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Brasil : RESTAURAÇÃO
Enviado por alexandre em 05/09/2017 01:45:55


Cirurgiã resgata prazer sexual de mulheres mutiladas

Época

Nos dias comuns de sua clínica em Burlingame, Califórnia, a ginecologista Marci Bowers atende grávidas, mulheres em rotina de exames e pacientes transgêneros. Nos dias especiais, faz partos e cirurgias de transição de sexo – é famosa na área. Nos dias especialíssimos, ela repara o clitóris de mulheres mutiladas. Bowers foi a primeira a fazer esse tipo de cirurgia em solo americano, em 2009. Desde então, oferece o serviço de forma voluntária a quem possa se deslocar até a Baía de São Francisco e arcar com os US$ 700 de uso das instalações. Em maio, levou sua técnica ao Quênia, após dois anos de preparação.

A médica foi para Nairóbi. Operou 45 mulheres ao longo de duas semanas, com o apoio de equipes locais, e treinou três cirurgiões. Eles agora podem começar a sanar uma demanda continental, visível pelas centenas de mulheres que ficaram na fila de espera. “Muitas vinham de países vizinhos”, conta Bowers. “Não há palavras para descrever a força da experiência. Muitas pediam apenas para encostar em mim.” O que elas querem, diz a médica, é antes de mais nada restaurar sua identidade. Sentem falta de uma parte do corpo. Estima-se que um quinto das mulheres do Quênia sofreu mutilação genital, uma prática tradicional feita principalmente, mas não só, na África e no Oriente Médio. Europa e Estados Unidos enfrentam essa realidade em suas comunidades de imigrantes. O Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, calcula haver no mundo 200 milhões de mulheres e meninas mutiladas. Em alguns países, como Somália e Egito, ao menos quatro em cada cinco mulheres passaram pelo procedimento. Nos últimos 20 anos, a prática vem sendo questionada. Os números diminuem, mas de forma muito lenta, informa a Organização das Nações Unidas (ONU). Uma vez crescida e casada, a menina que sofreu mutilação desconhece o prazer sexual. Em alguns casos, não sente nada. Em outros, apenas dor. “A mentalidade está mudando lentamente”, afirma Bowers. “Muitas buscam sua dignidade perdida. Eu me identifico com elas. Sei o que é querer algo fisicamente e não ter.” Ela diz isso porque viveu, por décadas, com uma identidade diferente da atual.

Bowers era chefe de um departamento num hospital de Seattle e tinha um casamento estável, com três filhos, mas não se identificava com o próprio corpo, de homem. Aos 38 anos, após uma cirurgia de mudança de sexo, Marc tornou-se Marci. Há quase 20 anos, reassumiu suas funções rotineiras, mas na pele de mulher. A vida amorosa mudou, o casamento legal perdurou (numa parceria com a esposa para cuidar dos filhos) e, na prática médica, Bowers dedicou-se a uma nova especialidade, a da cirurgia de mudança de sexo. Buscou o médico Stanley Biber como mentor e foi trabalhar a seu lado em Trinidad, no Colorado, transformada em “capital mundial da troca de sexo” pela fama do cirurgião, um pioneiro na prática. Em 2003, ela assumiu a clientela de Biber, que se aposentava, aos 80 anos. Três anos depois, o mentor morreu. Bowers herdou seu prestígio, mas ainda estava a alguns anos de encontrar a inovação que abraçaria – sem concordância de toda a comunidade médica.

Em 2009, o ginecologista francês Pierre Foldès e sua colega Odile Buisson publicaram os resultados do estudo com a primeira ultrassonografia em 3-D do clitóris estimulado em pleno ato sexual. O estudo reforçou a tese de que o ponto G existe e é um caminho alternativo de estimulação do próprio clitóris. Afinal, o órgão é bem maior do que se imaginava e hoje é desenhado com dois bulbos pendendo pelas laterais dos lábios vaginais. Foldès uniu seu conhecimento ao trabalho humanitário que fazia na África, atendendo vítimas de mutilação. Criou uma cirurgia ambulatorial simples, de 45 minutos. Os passos básicos consistem em remover o tecido da cicatriz deixada pela mutilação, expor o que restou do clitóris, localizar o “ligamento suspensório” (parte da anatomia que puxa o órgão para junto do corpo) e fazer nele um corte. “Isso libera o clitóris e permite trazer o que ainda há dele para a superfície”, explica Bowers. Tal manobra só é possível pelo tamanho do órgão – algo que muitos ginecologistas ainda ignoram. “Se você assiste a uma única cirurgia, percebe que 95% do clitóris ainda está lá. O órgão é longo, tem até 11 centímetros de comprimento.” A cirurgiã aprendeu tudo isso com o próprio Foldès.

Suas histórias pessoais se encontraram em 2007, quando a secretária eletrônica da clínica de Bowers registrou um recado perguntando se ela gostaria de aprender a técnica. O convite foi feito pela ONG Clitoraid (junção das palavras “clitóris” e “ajuda”, em inglês), criada em 2003 com a missão de oferecer reparação gratuita ao maior número de mulheres possível. A entidade foi criada por membros do movimento raeliano, uma seita que acredita em alienígenas e prega a cultura da paz – recentemente, promoveram meditações coletivas no intuito de influenciar negociações para proibir armas nucleares. Devolver o prazer feminino, segundo eles, é corrigir a violência e devolver um direito básico ao prazer sexual. Daí a ideia de financiar o treinamento de médicos e multiplicar a técnica Foldès. As crenças exóticas dos raelianos não facilitaram o trabalho. “Não fazemos proselitismo. Como a Cruz Vermelha, criada por cristãos, a Clitoraid foi criada pela filosofia raeliana, mas o trabalho é humanitário”, diz Nadine Gary, uma diretora da organização. Foi ela que, anos atrás, iniciou a busca por médicos. Recebeu 27 “nãos” antes de chegar a Bowers. Pensou nela num momento que define como pura intuição feminina. “Ela conhece muito sobre essa região anatômica e tem uma experiência de vida riquíssima, sabe o que é não ter a própria identidade. Deixei o recado e recebi a resposta muito rápido: ‘Sim, é claro que quero fazer parte disso’.”

Bowers foi à França em dois momentos, em 2007 e em 2009, para acompanhar as cirurgias de Foldès, que atua de forma independente, mas coordenada com a ONG. “Ele é um pouco como um santo, eu diria. É uma figura humanitária que, ao mesmo tempo, tem os pés no chão”, resume. De volta aos Estados Unidos, realizou cerca de 300 cirurgias voluntárias, segundo suas contas. Em 2014, viajou para o país africano de Burkina Faso, onde 76% da população feminina é mutilada. A missão deveria inaugurar um hospital construído pela Clitoraid ao longo de oito anos com dinheiro de doações, mas a ação foi barrada pelas autoridades – às vésperas da data marcada, quando vans lotadas de mulheres esperançosas chegavam à cidade de Bobo. Impedida de usar o hospital, Bowers fez as cirurgias na clínica de um médico local.

A cirurgia dura 45 minutos e só é possível porque a estrutura interna do clitóris tem até 11 cm

Nos Estados Unidos, as estimativas indicam haver entre 200 mil e 500 mil vítimas de mutilação genital. Bowers não cobra por esse atendimento, mas há outras dificuldades no caminho das potenciais pacientes. Uma é financeira – muitas imigrantes não podem pagar os custos da viagem até a Califórnia. Outras têm medo do procedimento, pois guardam a lembrança do corte e têm sintomas de estresse pós-traumático. Por último, há polêmica em torno da própria operação, relativamente nova e pouco conhecida na comunidade médica. “Há médicos que dizem: ‘É impossível restaurar o clitóris, não pode dar certo’. Isso é absurdo”, diz Bowers. Ela ouviu de algumas pacientes que seus médicos as desencorajavam a passar pela reconstrução. A médica Neila Speck, especialista na área e integrante da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, atendeu mulheres mutiladas durante um estágio na Itália, em 1998. Eram imigrantes africanas com o tipo mais severo de mutilação, em que se cortam o clitóris e os lábios vaginais e se costura a abertura vaginal. Speck voltou ao Brasil com imagens dos casos e as mostrou em sala de aula. Ela desconhece a reparação do clitóris. “Isso não era feito lá [na Itália]. Desconheço a técnica.” Tirar o tecido cicatrizado e liberar o órgão, no entanto, faz sentido para ela. “A amputação não é completa. O clitóris pode ser trazido para a frente. É possível que a técnica restaure a sensibilidade”, diz.

Em 2012, Foldès e sua equipe publicaram um estudo, financiado pela Associação Urológica Francesa, que analisou o pós-operatório de 847 pacientes. Um ano após a cirurgia, mais de 800 delas relataram menos dores durante o sexo e as primeiras sensações de prazer por meio do clitóris. Metade reportou ter atingido o orgasmo. Na sede da Clitoraid, em Las Vegas, Nadine Gary recebe informalmente esse tipo de retorno. “Jamais vou me esquecer do telefonema de uma mulher que havia passado pela cirurgia três meses antes. Ela chorava de emoção e queria me contar que havia vivido seu primeiro orgasmo. Isso ocorreu numa noite de 8 de março, Dia Internacional da Mulher.” Por isso, Bowers está disposta a continuar operando e confrontando os colegas. “A ignorância dos médicos é inacreditável. Teríamos de começar por eles, ensinando sobre a fisiologia do clitóris”, afirma.

Brasil : PRIVATIZA OU NÃO?
Enviado por alexandre em 05/09/2017 01:31:04


Pesquisa aponta que 49,3% dos brasileiros aprovam a privatização da Eletrobras
Dados mostram ainda que privatização da Casa da Moeda é reprovada por 57,9% dos entrevistados


Pesquisa aponta empate técnico de brasileiros sobre a privatização da Eletrobras. Foto: Wilton Júnior/AE

Uma pesquisa de opinião pública foi realizada em todo o país para saber como a população se posiciona sobre a privatização da Eletrobras. Os dados apontam um empate técnico entre os favoráveis (49,3%) e aqueles que são contra (47,1%). Cerca de 3,6% dos entrevistados não souberam responder. Já sobre a privatização da Casa da Moeda, a divisão de opiniões foi mais expressiva fazendo com que 57,9% dos ouvidos seja contra e 37,2% a favor, 4,9% escolheram não responder.

O levantamento, da Paraná Pesquisas, foi realizado por meio de um questionário online que foi respondido por 2.608 brasileiros, com 16 anos ou mais, entre os dias 28 de agosto e 1º de setembro. O grau de confiança atingido é de 95% com margem de erro de aproximadamente 2% para os resultados gerais.

A Panamá Pesquisas encontra-se registrada no Conselho Regional de Estatística da 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª Região.

Brasil : MT X BAHIA
Enviado por alexandre em 04/09/2017 09:08:00


Mato Grosso x Bahia: a disputa pelo mercado do algodão e o que isso tem a ver com seu jeans


Mato Grosso x Bahia: a disputa pelo mercado do algodão e o que isso tem a ver com seu jeans
Líderes na safra nacional de algodão, os estados de Mato Grosso e Bahia, oferecem ao mercado características específicas de seus produtos: de um lado, a volumosa produção do Centro-Oeste, de outro, a brancura e qualidade da pluma nordestina. As distinções, embora sutis, interferem principalmente na hora da negociação e determinam o destino de cada lote. O assunto foi abordado pelo Agro Olhar, junto ao classificador Geraldo Pereira durante o 11º Congresso do Algodão, em Maceió - AL, na quarta-feira (29).


O profissional, que trabalha há 35 anos na área, atua agora em Luís Eduardo Magalhães - BA, e explica que as diferenças dependem da condição da lavoura, do clima, variedade e manejo. Deste modo, mesmo dentro dos estados é possível que existam disparidades de uma lavoura para outra. “Como na Bahia chove menos, o algodão de lá apresenta melhor qualidade na refletância, que é o brilho. O que determina isso é a luminosidade, que é maior na nossa região."

Tal particularidade agrega valor na comercialização porque indica a realização de um processo de tingimento mais fácil. "No algodão mais branco a indústria vai usar menos tinta para tingir, e também dá pra usá-lo para fazer peças especiais: camisa, roupa branca. Então é uma cor superior a outra, sendo considerada um branco-branco, diferente do branco médio creme. O primeiro se apresenta melhor, é mais bonito", diz. Já a resistência e o comprimento, segundo ele, são semelhantes nos produtos de ambos os lugares.

A pequena desvantagem comercial, infelizmente, não pode ser revertida pelos produtores mato-grossenses, uma vez que é determinada exclusivamente pelas especificidades do clima. "Lá chove quase na hora da colheita, e essa chuva tira a cera que fica na fibra, deixando menos brilhosa." O resultado é um algodão mais opaco e crespo, contra outro, mais sedoso e atrativo.

O produtor Ernesto Martelli, de Campo Novo do Parecis (401 km de Cuiabá), discorda do posicionamento. Para ele, que trabalha com a pluma há 13 anos a produção do Estado não perde em nada, e as chuvas, a exemplo desse ano, interferem pontualmente em algumas localidades, não causando prejuízos. "Esse ano achei que fosse colher algodão de ponteiro, que é o algodão que fica na ponta da planta após a chuva, mas isso não aconteceu. Além disso temos um grupo de produtores organizados, mais preparado", afirma.

Ao Agro Olhar, Geraldo reforçou que as diferenças não são suficientes para tornar o produto do centro-oeste inferior. "Não dá pra dizer que o de Mato Grosso é ruim. Talvez seja só mal padronizado, perdendo só brilho. O resto é parecido, não tem muito o que mudar. Fora que os números lá são muito maiores."

Hoje o Estado é responsável por mais de 60% da safra brasileira e deverá expandir sua produção em até 15% para a colheita de 2018/19.

Classificação, moda e o seu jeans rasgado

De acordo com Geraldo há dois tipos de classificação, o visual e o americano. No primeiro deles, o procedimento se dá em uma sala padronizada, com mesas, paredes e equipamentos da mesma cor. No segundo, o trabalho é de comparação. “Você vai ter uma caixa como parâmetro e a partir dela vai comparar e separar. Cada um tem uma finalidade”. A diferença de um tipo para o outro é de aproximadamente R$ 2,00 por arroba, a depender da tabela de negociações.
(Reprodução/Internet)
Já na indústria foi constatado que o algodão poderia apresentar tantos defeitos que a moda não conseguiria suprir as exigências do mercado com ele. “Ou faziam uma calça com o preço muito alto, que pouca gente ia comprar, ou achavam outro jeito. Aí, no lugar do defeito resolveram desfiar ou rasgar e isso virou moda”, explica.

De acordo com o classificador, na indústria um profissional expõe as peça à luz negra, marcando os defeitos no tecido e encaminhando para quem trabalha com essa proposta. “Antes de rasgar era manchado. A moda era manchar o jeans, aí depois isso começou a aparecer quando a calça ficava velha. Por isso é melhor rasgar, tudo é a criatividade”. Depois disso, não é mais possível identificar o que era ou não uma avaria.

Brasil : É RECORDISTA
Enviado por alexandre em 04/09/2017 09:02:31


Alemão estabelece recorde ao conduzir 29 canecos de chope por 40 metros
O alemão Oliver Struempfel conseguiu carregar 29 canecos de chope por uma distância de 40 metros neste domingo (3) durante o tradicional Gillamoos, na cidade de Abensberg, estabelecendo um novo recorde mundial. Ele tentou fazer a proeza com 31, mais dois dos canecos caíram antes do fim da prova. Struempfel disse que estava treinando para a façanha desde fevereiro.

EFE

Brasil : CADÊ ELAS?
Enviado por alexandre em 04/09/2017 08:56:49


As mulheres querem aparecer

Paula Cesarino Costa - Folha de S.Paulo (Ombudsman)

Um grupo de jovens de uma escola de Osasco debruçou-se sobre edições da Folha. Com o olhar fresco que a juventude proporciona, não ficaram presos àquilo que as páginas do jornal mostraram. Buscaram ausências que revelassem por si fatos concretos que não viram notícia.

"Cadê as mulheres?", perguntaram-me os jovens na sexta (1º), quando me sentei à frente de dezenas de alunos da Ateneu Rá Tim Bum para falar da Folha e do trabalho de ombudsman. Lembravam que as mulheres representam 51% da população do país. Questionavam por que, ao folhearem o jornal, praticamente não viram mulheres nem negros. As notícias traziam quase sempre homens brancos.

No início da semana, recebi e-mail da escritora Beatriz Bracher, com reflexão sobre edição da Folha.

"O alto da capa da Folha [de 20 de agosto] continha duas matérias: uma sobre a maneira como a crise econômica afeta a vida das pessoas, e a outra sobre o aumento do número de estupros coletivos no país. Entre as fotografias das pessoas entrevistadas sobre a crise econômica, havia apenas uma mulher (eram seis fotos). Para mim estava muito nítida a relação entre as duas informações, ou seja, a maneira como o mais importante meio de comunicação impresso no Brasil considera pouco a mulher como agente econômico diz muito sobre a maneira desqualificada como a mulher é vista e, assim, como pode ser atacada sem maiores censuras, inclusive, morais," escreveu a leitora.

O tema desta coluna se impôs com a notícia do juiz que soltou homem que havia sido preso após ejacular em uma mulher num ônibus.

O IBGE contabiliza que as mulheres correspondem a 43,8% de todos os trabalhadores e são responsáveis por 40,5% dos domicílios brasileiros. As mulheres reclamam de que tal papel econômico, político e social não se reflete nos jornais.

As mulheres não aparecem porque a sociedade é machista ou os jornais são cúmplices e corresponsáveis pela persistência desse machismo na sociedade? Qual o papel do jornal no questionamento da representação social da mulher e no enfrentamento do preconceito?

Em crítica interna, assinalei que é notável o esforço mais recente da Folha em produzir reportagens de temática feminista. Nos últimos dias, publicou levantamentos inéditos sobre violência contra a mulher: um revelava que o Brasil registra dez estupros coletivos por dia; outro, que São Paulo tem um feminicídio a cada quatro dias, em média.

Com frequência, a Folha aborda aspectos econômicos relacionados à questão de gênero. Mesmo com mais educação, mulheres ganham menos do que homens, atestou o jornal. Divulgou estudo que mostra que o abismo que separa os salários de homens e dos de mulheres dobra nos primeiros 15 anos de carreira.

O jornal abriu espaço a iniciativas feministas engajadas como o blog #AgoraÉQueSãoElas.

A maior presença da temática feminista, no entanto, não elimina os fios invisíveis que sustentam e alimentam a cultura machista na sociedade refletida no jornal.

Em respeito à diversidade, o jornal deve ir além do trato do tema específico em suas pautas. Precisa adotar mecanismos de detecção e controle de práticas que solapam a diversidade que defende em suas páginas. Para limitar-me aqui à questão de gênero, o jornal tem um papel decisivo na abertura de espaço para vozes de mulheres. Não só na contratação de repórteres, editoras e colunistas em seu corpo de funcionários, mas especialmente revendo práticas encasteladas.

É preciso refletir diuturnamente se a pauta ou cobertura reproduz práticas de fundo machista. Quantas mulheres aparecem como especialistas em economia, política e esporte? Mas o jornal não deveria ouvir os melhores independentemente do gênero? Será que o faz? Ou o predomínio masculino é resultado do piloto automático que reproduz condicionamentos machistas?

É fundamental ressaltar que essa discussão não pode jamais levar a uma decisão do tipo "sistema de cotas" para escolher personagens de reportagens ou selecionar especialistas a serem ouvidos. É, sim, necessário fazer um esforço para mudar comportamentos.

Como diz Beatriz Bracher, "mais importante do que matérias 'feministas', notícias sobre mulheres, reforço ao seu empoderamento (tudo isso é ótimo), é a existência da atenção de cada jornalista sobre o que está escrevendo, forma e conteúdo, qualquer que seja a matéria."

O que querem as mulheres? A pergunta freudiana tem resposta evidente: querem aparecer! Sim, como protagonistas.

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