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Meio Ambiente : Viagem ao Rio Negro marcou reencontro após expedições pioneiras nos anos 1990
Enviado por alexandre em 25/04/2024 00:30:28


Antes mesmo de começar, a Expedição DEGy Rio Negro tinha um gosto de saudosismo. Pelo menos para quatro integrantes do grupo que percorreu, por duas semanas, o rio Negro e afluentes, de Manaus a Santa Isabel do Rio Negro (no Amazonas). A viagem foi acompanhada pela Agência FAPESP para a nova edição da série Diário de Campo.

Era um reencontro, após quase 31 anos da primeira expedição do projeto Calhamazon. Em 1993, 1994 e 1996, os pesquisadores percorreram todo o rio Amazonas, coletando na calha principal e na foz de todos os afluentes. A primeira viagem durou 40 dias. As duas últimas, 30. Foram 20 mil exemplares coletados, de 510 espécies, o que gerou uma série de descobertas científicas.

Em 2024, repetiram a parceria iniciada naquelas viagens o pescador e ex-funcionário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Roberval Pinto Ribeiro e o técnico de apoio à pesquisa do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP) Osvaldo Oyakawa, que estiveram nas três expedições. A pesquisadora do Inpa Lúcia Rapp Py-Daniel e a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Angela Zanata estiveram nas duas últimas excursões.

"Foi minha primeira experiência na Amazônia e uma das mais marcantes da minha vida, principalmente pela diversidade de peixes. Fazemos muitas coletas no Sudeste, como no Vale do Paraíba e no Vale do Ribeira, e se em duas semanas voltamos com 30 espécies, podemos ficar satisfeitos. Na Amazônia, você vai num igarapé pequeno e coleta 40, 50 espécies. Então é muito surpreendente",

conta Oyakawa, que ingressou como técnico no MZ-USP em 1989 e em 1993 fazia seu doutorado na instituição.
Roberval Ribeiro e Osvaldo Oyakawa em dois momentos: durante uma das expedições do Calhamazon, nos anos 1990, e na Expedição DEGy Rio Negro, em 2024. Imagem: montagem de fotos de Phelipe Janning e do acervo dos pesquisadores

O projeto, cujo título completo em inglês pode ser traduzido como "Diversidade de Peixes dos Principais Canais do Rio Amazonas", foi coordenado por John Lundberg, então professor da Universidade Duke, transferido ainda em 1993 para a Universidade do Arizona. Atualmente, Lundberg é aposentado pela Academia de Ciências da Universidade Drexel, antiga Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, ambas nos Estados Unidos.

No Brasil, o Calhamazon contava com a colaboração de Naércio Menezes, professor do MZ-USP, para onde foi a maior parte do material coletado. O financiamento foi da National Science Foundation.

Osvaldo Oyakawa, Roberval Ribeiro, Angela Zanata e Lucia Py-Daniel: Expedição DEGy Rio Negro marcou reencontro três décadas depois do projeto Calhamazon . Foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP

"Foram anos de trabalho, muitas publicações descrevendo novas espécies e outros estudos sobre taxonomia e biodiversidade, incluindo genética molecular. Muitos pós-graduandos do Brasil, Estados Unidos e outros países estudaram o material e obtiveram seus títulos", conta Lundberg à Agência FAPESP.

"O principal legado do Calhamazon foi proporcionar a obtenção, pela primeira vez, de um grande número de espécies de Gymnotiformes, os peixes-elétricos, inclusive poraquês, por meio de um método de coletas nunca usado antes, em uma grande extensão da bacia amazônica. Esse fato possibilitou o incremento do estudo desses peixes em nosso país", conta Menezes, que coordena o projeto "Diversidade e Evolução de Gymnotiformes" (DEGy), apoiado pela FAPESP.

Inovação 

O objetivo do Calhamazon era coletar o maior número possível de peixes da calha do rio, por isso o nome. Essa parte mais profunda é difícil de ser alcançada por outras artes de pesca, por isso, até então, os organismos desse hábitat eram pouco conhecidos.

A inovação do projeto foi utilizar, no rio, o aparato adotado para a pesca de camarões no mar. Na pesca de arrasto, como é conhecida, o leito é varrido por uma rede em formato de funil, com duas grandes portas pesadas que mantêm a estrutura sempre aberta e no fundo.

"Lundberg havia realizado um estudo preliminar no Orinoco, na Venezuela, testando a rede de arrasto de fundo na calha do rio. Aquilo funcionou muito bem, então ele e o professor Ning Labbish Chao, da Universidade Federal do Amazonas [Ufam], planejaram repetir em grande escala na Amazônia brasileira", 

explica Py-Daniel, então já pesquisadora do Inpa e que viria a fazer seu doutorado com Lundberg nos Estados Unidos a partir de 1993.

Antes de o projeto começar de fato no Brasil, os pesquisadores realizaram outro piloto, em 1991, dessa vez no rio Negro. A ideia era testar a viabilidade desse tipo de coleta no país. Py-Daniel lembra de se surpreender com a diversidade encontrada ainda naquelas coletas de curta duração e próximas a Manaus.

"Ali já fiquei encantada com o tipo de fauna a que tivemos acesso, grupos de peixes que eu nunca nem tinha visto. Então começou a proposta do projeto. Foram dois anos para conseguir financiamento", lembra.

Tanto no Calhamazon como em projetos posteriores, como o que proporcionou a Expedição DEGy Rio Negro, uma figura fundamental foi Roberval Pinto Ribeiro. Pescador desde que se entende por gente, Ribeiro havia ingressado como técnico de nível médio no Inpa pouco antes da primeira expedição do projeto norte-americano. Já conhecido pelos cientistas, foi o homem certo na hora certa para conduzir as coletas.

Alberto Akama e Roberval Ribeiro realizam arrasto de fundo durante expedição do projeto Calhamazon. Foto: acervo dos pesquisadores

"Sempre pesquei e, quando fui contratado pelo Inpa, trabalhava em barco de pesca. Eu já tinha dado uma volta no mar em Belém, fui num daqueles barcos pesqueiros de camarão. Então já sabia mais ou menos como funcionava o arrasto de fundo. Mas comecei a fabricar essas redes durante o Calhamazon, porque muitas eram destruídas no decorrer do trabalho. Ainda no barco, fiz cinco delas", lembra Ribeiro.

Um dos problemas do arrasto de fundo nos rios é justamente a perda de redes. Emaranhadas em troncos ou mesmo em algum desnível do leito fluvial, podem rasgar e se perder, ou mesmo causar acidentes sérios. Nada disso ocorreu durante a DEGy Rio Negro.

Lundberg, porém, lembra que pouco depois de encerrado o Calhamazon, um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, Venezuela e Peru sofreu um grave acidente no rio Orinoco, depois que a rede se prendeu em algum ponto do trajeto e o barco virou. Uma pesquisadora peruana morreu. 

Desde então, os cuidados são redobrados. O arrasto deve ser feito em baixa velocidade e sempre a favor da correnteza, para evitar algo parecido com o ocorrido no Orinoco. Com o barco em movimento, normalmente uma lancha de alumínio com motor de baixa potência, uma pessoa lança os cabos que seguram a rede no rio e outra, logo em seguida, as portas. Enquanto o barco segue em linha reta por cerca de 15 minutos puxando a rede, um dos pesquisadores monitora o relevo do leito do rio por meio de um sonar.

Legado 

Passada a experiência no Calhamazon, Ribeiro foi convidado a fazer parte de muitas outras expedições utilizando essa arte de pesca. Aos 70 anos e aposentado do Inpa, segue sendo o guia de pesquisadores nessa e em outras artes de pesca. Vivendo agora em Porto Velho, Rondônia, participa ainda de monitoramentos de fauna de peixes realizados por empresas e universidades.

"Ainda me ligam bastante, encomendando redes, chamando para algum novo projeto ou para construir gaiolas para piscicultura", diz o pescador.

"Foi uma experiência que me abriu muitas portas. Ainda no doutorado [com bolsa da FAPESP], fui convidada para passar um tempo na Universidade do Arizona, organizando o material coletado. Foi minha primeira vez nos Estados Unidos. Anos depois, recebi uma recomendação do Lundberg para um pós-doutorado na Smithsonian Institution, sob supervisão do professor Richard Vari. Esse período me rendeu uma experiência de vida marcante, com aprendizado enorme e uma publicação superimportante, que me ajudou a conseguir meu emprego",

diz Zanata, há 20 anos na UFBA, onde recentemente se tornou professora titular.
Angela Zanata segura uma pirarara durante coleta do projeto Calhamazon. Foto: acervo dos pesquisadores

Py-Daniel já era pesquisadora do Inpa quando entrou para o projeto, mas graças a ele ingressou no doutorado na Universidade Duke, e o finalizou na Universidade do Arizona, ambas nos Estados Unidos, sob orientação de Lundberg. Desde então, a pesca de arrasto de fundo foi utilizada pelo Inpa e outras instituições em muitas outras áreas da Amazônia.

"É um tipo de fauna de peixe que só encontramos com esse aparelho. Para minha carreira foi fantástico, pois trabalho com bagres que ficam justamente nessa parte do rio e consegui coletar peixes para a minha tese que quase não existiam em coleções até então", lembra.

Com idade para se aposentar pelo MZ-USP, Oyakawa até admite deixar o trabalho de bancada, mas as expedições devem continuar fazendo parte dos seus dias.

"Depois de trabalhar 40 anos, é natural que eu pense em me aposentar, mas para me ver livre de algumas obrigações. Conheço gente em vários lugares do Brasil e se me chamarem para uma expedição vou com todo o prazer. Eu gosto de estar no campo, é algo que não tem preço para um biólogo, e fico muito contente de ter trazido para essa expedição jovens que ainda não conheciam a Amazônia", encerra.

Para acompanhar os outros episódios do Diário de Campo, acesse: agencia.fapesp.br/diario-de-campo.

Os três amigos: Osvaldo, Lucia e Angela repetindo a rotina de 30 anos antes, quando atuaram juntos no projeto Calhamazon. Foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por André Julião e Phelipe Janning

 

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Meio Ambiente : Fundo Amazônia vai disponibilizar R$ 405 milhões para combate a incêndios florestais
Enviado por alexandre em 17/03/2024 01:01:21


O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) reuniu representantes dos Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amazônia Legal para ampliar a cooperação no combate a incêndios florestais. O encontro buscou aumentar o alinhamento entre as prioridades dos Corpos de Bombeiros e o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), lançado em junho de 2023 pelo presidente Lula.

A cooperação irá acelerar o acesso dos Estados a R$ 405 milhões em recursos não reembolsáveis disponíveis no Fundo Amazônia para o combate a incêndios florestais, destacou o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima.

"Queremos trabalhar juntos para alinhar os projetos e acelerar a aprovação. Para isso, propomos um pacto amazônico de prevenção e combate aos incêndios florestais que estabeleça prioridades, em acordo com os Corpos de Bombeiros", 

disse o secretário.
Foto: Reprodução/MMA

Em novembro de 2023, o Comitê Orientador do Fundo Amazônia aprovou a ampliação dos recursos disponíveis para os Estados da Amazônia Legal atuarem no combate a incêndios florestais e queimadas ilegais. O valor a ser financiado para cada um dos Estados será de até R$ 45 milhões (era de até R$ 35 milhões), totalizando R$ 405 milhões.

Os projetos para o fortalecimento e a ampliação das ações de prevenção e combate devem ser apresentados pelos Estados ao fundo por meio do Corpo de Bombeiros. As iniciativas devem ser implementadas e gerenciadas sob responsabilidade dos governos estaduais.

A reunião no MMA também tratou do Projeto de Lei nº 1818/22, que busca instituir a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, iniciativa que reforçará a prevenção de incêndios florestais no país:

"Precisamos buscar soluções para uma série de emendas que foram apresentadas. Queremos aprovar esse projeto com a máxima urgência possível, buscando um entendimento que seja bom para toda a agenda de manejo do fogo, prevenção e combate", afirmou o secretário.

O presidente do Comitê de Comandantes Gerais da Amazônia Legal e comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Maranhão, coronel Célio Roberto Pinto de Araújo, destacou a importância do manejo integrado do fogo.

"O uso correto do manejo do fogo, com todas suas nuances, tem tudo a ver com o trabalho dos Corpos de Bombeiros. Essa política é importante para o governo federal, mas também para os governos dos Estados, especialmente para os Estados da Amazônia Legal, onde há um olhar muito atento para isso", afirmou o coronel, que também representou o Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom).

Também participaram da reunião representantes do ICMBio e dos Corpos de Bombeiros do Distrito Federal e de Minas Gerais, representando a Ligabom.

O Fundo Amazônia já investiu ao menos R$ 77 milhões em projetos para os Corpos de Bombeiros. Entre 2023 e 2024, o MMA articulou doação emergencial de R$ 10 milhões para combate a incêndios florestais em oito Estados da Amazônia Legal (Amazonas, Rondônia, Tocantins, Acre, Mato Grosso, Pará, Amapá e Maranhão).

Fundo Amazônia já investiu ao menos R$ 77 milhões em projetos para os Corpos de Bombeiros. Foto: Reprodução/SSP-AM

Incêndios florestais em Roraima

Dos 4.568 focos de incêndio registrados no Brasil em fevereiro, maior número da série histórica, quase metade foi no Estado de Roraima. Houve recordes no mesmo mês na Venezuela (9.052), no Suriname (222) e na Guiana (616), países próximos a Roraima.

O crescimento anormal do número de focos desde janeiro ocorre em razão da estiagem prolongada, que é intensificada pela mudança do clima e pelo fenômeno El Niño. Cerca de 60% dos focos de incêndio registrados em Roraima desde o início do ano estão em áreas privadas, onde a prioridade de combate é dos órgãos estaduais. Atualmente, 341 brigadistas e servidores do Ibama e do ICMBio atuam no Estado.

No dia 5 de março, o governo federal coordenou reunião técnica com o governador de Roraima, Antonio Denarium, e equipes do Ibama, do ICMBio e de outros órgãos federais para coordenar a ação no Estado. As ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) participaram do encontro na sede do Prevfogo, no Ibama, em Brasília. O governador Denarium acompanhou a reunião remotamente.  

Meio Ambiente : Livro atualiza conhecimento sobre mamíferos amazônicos e discute prioridades de conservação
Enviado por alexandre em 14/03/2024 09:39:05


Pesquisas e estudos sobre mamíferos da Amazônia ganharam nova fonte de informações, o livro 'Amazonian Mammals: Current Knowledge and Conservation Priorities' ('Mamíferos Amazônicos: Conhecimento atual e Prioridades de Conservação', em tradução livre), que tem como editor sênior o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e líder do Grupo de Pesquisa de Mamíferos Amazônicos (GPMA), Wilson Spironello.

Com artigos de mais de 70 especialistas em mamíferos amazônicos, 'Amazonian Mammals' traz dados atualizados sobre a ecologia dos grupos de mamíferos não roedores na Amazônia brasileira, analisa a eficácia dos atuais programas de conservação e identifica prioridades de pesquisa e conservação para o futuro da espécie e do bioma. 

A obra é organizada por um time de cinco editores: Wilson Spironello (GPMA/Inpa), Adrian Barnett (GPMA/Inpa), Jessica Lynch (UCLA), Paulo Bobrowiec (PPG-Ecologia/Inpa) e Sarah Boyle (Rhodes College Memphis). 

Pesquisador Wilson Spironello é editor sênior do obra. Foto: Pedro Felipe/Ascom Inpa

Os mamíferos exercem importantes funções para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, que vão da dispersão de sementes ao controle populacional da espécie. Atualmente mais de 450 espécies de mamíferos amazônicos são conhecidas pela ciência, cerca de 60% da fauna de mamíferos do Brasil, sendo os mais diversos do planeta. Muitas dessas espécies só vivem nesse bioma, são endêmicas.

São um grupo animal diversificado, incluindo animais de grande porte, como a onça-pintada e o peixe-boi da Amazônia, até morcegos, que são mamíferos de pequeno porte. Com hábitos e estilos de vida muito diversos, ocupam uma grande variedade de habitats dentro do bioma amazônico, por isso os impactos ambientais, com origens na ação humana como o desmatamento, caça, e as mudanças climáticas representam grande ameaça para esses animais.

A finalidade do livro, conforme destacam os organizadores, é identificar áreas de lacunas de conhecimento sobre os mamíferos e propor programas de pesquisa para gerar informações relevantes sobre as espécies amazônicas e o ecossistema amazônico. 

"A obra trata das ameaças que pairam sobre a sobrevivência das espécies, como são afetadas pelas ações antrópicas, as lacunas de pesquisas e prioridades de conservação, caça, manejo e ecoturismo de mamíferos e aponta prioridades para intervenções de conservação na Amazônia brasileira, incluindo a demarcação de Terras Indígenas, entre outros assuntos. Informações essenciais para apoiar programas e ações de conservação mais eficazes no futuro",

destacam os biólogos e ecologistas organizadores do livro.

O livro de 489 páginas foi publicado pela Editora Springer e visa atingir um público diversificado, desde pessoas da academia, as envolvidas em gestão pública e aquelas interessadas em conservação. Os textos são em inglês, mas todos os capítulos têm um resumo em português visando atingir um público mais amplo. 

 

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Meio Ambiente : Onda de calor com 'alerta de perigo' do Inmet atinge 5 estados e deve durar até a próxima sexta
Enviado por alexandre em 13/03/2024 09:14:50

Onda de calor com 'alerta de perigo' do Inmet atinge 5 estados e deve durar até a próxima sexta

Foto: Reprodução

Massa de ar quente que está entre o Paraguai e o norte da Argentina deve influenciar o clima nos próximos dias. Temperaturas podem chegar a 40°C em algumas regiões.

A terceira onda de calor do ano vai afetar áreas do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul até a próxima sexta (15).

 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nesses estados as temperaturas máximas devem ficar 5°C acima da média. Em alguns locais, as temperaturas podem chegar até a 40°C.

 

Por causa disso, o instituto emitiu inclusive um "alerta de perigo", válido até o final da onda de calor. O aviso de temperaturas acima da média começou a valer na segunda-feira (11).

 

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ENTENDA OS AVISOS DO INMET:

 

 O termo "onda de calor" é usado quando há um aumento de temperatura de 5ºC com relação à média mensal.

 

Quando há a persistência desse padrão de 2 a 3 dias consecutivos, o Inmet emite um alerta de "perigo potencial", o chamado aviso amarelo.

 

 Já quando há a persistência desse padrão de 3 a 5 dias consecutivos, o instituto emite um alerta de "perigo", o chamado aviso laranja, como o que atinge grande parte da região Centro-Sul ao longo desta semana.

 

 Por último, quando há a persistência desse padrão por mais de 5 dias consecutivos, o Inmet emite um alerta de "grande perigo", o chamado aviso vermelho. Em novembro, um alerta do tipo foi emitido pelo Inmet.

 

Por causa dessas altas temperaturas, na tarde de segunda-feira, CampoGrande (MS), já registrou a temperatura mais alta do ano até então: 35,8°C.

 

Segundo Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, a atual onda de calor é resultado de um bloqueio atmosférico que impede o avanço de frentes frias pelo país, permitindo que o ar quente no centro do Brasil ganhe força, aumentando o calor.

 

O sistema também dificulta a formação de nuvens carregadas e mantém o ar seco e em gradual aquecimento.

 

"Nessa época do ano é comum ter algumas ondas de calor, porém elas costumam ser mais restritas ao Sul", diz.


Por isso, essa atipicidade local desta nova onda de calor tem uma explicação clara: o fenômeno El Niño.

 

Isso porque os últimos dados da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA) indicam que a temperatura do Pacífico Equatorial Centro-Leste permanece em níveis moderados de El Niño.

 

E apesar de ter passado do seu pico no final do ano passado e estar terminando em algumas semanas, o El Niño ainda está influenciando o clima no Brasil.

 

"A tendência é que, mais ou menos em meados de abril, ele realmente desconfigure e passa para a neutralidade, porém alguns efeitos dele, mesmo na neutralidade, no comecinho da neutralidade, ainda podem ser sentidos", alerta Luengo.

 

Previsão de onda de calor, de segunda (11) até a próxima sexta-feira (15), em áreas do MS, SP, PR, SC e RS. — Foto: Inmet/Reprodução

Foto: Reprodução

 

Ainda de acordo com a Climatempo, a previsão indica que essa massa de ar quente deve se expandir para o Triângulo Mineiro, todo o estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal, Rondônia, Roraima e uma parte dos estados do Acre, Amazonas, Pará, Tocantins e Bahia.


Diferente de onda de calor (que tem termos técnicos que a caracterizam) essas regiões devem ter calor intenso até sexta-feira (15), com temperaturas cerca de 3 a 5ºC acima da média.

 

No mapa abaixo, é possível ver na prática os efeitos desse fenômeno.

 

Nos estados que estão indicados pela faixa alaranjada, é esperado que as temperaturas fiquem cerca de 3ºC a 5ºC acima da média histórica nos próximos dias (o que NÃO é considerado onda de calor).

 

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Já naqueles outros indicados pelos tons avermelhados, os termômetros devem ficar acima de 5ºC ou mais da média (considerado onda de calor). 

 

Fonte: G1

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Meio Ambiente : Lavoura indígena: a surpresa da Exposição de Milho de 1918, organizada pela Comissão Rondon
Enviado por alexandre em 04/03/2024 09:18:23


A Comissão Rondon tinha como missão principal ampliar as linhas telegráficas do Brasil, que chegaram à margem do Rio Madeira em 1915, conectando Santo Antônio do Rio Madeira (atual Porto Velho) a Cuiabá. Além disso, Rondon promoveu relevantes estudos científicos e propôs a criação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), instituído em 1910 pelo presidente Nilo Peçanha.

Para proteger os povos originários, Rondon defendia que eles deveriam se tornar autossuficientes na agropecuária. Foi assim que o militar trouxe para Rondônia as primeiras cabeças de gado, que foram colocadas nas pastagens da Fazenda Três Coqueiros, por ele criada, e tentou ensinar os indígenas a manejar a pecuária.

Mas Rondon não apenas ensinou os indígenas, como também aprendeu com eles. Ele ficou admirado com as variedades de milho, amendoim e frutos que existiam no Planalto dos Parecis e em outras áreas da "da Rondônia". Esse era o nome que o cientista Edgard Roquette-Pinto havia dado, em 1917, à região demarcada por ele em homenagem a Rondon, embora o território ainda pertencesse ao estado do Mato Grosso.

Anúncio de jornal publicado no "Correio da Manhã". Foto: Reprodução

As produções nativas foram investigadas pelo botânico da Comissão Rondon Francisco Carlos Hoehne, que participou de várias campanhas, inclusive a famosa Expedição Científica ao Rio da Dúvida ou Rondon-Roosevelt, em 1913/14. Ele se tornou um nome notável e contribuiu para a Seção de Botânica do Instituto Butantã, de São Paulo, onde foi diretor do Instituto de Botânica.

A Comissão Rondon apresentou o milho indígena ao Brasil na Exposição de Milho de 1918, no Rio de Janeiro. A mostra, organizada pela Sociedade Nacional de Agricultura, exibiu modelos de milho, fava e amendoim cultivados pelos povos nativos de Rondônia. Esses produtos eram essenciais para a sobrevivência dos indígenas e tinham variedades únicas no país.

O catarinense João Geraldo Kulhmann, que integrava a Comissão Rondon e se tornaria um renomado botânico, com mais de 80 publicações científicas, foi o responsável pelo estande na então capital do Brasil. Ele explicou que o milho indígena era de sementes exclusivamente brasileiras e tinha cores diferentes dos milhos comuns.

Espigas coletadas em lavouras dos Nambiquaras, Parecis e Arikemes. Foto: Comissão Rondon

O milho dos Nambiquaras, da região de Vilhena, por exemplo, era cinzento, vermelho ou amarelo, mas macio e branco por dentro. Kulhmann disse que ele seria ótimo para fazer maisena. Os indígenas gostavam de comer o milho assado com amendoim, depois de maduro. As espigas eram grandes, cerca de dois centímetros a mais do que as das plantações civis.

Amostras e sementes do milho indígena foram distribuídas pela Comissão Rondon para várias instituições de agricultura do Brasil, para estimular o cultivo dessas variedades. Havia pontos comerciais que defendiam os produtos, com sucesso.

Rondon defendia que os nativos deveriam ser independentes e fazer de seus territórios "celeiros para o Brasil". No entanto, isso nunca se concretizou, devido às dificuldades estruturais, a interrupção da Comissão Rondon e à subjugação dos indígenas, que acabaram tutelados pelo Estado Brasileiro e tiveram suas terras repassadas aos colonos e exploradores, principalmente a partir de 1960, com a abertura da BR-364.  

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista  

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