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Brasil : EVITE GOLPE
Enviado por alexandre em 20/05/2021 15:05:12

4 Dicas para proteger sua conta de golpe e ataque

Para evitar fraudes como o sequestro de conta, especialistas recomendam a ativação da verificação de duas etapas; veja outras ações importantes

Uriel Blanco, CNN

WhatsApp tem mais de 2 bilhões de usuários no mundo todo
Foto: Phil Noble - 27.mar.2017/ Reuters

Os ataques cibernéticos são uma constante há anos. Na América Latina, não é exceção. De janeiro a setembro de 2020, 1,3 milhão de tentativas de ataque de ransomware foram registradas na região, com Brasil e México no topo da lista, de acordo com a empresa de segurança cibernética Kaspersky.

“Segundo nossos dados, 55% dos computadores da região ainda usam Windows 7 e 5% Windows XP (sistemas que não recebem mais suporte técnico e, portanto, estão mais vulneráveis a ataques)”, comenta Santiago Pontiroli, analista de segurança da Kasperksy, em um comunicado.

Além disso, a taxa de software pirateado é de 66%, quase o dobro da taxa média global de 35%, levando a um estado de vulnerabilidade muito maior, acrescenta Pontiroli.

Ataques mais comuns

Em entrevista à CNN, Dmitry Bestuzhev, diretor da equipe global de Pesquisa e Análise da Kaspersky na América Latina, explicou que o invasor pode tentar registrar o número de telefone da vítima no WhatsApp, que recebe um código de verificação via SMS.

O fraudador então entra em contato com a vítima e diz que ela que ganhou algo, mas precisa do código de verificação para confirmar sua identidade e, assim, lhe conceder o prêmio. “Com esse código, [o fraudador] o coloca em outro dispositivo onde está registrando o WhatsApp e com isso ele consegue ter o controle da conta”, disse Bestuzhev.

“A partir daquele momento, o que o invasor faz é habilitar imediatamente a autenticação em duas etapas e a vítima fica sem o WhatsApp”, acrescentou.

Essa é uma das formas mais comuns de atacar o WhatsApp. Mas há um segundo que também é observado em muitas ocasiões, segundo o executivo da Kaspersky.

“Outra forma de sequestrar a conta é clonando a linha na versão desktop do WhatsApp. Lembre-se que para ativá-lo você precisa do código QR. A vítima é instruída a escanear um código QR por qualquer motivo". 

“A pessoa com seu telefone celular vai escanear esse código que ela pode ter onde quiser. A vítima faz a varredura e a sessão vai ser clonada”, e o fraudador terá acesso a todo conteúdo do WhatsApp da vítima. Os riscos são grandes e, por isso, cresce a necessidade de proteção às contas do WhatsApp. 

Aqui, damos quatro dicas de proteção de especialistas em segurança cibernética: 

1. Verificação em duas etapas

“Ative a verificação em duas etapas e forneça um endereço de e-mail caso o PIN seja esquecido”, disse Paloma Szerman, gerente de políticas públicas do WhatsApp para a América Latina, em entrevista à CNN.

Do que isso se trata? Você deve ir até o menu "Configurações", clicar em "Conta" e lá você verá "Verificação em duas etapas".

Você terá que escolher um PIN de seis dígitos, que será solicitado sempre que você quiser registrar seu número em um novo dispositivo, além do código de verificação de SMS.

Depois de inserir seu PIN, o WhatsApp solicitará um e-mail caso você esqueça os seis dígitos e precise restaurá-los.

Bestuzhev ressalta que o ideal seria ter a opção de colocar uma senha complexa em vez de um PIN, mas que essa verificação em duas etapas é fundamental, aliada a uma boa senha para que seu e-mail fique protegido.

2. Não caia na armadilha do QR Code

Se alguém lhe pedir para fornecer um código escrito ou digitalizar um QR Code, há uma grande possibilidade de que seja uma fraude, explica o gerente da Kaspersky. “Você nunca precisa encaminhar esse código ou contar a ninguém”, acrescenta.

Sobre isso, Bestuzhev menciona que devem ser usados scanners de QR Code seguros. “Antes de abrir um arquivo, o scanner informa o que é e dá a reputação desse link, se é malicioso ou suspeito, e não fará uma ação automática para abrir a página”, explica.

3. Não compartilhe códigos e tenha cuidado com as pessoas com quem você compartilha o telefone

A política do WhatsApp diz que você nunca deve compartilhar o código de registro (aquele que chega via SMS ao registrar a conta) ou o PIN de verificação em duas etapas com outras pessoas.

“Sempre dizemos aos nossos usuários para nunca compartilharem o código de verificação do WhatsApp com ninguém, nem mesmo com a família ou amigos, pois isso pode fazer com que alguém acesse sua conta”, detalha Szerman.

“Cuidado com quem tem acesso físico ao telefone. Se alguém acessa fisicamente o telefone do usuário, ele pode usar sua conta do WhatsApp sem sua permissão”, acrescenta.

4. Opções de segurança avançadas

Bestuzhev diz que essas opções não salvam sua conta de um possível roubo, mas acrescentam etapas extras de segurança para questões relacionadas à privacidade.

Sobre esse assunto, Szerman comenta que as opções de segurança avançadas no caso do WhatsApp são a verificação em duas etapas e o reconhecimento biométrico.

No caso dois, é preciso ir até as "Configurações" do seu telefone. Selecionar "segurança e privacidade" e depois "bloqueio de aplicativos".

Uma vez aqui, o usuário poderá determinar um PIN de segurança que será solicitado nos aplicativos que decidir bloquear e também poderá estabelecer uma pergunta secreta para redefinir o PIN caso o esqueça.

(Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em espanhol, clique aqui)

Brasil : HANG NA GLOBO
Enviado por alexandre em 19/05/2021 23:43:06

Havan compra anúncio de R$ 1,3 milhão no Fantástico

Espaço publicitário é um dos mais valorizados da TV brasileira

Luciano Hang estrela comercial da Havan no Fantástico Foto: Reprodução

A rede de lojas Havan, que pertence ao empresário Luciano Hang, decidiu ampliar os anúncios comerciais e comprou um espaço publicitário na TV Globo, durante os comerciais do programa Fantástico, aos domingos. Antes, fazia parte da política comercial da Havan anunciar somente em emissoras aliadas do governo federal, principalmente SBT e RedeTV!.

E o investimento tem sido alto. Para se ter ideia, uma inserção comercial de 60 segundos durante os intervalos do Fantástico custa R$ 1,299 milhão para ser veiculada em todo o país. Se a publicidade aparecer só na Grande São Paulo, maior mercado publicitário do Brasil, o preço fica em torno de R$ 248 mil.

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Antes de anunciar na própria TV Globo, a Havan se limitava a comprar inserções em afiliadas da emissora, além de SBT e RedeTV!. Apresentadores de peso, como Eliana, Celso Portiolli e Ratinho, além de outros artistas, estrelavam o merchandising da rede. Há algum tempo, a Havan também comprou espaço publicitário nos programas Encontro com Fátima Bernardes e É de Casa.

HANG NA GLOBO
Sempre irreverente, Hang estrelou o comercial da própria empresa. Na peça, o empresário aparece em um dos setores da Havan e diz que está recebendo mensagens estranhas. Em seguida, um alien virtual surge e diz que “em toda a galáxia” não há nada igual às lojas Havan. A peça publicitária é intitulada “Uma loja de outro mundo”.

GLOBO DE CASTIGO
Desde 7 de novembro de 2019, Hang havia determinado a suspensão de contratos publicitários com a Globo por não compactuar com o “jornalismo ideológico” da emissora, que é encarada como inimiga de Jair Bolsonaro. O “castigo” imposto à emissora acabou após 17 meses.

– Não compactuamos com jornalismo ideológico e [com] algumas programações da Rede Globo nacional e estamos sendo cobrados pela sociedade e [por] nossos clientes. Enquanto esses programas prestarem um desserviço à nação e estiverem contra os valores da família brasileira, não iremos anunciar [na emissora]. Por ora, manteremos nossas propagandas nas afiliadas e jornais locais, que ainda informam a sociedade de forma mais isenta e conservadora – disse Hang à época.

Hang citou como exemplo de “jornalismo ideológico” os telejornais Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo, além da novela Malhação e o Caldeirão do Huck.

VEJA VÍDEO:https://pleno.news/entretenimento/havan-compra-anuncio-de-r-13-milhao-no-fantastico.html

Brasil : BURROS/COVID
Enviado por alexandre em 19/05/2021 15:20:32

Bolívia estuda soro de plasma de burros para tratar da Covid-19

Instituto aposta em 'tratamento imediato' para casos graves e moderados

Bolívia estuda soro de plasma de burros como tratamento contra Covid-19
Bolívia estuda soro de plasma de burros como tratamento contra Covid-19 Foto: Ansgar Scheffold/Pixabay

A Bolívia está desenvolvendo um soro hiperimune contra a Covid-19 com base no plasma de burros, que ajudaria a “neutralizar” o vírus em casos moderados e graves da doença.

Único laboratório no mundo que utiliza estes animais para obter plasma, o Instituto Nacional de Laboratórios de Saúde da Bolívia (Inlasa) está usando como base para suas pesquisas as amostras de plasmas de três burros, segundo explicou o diretor-técnico da instituição, Gil Fernández, à Agência Efe.

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A expectativa dos cientistas bolivianos é que o soro obtido dos burros seja pelo menos “50 vezes mais potente do que o plasma doado pelos humanos” na luta contra a Covid-19, destacou Fernández.

Os três burros que geram os anticorpos para desenvolver o soro foram batizados como AstraZeneca, Sinopharm e Sputnik, o nome das vacinas utilizadas para a imunização na Bolívia.

O plasma de pessoas que já contraíram Covid-19 é um dos tratamentos utilizados contra a doença no país e foi especialmente requisitado nos momentos de pico de internações, até o ponto em que foram aprovadas regulamentações para estimular a doação.

A ELABORAÇÃO DO SORO
O processo de desenvolvimento do soro começa com a aplicação de uma dose de proteína S, que é uma fração do vírus Covid-19, entre outros componentes, para estimular o sistema imunológico dos burros, e, assim, os animais começam a gerar anticorpos, conforme explicou à Efe o coordenador da divisão de produção do Inlasa, Williams Velasco.

Em seguida, uma série de “imunizações” são realizadas nos animais até que estes tenham uma “elevada carga de anticorpos”; em seguida, é iniciada a “sangria”, por meio da qual uma quantidade de sangue é obtida de cada animal. Depois, os glóbulos vermelhos são “devolvidos” aos burros com vitaminas e aminoácidos, entre outras coisas.

Após a obtenção do sangue do animal, o plasma hiperimune é obtido por meio de um processo químico para fracionar as proteínas de interesse para a Covid-19 e descartar as outras, e, assim, obter um concentrado que, depois, é enviado para os controles de qualidade, disse Fernández.

As amostras são enviadas para o Instituto Vital Brazil para alguns testes, uma vez que essa entidade brasileira trabalha com plasma de cavalo, detalhou Fernández.

A primeira sangria foi realizada em março e dela foi obtido um litro de plasma dos burros. Agora, a segunda está sendo desenvolvida para dar continuidade à avaliação do plasma.

Segundo Velasco, a decisão de usar anticorpos de burro foi baseada no fato de estes animais se adaptarem bem às alterações climáticas e à altitude de 3.600 metros de La Paz, onde se encontra o laboratório.

O soro deverá agora ser avaliado pela Agência Estatal de Medicamentos e Tecnologia na Saúde da Bolívia (Agemed) para depois obter um registro sanitário e, assim, estar finalmente disponível à população.

BENEFÍCIOS DO SORO
Este soro constituiria “um tratamento imediato” para pacientes de Covid-19 em situação “moderada e grave”, uma vez que são anticorpos que já foram gerados e que ajudarão a “neutralizar o vírus”.

De acordo com Fernández, outros plasmas hiperimunes de animais (como os cavalos), que são desenvolvidos no Brasil e na Argentina já ajudaram a baixar a letalidade em casos graves de doentes com coronavírus.

Segundo o especialista, o plasma desenvolvido com animais é um concentrado de anticorpos feito por várias imunizações, enquanto aquele doado por humanos não tem essa característica nessa escala.

E é por isso que estão “otimistas” com os resultados dessas primeiras sangrias de burros que poderiam tornar-se uma alternativa na Bolívia para tratar a Covid-19.

As análises indicam que um paciente poderia receber até duas doses deste potente soro, mas esses detalhes ainda não são concretos, estão à espera do progresso das avaliações.

A Bolívia já registrou 334.824 casos de Covid-19 e 13.566 mortes pela doença desde que o primeiro caso foi identificado, em março do ano passado. Em relação à vacinação, 857.492 pessoas já foram imunizadas com a primeira dose de vacina e 288.562 também com a segunda.

*EFE

Brasil : PARASIDÍACO
Enviado por alexandre em 15/05/2021 01:56:13

Crise na Venezuela o local onde quase ninguém quer morar
  • Guillermo D Olmo - @BBCgolmo
  • Da BBC Mundo em Rio Chico, na Venezuela
Praia de Barlovento.

Crédito, Andrés Morante

Legenda da foto,

As praias de Barlovento perderam muitos de seus visitantes nos últimos anos

Durante décadas, Rio Chico foi um paraíso perfeito para férias, o lugar junto ao Caribe onde muitos venezuelanos iam para descansar e se desconectar da agitação da cidade.

Agora está explodindo em criminalidade.

Todos os fins de semana, uma multidão de residentes da capital, Caracas, partia para o leste em uma rodovia, que era na época uma das mais movimentadas do país em busca de sol e prazer.

Em Barlovento, uma região no norte da Venezuela repleta de vilas turísticas e praias incríveis, muitas das casas antes elegantes ocupadas por turistas agora estão abandonadas.

Fernando Valera, um dos poucos que comprou uma casa no município de Rio Chico e reluta em sair, me explica: "Há uma casa que está sendo vendida por US$ 3 mil, mas a maioria dos proprietários simplesmente abandonou as que tinham" .

A causa: a ameaça de crime.

Fernando em casa
Legenda da foto,

Fernando Valera foi agredido 5 vezes em sua casa, mas está relutante em sair

Existem muitas propriedades disponíveis aqui. A maioria as vende por muito pouco dinheiro ou os proprietários cedem os imóveis para alguém que cuide deles.

Raúl López, que foi secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Miranda, que abrange a região de Barlovento, lembra que "nos bons tempos, as casas aqui custavam pelo menos US$ 80 mil (R$ 422 mil)".

"Agora ouvi falar de alguém que estava vendendo duas casas e um barco por US$ 30 mil (R$ 158 mil)."

Mas, apesar dos descontos, os interessados ​​não aparecem.

Uma das áreas mais abandonadas é o Canales de Rio Chico. Empreendimento da década de 1970, seus desenvolvedores queriam emular alguns dos comdomínios exclusivos em Miami e outros locais costeiros dos EUA, onde os proprietários de casas de luxo podem levar seus barcos até à entrada de suas casas.

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Final de YouTube post, 1

Foram construídos cursos de água, cais e até um campo de golfe. O negócio deu resultado rapidamente.

"Na década de 1980, houve um verdadeiro boom no Rio Chico de pessoas que compravam casas de veraneio aqui e vinham passar fins de semana e descansar", diz López.

Casa em Río Chico, Venezuela
Legenda da foto,

Casas como essa estão à venda hoje por US$ 3 mil, quando há alguns anos seu valor era muito mais alto

O que mudou

Mas as coisas começaram a mudar drasticamente em 2013, quando o governo iniciou um processo de negociação com dezenas de gangues de criminosos para promover seu desarmamento e reintegração social.

Foram criados os chamados Quadrantes da Paz, territórios nos quais, em troca da promessa de abandono da violência, o Estado deixaria de perseguir os criminosos e forneceria recursos para que fossem economicamente viáveis ​​sem cometer crimes.

Barlovento era um desses quadrantes.

"Essas áreas de paz logo se tornaram um refúgio para as gangues. De Barlovento elas conduziam suas atividades criminosas em Caracas", diz López.

Para os proprietários, começou um calvário. "Primeiro eles enfrentaram pequenos furtos, de modo que toda vez que voltavam para casa para passar o fim de semana, descobriam que algo estava faltando, mas depois as coisas pioraram e os sequestros começaram."

Além da deterioração econômica do país, que há vários anos atravessa uma profunda crise econômica que tem provocado a migração de milhões de venezuelanos, e as crescentes dificuldades na obtenção de gasolina, muitos desistem de Barlovento para sempre.

"Muitas casas são boas, com piscina e só a manutenção já custa um bom dinheiro", enfatiza López.

Casas junto al mar en Barlovento.
Legenda da foto,

Esta imagem de alguns anos atrás mostra algumas das casas da região

Fernando Valera é um dos poucos que não desistiu. "Já fui roubado aqui cinco vezes", diz ele.

"A primeira vez havia entre 15 e 20 homens com fuzis e roupas militares. Eles saíram da mata, apontaram as armas para minha esposa e minhas sobrinhas, que estavam na piscina, e me tiraram do chuveiro. "

Valera lembra que eles agiram com disciplina militar. "Teve um líder que nos deu ordens e nos tratou bem. Os outros obedeceram; levaram tudo e foram embora."

Outros não eram tão "profissionais". "Em um dos assaltos eles estavam muito nervosos e colocaram um facão no pescoço da minha esposa."

"Eles levaram tudo"

Depois de tanto roubo, sua vasta propriedade parece quase vazia. A cozinha hoje tem apenas os itens essenciais; e na sala, um par de poltronas e um velho CD player. "Não quero ter nada que chame a atenção, porque aí eles vêm e levam tudo."

Como muitos outros que passaram por experiências semelhantes na região, sua família não quer voltar ao lugar que ele um dia sonhou transformar em um lugar de descanso ideal para eles.

Em 2010, ele investiu ali o que recebeu como indenização, quando deixou de trabalhar na indústria têxtil em Caracas para se aposentar em um lugar onde "se podia esquecer tudo".

Ouvindo o canto dos pássaros tropicais que voam entre as palmeiras do seu jardim, é fácil entender o que diz.

Mas, enquanto falamos, um agente da Guarda Nacional aparece em uma motocicleta para lembrar que o equipamento de gravação da BBC não deve ficar à vista por muito tempo. "Essa área não é muito segura", avisa.

Criminosos "eliminados"

A presença da polícia na região do Rio Chico aumentou nos últimos tempos e Fernando diz que vive com mais tranquilidade desde que foi instalado um comando da Guarda Nacional perto de sua casa. Soldados costumam passar por lá e verificar se ele está bem.

Mas algumas das táticas policiais causaram polêmica e críticas internacionais ao governo de Nicolás Maduro.

"As coisas estão melhorando porque muitos dos bandidos que invadiram essa área foram eliminados", diz Fernando.

Ele diz que poucos dias antes de nosso encontro, três supostos criminosos foram mortos pela Força de Ações Especiais da Polícia. Ele não é o único em Rio Chico que relata que agentes invadiram os esconderijos de criminosos na floresta.

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas relatou milhares dessas "execuções extrajudiciais" na Venezuela nos últimos anos.

O governo não respondeu quando a BBC Mundo pediu informações.

Policía en Venezuela

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

A Força Policial de Ações Especiais foi acusada de cometer execuções extrajudiciais. (Imagem de arquivo)

"Não é que eu esteja feliz que eles sejam eliminados, mas pelo menos espero que haja tranquilidade", diz Valera sobre os criminosos assassinados.

Ruínas modernas

No município de Río Chico não é difícil encontrar antigas vilas de veraneio em ruínas.

Villa vacacional abandonada en Río Chico.
Legenda da foto,

Rio Chico é pontilhada de vilas vazias que agora estão abandonadas.

Algumas eram propriedade de grandes empresas do país, que as ofereciam a preços vantajosos aos seus empregados, ou do Estado, que há muito deixou de cuidar da sua manutenção.

Famílias muito pobres encontraram abrigo nelas e grupos de crianças descalças podem ser vistos em suas ruas carregando baldes de água à mercê dos mosquitos noturnos.

Perto dali fica Caño Copey, a imensa e deserta praia onde Carlos Quintana passa seus dias.

Ele conta que em sua época serviu na escolta pessoal do falecido Hugo Chávez. Agora ele é o salva-vidas em uma praia que dificilmente frequenta.

"Passo o dia todo sentado, olhando a água, a areia e a brisa."

Os anúncios turísticos que sobrevivem na internet descrevem Caño Copey como "um lugar onde se terá os serviços turísticos necessários para passar um dia tranquilo na praia".

Também na web há vídeos que mostram uma visão panorâmica das casas com piscinas, das praias e da rede de canais que percorrem a região.

Playa en Barlovento hace unos años.

Crédito, Andrés Morante

Legenda da foto,

Barlovento é um destino tradicional de férias para os venezuelanos de classe média e alta

Nenhuma dessas imagens idílicas corresponde às cenas a que o salva-vidas está acostumado.

"Certa vez, vi alguns turistas que acabavam de chegar à praia sendo agredidos e ameaçados com faca. Queria intervir, mas poderia ter me machucado."

Sem visitantes urbanos para extorquir ou roubar, agora são os fazendeiros de cacau da região que têm de pagar às gangues que fizeram de Barlovento sua fortaleza.

Quem aqui ficou teve de se adaptar ao desaparecimento do turismo, o que agravou ainda mais o impacto da crise.

Quintana, por exemplo, alimenta os seus dois filhos com as bananas que crescem na sua horta e as sardinhas que consegue pescar neste litoral solitário porque o seu salário só dá para uns pacotes de arroz.

El socorrista Carlos Quintana.
Legenda da foto,

Carlos Quintana é o salva-vidas de uma praia onde quase ninguém toma banho

Ele tem saudades do tempo em que as coisas eram diferentes.

"Nos carnavais ou nos finais de semana vinham muitos turistas e havia muito movimento nas vilas da praia", explica, apontando com o dedo o que resta das casas à beira-mar.

Quintana me guia até uma delas. Sobrou pouco mais além da fachada e do terreno, mas a localização privilegiada a poucos metros de onde as ondas quebram e as suas generosas dimensões dão uma ideia do seu esplendor passado.

"Os proprietários subiam no telhado ao final do dia para ver o pôr-do-sol e tomar uns drinks enquanto ouviam música", lembra.

Quando eles pararam de vir, os criminosos apareceram. "Eles levaram os banheiros, as portas, as janelas, tudo ..."

E poderia ter sido pior. "Assim que aparece alguém que parece levar uma vida normal, eles o agridem ou sequestram e o forçam a pagar por extorsão".

Brasil : DESEMPREGO
Enviado por alexandre em 13/05/2021 23:54:31

Doutor em engenharia espacial vende doces

"Tenho só uma palavra para definir o que eu sinto: frustração. Estudar, estudar, tentar e não conseguir nada. Você se sente como um incapaz."

A afirmação é de Maycol Vargas, de 33 anos e graduado em engenharia aeronáutica, com mestrado e doutorado em engenharia e tecnologia espaciais, na área de combustão e propulsão, pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Depois de defender sua tese no início de 2020, o morador de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, se viu desempregado com doutorado.

"Mandei currículo até para auxiliar de serviços gerais, mas está difícil. Montei um negócio próprio e estou fazendo doces, porque eu estava sem nenhuma renda. Isso me rende uns R$ 400, R$ 500 por mês, no máximo. Um profissional da minha área normalmente ganha na faixa de R$ 13 mil a R$ 15 mil."

Maycol é um dos milhões de profissionais brasileiros qualificados e subutilizados em meio à pandemia do coronavírus.

Entre o quarto trimestre de 2019 e igual período de 2020, o número de trabalhadores com ensino superior subutilizados passou de 2,5 milhões para 3,5 milhões, um aumento de 43%.

Na população em geral, considerando todos os níveis de qualificação, os subutilizados passaram de 26,1 milhões a 32 milhões nesse mesmo intervalo, crescimento de 23%.

Quem são os subutilizados

A subutilização da força de trabalho é um indicador mais amplo do que a desocupação.

Além dos desempregados, a subutilização também inclui aqueles que estão trabalhando menos horas do que gostariam; que desistiram de procurar emprego (os chamados desalentados); ou que gostariam de trabalhar, mas por algum motivo - como ter que cuidar dos filhos que estão fora da escola ou de idosos, por exemplo - não estavam disponíveis.

"A taxa de desemprego é uma medida super importante, mas ela deixa de fora todas essas pessoas que também estão numa situação de insatisfação com a situação de trabalho delas", explica Ana Tereza Pires, pesquisadora da consultoria IDados e autora do levantamento, elaborado a partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

"A subutilização é um retrato mais amplo do mercado de trabalho e dessa ineficiência em alocar todo mundo que tem potencial de trabalhar dentro da força de trabalho", acrescenta a economista.

"Especialmente nessa época de pandemia, essa é uma medida muito importante, porque muita gente desistiu de procurar trabalho ou estava procurando emprego, mas ficou indisponível para trabalhar, como no caso das mães. Então esse indicador dá conta de um contingente maior de brasileiros num momento de crise."

Homem engravatado segura uma caixa com seus materiais de escritório após ser demitido

Crédito, RUNSTUDIO/Getty Images

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Taxa de desocupação dos trabalhadores com ensino superior passou de 5,6% para 6,9% entre o quarto trimestre de 2019 e igual período de 2020

O desemprego para quem tem ensino superior

A taxa de desocupação entre os trabalhadores com ensino superior é historicamente mais baixa do que a dos trabalhadores em geral. Entre o quarto trimestre de 2019 e igual período de 2020, ela passou de 5,6% para 6,9%, aumento de 1,3 ponto percentual.

Nesse mesmo intervalo, a taxa de desemprego para a população em geral subiu de 11% para 13,9%, um aumento de 2,9 ponto percentual.

A diferença histórica no nível de desocupação entre os mais e os menos qualificado se explica pela parcela ainda relativamente pequena de pessoas com ensino superior no país. Segundo o IBGE, no quarto trimestre de 2020, apenas 16,5% da população brasileira em idade de trabalhar havia concluído o nível superior.

Como esse profissionais mais qualificados são relativamente escassos no país, em geral, eles têm mais facilidade de encontrar uma vaga no mercado de trabalho.

"Olhando a taxa de desemprego entre o final de 2019 e o final de 2020, ela cresceu muito no mercado de trabalho como um todo. Para quem tem ensino superior, houve um crescimento, mas não muito elevado", observa a pesquisadora do IDados.

"Isso poderia levar a crer que os trabalhadores com ensino superior não foram muito afetados pela crise decorrente da pandemia. Mas, quando olhamos para a subutilização, fica claro que as pessoas com ensino superior estão bastante representadas."

Ilustração mostra três jovens vestidos com becas e chapéus de formatura, segurando currículos e usando máscaras contra a covid-19, enquanto pequenos coronavírus na cor vermelha flutuam à volta deles

Crédito, Piscine/Getty Images

Legenda da foto,

Recém-formados são parte importante do contingente de trabalhadores subutilizados com ensino superior

Por que a subutilização aumentou entre os mais qualificados

A economista avalia que os mais instruídos foram menos afetados pelo desemprego na pandemia devido à maior possibilidade desses trabalhadores de fazerem home office.

Segundo dados da pesquisa Pnad Covid-19 referentes a novembro de 2020 (o último dado disponível, posto que a pesquisa foi descontinuada pelo IBGE), dos 7,3 milhões de pessoas que estavam trabalhando de forma remota naquele mês, 76% tinham ensino superior completou ou pós-graduação.

"Muitos dos trabalhadores com ensino superior que saíram da força de trabalho não foram para o desemprego, foram direto para a inatividade. Não foram procurar emprego, seja por terem uma situação econômica melhor e poderem esperar uma melhora do mercado, ou por terem que cuidar da casa e dos filhos, no caso das mulheres."

O IBGE só considera como "desempregado" quem efetivamente procurou emprego no período recente.

Das três categorias de subutilização dos trabalhadores com ensino superior analisadas pela pesquisadora, o número de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas cresceu 13%; o número de desocupados aumentou 33%; e o contingente de pessoas na chamada força de trabalho potencial (que inclui os desalentados e os indisponíveis) mais do que dobrou, com um avanço de 138% entre o fim de 2019 e o de 2020.

Marianna Rodrigues Martelo vestindo touca e roupas de proteção durante um estágio em odontologia na faculdade

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Marianna Rodrigues Martelo, de 27 anos, se formou em odontologia em dezembro de 2020, mas ainda não conseguiu emprego na área

O drama dos recém-formados

Um grupo importante desses trabalhadores subutilizados com ensino superior são os recém-formados.

Historicamente no Brasil, o desemprego sempre foi maior para a população mais jovem, de todos os níveis de instrução. Isso porque o mercado costuma exigir uma experiência que esses trabalhadores não têm.

"Muitos dos que acabaram de se formar podem ter optado por não sair para procurar emprego agora, porque sabem que a dificuldade é muito grande. Então eles acabam entrando nessa força de trabalho potencial", explica Pires.

Marianna Rodrigues Martelo, de 27 anos, tem vivido na pele essa realidade. A moradora de Guarulhos (SP) se formou na faculdade de odontologia em dezembro de 2020, mas ainda não conseguiu encontrar um emprego na área.

"Já devo ter mandado pelo menos 100 currículos, só hoje mandei uns 20", conta Marianna.

"A maioria das vagas pede experiência e que se tenha pelo menos um ou dois anos de formado. Isso complica, porque eu sou recém-formada", afirma. "A pandemia também pode estar dificultando, porque diminuiu a oferta de vagas, já que a economia não está girando corretamente."

Renata Dornelles da Cruz e suas sócias Priscilla e Cassiana Alves da Silva

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Renata Dornelles da Cruz (centro) e suas sócias Priscilla e Cassiana Alves da Silva, donas do salão de beleza Africaníssimas, em São Leopoldo (RS): na pandemia, Renata tem dedicado apenas duas manhãs por semana ao negócio

Os empregadores que estão trabalhando menos do que gostariam

Um outro grupo relevante de pessoas qualificadas e subutilizadas na pandemia são os empregadores que estão trabalhando menos do que gostariam, devido às restrições ao funcionamento de empresas, particularmente no setor de serviços.

"Há um número muito alto entre os subutilizados qualificados na pandemia de pessoas que são chefes de família e homens e mulheres brancos, que geralmente não ficam fora da força de trabalho e agora passaram a ficar", observa Pires, do iDados.

"Então isso pode estar relacionado a esses pequenos empresários que acabaram fechando ou dando um tempo nos seus negócios até a coisa melhorar ou cujas empresas não estão produzindo tanto quanto poderiam."

Conforme o levantamento, 41% dos trabalhadores qualificados e subutilizados eram chefes de família no quarto trimestre de 2020 e 58% eram brancos.

A empresária Renata Dornelles da Cruz, de 38 anos e moradora de São Leopoldo (RS), não é branca, mas é um exemplo desses pequenos empresários que estão trabalhando menos do que gostariam na pandemia. São os chamados subutilizados por insuficiência de horas trabalhadas.

Formada em turismo e jornalismo, com especialização em Moda, Criatividade e Inovação pelo Senac, Renata é proprietária, ao lado de duas sócias, do salão de beleza especializado em cabelo afro Africaníssimas.

Com a queda de movimento devido às restrições impostas pelo coronavírus e sem conseguir renegociar o aluguel, em março deste ano, as sócias tiveram de devolver o espaço que ocupavam numa galeria na região central de São Leopoldo e instalaram o salão num imóvel próprio no bairro mais afastado de Cohab Feitoria.

"Antes eu ia ao salão todo dia. No ano passado, passei a ir no máximo duas vezes por semana e ficar só meio turno, para deixar mais espaço para as clientes e porque moro com meus pais que são grupo de risco", conta Renata, que cuida do marketing, das redes sociais e da gestão financeira da empresa.

"Esse ano, com a mudança de endereço, estou totalmente em modo remoto. Como não tem mais tantos clientes, não tenho mais tanto conteúdo para produzir. Antes eu trabalhava com as tarefas do salão todos os dias, de segunda a sábado, quando não domingo. Agora, resolvo tudo em duas manhãs", relata, quanto à redução das suas horas de trabalho.

Mulher negra descalça varrendo o chão de uma cozinha

Crédito, FG Trade/Getty Images

Legenda da foto,

Subutilização dos mais qualificados afeta, por exemplo, a demanda por trabalho doméstico

Os efeitos para a economia como um todo

Apesar de as histórias de desemprego e subutilização entre os mais qualificados serem menos dramáticas do que entre os menos qualificados, que em geral são a população de baixa renda, a perda de rendimentos entre os mais escolarizados tem efeito sobre a economia como um todo.

Isso porque são esses trabalhadores que recebem a maior parcela da massa de rendimentos do país - a massa de rendimentos é a soma de todos os salários. Com isso, eles também são responsáveis pela maior parte do consumo, movimentando a economia.

"Quem tem ensino superior no Brasil não é a maioria, mas sem dúvida é quem concentra a maior quantidade de renda e quem mais acaba demandando produtos e serviços", explica a pesquisadora do IDados.

"Por exemplo, o serviço de empregada doméstica e serviços não essenciais como salão de beleza e restaurantes, são muito mais demandados por pessoas com ensino superior e maior nível de renda. Então esses serviços acabam sendo afetados", diz Pires.

Segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) publicado ao fim de abril, entre o quarto trimestre de 2019 e igual período de 2020, o contingente de trabalhadores domésticos do Brasil diminuiu de 6,4 milhões para 4,9 milhões, o que representa 1,5 milhão de pessoas a menos prestando esse tipo de serviço.

"Todo o cenário econômico nesse momento está condicionado ao combate à pandemia e à estratégia de vacinação", avalia a economista.

"Se tivermos uma campanha de vacinação efetiva, os mais qualificados vão voltar a trabalhar como antes, já que eles no geral são mais demandados. Mas é difícil traçar um cenário quando as estratégias de vacinação estão tão incipientes", conclui.

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