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Brasil : FÉ SEMPRE
Enviado por alexandre em 25/10/2021 09:47:18

Idosa de 110 anos diz que fé a ajudou a passar por guerras, pandemias e segregação

Viola Roberts Lampkin Brown sobreviveu ao pior dos tempos. Nascida em 4 de outubro de 1911, era uma criança quando o Titanic afundou, na Primeira Guerra Mundial tinha 3 anos, e sobreviveu à pandemia de gripe em fevereiro de 1918 com 6 anos de idade.

Brown pode comemorar o seu 110º aniversário neste ano depois de sobreviver a pandemia mundial da Covid-19. Para a idosa, foi a sua confiança em Deus que a manteve viva durante a doença mais mortal da história dos EUA.

Sua idade a colocou em um clube exclusivo de adultos mais velhos com pelo menos 110 anos, conhecidos como supercentenários. Ela credita sua em Deus como fonte da sua longevidade.

“Ele [Deus] me acorda de manhã. Ele me diz o que fazer. Eu não me preocupo com as coisas ”, disse Brown em uma entrevista para o The Christian Post na sua casa em Berryville, na Virgínia.

Existem apenas 17 pessoas no mundo mais velhas do que Brown e todas são mulheres, segundo o Grupo de Pesquisa em Gorontologia. Agora o Conselho de Supervisores do Condado de Clarke proclamou o dia 4 de outubro como o Dia da Viola Roberts Lampkin.

O sobrinho de Brown, Andrew Roberts, conta que sua tia-avó está sempre faland de Jesus e contagia a todos com seu exemplo de fé. “Tudo que ela fala e faz, ela honra e louva a Deus. Ela é literalmente uma cristã”, disse ele ao The Christian Post.

Brasil : GREEN CARD
Enviado por alexandre em 25/10/2021 00:43:21

Brasileiros residentes nos EUA não podem se inscreverem na loteria do green card

Estão abertas as inscrições para o Diversity Immigrant Visa Program, popularmente conhecido como loteria do green card, para o ano fiscal de 2023. As inscrições vão até o dia 9 de novembro.

Serão distribuídos 55 mil green cards a imigrantes de países que têm baixos índices de imigração para os Estados Unidos, o que não é o caso do Brasil.

Para conseguir o tão sonhado documento, basta ser sorteado pelo computador, que escolhe os nomes de forma aleatória. A exigência para a participação do programa é ter o segundo grau completo ou dois anos comprovados de trabalho em certas áreas.

Segundo o Departamento de Estado, a maioria dos green cards sai para imigrantes do Egito, Sudão, Rússia e Argélia.

Estão proibidos de participar do programa os cidadãos dos seguintes países: Brasil, Bangladesh, Canadá, China (incluindo Hong Kong), Colômbia, República Dominicana, El Salvador, Haiti, Honduras, Índia, Jamaica, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Coreia do Sul, Reino Unido, Venezuela e Vietnã.  

Para mais informações acesse este link.

Governo anuncia fim de blitz imigratórias para prender trabalhadores indocumentados

Foco, a partir de agora, será nos empregadores que exploram trabalhadores em documentos


Batida-do-ICE-em-supermercado da Califórnia prendeu 26 imigrantes em 2019

O Departamento de Homeland Security (DHS) anunciou esta semana que não vai realizar operações em locais de trabalho para prender imigrantes indocumentados. A partir de agora, o foco será nos empregadores que, segundo o governo, “exploram a vulnerabilidade de imigrantes sem autorização para trabalhar nos Estados Unidos”.

De acordo com o secretário de Homeland Security, Alejando Mayorkas, o objetivo da medida é proteger esses trabalhadores, caso queiram registrar queixas contra o seu empregador. Mayorkas orientou que a agência imigratória proteja esses trabalhadores da deportação enquanto as suas reivindicações são investigadas.

O governo destacou que muitas empresas exploram a falta de status imigratório desses trabalhadores com baixos salários, tráfico humano e exploração infantil. Mayorkas disse que as investigações mostram que essas blitz punem, na maior parte das vezes, o imigrante e não o empregador.

“As operações do ICE em locais de trabalho resultam na prisão de centenas de trabalhadores e não eram focadas em punir os donos de empresas que exploram esses imigrantes”, disse o secretário.

A iniciativa foi elogiada pelo National Immigration Law Center. “Essa medida do governo vai garantir que esses imigrantes que trabalham em escolas, fábricas, processadoras de alimentos, hospitais, construção e em outros lugares, possam trabalhar em paz e denunciar casos de exploração”.


Mais de 1.7 milhão de imigrantes foram detidos na fronteira no ano fiscal de 2021

Ano fiscal vai de outubro de 2020 a setembro de 2021; dados antecipados pelo The Washigton Post mostram que esse é o maior número de apreensões já registrado


Prisões na fronteira bateram recorde no ano fiscal de 2021 (Foto CBP)

Agentes do Border Patrol prenderam 1.7 milhão de pessoas tentando atravessar a fronteira dos Estados Unidos com o México no ano fiscal de 2021 – período entre outubro de 2020 e setembro de 2021 -, de acordo com dados antecipados pelo The Washington Post. Esse número é recorde e nunca foi registrado anteriormente.

A maior parte dos imigrantes apreendidos são do México e da América Central seguidos por haitianos, venezuelanos, brasileiros e cubanos, além de dezenas de outros países categorizados pelo governo como “outros”.

Os números do U.S. Customs and Border Protection (CBP) mostram que 608 mil mexicanos foram detidos, seguidos de 309 mil hondurenhos, 279 mil guatemaltecos e 96 mil de El Salvador. Cerca de 46 mil brasileiros foram presos na fronteira, número 1000% maior que no ano anterior.

Esse é um dos principais desafios do governo Joe Biden, que vem sendo criticado por não conseguir amenizar o problema. Em agosto, o secretário do Homeland Security, Alejandro Mayorkas, disse que “esse é um problema grave e complicado, que envolve pessoas vulneráveis que estão sofrendo os efeitos desastrosos da pandemia”.

Entre 2012 e 2020, em média, 539 mil pessoas foram detidas por ano na região — menos de um terço da quantidade deste ano. Entre outubro do ano passado e janeiro deste ano, em meio às restrições pandêmicas mais acirradas, os números ficaram na casa dos 70 mil por mês. Dispararam, contudo, a partir de fevereiro, ultrapassando os 100 mil mensais, até chegar ao recorde de 213.224 em julho.

Brasil : CAMINHÕES/EXCESSO
Enviado por alexandre em 22/10/2021 23:23:47

Sancionada lei que eleva tolerância no excesso em caminhões

Presidente também anunciou que o governo federal concederá uma ajuda aos caminhoneiros autônomos diante da alta no preço do diesel

Proposta de ajuda aos caminhoneiros autônomos não agradou a parte da categoria
Proposta de ajuda aos caminhoneiros autônomos não agradou a parte da categoria Freepik/aleksandarlittlewolf

Da Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou, nesta sexta-feira (22) uma lei que aumenta de 10% para 12,5% a tolerância para o excesso de peso por eixo de ônibus de passageiros e de caminhões de carga sem a aplicação de multas ou penalidades.

O texto resulta da aprovação, pelo Congresso, de projeto de conversão de medida provisória editada pelo Poder Executivo.

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Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência justifica a sanção: “É importante e atende a reivindicação de caminhoneiros, tendo em vista que grande parte das multas esbarram no limite de tolerância para o excesso de peso por eixo ora ajustado dentro da razoabilidade e proporcionalidade exigida”.

Ontem (21), Bolsonaro anunciou que o governo federal concederá uma ajuda aos caminhoneiros autônomos diante da alta no preço do diesel.

Segundo o presidente, cerca de 750 mil caminhoneiros deverão receber a ajuda do governo federal. Bolsonaro, no entanto, não deu detalhes de como o auxílio acontecerá.

“Os números serão apresentados nos próximos dias. Vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel”, disse.

Nas últimas semanas, grupos de caminhoneiros têm se articulado para uma nova paralisação diante da alta no preço diesel.

“Fazemos isso porque é através deles que as mercadorias e alimentos chegam aos quatro cantos do Brasil. São momentos difíceis, mas ninguém vai ficar para trás”, disse o presidente.

Reação do mercado

O mercado financeiro, que já reagia à ameaça do fim do teto de gastos, intensificou já na própria quinta-feira o temor de risco fiscal após a declaração de Bolsonaro logo após a declaração do presidente.

Hoje, o mau humor no mercado continua, com e olho no cenário doméstico, com a debandada da Economia e a crise fiscal no Brasil.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram demissão ontem, junto com dois outros secretários adjuntos.

Crítica dos caminhoneiros

A proposta de ajuda aos caminhoneiros autônomos não agradou a parte da categoria, como os representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).

“O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade. Para as petroleiras (dão) um trilhão, para o caminhoneiro humilhação”, disse o diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer.

Já o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, disse defender outra pauta, a da “sobrevivência da categoria”. “O governo não poderá nos ajudar para sempre”, afirmou Dias.

(Com informações do Estadão Conteúdo)


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Brasil : ÓLEO DE PATAUÁ
Enviado por alexandre em 22/10/2021 00:14:27

Saiba tudo sobre o azeite amazônico que faz o cabelo crescer

Do coração da Floresta Amazônica, com sua rica biodiversidade, emerge uma palmeira que se destaca pelo tamanho, atingindo até 25 metros de altura. A folhagem, voltada para cima, lembra uma coroa vegetal. Os cachos, apinhados de um fruto roxo escuro quando maduro, pendem do topo como rabos-de-cavalo.

Você já ouviu falar do óleo do fruto do Patauá, conhecido como "azeite amazônico" ?

Seu fruto é rico em óleo com ácidos graxos, semelhante ao óleo de oliva. Esse óleo é conhecido das comunidades do Norte brasileiro, usado no tratamento de doenças respiratórias, na culinária, e também no cuidado pessoal, para crescimento e fortalecimento dos cabelos.

O óleo desta palmeira que pode ser encontrada apenas no Brasil, Peru, Equador e Venezuela.

Reprodução: Internet

Beleza

Devido ao seu alto teor em ácido oleico, o óleo da Amazônia de Patauá natural apresenta propriedades hidratantes excelentes para recuperar as peles ressecadas, através da formação de um filme lipídico sobre a epiderme.  Já nos cabelos, o óleo de patauá tem o poder de fazer com que o fio permaneça por mais tempo na fase de crescimento, a chamada fase anágena, graças à inibição da síntese da proteína STAT3. Com isso, intensifica-se o crescimento e fortalecimento dos fios.

Como usar

Na pele:  O óleo de patauá pode ser usado diariamente, puro ou misturado a cremes de sua preferência, no rosto e no corpo.

Nos cabelos: É possível usar o óleo de patauá nos cabelos de diferentes maneiras.

Como pré-shampoo: é só aplicar o óleo no comprimento e raiz dos fios antes do banho, massageá-los e então lavar com shampoo. Dessa maneira, o óleo atuará como protetor dos fios, impedindo-os que fiquem ressecados por causa da ação do shampoo.

Na umectação capilar: aplique o ingrediente na raiz e comprimento dos fios e massageie bem as mechas de cabelo. Aguarde cerca de duas horas e então lave os cabelos. Faça esse procedimento no máximo uma vez por semana.

Vinho de patauá

Vinho de patauá /Foto: Juliana Lima | Flickr

Nos mercados abertos de Belém, a importância do "vinho de patauá" (parecido com leite com chocolate) é preparado semelhante ao "vinho" de açaí.

O vinho do Patauá é feito artesanalmente após a colheita dos frutos. Eles são lavados, colocados em água quente para amolecer, socados em pilão, coados para separar o líquido do bagaço, que servirá para alimentar os animais.

Brasil : ALFABETIZAÇÃO
Enviado por alexandre em 22/10/2021 00:04:13

Como a alfabetização sofreu na pandemia, criança que já deveria saber ler e ainda não domina o ABC
  • Paula Adamo Idoeta
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Criança escrevendo em foto de arquivo de escola da zona Sul de SP

Crédito, MILTON MICHIDA/A2/GOV DE SP

Legenda da foto,

Das mais de 5 milhões de crianças sem acesso à educação na pandemia no Brasil, cerca de 40% tinham entre 6 e 10 anos ; acima, criança escrevendo em foto de arquivo de escola da zona Sul de SP

Na turma da professora Ana Carolina Guimarães há, hoje, desde crianças que já conseguem ler textos com facilidade até os alunos que, aos 8 ou 9 anos de idade, ainda sequer criaram familiaridade com todas as letras do alfabeto.

O cenário da volta às aulas preocupou a professora do 3° ano do ensino fundamental 1 na Escola Estadual São Bento, em Belo Horizonte (MG) - que por enquanto está funcionando em modelo híbrido, em que as crianças alternam entre uma semana na escola e uma semana no ensino remoto.

A preocupação da professora se deve ao fato de que, em condições normais, no 3° ano, as crianças já costumam estar na fase final do aprendizado básico de leitura e escrita.

"Todos os alunos teriam que estar lendo, e não é a realidade. Percebemos que há uma carência nesse retorno às aulas e que a alfabetização foi muito afetada pela pandemia", diz Guimarães à BBC News Brasil.

Crianças vulneráveis de 5 a 10 anos de idade - e, portanto, as que cursam o final da educação infantil e todo o ensino fundamental 1 - foram um grupo particularmente sensível às dificuldades dos mais de 18 meses de ensino à distância na pandemia. É porque elas estão em uma fase crucial de seu desenvolvimento escolar: a da alfabetização e da consolidação da leitura, da escrita e dos fundamentos matemáticos.

E também porque, nessa idade, elas têm pouca autonomia no ensino remoto, e portanto o contato próximo aos professores fez muita falta.

Em abril, uma pesquisa divulgada pela Unicef (braço da ONU para a infância) e a organização Cenpec Educação apontou que a faixa etária correspondente ao ensino fundamental 1 foi a mais afetada pela exclusão escolar durante a pandemia.

Segundo a pesquisa, das mais de 5 milhões de crianças e adolescentes que estavam sem acesso à educação no Brasil em novembro de 2020, cerca de 40% tinham entre 6 e 10 anos de idade.

"Isso engloba desde crianças que não estavam matriculadas nas escolas ou que, no último mês (antes da pesquisa), não tinham tido nenhum tipo de contato com sua escola, nem por WhatsApp ou por acesso às aulas online. E o vínculo com a escola é importantíssimo", explica Anna Helena Altenfelder, presidente do Cenpec.

Um ponto crucial é que, até a ruptura causada pela pandemia, essa era uma faixa etária em que o ensino estava praticamente universalizado no Brasil, ou seja, quase todas as crianças dessa idade estavam frequentando a escola.

Além disso, o ensino fundamental 1 público vinha melhorando constantemente seus indicadores de ensino - e embora estivesse aquém do ideal, repetidamente superava as metas oficiais de desempenho na grande maioria dos Estados brasileiros. Segundo os dados mais recentes, de 2019, o Brasil tinha em média 57% dos alunos do 5° ano do fundamental 1 com conhecimentos adequados em língua portuguesa, aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2015.

Crianças escrevendo, em foto de arquivo
Legenda da foto,

Faixa etária de 5 a 10 anos, que coincide com a do ensino fundamental 1, foi particularmente afetada pela exclusão e pela evasão escolar no período de ensino remoto

Agora, a pandemia reverteu, pelo menos temporariamente, essa universalização e corre o risco de trazer retrocessos em conquistas obtidas ao longo de décadas, aponta o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social e especialista em mensuração de desigualdades.

Neri identificou que a taxa de evasão escolar (ou seja, de crianças fora da escola) nas idades de 5 a 9 anos era de apenas 1,39% em 2019, mas subiu para 5,5% no final de 2020 - o maior aumento percentual entre todas as faixas etárias.

"Era a faixa etária onde a gente havia tido grandes avanços não apenas na universalização, a partir dos anos 1990, mas também na aprendizagem", diz Neri à BBC News Brasil.

O economista explica que, para além do fato de muitas crianças dessa idade estarem na delicada fase de alfabetização, elas também são desproporcionalmente mais afetadas pela desconectividade e pela pobreza no Brasil.

"A criança de 5 a 9 anos tem menos intimidade com a internet que um adolescente e ela é, em geral, mais pobre - o ápice da pobreza no Brasil é nessa faixa etária", particularmente em famílias mais numerosas e sem renda suficiente ou ainda sem aposentadoria, pontua.

Não à toa a evasão observada por Neri foi mais aguda nas regiões mais remotas e carentes do país (principalmente na região Norte), e entre a população negra, também desproporcionalmente afetada pela desigualdade social e de renda.

Desafio urgente

Agora, uma preocupação de especialistas e educadores é que as lacunas na alfabetização durante a pandemia, caso não sejam enfrentadas, virem uma bola de neve que prejudique o desempenho das crianças nas etapas seguintes de ensino.

"A urgência é que essa fase do aprendizado é fundamental: as competências de leitura e escrita que a criança desenvolve ali são cruciais para seguir com a aprendizagem", diz Anna Helena Altenfelder.

"E para aprender a ler e escrever elas precisam de experiências pedagógicas intencionais e de interações (com adultos e entre si) que não aconteceram na quantidade necessária durante a pandemia."

Mas isso não significa que essas crianças estejam "fadadas a arrastar esse fracasso" ao longo de sua vida, prossegue a educadora, sobretudo porque elas ainda têm bastante tempo de anos escolares pela frente.

Professora com alunos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Competências de leitura e escrita aprendidas nas primeiras séries são essenciais para dar sequência à aprendizagem

"Um trabalho consistente certamente é capaz de resgatar essas competências de leitura e escrita. (...) É algo possível e que sabemos fazer no Brasil - temos experiência com classes de aceleração de aprendizagem e correção de fluxo escolar (ou seja, de adequar a idade da criança à série que ela deve cursar). Mas as escolas não farão isso sozinhas, os professores vão precisar de apoio."

Falar com cada família

Na turma da professora Ana Carolina Guimarães, em Belo Horizonte, citada no início desta reportagem, a combinação de pobreza e desconexão marcou a trajetória escolar de muitos alunos durante os meses de escola fechada.

"Trabalhamos com crianças carentes. Algumas não tinham nem condições de ir buscar na escola a cesta básica que foi oferecida. Imagina então ter internet para fazer aula online", explica.

Agora, ela está avaliando as crianças uma a uma, e "conversando de família em família, para identificar quais são as maiores dificuldades. Quando os pais não são alfabetizados, por exemplo, a gente tem que ficar muito mais próximo aos alunos".

Uma vez por mês, Guimarães tem ligado para cada aluno para ouvi-lo ler um texto para ela e, assim, medir sua capacidade de leitura. "E cada vez que eles evoluem, me mandam um áudio (de WhatsApp), comemorando", conta.

Os alunos também são convidados a fazer um podcast explicando as atividades para os colegas que tenham mais dificuldades, prossegue a professora.

Guimarães e suas colegas professoras da Escola Estadual São Bento transformaram esse desafio pedagógico em um projeto de trabalho no curso de pós-graduação de Aprendizagem Criativa, que cursam na PUC Minas em parceira com o Instituto iungo e o governo mineiro.

O objetivo é que o projeto, focado na recuperação da alfabetização das crianças, possa ajudar não apenas as turmas individuais de cada professora envolvida, mas toda a escola.

"Isso porque a demanda não é só minha: se aluno não se alfabetizar até o terceiro ano, isso vai virar um problema para o professor do quarto ano", aponta.

Agora que os alunos começam a voltar a frequentar a escola com mais regularidade, desafios como o enfrentado por Guimarães estão frequentes na pós de Aprendizagem Criativa, explica Paulo Emilio Andrade, diretor do Instituto iungo.

"Mas os professores estão vendo que, em vez de empurrar o problema para a frente, conseguem construir soluções para seus alunos avançarem", diz Andrade. No curso, a ideia é, a partir dos problemas identificados em sala de aula, seja possível elaborar atividades e estratégias que ajudem a engajar as famílias e as crianças na recuperação da aprendizagem.

Para Anna Helena Altenfelder, do Cenpec, de fato será necessário agir de modo amplo para evitar que as defasagens de alfabetização escalonem em diversas partes do Brasil.

"As redes e secretarias de ensino vão ter que se organizar de forma diferente. E seria necessário haver a coordenação técnica e financeira do Ministério da Educação em projetos de apoio aos municípios (que concentram a maior parte das escolas de fundamental 1 no país)", diz ela - criticando o que vê como inação federal nas ações de enfrentamento à pandemia e a ênfase da pasta em projetos polêmicos e de baixo alcance, como o de ensino domiciliar e o de escolas cívico-militares.

Menino estudando pelo computador

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Diferenças sociais em conectividade, tempo de estudo e acesso a atividades foram marcantes durante a pandemia no Brasil

O ministério, por sua vez, diz à reportagem que fez destinação emergencial de recursos por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE); criou uma plataforma para apoiar professores e trabalhadores da educação no planejamento e execução de atividades e planos de aula para alunos que estão aprendendo a ler e escrever; e tem oferecido, para famílias, um aplicativo gratuito e o programa de contação de histórias Conta pra Mim de forma a apoiar o letramento dentro de casa.

E afirmou à reportagem que seus cursos online recém-lançados sobre práticas de alfabetização estão entre os mais frequentados (e bem avaliados) pelos professores.

"Ciente da gravidades dos impactos desse evento (pandemia) sobre a educação, a Secretaria de Alfabetização do MEC estive ativa em elaborar ações e projetos para dirimir (o problema), não apenas voltados às crianças, mas também aos profissionais da educação", diz a pasta, por e-mail.

Acolhimento

Segundo Altenfelder, agora será necessário buscar ativamente os estudantes desvinculados da escola neste período pandêmico, olhar individualmente para a realidade de cada escola e criar uma espécie de "acolhimento em cascata", que responda às dificuldades emocionais e de aprendizado vividas na pandemia - com a ajuda dos setores de assistência social e saúde.

"Os alunos vão precisar de acolhimento por parte dos professores, que precisarão ser acolhidos por seus diretores de escola, e estes, pelos seus secretários e assim por diante", diz.

Esse olhar individualizado, seguido de intervenções concretas, diz ela, pode ajudar a amenizar os enormes abismos que ficaram latentes durante a pandemia.

Um exemplo desse abismo, explica o economista Marcelo Neri, é exposto na quantidade de horas-aula que crianças de diferentes extratos sociais tiveram. Ele calcula que, em média, alunos de 6 a 15 anos das classes A e B tiveram, na prática, mais de 50% de tempo a mais de aulas online em comparação com os alunos da classe E durante a pandemia.

Esses alunos pobres também tiveram menos acesso a atividades escolares e, quando as receberam, dedicaram menos tempo a elas.

Particularmente na faixa etária das crianças em fase de alfabetização, o risco é o Brasil "regredir duas décadas no acesso e meninos e meninas à educação", na visão do Unicef.

"Crianças de 6 a 10 anos sem acesso à educação eram exceção no Brasil, antes da pandemia. Essa mudança observada em 2020 pode ter impactos em toda uma geração", afirmou, em abril, Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.

"É essencial agir agora para reverter a exclusão, indo atrás de cada criança e cada adolescente que está com seu direito à educação negado, e tomando todas as medidas para que possam estar na escola, aprendendo."

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