade na composição, 40 produtos apresentaram irregularidades nos rótulos. Entre os problemas mais frequentes estavam alegações não autorizadas sobre benefícios da creatina, tabelas nutricionais fora do padrão e informações em língua estrangeira incorretas. Outras falhas incluíam a falta de dados sobre porções, frequência de consumo e açúcares adicionados.
A análise também verificou a presença de matérias estranhas, com todos os produtos aprovados nesse quesito. As amostras foram coletadas em triplicata pelas Vigilâncias Sanitárias locais, seguindo protocolos estabelecidos pela Lei 6.437/1977. A Anvisa ressaltou que, apesar das incorreções, não há riscos à saúde que demandem retirada imediata dos suplementos do mercado.
Maior parte das mortes pela substância ocorre na Europa e na África
O consumo de álcool é responsável por 4,7%, ou 2,6 milhões, de todas as mortes do planeta em um ano. O número foi divulgados nesta terça-feira (25) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no Relatório Global sobre Álcool, Saúde e Tratamento de Transtornos por Uso de Substâncias.
Segundo o levantamento, que tem, como base informações de saúde pública referentes ao ano de 2019, o uso de drogas psicoativas responde por 600 mil mortes anualmente.
Além disso, a pesquisa mostra que as substâncias matam mais homens: cerca de 2 milhões de mortes por consumo de álcool e 400 mil mortes por uso de drogas são registradas entre pessoas do sexo masculino.
A estimativa da OMS é que 400 mil pessoas viviam com desordens relacionadas ao consumo de álcool e ao uso de drogas nesse período, sendo 209 milhões classificadas como dependentes de álcool. A entidade destaca que o uso de substâncias prejudica severamente a saúde do indivíduo, aumentando o risco de doenças crônicas e resultando em milhões de mortes preveníveis.
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“Coloca um fardo pesado sobre as famílias e as comunidades, aumentando a exposição a acidentes, lesões e violência”, destacou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Para construir uma sociedade mais saudável e mais equitativa, devemos comprometer-nos urgentemente com ações ousadas para reduzir as consequências negativas à saúde e sociais do consumo de álcool e tornar o tratamento para transtornos por uso de substâncias acessível”, complementou.
O relatório destaca ainda a necessidade urgente de acelerar ações a nível global para alcançar a meta estabelecida por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de, até 2030, reduzir o consumo de álcool e drogas e ampliar o acesso a tratamento de qualidade para transtornos causados pelo uso de substâncias.
PREJUÍZOS À SAÚDE
De acordo com a OMS, a maioria das mortes por consumo de álcool ocorre na Europa e na África, sendo que as taxas de mortalidade por litro de álcool consumido são mais elevadas em países de baixa renda e menores em países de alta renda.
De todas as mortes atribuídas ao álcool em 2019, cerca de 1,6 milhões aconteceram por doenças crônicas não transmissíveis, sendo 474 mil por doenças cardiovasculares e 401 mil por câncer. Outras 724 mil foram decorrentes de ferimentos causados por acidentes de trânsito, automutilação e casos de violência.
Por fim, 284 mortes foram associadas a doenças crônicas transmissíveis. Segundo a entidade, foi demonstrado que o consumo de álcool aumenta o risco de infecção por HIV em razão da maior probabilidade de sexo desprotegido, além de aumentar o risco de infecção e morte por tuberculose por suprimir uma ampla gama de respostas imunológicas.
Os dados mostram que a maior proporção (13%) de mortes atribuídas ao álcool, em 2019, foi registrada na faixa etária dos 20 aos 39 anos.
TENDÊNCIAS DE CONSUMO
De acordo com o relatório, o consumo total per capita de álcool entre a população global registrou ligeira queda, passando de 5,7 litros em 2010 para 5,5 litros em 2019. Os índices mais altos foram observados em países europeus (9,2 litros per capita) e nas Américas (7,5 litros per capita).
O nível de consumo de álcool per capita entre os consumidores chega, em média, a 27 gramas de álcool puro por dia, o que equivale a aproximadamente duas taças de vinho, duas garrafas de cerveja ou duas porções de bebidas destiladas. “Este nível e frequência de consumo de álcool estão associados a riscos aumentados de inúmeras condições de saúde e associado a mortalidade e incapacidade.”
Ainda segundo os dados, em 2019, 38% das pessoas que declararam consumir álcool registraram pelo menos um episódio de consumo excessivo no mês anterior à pesquisa – o equivalente a quatro ou cinco taças de vinho, garrafas de cerveja ou porções de bebidas destiladas. O consumo excessivo de álcool foi altamente prevalente entre homens.
Por fim, o relatório aponta que, globalmente, 23,5% de todos os jovens com idade entre 15 e 19 anos afirmam consumir álcool (pelo menos uma dose de bebida alcóolica ao logo dos últimos 12 meses). Os índices são mais altos na Europa (45,9%) e nas Américas (43,9%).
O Brasil ultrapassou neste domingo a marca de 1 milhão de casos prováveis de dengue registrados em 2025. Os dados do Ministério da Saúde apontam que até a 15 semana epidemiológica, encerrada no dia 12, foram computados 1.019.033 casos da doença no país e se confirmaram 681 óbitos.
Apesar do número registado até agora ser cerca de 70% menor do que havia sido computado no recorde histórico de 2024, o número de casos da doença ainda é elevado.
As estatísticas apontam que 2025 ainda pode se tornar o segundo com mais casos da série histórica do monitoramento da doença. O posto atualmente é ocupado pelos registros de 2023, que somaram ao longo do ano 1,6 milhão de casos. Em 2024 foram 6,6 milhões.
Para tentar conter o avanço, o governo anunciou a amplicação da atuação anti-dengue para 312 municípios na última quinta-feira (17/4), focando nas regiões mais atingidas: neste ano, 73% dos casos de dengue no Brasil estão concentrados em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, com 86% dos óbitos.
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ogo em que pessoas têm liberdade para construir coisas é o mais vendido do mundo e até se tornou filme no cinema
Minecraft é o jogo de computador mais vendido no mundo e, recentemente, chegou às telas dos cinemas com Um Filme Minecraft. Não é à toa que as crianças não se cansam de jogá-lo.
O americano AJ Minotti tem três filhos, e todos eles adoram jogar Minecraft. Tanto as gêmeas de dez anos quanto o filho mais novo de seis passam horas construindo coisas com uma quantidade infinita de blocos virtuais disponíveis no jogo.
Minotti, que trabalha com marketing em Ohio, nos Estados Unidos, se impressiona, com frequência, com o que eles são capazes de criar.
"Pai, quero te mostrar uma coisa", disse uma das filhas de Minotti recentemente, segurando a tela do Nintendo Switch.
O avatar dela estava diante de uma cachoeira. Assim que ela apertou um botão, a água parou, revelando a entrada de uma caverna. Lá dentro havia uma construção subterrânea cheia de luzes interativas e um painel que exibia os itens que ela tinha conseguido ao longo do jogo.
"Parecia uma mansão subterrânea", lembra Minotti, maravilhado. "Eu fiquei super impressionado." A filha havia seguido alguns tutoriais no YouTube, mas também criou muitas coisas a partir das próprias ideias. "Me lembra de quando eu era uma criança e ficava o tempo todo mexendo no computador", diz Minotti.
Minecraft é um dos jogos mais populares de todos os tempos. Lançado em 2009, vendeu mais de 300 milhões de cópias até 2023. Assim como outros similares como Roblox e Terraria, atrai jogadores de todas as idades, desde crianças até adultos.
O jogo é capaz de prender a atenção das crianças por horas, algo cada vez mais raro hoje em dia, com tantas distrações. Mas alguns pais temem que o interesse dos filhos pelo Minecraft se torne uma obsessão, ou até mesmo um vício, já que muitas vezes é difícil tirá-los de frente da tela do computador.
A popularidade do Minecraft é tanta que deu origem a uma adaptação para o cinema: Um Filme Minecraft, estrelado por Jack Black e Jason Momoa, e lançado no início deste mês.
Segundo especialistas, é possível que haja fatores psicológicos, e até mesmo evolutivos, por trás do sucesso de Minecraft. Jogos como esse despertam um instinto natural que existe em todos nós, e que sustenta o progresso da espécie humana: o desejo de construir.
Instituto natural de construção
Se pensarmos bem, as crianças sempre gostaram de construir coisas. Seja castelos de areias e casas na árvore, seja objetos feitos com blocos de madeira, massinhas de modelar e peças de Lego.
O Minecraft é apenas uma nova versão desse tipo de brincadeira, só que no espaço digital.
Mas por que construir coisas é tão irresistível para muitas crianças?
"Todos os mamíferos brincam quando são jovens", afirma Peter Gray, psicólogo que estuda formas de aprendizagem infantil no Boston College, em Massachussets, Estados Unidos. Animais predadores, por exemplo, brincam de pegar coisas. Já as presas brincam de se esquivar. "Eles brincam com as habilidades que são mais importantes para o seu desenvolvimento, sobrevivência e capacidade de reprodução", diz Gray.
Mas diferente de outros animais, os seres humanos devem grande parte da sua capacidade de sobrevivência à habilidade de construção — desde cabanas às ferramentas paracaça. "Por isso, não é uma surpresa que a seleção natural tenha dotado crianças com um instinto forte para brincar de construir coisas", pontua.
Gray também observa que as crianças brincam usando a linguagem e a imaginação, ou criam jogos baseados em regras e interação social — aparentemente como parte da preparação para a vida adulta.
O que as crianças escolhem construir enquanto brincam, e a forma como constroem, tende a refletir a cultura em que vivem.
"Não devemos nos surpreender com o fato de que as crianças hoje em dia estejam tão atraídas a brincar no computador, e isso não deveria nos preocupar", afirma Gray.
"As crianças sabem, instintivamente, que essas são as habilidades que elas precisam desenvolver."
Fotos: Reprodução
E embora seus filhos também se divirtam construindo coisas com peças de lego, Minotti diz que não tem espaço para guardar tantos blocos em casa.
No fim das contas, o Minecraft oferece uma solução prática: "É como ter todas as peças de Lego que você poderia imaginar", afirma.