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Coluna Meio Ambiente : União Europeia fará doação de R$ 120 milhões ao Fundo Amazônia
Enviado por alexandre em 24/07/2024 15:09:32

Preservação da Amazônia, área que abriga 25% da cobertura de florestas tropicais do planeta, onde vive uma população de aproximadamente 29 milhões de habitantes

Iniciativa contribuirá para acelerar combate ao desmatamento, diz UE

Alana Gandra

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a União Europeia (UE) vão estreitar parcerias com foco no apoio ao desenvolvimento sustentável e aos investimentos no Brasil. Com esse objetivo, o presidente do banco, Aloizio Mercadante, e a comissária da União Europeia para Parcerias Internacionais, Jutta Urpilainen, assinaram carta de intenções durante o IV Fórum Brasil-União Europeia, realizado na sede do BNDES.

A carta constitui mais um passo no processo de formalização de uma doação da União Europeia no valor de 20 milhões de euros, ou cerca de R$ 120 milhões, ao Fundo Amazônia .

Para Mercadante, trata-se de uma sinalização muito importante porque significa contribuição do conjunto dos 27 países que fazem parte da União Europeia. “Tem um significado maior, dá muito respaldo e credibilidade ao Fundo Amazônia, que se consolidou por ter uma gestão transparente, eficiente, responsável, e por responder a uma das principais demandas, que é a dramática crise climática do planeta. Nós reduzimos em 50% o desmatamento; é por isso que essas contribuições estão sendo fortalecidas”, afirmou.

A comissária Jutta Urpilainen disse que a Comissão Europeia está feliz em se juntar aos estados-membros da UE, que recentemente anunciaram contribuições ao fundo. “Nosso compromisso deverá respaldar os esforços do governo brasileiro e vai possibilitar a aceleração da luta contra o desmatamento.”

Mercadante destacou a importância da preservação da Amazônia, área que abriga 25% da cobertura de florestas tropicais do planeta, onde vive uma população de aproximadamente 29 milhões de habitantes. “Além de ser a maior floresta tropical existente, a Amazônia é decisiva no equilíbrio do clima e esses recursos permitem, ainda, a conectividade das populações ribeirinhas, comunidades indígenas e quilombolas que vivem na Amazônia.”

Recorde de investimentos

O Fundo Amazônia tem, atualmente, recursos no montante de R$ 3,9 bilhões. No ano passado, o fundo bateu recorde de investimentos em novas ações, após quatro anos desativado, e hoje apoia 114 iniciativas, que vão do Arco da Restauração (maior projeto de restauro de florestas nativas) ao fortalecimento do Corpo de Bombeiros no enfrentamento a incêndios , além do combate ao crime organizado na região.

Os recursos destinados aos projetos não são reembolsáveis. Cerca de 240 mil pessoas serão beneficiadas com atividades produtivas sustentáveis, informou a assessoria de imprensa do BNDES.

Aloizio Mercadante anunciou ainda que foram concluídas as negociações com o Banco Europeu de Investimentos para o financiamento, “em condições muito favoráveis”, de 300 milhões de euros, também vinculado à transição energética, economia verde e transição digital.

“É um empréstimo bem importante. Nós já concluímos a garantia soberana do Ministério da Fazenda, e agora vai para o Senado Federal. Assim que for aprovado pela comissão, estarão liberados os recursos. É mais dinheiro para nossa economia”, disse Mercadante.

Alemanha

O governo da Alemanha e o BNDES anunciaram a liberação de cerca de R$ 88 milhões (15 milhões de euros) ao Fundo Amazônia, por intermédio do banco estatal de investimento e desenvolvimento KfW. Além de ampliar os recursos destinados ao fundo, a Alemanha se torna o primeiro país parceiro do Brasil com adesão ao Programa Floresta Viva, iniciativa liderada pelo BNDES para restauração ecológica de biomas brasileiros.

Para o Fundo Amazônia, esta é a segunda parcela da doação contratada no final de dezembro de 2022, logo após as eleições presidenciais no Brasil, em iniciativa que marcou a retomada do apoio internacional ao fundo. A nova parcela se soma a cerca de R$ 107 milhões (20 milhões de euros) que foram liberados pela Alemanha para o fundo, em outubro de 2023.

A liberação dos R$ 88 milhões é a última contribuição realizada pelo governo alemão, segundo maior doador do Fundo Amazônia, com cerca de R$ 380 milhões em doações em valores históricos, que superam R$ 500 milhões quando convertidos ao câmbio atual.

Os recursos do governo alemão somam-se às contribuições dos demais doadores do Fundo Amazônia, que são Noruega, Petrobras, Suíça, Estados Unidos e Japão, além da própria Alemanha, e daqueles ainda a serem desembolsados pelo Reino Unido. Tais recursos reforçam as ações do Fundo Amazônia, considerado hoje o maior instrumento de redução de emissões decorrentes do desmatamento e degradação florestal (REDD+) no mundo.

Floresta Viva

Para o Programa Floresta Viva, o BNDES receberá recursos também do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), por meio do KfW, no valor de 15 milhões de euros, que serão destinados à execução de projetos para aumento da cobertura vegetal com espécies nativas em todos os biomas brasileiros, desde a coleta de sementes, passando por viveiros florestais até os plantios.

O programa já lançou os primeiros editais referentes aos biomas de Manguezais, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica.

Coluna Meio Ambiente : Sem fiscais, desmatamento dobra no começo de julho na Amazônia
Enviado por alexandre em 23/07/2024 09:56:23

Área de vegetação perdida soma 204 quilômetros quadrados, conforme alertas do Inpe

 A área com alertas de desmatamento na Amazônia mais que dobrou no período de primeiro de julho a 12 de julho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são do sistema Deter, produzidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No período citado de 2023 as áreas com alertas de desmatamento foi equivalente a 101,5 quilômetros quadrados (km²). No intervalo deste ano, o número saltou para 204,29 km². Os números de alertas, no mesmo período, passaram de 601 para 1.160.

 

Apesar da disparada nos primeiros dias de julho, no ano o resultado ainda é de uma retração na perda de vegetação de 32,8%. A área com alerta de desmatamento em 2023 de 1º de janeiro a 12 de julho foi de 2.750 km². Neste ano, o somatório resulta em 1.847 km². Os dados do Deter não informam a área real desmatada. Ela é medida por outra ferramenta do Inpe, o Prodes e é calculada de agosto de um ano a julho do outro. O Deter tem como principal finalidade dizer onde há indícios de desmatamento para que a fiscalização possa atuar antes que o crime ambiental seja concretizado.

 

Acontece que no momento, os servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estão em greve. Eles reivindicam melhores salários e reforma na carreira. Sem sucesso nas negociações, o governo federal entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para dar fim à greve dos servidores públicos. O pedido foi protocolado no último dia 2.

 

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Os servidores afirmam, em um comunicado distribuído à imprensa, que em 2023 a atuação deles contribuiu para reduzir em 49,8% o desmatamento na comparação com 2022. As declarações estão em uma carta assinada pela Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema).

 

FUTURO

 

Cientistas e ambientalistas estão preocupados com o que pode acontecer com a Amazônia nos próximos meses. O bioma teve chuva abaixo da média e são esperadas temperaturas elevadas. É aguardada uma seca severa, o que pode impactar a vida de ribeirinhos, produções agrícolas e degradação do bioma, inclusive, com possíveis queimadas.

 

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No momento, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) trabalha na resposta à crise no Pantanal. O bioma teve aumento de 1.541% nas queimadas de 1º de janeiro até 19 de julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2023. No ano passado, no período, foram 243 focos de calor identificados pelo Inpe e agora, em 2024, já são 3.989. Nos últimos dias, o fogo cedeu, mas há preocupação com a chegada de uma onda de calor.

 

Fonte: Metrópoles

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Coluna Meio Ambiente : Calor pode ser fatal? Entenda o bulbo úmido e os limites de temperatura do corpo
Enviado por alexandre em 22/07/2024 10:49:45

Umidade elevada é fator crucial para agravamento dos problemas de saúde causados pelo estresse térmico

Nenhum extremo climático mata tanto quanto calor. Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) informou que entre 2000 e 2019, o calor matou 489 mil pessoas por ano no mundo. Mas, como a mortalidade associada ao calor não é corretamente notificada na maioria dos países, a OMS e a OMM estimam que o número real de mortes é, no mínimo, 30 vezes maior.

 

Isso significa que pelo menos 14.670.000 pessoas morrem por ano de calor no mundo. E esse número é anterior às temperaturas recordes e ondas de calor mais intensas e prolongadas registradas em 2023 (o ano mais quente da História da Humanidade) e 2024, que caminha para superar o ano anterior.

 

Cientistas destacam que raramente o atestado de óbito indica que uma pessoa morreu de calor. A causa pode ser um AVC, um infarto.

 

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COMO O CALOR MATA


Na maioria dos casos são pessoas com doenças crônicas, como pacientes renais. Mas quem puxa o gatilho é o calor. Ele afeta portadores de doenças crônicas, como males do coração, renais e diabetes e faz com que muita gente morra antes da hora.

 

A temperatura do ar sozinha não é o melhor indicador dos extremos. A medida mais precisa do conforto térmico, ou seja, o quanto de fato as pessoas sentem, é a temperatura de bulbo úmido.

 

O CÁLCULO DO BULDO ÚMIDO


Ela é calculada pela combinação da temperatura com a umidade do ar. Mesmo uma pessoa saudável superaquecerá e poderá morrer se permanecer numa temperatura de bulbo úmido superior a 35 graus Celsius por mais de seis horas.

 

Os 35C de bulbo úmido equivalem a 45C com 50% de umidade, o que dá uma sensação térmica de 71C.

 

É um calor mais escorchante do que o medido em desertos, que são secos. Para se ter ideia do quão terrível essa temperatura é, as ondas de calor recentes nos EUA e na Europa têm ficado em torno de 30C de bulbo úmido.

 

No entanto, alguns lugares do mundo têm registrado valores térmicos acima do limite de risco. Exemplos são o Paquistão e países do Golfo Pérsico.

 

POR QUE A UMIDADE É TÃO TERRÍVEL 


A umidade é um fator de risco porque dificulta a transpiração, um dos principais mecanismos de resfriamento do corpo humano.

 

O corpo consegue se manter suando a 45C com 20% de umidade. No entanto, se a umidade passar de 40%, essa combinação pode ser letal porque a capacidade de suar e assim dissipar calor, diminui.


O corpo humano precisa manter constante a temperatura interna a 36,5C, não importando a temperatura exterior. Em dias muito quentes, para conseguir isso o corpo fica sobrecarregado. A sensação de desconforto é grande. E é por isso que o calor pode causar lesões, agravar doenças preexistentes e, em alguns casos, matar.

 

Se a exposição ao calor extremo continuar, a situação pode progredir para um colapso. A primeira coisa a falhar é a capacidade de suar. E se não há socorro, a exaustão pode evoluir para um ataque por calor. A temperatura interna pode disparar e superar 42C, que é letal sem assistência imediata. A temperatura corporal elevada pode causar danos cerebrais e falhas nos órgãos.

 

O calor mata diretamente por hipertermia e não precisa se estar exposto ao sol para se sofrer um colapso por calor. Além disso, um estudo do grupo de Camilo Mora, da Universidade do Havaí, identificou 27 distúrbios pelos quais o calor pode matar ao prejudicar pelo menos cinco mecanismos fisiológicos diferentes.

 

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Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte associada ao calor. Doenças respiratórias também podem se agravar durante ondas de calor e são a segunda causa de morte durante esses eventos. 

 

Fonte: O Globo

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Coluna Meio Ambiente : Pantanal: 96% dos incêndios foram extintos ou controlados
Enviado por alexandre em 17/07/2024 10:10:53

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A informação foi dada pela ministra Marina Silva

 As ministras Simone Tebet, do Orçamento e Planejamento e Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança climática (MMA), e o ministro Waldez Góes, da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), foram hoje (16) à Corumbá, no Mato Grosso do Sul, acompanhar o trabalho de combate aos incêndios no Pantanal. Marina Silva disse que “este é um momento que a gente pode até celebrar, mas temos que manter as nossas equipes mobilizadas. Mesmo agora quando temos 56% de um total de 55 incêndios já extintos e estarmos em processo de 40% que devem ser controlados e 4% que estamos combatendo.”

 

A ministra disse ainda que “nós sabemos que, a partir do [próximo] final de semana, chegará uma onda de calor, com baixa da umidade relativa do ar, portanto, há risco de termos novos incêndios, então Corpo de Bombeiros, Ibama, ICMBio, temos que nos manter mobilizados para salvar o Pantanal, salvar a nossa biodiversidade e os nossos sistemas econômicos que estão sendo colapsados pela emergência climática”, avaliou.

 

A agenda também contou com a participação do governador do estado Eduardo Riedel. A delegação do governo federal constatou o resultado positivo das ações empreendidas na região. As ministras Marina e Simone Tebet e o ministro Waldez Góes sobrevoaram a região, conversaram com os brigadistas do PrevFogo e acompanharam o trabalho que está sendo feito em conjunto pelos governos federal, estadual e municipais.

 

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Desde a primeira visita à região, em 28 de junho, as ministras Tebet e Marina à região, foi editada uma medida provisória, pelo Ministério do Planejamento abrindo um crédito extraordinário no valor de R$ 137 milhões para as ações dos ministérios do Meio Ambiente, da Defesa e de Segurança Pública no Pantanal, que se somam a outros R$ 100 milhões recompostos do orçamento do Meio Ambiente. Outra medida provisória permitiu a mudança no modelo e prazo de contratação de brigadistas, antes restrito a seis meses.

 

Tebet reafirmou a determinação do presidente Lula em garantir os recursos necessários para o combate às emergências climáticas e também o compromisso do governo federal com a questão ambiental e a sustentabilidade. “Quero dizer que não chegamos tarde. O trabalho conjunto de prevenção entre governo federal e estadual, em relação ao Pantanal, começou em setembro do ano passado”, disse ela, em referência ao começo dos trabalhos que resultaram na lei estadual de proteção ao Bioma, lançada em dezembro do ano passado. Tebet também ressaltou a liberação total de R$ 237 milhões extras para as ações de combate e prevenção de incêndios e lembrou que assim como nessa operação, a união dos diferentes governos é a solução para o avanço das políticas públicas no país.

 

De acordo com a ministra Marina Silva. “Sem o trabalho das pessoas que atuam na ponta não teríamos o resultado que estamos tendo”, disse a ministra. Ela lembrou o trabalho de combate aos incêndios, no governo federal, não começou esse ano e é fruto de prevenção e planejamento. “O esforço começou em 23 de janeiro de 2023, quando retomamos a Comissão Interministerial Permanente de Controle e Combate ao Desmatamento”, disse Marina, reforçando a importância do trabalho conjunto e republicano dos governos federal, estadual e municipais.

 

Waldez Góes também reforçou a importância do planejamento integrado e da força tarefa conjunta dos três níveis de governo nos bons resultados obtidos na região. “Esse é um caminho a ser seguido”, disse ele.

 

O governador Eduardo Riedel também comemorou os resultados obtidos e creditou ao trabalho conjunto dos governos federal, estadual e municipais o controle do fogo na região do Pantanal. “Não vamos nos desmobilizar. Temos os meses de agosto e setembro pela frente”, disse ele, acrescentando que foi o planejamento e o trabalho em parceria que impediu o que poderia ser uma tragédia ainda maior que a de 2020, dada a escassez hídrica de 2024. “Evitamos essa situação com união, solidariedade, integração e capacidade de trabalho em conjunto.”

 

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O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, explicou que a mobilidade para o trabalho dos brigadistas em decorrência das novas regras, a operação conjunta entre os governos e as instituições, além do crédito extraordinário (que permite agilizar a contratação e pagar os brigadistas na nova modalidade) “são fundamentais para o trabalho de combate aos focos na região.”

 

Fonte: Agência Brasil

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Coluna Meio Ambiente : Mudança climática ameaça futuro de coletores de mel alucinógeno do Himalaia
Enviado por alexandre em 11/07/2024 10:24:24

Coletor da etnia Gurung segura favo de mel alucinógeno no distrito de Lamjung, Nepal

Pendurados numa corda e empoleirados numa escada de bambu para recolher um tipo de mel com propriedades alucinógenas, numa falésia dos Himalaias, alpinistas nepaleses mantêm viva uma prática antiga, ameaçada pela mudança climática.

 

Envolto em fumaça para se proteger dos ataques de um enxame de abelhas gigantes e pendurado a 100 metros do solo, Som Ram Gurung, 26, corta pedaços de várias colmeias selvagens no distrito de Lamjung, no centro do Nepal.

 

O "mel louco", proveniente do néctar da flor do rododendro, que as abelhas adoram, tem sabor picante e um leve efeito alucinógeno.

 

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A substância é produzida pela espécie Apis laboriosa, a maior abelha do mundo (tem até 3 centímetros de comprimento), que costuma fazer as colmeias em altitudes de 1.500 a 3.000 metros acima do nível do mar, em desfiladeiros quase inacessíveis.

 

Mas esse não é o único obstáculo que os caçadores de mel enfrentam hoje. A crise climática está deixando esses vales remotos mais desafiadores.

 

Doodh Bahadur Gurung, 65, passou suas habilidades para seu filho, Som Ram. Segundo ele, os coletores observaram uma queda rápida no número de colmeias e na quantidade de mel colhido.

 

"Quando éramos jovens, havia colmeias em quase todos os penhascos graças à abundância de flores silvestres e fontes de água", explica. "Mas a cada ano é mais difícil encontrar colmeias".

 

O declínio das abelhas é explicado por múltiplas causas. Doodh Bahadur conta que os cursos d'água secam devido a projetos hidrelétricos e chuvas irregulares, e as abelhas que voam para regiões agrícolas também são afetadas pelos pesticidas, que as matam.

 

A combinação de invernos cada vez mais secos, chuvas cada vez mais irregulares e um calor sufocante fez com que os incêndios florestais também se tornassem mais comuns. Este ano, mais de 4.500 incêndios florestais atingiram o Nepal, quase o dobro do número do ano anterior, segundo o governo.

 

Há dez anos, até 1.000 litros de mel podiam ser recolhidos por estação na aldeia de Doodh Bahadur. Hoje, os coletores têm sorte se conseguirem 250 litros.

 

Os cientistas confirmam estas observações, salientando que as mudanças do clima são um fator determinante.

 

"As abelhas são muito sensíveis às alterações de temperatura", diz Susma Giri, especialista em abelhas do Instituto de Ciências Aplicadas de Katmandu. "São criaturas selvagens que não conseguem se adaptar às atividades humanas ou ao ruído".

 

MAIS DEMANDA E PIOR QUALIDADE

 

O Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas, com sede no Nepal, observou um derretimento das geleiras do Himalaia a uma velocidade nunca vista antes e também um "declínio brutal na população de abelhas".

 

A nível econômico, as perdas anuais causadas pela menor polinização no Nepal chegaram a US$ 250 por habitante em 2022 (cerca de R$ 1.370 na cotação atual), de acordo com um estudo publicado nesse ano na revista Environmental Health Perspectives. Isso representa um enorme prejuízo, considerando que o rendimento médio anual dos nepaleses é de R$ 1.400 dólares (R$ 7.700).

 

A diminuição das reservas fez com que o preço deste mel tão escasso disparasse. Há vinte anos, um litro valia US$ 3,5 (R$ 19); agora, é vendido por US$ 15 (R$ 82,40).

 

Segundo comerciantes, a procura pelo produto aumentou nos Estados Unidos, Europa e Japão, devido aos seus supostos efeitos benéficos, amplamente divulgados nas redes sociais. Os comerciantes de mel de Katmandu estimam que cerca de 10.000 litros são exportados para o exterior a cada ano.

 

Um pote de 250 gramas de "mel louco" pode chegar a custar US$ 70 na internet (R$ 385). A procura "aumenta todos os anos, mas a produção de qualidade diminuiu", afirma Rashmi Kandel, exportador de mel na capital nepalesa.

 

Há cada vez menos jovens dispostos a dedicar-se a esta atividade, que se estende por um mês por ano. Tal como acontece em outros países, os jovens abandonam a vida rural para procurar empregos mais bem remunerados nas cidades grandes ou no exterior.

 

Som Ram Gurung mostra os braços e as pernas inchados após descer o penhasco. "Tenho mordidas por todo o corpo", diz.

 

No Himalaia, coletores de 'mel louco' preservam tradição em cenário desafiador

Foto: Reprodução

 

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Segundo ele, estaria disposto a trabalhar em uma fábrica em Dubai por um salário mensal de cerca de US$ 320 (R$ 1.760).

 

O pai dele, Doodh Bahadur, lamenta o desaparecimento das abelhas e a partida dos jovens. "Perdemos tudo", diz ele. "O futuro é incerto para todos."

 

Fonte: Folha de São Paulo

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