Abrindo

05h50min desta terça-feira. Duas equipes da Polícia Civil aguardavam o sol raiar, para em seguida bater no portão da casa situada na rua George Resky, 4486-B, no conjunto residencial Jardim das Mangueiras, onde funcionava até bem pouco tempo a sede da empresa V.R Madeira Transportes Ltda, e também residência do ex-prefeito de Porto Velho, Roberto Eduardo Sobrinho. A operação toda não durou 10 minutos. Por volta das 6 horas, os policiais bateram no portão que foi aberto por um dos seguranças particulares de Roberto. Atônito, o ex-chefe do executivo municipal se disse “injustiçado” e alegava “não entender os motivos de sua prisão”. Não ofereceu resistência portanto não precisou ser algemado. Foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) onde fez o exame de corpo e delito e encaminhado ao Pandinha, onde está à disposição da justiça.

Em outro ponto

No mesmo horário, na rua Padre Ângelo Cerry, em um condomínio residencial, equipes da Polícia Civil realizavam o mesmo procedimento na casa de Mário Sérgio Leiras Teixeira, ex-presidente da Empresa de Desenvolvimento Urbano – EMDUR e ex-vereador. A mesma cena se repetiu, simultâneamente em outros 20 endereços, onde outros foram presos e alguns passaram por buscas e apreensões de documentos.

No prédio azul

Aguardava ansiosamente o desfecho da Operação Luminus, o Procurador Geral de Justiça, Héverton Aguiar, que recém foi reconduzido ao cargo pela unanimidade entre seus pares e responsável pelas maiores operações contra corrupção realizadas em Rondônia nos últimos anos. Mas a ansiedade de Héverton também era grande em função de acompanhar operações simultâneas em outros 11 estados, já que ele também acumula a função de presidir o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). No país foram presas 91 pessoas e um total de 291 estão sendo investigadas por envolvimento em crimes de corrupção. Héverton cumpriu nesta terça-feira, uma promessa que havia sido feita ainda ano passado, por ocasião da Operação Vórtice, que prendeu parte do primeiro escalão da antiga administração municipal.

Pormenores

Quem acompanha meu perfil no Facebook ficou sabendo primeiro das prisões. Às 6h02min foi dada a primeira informação e na sequência foram sendo confirmadas as prisões. A mais importante e que sem dúvida nenhuma lavou a alma dos portovelhenses, que sofrem até hoje com a inabilidade da gestão anterior, foi a de Roberto Sobrinho. O questionamento mais comum entre os cidadãos, desde as operações Vórtice (MPE) e Endemia (MPF), era o por que Roberto não havia sido preso com os demais acusados. A resposta é simples, se ele tivesse sido preso naquela ocasião, estaria solto e se faria de vítima.

Churrascada

Dois dias após a deflagração das operações Vórtice e Endemia, Roberto fez uma grande comemoração em sua residência. Os assessores que não haviam sido presos, além de partidários (Roberto para quem não sabe ou não lembra é filiado ao Partido dos Trabalhadores) foram convidados e o ex-prefeito, que havia sido afastado pela justiça, comemorava o fato de não ter sido preso, “eles não tem nada contra mim”, afirmava. E esse discurso ele repetiu nas reuniões do Partido dos Trabalhadores e conseguiu, através de força política, ser absolvido na esfera municipal do PT. Semanas depois ele sofreria uma derrota na executiva estadual que optou por investiga-lo na comissão de ética da legenda.

R$ 27 milhões

Segundo Héverton Aguiar, o esquema era comandado por Roberto Sobrinho e teria desviado aproximadamente R$ 27 milhões, através de licitações fraudadas. O Ministério Público havia recebido denúncia em julho de 2012 que cerca de 100 processos licitatórios haviam desaparecido da Emdur. Na época, foram realizadas na empresa uma perícia e a apreensão de diversos documentos. Os esquemas na EMDUR eram pesados, para se ter ideia, as prestações de contas de convenios milionários eram feitas sem o menor detalhamento e a população continua com ruas escuras e serviços de urbanização inexistentes, que foram pagos mas em muitos casos não foram executados.

Habeas

Os advogados de Mário Sérgio (Nelson Canedo) e Roberto Sobrinho (Diego Vasconcelos) protocolaram pedidos de habeas corpus para seus clientes na tarde desta terça-feira. Tanto Roberto quanto Mário estão no Pandinha, mas Canedo informou que no caso de seu cliente, por ele ser advogado, a Lei lhe assegura “Sala de Estado Maior” (compartimento fechado, sem grades, onde deve haver as mínimas condições de higiene, segundo a OAB Nacional). O STF deu validade a esse direito dos profissionais do Direito. No caso da inexistência dessa sala, a prisão deve ser domiciliar. Nelson Canedo observou que a própria OAB de Rondônia deve impetrar medida semelhante. Já Roberto deve permanecer no presídio Pandinha.

Discussões

Os advogados alegam “não existirem motivos para as prisões” já que ambos estão fora do serviço público, portanto, em tese, não estariam exercendo influência sobre as investigações. O juiz Franklin Vieira dos Santos, da 3ª Vara Criminal não pensa assim, tanto que deferiu os pedidos de prisão. Resta aguardar a distribuição dos pedidos de habeas corpus para ver se os argumentos apresentados pelos advogados serão convincentes. O que se sabe, com toda a certeza é que por toda a cidade as pessoas sentem-se, de certa forma, vingadas pelos anos de buraqueira, poeira, cinismo e arrogância. Roberto não pecou apenas pela incompetência, pecou ainda mais por sequer se dar ao trabalho de ouvir alguns companheiros de sua legenda que por diversas vezes tentaram fazer com que sua gestão fosse um pouco menos pior. Sua prisão simboliza o fim de uma administração melancólica e serve de aviso para quem está no comando, os tempos estão mudando, adaptem-se ou paguem o preço. A população agradece.

Impunidade

A prisão de Roberto Sobrinho também tem um viés de satisfação. A sociedade brasileira não aguenta mais tanta impunidade, recursos, brechas na lei, o discurso cínico do “transito em julgado”. O Congresso, por mais que tente emperrar, se vê obrigado cada dia mais a adotar uma postura de aprimorar a legislação e diminuir ao máximo a impunidade. É claro que esse processo é longo, lento e penoso. É importante o papel da população nesse momento, enviando e-mails, procurando seus representantes e cobrando deles posturas claras em relação ao combate à corrupção. A PEC 37, que limita os poderes de investigação dos Ministérios Públicos pode até ser aprovada, mas o desgaste será imenso e vai representar um retrocesso imenso no combate à corrupção. Mas o mais importante é não recuar e manter o trabalho exemplar.

E as usinas?

O Ministério Público bem que poderia estender essas investigações sobre Roberto Sobrinho a alguns diretores das usinas do Madeira. Se mexer naquele mato sai coelho, e daqueles bem gordões.

Chororô

É bom lembrar que no fim do ano passado Roberto fez uma romaria na “mídia aliada” e chegou a chorar durante uma entrevista. Não comoveu ninguém. Parece que a única pessoa que se convenceu da inocência de Sobrinho foi o arcebispo Dom Moacir Grecchi, que chegou a afirmar que “Roberto era inocente”.

Justa causa

E o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Hermínio Coelho afirmou que vai “exonerar sumariamente” Roberto Sobrinho dos quadros do legislativo estadual. O ex-prefeito pode até voltar ao emprego algum dia, mas será pelas mãos da justiça.

Outra

Que também deve levar as contas é a titular da Secretaria de Estado dos Esportes, da Cultura e do Lazer -SECEL - Cleidimara Alves, que havia sido indicada ao cargo pela deputada estadual Epifânia Barbosa (PT). O governador Confúcio Moura parece que tem um faro apurado para nomeações complicadas.

Mas ainda falta

Em curso investigações sobre a Fundação Iaripuna, que também movimentou milhares de reais através de convênios cujas prestações de contas não convencem nem um estagiário de contabilidade e o cabeludo e milionário contrato de publicidade, que foi mantido como “eemergencial” durante anos a fio. No caso desse último, um dos envolvidos deverá ser preso lá pelo Paraná, para onde correu tão logo viu que a “chapa estava esquentando” por essas bandas.

Fechando

De qualquer forma, resta a população agradecer o trabalho do Ministério Público e de todos os envolvidos nessas operações. Melhor seria que não tivessemos essa necessidade. Infelizmente temos e podemos contar com o Ministério Público.

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Vinho não traz benefício pra quem está acima do peso

Ele tem sido apontado como uma panaceia: para diabetes, demência, doenças cardíacas e até mesmo para a perda de audição, mas os benefícios milagrosos do vinho tinto não podem ser alcançados se o indivíduo é obeso, sugere uma nova pesquisa publicada no periódico “Diabetes”. O resveratrol, composto ativo encontrado na casca da uva vermelha, é um antioxidante produzido pelas plantas para protegê-los de ambientes extremos e bloquear os efeitos da luz solar ultravioleta, as infecções e as mudanças de temperatura. A pesquisa mostra que, apesar de estudos sugerindo que o resveratrol traz benefícios no tratamento de obesidade, diabetes, pressão alta e colesterol, ele não apresentou resultados em obesos. O estudo, realizado pelo Hospital da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, deu a 12 homens suplementos em altas doses da substância e a outros 12 homens um placebo durante quatro semanas. Os pesquisadores descobriram que houve uma diminuição insignificante na sensibilidade à insulina e nenhuma alteração na pressão arterial, colesterol e gasto energético de repouso. Segundo os cientistas, a pesquisa contradiz estudos anteriores, mostrando que a vida de roedores de laboratório - incluindo o velho, gordo, e até mesmo ratos diabéticos - pode ser prorrogada por suplementar a dieta com o resveratrol.