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Coluna Meio Ambiente : Cobertura florestal mundial perde 3,7 milhões de hectares em 2023
Enviado por alexandre em 04/04/2024 12:18:22

Brasil e Colômbia tiveram desempenho positivo

Em 2023, os trópicos perderam 3,7 milhões de hectares de floresta primária, o que corresponde, em média, à destruição de dez campos de futebol por minuto ou a uma área do tamanho do Butão.

 

Tanto para autoridades locais como para a comunidade internacional, que tem metas estabelecidas em acordos, o Brasil representa um desafio, já que ainda lidera a lista dos países com os piores cenários, embora tenha tido uma queda de 36% no índice, puxada, sobretudo, pela melhora na Amazônia.

 

Os dados constam de relatório produzido anualmente pelo Laboratório de Análise e Descoberta de Terras Globais (Glad), da Universidade de Maryland, que toma como referência o monitoramento da plataforma Global Forest Watch (GFW), do World Resources Institute (WRI). A GFW está no ar desde 2014 e exibe dados praticamente em tempo real sobre proteção das florestas.

 

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De acordo com o levantamento, enquanto Brasil e Colômbia apresentaram desempenhos positivos na conservação das florestas, houve retrocessos nas políticas da Bolívia, Laos, Nicarágua e outros cantos do globo.

 

No caso do Brasil, o que os especialistas pontuam é que as diretrizes ambientais do governo Lula, de modo geral, são o que é capaz de transformar os indicadores. Como exemplos, listam a promessa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez de demarcar terras indígenas e a importância da aplicação da lei e da revogação de medidas que iam na contramão da preservação ambiental.

 

O que se recomenda ao Brasil é que se olhe para os diferentes biomas com o mesmo cuidado. A análise evidencia que, ao mesmo tempo que na Amazônia houve queda de 39% no desmatamento de floresta primária do que em 2022, o Cerrado teve um aumento de 6%, mantendo a tendência de aumento de cinco anos, e o Pantanal sofreu as consequências de perda florestal por queimadas que têm se alastrado por grandes perímetros.

 

Na Bolívia, a perda de floresta primária subiu 27% em 2023. O país vizinho registrou alta pelo terceiro ano consecutivo e ficou em destaque por ter a terceira maior perda de floresta primária dos países tropicais. O dado chama a atenção porque sua área de florestas já é menor do que a metade das existentes na República Democrática do Congo e na Indonésia.

 

De 2022 para 2023, a perda de floresta primária no Brasil caiu de 43% para 30%. Apesar disso, atualmente, o país tem um quadro mais grave do que o da República Democrática do Congo e o da Bolívia.

 

Em linhas gerais, o relatório demonstra que, ao se confrontar dados de 2023, 2019 e 2021, observa-se pouca variação no grau de perda florestal, o que significa que também não tem havido grandes saltos em direção à Declaração dos Líderes de Glasgow, que estabelece como meta o comprometimento dos países com a causa.

 

O tempo para alcançá-la, alertam os pesquisadores, vai se extinguindo, uma vez que o prazo fixado é o ano de 2030 e, a cada ano, nas últimas duas décadas, o mundo perdeu de 3 a 4 milhões de hectares de floresta tropical.

 

O Canadá também é mencionado pela equipe de pesquisadores, lembrado pelos inúmeros focos de incêndio que teve de debelar recentemente. O país, que está fora dos trópicos, mas dá também mostras do que acontece neles, conforme ressaltam os acadêmicos, viu a perda de cobertura florestal ocasionada por incêndios quintuplicar entre 2022 e 2023.

 

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A Indonésia registrou um aumento de 27% na perda de floresta primária, no ano passado, quando houve a passagem do fenômeno El Niño na região, algo que gerou especulação sobre a possibilidade de o país assistir a uma reprise da temporada de incêndios de 2015. O relatório frisa que tal taxa segue historicamente baixa, em comparação com a daquela época. 

 

Fonte:Agência Brasil

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Coluna Meio Ambiente : Devastação tornará Cerrado inabitável, alerta professor da UnB
Enviado por alexandre em 03/04/2024 11:06:22

Com alta de apenas 0,7% nas áreas protegidas, professor de ecologia alerta para risco de desertificação do ecossistema devido à ação humana

O Cerrado teve 121 mil hectares – área quase equivalente à da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – transformadas em unidades de conservação (UCs) entre 2019 e 2023, segundo dados do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A quantidade, porém, é 10 vezes menor do que as registradas de 2014 a 2018, quando 1,2 milhão de hectares foram protegidos.


Ao lado da Mata Atlântica, o Cerrado está entre as áreas naturais do planeta com extensa biodiversidade, mas em risco de extinção e, devido a essa perda, estabelecer espaços de preservação é a principal saída para combater as ameaças sofridas pelo ecossistema.

 

As UCs funcionam como forma de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, assim como de beleza cênica, o que possibilita, inclusive, o andamento de pesquisas científicas, o desenvolvimento de atividades de educação, o uso de recursos naturais de maneira inteligente e até a recreação em contato com a natureza, por meio do turismo ecológico e de negócios voltados ao cuidado com o meio ambientePara o professor de ecologia da Universidade de Brasília (UnB) José Francisco Gonçalves Júnior, há tempo para proteger esses patrimônios biológicos.

 

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“As UCs podem contribuir, por exemplo, para combater o fogo, provocado por humanos em 90% das vezes; elas também têm zonas de amortecimento, fora das unidades, o que amplia a conservação; outra vantagem são as os núcleos de dispersão, que fazem os animais migrarem para áreas degradas e levarem banco genético para restauração [da fauna] dos espaços”, elencou.

 

Nos últimos cinco anos, os espaços protegidos no Cerrado cresceram apenas 0,7%. Para fins de comparação, no mesmo período, a Amazônia brasileira teve aumento de 3,7% – ou mais de 4,3 milhões de hectares, um pouco menos do que a área total de Vitória (ES) – nos pontos que se tornaram unidades de conservação.

 

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A desaceleração no aumento da quantidade de UCs representa a perda de uma das principais estratégias de conservação do Cerrado – a qual, inclusive, não tem sido suficiente, segundo o professor de ecologia. Se não houver políticas públicas e integradas entre as unidades da Federação, será difícil frear a ação humana que leva à degradação.

 

Fonte: G1

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Coluna Meio Ambiente : Aterros sanitários impulsionam aquecimento do planeta mais do que se sabia, mostra estudo
Enviado por alexandre em 02/04/2024 10:28:50

Lixo em decomposição emite quase três vezes mais gás do que o relatado às autoridades dos EUA

Os aterros sanitários a céu aberto —onde os resíduos domésticos vão parar, sejam eles restos de vegetais ou eletrodomésticos antigos— emitem, em média, quase três vezes mais metano do que o relatado às autoridades dos Estados Unidos.

 

A conclusão é de um estudo publicado na quinta-feira (28) na revista Science.

 

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O estudo mediu as emissões de metano, gás que contribui muito para o aquecimento do planeta, em cerca de 20% dos aproximadamente 1.200 grandes aterros sanitários em operação nos EUA. O trabalho se soma a uma série de evidências de que os aterros sanitários são um fator significativo nas mudanças climáticas, diz Riley Duren, fundador da parceria público-privada Carbon Mapper, que participou do estudo.

 

"Até agora, como sociedade, temos estado em grande parte no escuro sobre as emissões reais dos aterros sanitários", afirma Duren, ex-engenheiro e cientista da Nada. "Este estudo aponta as lacunas."

 

As emissões de metano da produção de petróleo e gás, bem como da pecuária, têm sido cada vez mais estudadas nos últimos anos. Assim como o dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa que está aquecendo o mundo, o metano age como um cobertor no céu, retendo o calor do sol.

 

E, embora o metano dure menos tempo na atmosfera do que o dióxido de carbono, ele é mais potente. Seu efeito de aquecimento é mais de 80 vezes mais poderoso do que a mesma quantidade de dióxido de carbono ao longo de um período de 20 anos.

 

A Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) estima que os aterros sanitários sejam a terceira maior fonte de emissões de metano causadas pelo homem nos EUA, emitindo tanto gás de efeito estufa quanto 23 milhões de carros a gasolina dirigidos por um ano. Resíduos orgânicos, como restos de comida, podem emitir grandes quantidades de metano quando se decompõem.

 

Metano é um potente gás de efeito estufa

Foto: Reprodução

 

Mas essas estimativas foram em grande parte baseadas em modelagem computacional, em vez de medições diretas. A razão: é difícil e até perigoso os trabalhadores medirem com "farejadores" de metano as emissões nesses locais, tendo que caminhar em encostas íngremes ou perto de locais de despejo ativos.

 

Para o novo estudo, os cientistas reuniram dados de sobrevoos de aviões usando uma tecnologia chamada espectrômetro de imagem, projetada para medir concentrações de metano no ar. De 2018 a 2022, eles sobrevoaram 250 locais em 18 estados americanos, cerca de 20% dos aterros sanitários a céu aberto do país.

 

Em mais da metade dos aterros que pesquisaram, os pesquisadores detectaram pontos quentes de emissão, grandes concentrações de metano que, por vezes, duraram meses ou anos.

 

Isso sugere que há algo de dado errado no local, como um grande vazamento de metano causado por camadas de lixo em decomposição há muito enterradas, dizem os pesquisadores.

 

"Às vezes, você pode ter décadas de lixo no aterro", afirma Daniel H. Cusworth, cientista climático da Carbon Mapper e da Universidade do Arizona, que liderou o estudo. "Nós chamamos isso de 'lasanha de lixo'."

 

Muitos aterros são equipados com poços e tubos especializados que coletam o gás metano que escapa do lixo em decomposição para queimá-lo ou, então, gerar eletricidade ou calor. Mas esses poços e tubos podem vazar.

 

Os pesquisadores dizem que identificar vazamentos não apenas ajuda os cientistas a terem uma imagem mais clara das emissões, mas também auxilia os operadores dos aterros a consertar os vazamentos. Manter mais resíduos fora do aterro, por exemplo, fazendo compostagem de restos de comida, é outra solução.

 

No exterior, a situação pode ser menos clara, especialmente em países onde os aterros não são estritamente regulamentados. Levantamentos anteriores usando tecnologia de satélite estimaram que, globalmente, o metano dos aterros sanitários representa quase 20% das emissões de metano ligadas às atividades humanas.

 

"O setor de resíduos claramente será uma parte crítica da ambição da sociedade de reduzir as emissões de metano", diz Duren. "Não vamos atingir as metas globais de redução de metano apenas cortando as emissões de petróleo e gás."

 

Existe uma crescente constelação de satélites detectores de metano projetados para fornecer uma imagem mais completa. No mês passado, outra organização sem fins lucrativos, a Environmental Defense Fund, lançou o MethaneSat, satélite dedicado ao rastreamento de emissões de metano ao redor do mundo.

 

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A Carbon Mapper, com parceiros como o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, o Rocky Mountain Institute e a Universidade do Arizona, pretende lançar o primeiro de seus próprios satélites de rastreamento de metano ainda neste ano.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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Coluna Meio Ambiente : Amazônia foi centro de agrobiodiversidade e território de abundância, apontam pesquisas
Enviado por alexandre em 28/03/2024 11:17:28

Estudos recentes trouxeram à luz outra Amazônia: com fartura de recursos materiais, povoamento denso, estradas e cidades.


A ideia de que a Amazônia foi, no passado remoto, uma região quase despovoada, habitada apenas por grupos indígenas pequenos, esparsos e carentes, ficou definitivamente para trás. Pesquisas recentes trouxeram à luz outra Amazônia: com fartura de recursos materiais, povoamento denso, estradas e cidades. 

"A presença humana na Amazônia remonta há mais de 8 mil anos. Em alguns lugares, temos evidências de povoamento há 13 mil anos. E a população total da Amazônia, no início do século 15, antes da chegada dos europeus, pode ser estimada em cerca de 10 milhões de pessoas", diz Eduardo Neves, professor titular de arqueologia brasileira e diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP).

Foto: Chico Batata

Neves é nome referencial da nova pesquisa arqueológica e um dos principais protagonistas da grande revisão que mudou o paradigma sobre o passado da Amazônia. Ele foi o palestrante da segunda Conferência FAPESP 2024: 'Há algo de novo no passado: o estado da arte da pesquisa arqueológica na Amazônia'.

Eduardo Neves, diretor do MAE-USP. Foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP

"O que descobrimos nos últimos anos que mudou nossa visão sobre o passado da Amazônia foi, primeiro, a antiguidade da presença indígena. Segundo, que a região foi um centro independente de domesticação e cultivo de plantas e abrigou mais de um centro independente de produção de cerâmica. Terceiro, que o povoamento transformou a paisagem e produziu abundância. Quarto, que o adensamento demográfico gerou diversidade cultural e urbanização. Sabemos, hoje, que havia cidades na Amazônia – em, pelo menos, três ou quatro contextos diferentes",

afirmou Neves.

Vestígios dessas cidades, escondidos pela floresta densa, vêm sendo escavados em campo por Neves e sua equipe. E também foram detectados recentemente por meio da tecnologia de sensoriamento remoto aerotransportada "Lidar" (acrônimo para a expressão em inglês light detection and ranging). No trabalho, os autores afirmam que a área central do sítio arqueológico de Kilamope, na Amazônia equatoriana, seria comparável em tamanho à do planalto de Gizé, no Egito, ou à da avenida principal de Teotihuacan, no México. 

Manejo humano

A paisagem da Amazônia foi, em larga medida, modelada pela ação humana. Neves informou que os 390 bilhões de árvores da Amazônia são constituídos por 16 mil espécies diferentes. Mas que apenas 227 espécies, ou seja 1,4% do total, respondem por quase metade de todas as árvores. Essa hiperdominância é, claramente, fruto do manejo humano. "Das dez espécies mais hiperdominantes, seis são palmeiras. E a mais hiperdominante delas é o açaí", falou.

O manejo fez da Amazônia um centro de agrobiodiversidade e um território de abundância, com a presença de vegetais como o milho, a mandioca, o amendoim, a castanha, a batata-doce, a pupunha, o cacau, o abacaxi, o tabaco, a coca, o guaraná, a pimenta murupi e muitos outros. 

"A única evidência de domesticação do arroz fora da Ásia e da África é encontrada na Amazônia",

destaca Neves.

Um aspecto importante analisado pelo pesquisador é que, nessa grande variedade de espécies, havia poucos cereais, além do milho e do arroz. "O cultivo dos cereais impõe um ritmo anual de atividade e uma necessidade de armazenagem dos grãos coletados. No caso de raízes e árvores, o ritmo é muito mais frouxo", disse. E associou a não predominância do cultivo de cereais ao fato de o Estado não haver surgido na Amazônia. 

Outro ponto ressaltado por Neves foi o fato de a Amazônia ter abrigado vários centros independentes de produção de cerâmica.

"A mais antiga que conhecemos nas Américas vem do sítio de Taperinha, um sambaqui fluvial localizado perto de Santarém. A datação mostrou uma idade de mais ou menos 7 mil anos",

contou.

A conferência foi apresentada por Esther Império Hamburger, professora titular da Escola de Comunicações e Artes da USP. E teve a moderação de Maria de Fátima Morethy Couto, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que leu um parágrafo do livro 'Sob os Tempos do Equinócio', escrito por Neves. .

A conferência 'Há algo de novo no passado: o estado da arte da pesquisa arqueológica na Amazônia' pode ser assistida em:

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP

Coluna Meio Ambiente : Expedição inédita revela biodiversidade única na unidade de uso sustentável Javari-Buriti, no Amazonas
Enviado por alexandre em 27/03/2024 00:37:20

Foto: Afonso José

A região da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Javari-Buriti, considerada uma Unidade de Conservação federal localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Solimões, no município de Santo Antônio do Içá, no Amazonas, abriga uma rica sociobiodiversidade até então desconhecida por pesquisadores. Em apenas 1,5 hectares de floresta, é possível encontrar mais de 112 espécies diferentes de árvores e palmeiras. Além disso, mais de 54 espécies de anfíbios e répteis, algumas possivelmente novas para a ciência, fazem parte da fauna dessa região.

O levantamento dessas informações sobre a região foi realizado por meio do projeto 'Javari-Buriti', uma iniciativa conjunta entre Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Coca-Cola Brasil.

O projeto decorre da necessidade de produzir os subsídios necessários para a construção do plano de manejo desta unidade de conservação, bem como da necessidade de criar o seu conselho gestor. Também é fruto de demanda direta de seu órgão gestor, o ICMBio, gerando informações necessárias para a melhoria da conservação e gestão da unidade e como subsídio para o futuro processo de construção do plano de manejo da ARIE Javari-Buriti, detalha o diretor geral do Instituto Mamirauá, João Valsecchi.

Realizada em 2022 e finalizada em sua totalizada em 2023, a expedição desempenhou papel importante no registro de espécies novas e na identificação de novos locais de ocorrência para espécies já conhecidas.

À esquerda, uma fêmea de esperança-arlequim registrada pela primeira vez no Brasil. À direita, uma esperança-verde até então desconhecida para a ciência. Fotos: Diego Mendes

Entre os achados, destacam-se duas espécies de esperanças, insetos parentes dos grilos e gafanhotos. São conhecidas por sua aparência e cores, que imitam folhas, produzindo uma camuflagem no ambiente como mecanismo de defesa contra predadores. Além disso, essas espécies são inofensivas e geralmente herbívoras, alimentando-se de material vegetal, e são predominantemente noturnas. São elas: a esperança-arlequim (Paraxiphidium versicolor), registrada pela primeira vez no Brasil, e uma nova espécie de esperança-verde (Ischyra sp. nov.), até então desconhecida para a ciência e encontrada nessa região.

Os pesquisadores também relatam a descoberta de uma possível nova espécie de peixe, conhecido como candiru, além de algumas espécies de anfíbios. Os candirus compreendem um grupo de bagres de tamanho pequeno, com corpo alongado, que habitam a maioria dos tipos de ambientes aquáticos, tais como rios, praias e igarapés. Alguns deles são conhecidos por possuírem hábitos hematófagos, ou seja, alimentam-se de sangue. No que diz respeito aos anfíbios, os pesquisadores encontraram a perereca-macaco (Cruziohyla craspedopus), um sapo de difícil avistamento, porém, presente na ARIE Javari-Buriti.

Foto: Afonso José e Diego Mendes

Com uma área que abrange mais de 13 mil hectares, o equivalente a aproximadamente 13 mil campos de futebol, a região da ARIE Javari-Buriti também abriga diversas espécies de mamíferos. Pesquisadores registraram 48 espécies de mamíferos que variam desde pequenos morcegos até felinos como a onça-pintada. As aves se destacam, com o registro de 206 espécies, incluindo migratórias e raras, ressaltando a importância da área para a ornitologia.

"Desde a criação esta unidade de conservação permanecia como uma das áreas menos conhecidas da Amazônia brasileira. Sem plano de manejo e sem conselho gestor, desde sua criação, era praticamente impossível encontrar informações sobre a ARIE Javari-Buriti antes desse projeto", 

aponta João Valsecchi.

Essa abordagem demonstra que iniciativas como essa estão alinhadas com a preservação da floresta, a valorização e proteção dos povos e territórios tradicionais da região, e o uso responsável da tecnologia em prol da sustentabilidade. Isso ocorre porque, de acordo com o diretor de Relações Governamentais da Coca-Cola Brasil, Victor Bicca, a expedição não se limitou a descobertas científicas, ela também deu voz às comunidades locais e às suas necessidades ao criar o Conselho Consultivo para gestão da Unidade de Conservação. 

Resultado da expedição, a formação desse conselho permitiu que os moradores e usuários locais compartilhassem suas demandas, que incluem a regularização fundiária, políticas de moradia rural, geração de energia, infraestrutura nas comunidades, proteção da área e apoio aos produtores locais.

Essas demandas destacam a importância de abordar questões socioambientais em conjunto com a pesquisa científica. A ARIE Javari-Buriti não é apenas rica em biodiversidade, mas também abriga uma comunidade que busca prosperar de maneira sustentável.

Plano de manejo

Além da criação do Conselho Consultivo, a expedição também teve como objetivo coletar informações sobre espécies úteis para a comunidade local, incluindo aquelas com potencial para manejo e geração de renda. Essas informações desempenharão um papel essencial na elaboração do plano de manejo da ARIE.

O plano de manejo é um documento técnico e estratégico que estabelece diretrizes e regras para a gestão de uma Unidade de Conservação (UC) ou outra área protegida. Seu objetivo principal é garantir a conservação dos recursos naturais, a preservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos existentes na área. Ao mesmo tempo, considera as necessidades das comunidades locais e as atividades humanas permitidas na região.

Em relação à organização social, a região da ARIE Javari-Buriti, de acordo com o relatório do Instituto Mamirauá, abriga 21 localidades, incluindo aldeias, sítios e comunidades, cada uma com características distintas em termos de habitação, estrutura familiar e organização social. A população local, composta principalmente por ribeirinhos e indígenas, depende de práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais, como agricultura, pesca, artesanato e extrativismo.

Uma ARIE, em geral, apresenta elementos naturais únicos ou abriga espécies raras da biodiversidade regional. Seu objetivo é proteger os ecossistemas naturais de importância regional ou local e determinar o uso apropriado dessas áreas, compatibilizando-o com os objetivos de conservação da natureza. A região é considerada uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, e, por isso, a coleta de informações para a criação do plano de manejo da ARIE é fundamental.

Diversidade Botânica da ARIE Javari-Buriti

No estudo botânico realizado na ARIE, pesquisadores registraram 816 árvores e palmeiras pertencentes a 112 espécies diferentes em uma área de 1,5 hectares amostrados. O destaque vai para o buritizeiro, representado por 135 indivíduos, com flores e frutos observados em 22 e 44 indivíduos, respectivamente. Além disso, outras espécies importantes, como o açaizeiro e a andirobeira, foram registradas, representando 32% de todos os indivíduos arbóreos amostrados. O estudo revelou a complexidade e riqueza desse ecossistema.

Peixes de água doce 

A Amazônia abriga a maior diversidade de peixes de água doce do mundo, com cerca de 2.700 espécies descritas. A ARIE Javari-Buriti também é rica em diversidade de peixes, incluindo bodós, candirus e bagres. A região é essencial para a reprodução e migração de espécies como a piramutaba, destacando sua importância para a biodiversidade e economia local.

Anfíbios e Répteis

A expedição registrou 54 espécies diferentes de anfíbios e répteis na ARIE Javari-Buriti, incluindo algumas espécies raras e possíveis novas descobertas para a ciência. O levantamento incluiu métodos como busca auditiva para detectar os sons dos sapos e jias, bem como captura de animais. Os anfíbios e répteis desempenham papéis importantes nos ecossistemas e são cruciais para a compreensão da biodiversidade da região.

Aves

Os pesquisadores registraram 206 espécies de aves na ARIE Javari-Buriti, incluindo algumas espécies raras e migratórias. A região mostrou-se importante tanto para aves residentes quanto para aquelas que migram sazonalmente. O levantamento foi feito por meio de pontos de escuta e redes de neblina, revelando a diversidade de aves do local e destacando a importância da preservação da área para a vida silvestre.

Mamíferos

Os mamíferos da ARIE Javari-Buriti incluem uma variedade de espécies, desde pequenos morcegos até grandes felinos como a onça-pintada. Durante a expedição, os pesquisadores registraram 48 espécies de mamíferos, incluindo o macaco-aranha, o tamanduá-bandeira e o bicho-preguiça. A presença desses animais destaca a riqueza da biodiversidade da região.

Para saber mais, confira a publicação 'Área de Relevante Interesse Ecológico Javari Buriti: perfil social, ambiental e biológico'.
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