« 1 ... 42 43 44 (45) 46 47 48 ... 51 »
Coluna Meio Ambiente : Estudo apoiado pelo Governo do Amazonas apresenta estimativas de desmatamento e vulnerabilidade de terras no Médio Solimões
Enviado por alexandre em 16/03/2023 10:50:04

Foto: Érico Xavier – Decon/Fapeam e acervo pessoal do pesquisador João Cândido

O projeto fomentado pela Fapeam considerou diversas variáveis

Pesquisadores utilizaram um Sistema de Informação Geográfica (SIG) para produzir modelos com estimativas futuras do desmatamento e da vulnerabilidade da paisagem em bacias hidrográficas localizadas nos municípios de Tefé e Alvarães. O estudo recebeu apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Apoio a Pós-Doutores – Prodoc/Fapeam.

 

O modelo considerou diversas variáveis, entre as quais, relevo, tipos de solo, altitude, precipitação de chuvas e declividade dos terrenos para mensurar possíveis cenários de mudanças do uso da terra e vulnerabilidade das paisagens para as próximas décadas.

 

De acordo com coordenador do estudo, João Cândido, o doutor em Geografia e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), uma das variáveis utilizadas para elaboração do mapeamento com cenários futuros são os dados já existentes sobre o desmatamento, nessa região, nos últimos anos.

 

Veja também

 

Ipaam aplica mais de R$ 76 milhões em multas durante Operação Tamoiotatá II

 

Amazônia e Cerrado batem recorde de alertas de desmatamento

“É possível verificar as mudanças do uso da terra em um determinado período, então analisamos de 2010 a 2021 para observar o que foi desmatado nesse período. A partir disso consideramos outras variáveis, e implementamos no modelo o que é chamado de peso de evidencias, para analisar a relação de cada uma dessas variáveis com o desmatamento”, explicou.

 

FERRAMENTA CIENTÍFICA 


Segundo o pesquisador, os modelos são estimativas hipotéticas baseadas em dados observados e podem ser utilizados para compreender a evolução e as consequências do desmatamento nessas regiões e, com isso, direcionar políticas públicas que visam combater a degradação ambiental na Amazônia e promover o uso racional da terra.

 

Os dois locais analisados no estudo foram a Bacia Hidrográfica do Igarapé Agrovila, no município de Tefé (distante 523 quilômetros de Manaus), e a Bacia Hidrográfica do Igarapé Jarauá, em Alvarães (a 531 quilômetros da capital), ambas na região do Médio Solimões.

 

Foto: Érico Xavier – Decon/Fapeam e acervo

pessoal do pesquisador João Cândido
 

O modelo de cenários futuros foi realizado com o auxílio do software Dinâmica EGO, desenvolvido pelo Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parceira do projeto.

 

“A importância desses modelos é justamente para repensar alguns tipos de uso da terra, e demonstrar como algumas áreas podem ser melhor aproveitadas para determinados tipos de uso, e outras serem prioritariamente preservadas por conta do grau de vulnerabilidade observado”, destacou.

 

João Cândido acrescenta ainda que não é somente o desmatamento que pode comprometer a vulnerabilidade da paisagem nas bacias hidrográficas analisadas, mas a sua associação aos elementos naturais e processos dinâmicos da natureza. Vale destacar que os dados gerados pelo modelo são baseados em tendências e estão sujeitos a alterações.

 

EQUIPE 


O estudo, denominado “Mudanças do uso da terra e vulnerabilidade das paisagens em bacias hidrográficas na região do Médio Solimões – AM”, envolveu quatro pesquisadores vinculados aos Programas de Pós-graduação em Geografia da Ufam e da UFMG. Iniciado no ano passado, a pesquisa foi finalizada em janeiro de 2023.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram.

Entre no nosso Grupo de WhatApp e Telegram

 

PRODOC

 

O Programa de Apoio a Pós-Doutores – Prodoc/Fapeam concede bolsas de pós-doutorado no país e no exterior a interessados, residentes no estado do Amazonas, que desenvolvem projetos de pesquisa que contribuam significativamente para a ampliação da ciência, tecnologia e inovação em todas as áreas do conhecimento. 

LEIA MAIS

Coluna Meio Ambiente : Amazônia concentra 90% da área com focos de incêndio no 1º bimestre
Enviado por alexandre em 14/03/2023 15:24:28

No primeiro bimestre deste ano, o bioma Amazônia concentrou 90% das áreas com queimadas. Ao todo, o perímetro atingido pelas chamas foi de 487 mil hectares, de acordo com informe de hoje (13), do Monitor do Fogo, iniciativa do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). No primeiro bimestre de 2022, a área totalizou 654 mil hectares.

 

Nos seis biomas do país -- Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal --, em 536 mil hectares, houve focos de incêndios. Conforme destaca a pesquisadora Vera Arruda, do Ipam, a área é 28% menor do que a registrada no primeiro bimestre de 2022.

 

Segundo a pesquisadora Vera, de modo geral, as chuvas que caracterizam os primeiros meses do ano, no país favorecem a diminuição de incêndios. "Mesmo assim, são muitos hectares queimados, em um período de mais chuva", afirma a pesquisadora, que integra a equipe responsável pelo Monitor do Fogo.

 

Veja também 

 

Marina Silva é internada em Brasília com suspeita de malária

 

Em cena, um novo par político: Valdemar Costa Neto e Michelle

Outra particularidade da época é o alto índice de ocorrências em Roraima. O levantamento mostra que as queimadas no estado chegaram a consumir 259 mil hectares, ou seja, 48% do total identificado.

 

"Lá tem um tipo de vegetação que se assemelha mais ao Cerrado. Não são só florestas, como na maior parte da Amazônia", explica Vera. Nos estados de Mato Grosso e do Pará, o fogo atingiu espaços de 90 mil e 70 mil hectares, respectivamente. Juntos, se somados a Roraima, respondem por 79% dos incêndios detectados pela equipe do projeto.

 

O Cerrado figura em segundo lugar na lista, com 24 mil hectares atingidos pelo fogo. Perguntada sobre o que a equipe considera uma margem de tolerância quanto aos incêndios, quando se trata do bioma, Vera comenta que, de fato a vegetação se adaptou à presença do fogo.

 

A pesquisadora, porém, faz uma observação: "O fogo que acontece, hoje em dia, nos últimos anos, não é mais o fogo que naturalmente ocorreria na vegetação, porque ocorreria mais por presença de raios.

 

Ou seja, mais entre as estações. Mais ou menos, de maio a julho. E a gente vê que, na verdade, o fogo do Cerrado se concentra no auge da estação seca, entre agosto e setembro, que são os meses mais críticos do fogo no Cerrado. A maioria do fogo na vegetação vem de origem antrópica, humana, não é de origem natural."

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram.

Entre no nosso Grupo de WhatApp e Telegram

 

"Além disso, mesmo o fogo que ocorreria de forma natural ocorreria de forma espaçada não queimaria uma mesma área, repetidas vezes. O que a gente vê, com os dados do Monitor, é que a frequência das áreas queimadas no Cerrado também está aumentando. Isso não permite que a vegetação, o ecossistema se recupere", finaliza. 

 

Fonte: Agência Brasil

LEIA MAIS

Coluna Meio Ambiente : Ipaam aplica mais de R$ 76 milhões em multas durante Operação Tamoiotatá II
Enviado por alexandre em 13/03/2023 09:52:58

Os resultados foram apresentados no Workshop de Avaliação da operação realizado nos dias 09 e 10/03, no auditório do CETAM

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) apresentou os resultados da participação do órgão na Operação Tamoiotatá II do ano passado, no “Workshop de Avaliação da Operação Tamoiotatá”. O evento foi realizado pelo Governo do Amazonas, e aconteceu nestas quinta e sexta-feira (09 e 10/03), no Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), na Av. Pedro Teixeira, 2354, Bairro Dom Pedro I, zona oeste da capital.

 

Na apresentação, o Analista Ambiental da Fiscalização do Ipaam, Gelson Batista, mostrou que o total de multas geradas em ilícitos ambientais encontrados no sul do estado somam mais de 76 milhões de reais, motivadas a partir de 88 autos de infração. Um montante de R$ 69 milhões foi somente em desmatamento. Apuí é o município com maior índice de área desmatada.

 

Entre outros ilícitos estavam atividades sem licenciamento, danos à Unidades de Conservação (UC), depósito e transporte de madeiras sem Documento de Origem Florestal (DOF), porte de arma de fogo e de motosserra sem licença, uso de fogo sem autorização, e outros. Ainda houve um total de 40.018,3 hectares de áreas embargadas.

 

Veja também

 

Amazônia e Cerrado batem recorde de alertas de desmatamento

 

A nova aposta de cientistas para capturar CO2 da atmosfera e reduzir aquecimento global

 

Gelson apontou que a maior dificuldade das equipes em campo é a identificação dos infratores. “Nosso grande gargalo é, sem dúvida, a dificuldade de identificar os donos das terras onde ocorrem os ilícitos. Mas o Ipaam vai continuar indo a campo, e esse ano com o reforço do Núcleo Operacional de Prevenção e Controle do Desmatamento que criaremos na Gefa (Gerência de Fiscalização)”.

 

O Ipaam participou da operação do ano passado, de março a novembro, disponibilizando para cada fase duas equipes com três analistas cada, com um total de 2.400 horas de trabalho em campo.

 

Para o diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente, a integração de entidades de todas as esferas é essencial para a criação de um pacto de combate aos ilícitos ambientais, onde o Ipaam exerce papel fundamental.

 

“Essa integração de entidades de todas as esferas nos permite fazer um pacto de combate aos crimes ambientais. E o papel do Ipaam é esse que foi apresentado aqui no workshop, um grande número de autos de infração, uma grande ação desenvolvida com apoio de tecnologia, com mapeamento e articulação do nosso Centro de Monitoramento na geração dos autos de infração remota, também”, pontuou Valente.

 

Juliano falou, ainda, dos projetos futuros do órgão. “Nessa função de combater e inibir os ilícitos ambientais por meios administrativos, o Ipaam lançará ainda este mês o Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental, visando o aumento da regularização ambiental, porque nós entendemos que a principal ferramenta de combate ao ilícito é a regularização”, enfatizou o presidente do Ipaam.

 

OPERAÇÃO TAMOIOTATÁ

 

Inserida no Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Amazonas, conforme o decreto nº 42.369 de 5 de junho de 2020, a Operação Tamoiotatá é responsável por firmar a ação integrada de proteção ambiental frente a ataques ao meio ambiente no sul do Estado, como queimadas e desmatamentos.

 

A ação é composta por integrantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) e da Secretaria Executiva Adjunta de Planejamento e Gestão Integrada (Seagi), Batalhão Ambiental PM, Delegacia de Meio Ambiente PC, Corpo de Bombeiro Militar.

 

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram.

Entre no nosso Grupo de WhatApp e Telegram

 

Participam ainda representantes do Batalhão Ambiental da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Defesa Civil do Amazonas, bem como membros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

LEIA MAIS

Coluna Meio Ambiente : Como mudanças climáticas estão alterando comportamento, reprodução e tamanho de animais
Enviado por alexandre em 10/03/2023 01:00:46

Peixes, caranguejos, macacos, lagartos e até abelhas já sofrem com os efeitos provocados pelas mudanças do clima.

Asas desproporcionais, aumento de tamanho, reprodução de mais fêmeas do que machos e dificuldade para reconhecer alimentos devido a modificações cognitivas estão na lista de alterações sofridas por animais devido às mudanças do clima.

 

Pesquisas mostram que para conseguir sobreviver ao aumento da temperatura, à poluição de rios e aos eventos climáticos extremos, como longos períodos de seca e de chuvas intensas, espécies estão alterando o seu modo de vida, sua maneira de se reproduzir e até o seu tamanho.

 

Na lista de animais mais atingidos pelas alterações do clima, as abelhas aparecem como um dos mais impactados. Não é à toa que cada vez mais é difícil encontrá-las em diversos pontos do mundo em que eram frequentes.

 

Veja também

 

Área sob alerta de desmatamento na Amazônia em fevereiro é a maior já registrada, aponta Inpe

 

Dia Mundial do Ecoturismo: Amazonastur destaca iniciativas de turismo aliado ao meio ambiente


"Com o aumento das secas, o período de floração das plantas diminui. Com isso, muitas abelhas não estão conseguindo néctar e pólen, que coletam nas flores. Consequentemente estão desaparecendo", diz Michael Hrncir, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (SP).

 

Contudo, os impactos negativos sobre as abelhas não ocorrem apenas por falta de alimento. Pesquisas mostram que o aumento de temperatura também está provocando deformações nas asas de algumas espécies. "Em decorrência do estresse causado pelas mudanças climáticas temos comprovação que algumas abelhas nascem com uma asa maior que a outra."

 

ALTERAÇÕES COGNITIVAS


Diferentemente dos seres humanos, que conseguem controlar a temperatura do corpo, por serem seres endotérmicos, a temperatura das abelhas equivale à do ambiente em que estão inseridas mais a que produzem ao bater as asas. "Para se ter uma ideia, uma abelha bate, em média, 250 vezes as asas por segundo", apontou Michael.

 

Assim, se uma abelha está em um ambiente a 30 graus, ao bater as asas, o seu músculo ativo faz sua temperatura corporal chegar a até 42 graus. O problema é que a elevação da temperatura além de provocar um superaquecimento também ocasiona impactos cognitivos.


"Estudos revelam que algumas espécies de abelhas estão perdendo a capacidade de cognição, como reconhecer uma flor ou o caminho de volta para colônia, por exemplo, por conta da elevação da temperatura", ressaltou o pesquisador da USP.

 

O desaparecimento de abelhas pode provocar um efeito em cascata. Isso porque é através do seu trabalho de polinização que muitas sementes surgem e flores sobrevivem.

 

Sua capacidade de aumentar em cerca de 25% o rendimento das colheitas -, consequentemente, dos alimentos que comemos – corre risco à medida que mudanças drásticas no clima ocorrem.

 

MAIS FÊMEAS DO QUE MACHOS


Quem também é impactado diretamente pelas mudanças do clima são os quelônios - tartarugas marinhas e de água doce.

 

Diferentemente de outros animais, elas dependem de um fator externo para que o sexo do filhote seja determinado.

 

É a temperatura da areia onde os ovos são colocados que vai estabelecer se nascerá uma fêmea ou um macho. Em regra, temperaturas altas (acima de 30 graus) produzem mais fêmeas; temperaturas mais baixas (abaixo de 29 graus) produzem mais machos.

 

"Entretanto, quando temos aumento da temperatura passamos a ter uma tendência de geração apenas de filhotes do sexo feminino. Isso provoca um desequilíbrio demográfico da espécie", afirmou Fernanda Werneck, especialista em anfíbios e répteis do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa).


Além disso, pela reprodução dos quelônios ser sexuada - macho transfere os espermatozoides para dentro do corpo da fêmea. A diminuição de indivíduos do sexo masculino provoca uma queda abrupta no número de exemplares da espécie, antes mesmo do processo de confecção dos ninhos.

 

ANFÍBIOS DIMINUEM DE TAMANHO


Outros animais impactados pelas mudanças do clima são os anfíbios, como sapos, rãs e pererecas. Com o aumento da temperatura, espécies estão mais suscetíveis às infeções do fungo quitrídio - Batrachochytrium dendrobatidis -, responsável por declínios de diversas espécies de anuros, no passado.

 

O coordenador do Laboratório de Herpetologia e Comportamento Animal da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rogério Pereira Bastos, aponta que a diminuição de locais apropriados para reprodução (corpos d’água), que estão ficando secos ou escassos, está fazendo com que algumas espécies diminuam de tamanho.

 

"Como o período seco tende a ficar maior, os anfíbios terão menor disponibilidade de presas para se alimentarem. Assim, eles chegarão à fase adulta com tamanho menor."

 

O problema é que o tamanho dos anfíbios influencia na vocalização do macho – mecanismo utilizado para atrair as fêmeas. Assim, as mudanças climáticas também estão alterando a reprodução de algumas espécies de anfíbios.

 

"Machos menores têm vocalizações mais agudas (frequências maiores) e machos maiores têm vocalização mais grave (frequências menores). Como a mudança climática está ocorrendo em período de tempo pequeno, será que o sistema auditivo das fêmeas ainda conseguirá reconhecer as vocalizações dos machos de suas espécies?", questionou o pesquisador.


Um estudo sobre a perereca Boana goiana, encontrada na Floresta Nacional da Silvânia (GO), mostrou que, em quase duas décadas, características do canto da espécie diminuíram à medida que a quantidade de recursos naturais reduziu na floresta.

 

"Já temos modelos que preveem como será a destruição geográfica dos anfíbios daqui a 50 anos. Nesta nova distribuição, teremos unidades de conservação? O que se vê é que não teremos. Então, seria interessante criar unidades de conservação nas áreas que serão mais adequadas para os anfíbios. Assim, poderemos conservar mais espécies, criando uma rede de proteção", defendeu Rogério.

 

LAGARTO AUMENTA DE TAMANHO


Ao mesmo tempo que existem espécies que estão diminuindo de tamanho, por conta das mudanças do clima, outras estão aumentando. É o que revela um estudo publicado no periódico científico Biological Journal of the Linnean Society, que comparou amostras do lagarto sul-americano Tropidurus torquatus, da década de 1960 com as de 2012.

 

Segundo a pesquisa, o aumento de aproximadamente dois graus na temperatura nas últimas décadas, fez com que essa espécie de lagarto atinja o tamanho adulto mínimo dois anos antes.

 

"Com as técnicas usadas, soubemos que, emm 1960, lagartos se tornavam sexualmente maduros por volta dos 5 anos em locais mais urbanos, e por volta dos 6 ou 7 anos em locais de floresta. No presente, a maturidade acontece ao menos dois anos antes. Se assumimos expectativas de vida similares, uma possibilidade é que o período de reprodução tenha sido acelerado", apontou Carlos Navas, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).


Para chegar à conclusão, que o aumento de temperatura pode ter influenciado no tamanho do lagarto sul-americano Tropidurus torquatus, os cientistas tomaram por base um estudo similar feito com uma espécie de geco - Homonota darwinii - da Patagônia argentina.

 

"Nele, encontramos que animais coletados em locais mais frios atingiam a maturidade sexual um ano mais tarde", apontou Navas.

 

MAIS VULNERÁVEIS


Carla Piantoni, cientista da Universidade do Havaí, em Manoa (EUA), que também participou da pesquisa, ressalta que o fato dos lagartos serem animais ectotérmicos, ou seja, sua temperatura não é regulada diretamente pelo metabolismo, como acontece nos mamíferos, os deixa ainda mais vulneráveis ao aumento da temperatura provocado pelas mudanças climáticas.

 

"Muitos lagartos são bons mantendo temperaturas corporais relativamente estáveis, mas sempre que as condições de temperatura do ambiente permitem. Contudo, como nem sempre é o caso, terminam sendo expostos à variação termal. Essa variação pode ter impacto no desenvolvimento deles, na primeira reprodução e no número de ovos", apontou.

 

A especialista em anfíbios e répteis, Fernanda Werneck, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), que há anos tenta entender como a seleção natural atua sobre os animais da Amazônia, cita como exemplo o lagarto Tropidurus torquatus, popularmente conhecido como calango.


Encontrado em regiões do Cerrado e nas bordas de floresta, a espécie não tem conseguido se adaptar ao novo clima e tem desaparecido na última década.

 

Em contrapartida, o lagarto Cnemidophorus lemniscatus parece estar se ‘beneficiando’ das mudanças do clima e expandindo sua presença. Contudo, o que parece ser benéfico a longo prazo pode ser ruim.

 

"Temos que entender que quando uma espécie migra para outra região para sobreviver, em busca de alimento ou de um ambiente parecido com o que ela vivia, essa nova espécie, normalmente, compete com espécies nativas. Isso causa prejuízos a longo prazo", explicou Werneck.

 

MACACOS MUDAM COMPORTAMENTO


A perda de áreas de Mata Atlântica, seja para a pecuária ou agricultura também altera o comportamento dos macacos.

 

Em busca de sobreviver, o macaco-prego passou a tomar água de coco para evitar a desidratação. A constatação foi feita pelo pesquisador Hilton Japyassú da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com Danilo Sabino e Esaú Marlon.

 

"Eles foram expulsos de áreas mais favoráveis à sua sobrevivência, e uma simulação computacional mostra que em cinquenta anos eles estarão restritos à Mata Atlântica do Sul da Bahia", ressaltou Hilton.

 

Segundo o pesquisador, atualmente, ao norte da Bahia, resiste uma população que passou a utilizar o mangue regularmente, ao aprender a abrir coco e beber sua água.


"Para não se expor demais, os macacos usam do coqueiral abandonado. Além disso, constatamos que para não gastar muita energia, preferem os coqueiros mais baixos, e escolhem o coco pelo seu tamanho, dando preferência aos intermediários."

 

OCEANO MAIS QUENTE EXPULSA CARANGUEJOS


No litoral do Sudeste brasileiro, outro animal sofre processo semelhante para se adaptar ao oceano quase um grau mais quente do que há quarenta anos.

 

Tânia Márcia Costa, bióloga e professora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), conta que o caranguejo chama-maré - Leptuca cumulanta – que até 2010, historicamente, tinha como limite sul o Estado do Rio de Janeiro, passou a habitar o litoral de São Paulo, onde as temperaturas são mais frias.

 

"O que vem acontecendo é um processo de tropicalização, com os animais procurando regiões mais frias. O problema é que quando eles chegam em regiões a que não estavam habituados podem comprometer todo o ecossistema. Levando à redução ou extinção de espécies nativas da nova área que ele passou a habitar", disse.

 

Diretamente relacionado com as mudanças climáticas, o aumento da temperatura dos oceanos é causado pela emissão de gases do efeito estufa. Em regra, o aquecimento atmosférico transmite energia térmica para as águas, que consequentemente aumentam de temperatura.


Dessa forma, como um efeito dominó, o aquecimento provocado pelo homem, culmina no aquecimento do oceano, que interfere diretamente na vida aquática.

 

"Temos três efeitos das mudanças climáticas que estão impactando diretamente os animais: aumento da temperatura; acidificação de oceanos e ambientes de água doce; e os recorrentes eventos extremos, como tempestades e secas", apontou Tânia.

 

Segundo a bióloga, os três efeitos interferem diretamente no organismo das espécies marinhas. Isso porque, ao aumentar a temperatura da água, a primeira resposta do animal com o metabolismo acelerado, normalmente, é elevar sua alimentação.

 

"Ou seja, ele vai precisar comer mais. Com isso, também vai ficar mais exposto a predação”, ressaltou a bióloga. “Sem contar que nem todos vão aguentar uma temperatura tão alta. Muitas espécies já estão no limite da temperatura", completou.

 

AQUECIMENTO PODE PROVOCAR FOME


As inúmeras mudanças em pouco tempo são a grande preocupação dos pesquisadores que estudam como as alterações climáticas estão impactando os animais.

 

No caso dos peixes, que não são capazes de regular a temperatura do corpo e são dependentes interinamente da temperatura da água para sobreviver, um aumento de 1,5 grau já é suficiente para provocar a extinção de muitos desses seres, que são vitais na dieta da população.


"Embora várias dessas espécies aquáticas tenham aprendido a se adaptar a ambientes extremos ao longo de centenas de milhares de anos, elas nunca foram submetidas a uma situação tão complicada como as que estão sendo provocadas pelo homem", afirma Adalberto Val Luis, biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

 

O biólogo cita o aumento da acidez da água, como um dos problemas que mais estão comprometendo a vida de peixes nos rios da Amazônia.

 

"Essa poluição da água não acontece apenas pelo desmatamento e pelas queimadas, mas também de como usamos o ambiente e descartamos medicamentos. Um anticoncepcional, por exemplo, descartado em um rio de maneira irregular pode impactar na reprodução de peixes e comprometer todo um ecossistema", alertou.

 

Para se ter uma ideia, 90% da proteína consumida pelas 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia brasileira advém dos peixes. Ou seja, as mesmas ações humanas que comprometem os animais hoje, podem ser responsáveis por provocar fome no futuro.

 

POSSÍVEIS SOLUÇÕES

 

Fernanda Werneck, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), alerta que antes de uma espécie ser extinta, normalmente, ela concede sinais: muda de habitat, tenta adaptar-se a nova temperatura ou sofre mutações.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram.

Entre no nosso Grupo de WhatApp e Telegram

 

"Uma espécie não é extinta do dia para a noite, esse processo acontece em capítulos. O problema é que já estamos vendo esses processos acontecendo. Por isso, da importância de medidas como combate ao desmatamento, preservação de áreas de conservação e incentivo à pesquisa. Toda espécie é importante para o ecossistema e para a vida no planeta", afirmou a pesquisadora.

 

Fonte: G1

LEIA MAIS

Coluna Meio Ambiente : Lula diz que conversou por telefone com rei Charles III sobre parcerias e questões climáticas
Enviado por alexandre em 07/03/2023 00:31:08

Presidente não mencionou se foi convidado para a coroação do monarca, marcada para 6 de maio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou na tarde desta segunda-feira (6) que conversou por telefone com o rei Charles III, da Inglaterra, sobre parcerias entre os dois países e questões climáticas.

 

"Conversei agora por telefone com o Rei Carlos III, do Reino Unido. Falamos sobre a vontade de aprofundarmos parcerias e discussões entre nossos países sobre a questão climática e proteção do meio ambiente", postou Lula em uma rede social.

 

Havia uma expectativa de que os dois falassem sobre convite para Lula ir à coroação de Charles. O presidente não mencionou nada sobre isso.

 

Veja também 

 

Área sob alerta de desmatamento na Amazônia em fevereiro é a maior já registrada, aponta Inpe

 

Dia Mundial do Ecoturismo: Amazonastur destaca iniciativas de turismo aliado ao meio ambiente

Charles é rei desde o ano passado, porém receberá a coroa oito meses depois da morte da mãe, a rainha Elizabeth II. A rainha de 96 anos morreu em setembro de 2022, após um reinado de 70 anos.

 

A coroação de Charles III está marcada pra 6 de maio na Abadia de Westminster, em Londres.

 

MEIO AMBIENTE 


Lula tem feito do discurso a favor do meio ambiente uma de suas principais bandeiras no cenário internacional. O presidente quer liderar um movimento de países a favor de medidas para conter o aquecimento global e promover o desenvolvimento econômico sustentável.

 

Charles, por sua vez, desde que era príncipe, já afirmava ser necessário combater as mudanças climáticas para preservar o planeta para as próximas gerações.

 

LULA E CHARLES III


Lula e Charles não têm um encontro oficial desde 2009, quando o então príncipe de Gales esteve em Brasília. Os dois se reuniram no Palácio do Planalto.

 


Na posse de Lula como presidente, em janeiro deste ano, a embaixadora britânica Stephanie Al-Qaq entregou uma carta na qual o rei felicitou Lula, destacou a "amizade calorosa" entre Brasil e Reino Unido e citou a necessidade de estimular o desenvolvimento sustentável e enfrentar as mudanças climáticas.

 

Fonte: G1

LEIA MAIS

« 1 ... 42 43 44 (45) 46 47 48 ... 51 »
Publicidade Notícia