Sextou! Como soava bem aos ouvidos feito sinfonia de Bethoven num violino o raiar da sexta-feira quando existia mundo e o mundo era colorido, uma festa. Hoje, até o sextou foi devorado pelo vírus do fim do mundo, o demônio que bateu à porta anunciando a morte. Eu quero minhas sextas de volta! Preciso delas para respirar, pegar as chaves da cidade e abrir todos os botecos, todos os endereços onde a vida brota melodiando alegria, grito de eu existo, logo vivo e viverei brindando todas as formas de transformar vida em arte, arte em vida! Sextou! Quero minha boemia de volta, meu violão, meus amigos de seresta, a saideira que rompia o sábado, os amores com cheiro do pecado prazeroso do namoro. Quero o perfume da sedução de volta. Até isso o corona me roubou. Sextou! Quero amenizar a dor dos enfardos. Preciso dela para abraçar meus amigos no Leite. Ah quanta saudade das minhas confrarias! Afasta de mim esse cálice da Covid-19. Devolve-me meus amores, minhas manhãs ternas de poesia, meu sol que ilumina a alma, o silêncio do alvorecer que floreia minhas palavras. Que diz que mais tarde há de vir o barulho do brinde à vida ouvindo música, indo ao show, a um teatro, enfim, ao encontro da vida que falta numa casa que virou prisão domiciliar. De todo mal arrastado pelos tempos de fim do mundo da era corona o que mais dói é constatar que todos os dias são iguais. Que todas as manhãs o sol nasce para todos, mas sempre igual, sem tom ou entonação diferenciados. Todas as tardes são modorrentas, sempre iguais. Dias siameses são terríveis. A segunda era o começo, hoje rima com meio ou fim, tanto faz, nada difere. Os dias trancafiados fugindo da morte são tão chatos quanto botequim sem saia. Corona, devolve meu sextou! Sou ser incluso, não excluído. Preciso de gente ao meu redor. Preciso de almas gêmeas. Sou animal sociável enjaulado por um vírus feito bicho do mato que nunca viu o sopro da vida lá fora. Quero vida! Alô seu botequim, avisa aí que estou chegando. Bota a cerveja no freezer, prepara o churrasco, aciona a moçada que hoje tem samba, batuque e bandolim. Manda meu amor cheirosa e radiante. Com minissaia, de preferência, para exibir os belos pares de pernas. Sextou! Caiu a ficha. Minhas sextas como quartas ou quintas de isolamento social são avenidas sem samba, chopes sem colarinho, régua sem compasso, sol sem fervor, lua sem claridade, becos sem ruelas, um mundo sem cor, sem vida. Covid, devolve meus sextous!
Do UOL Infectado pelo coronavírus quando viajou com a comitiva presidencial aos Estados Unidos, o senador e médico Nelsinho Trad (PSD-MS) criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de questionar o isolamento social durante a pandemia da covid-19, doença causada pelo vírus. "Acho que ele, no mínimo, está cometendo um equívoco. E não sou eu que estou dizendo. Todas as recomendações de autoridades da imunologia, infectologia, do mundo, não é [só] do Brasil, falam que tem que fazer esse bloqueio", afirmou. Considerado um aliado do Palácio do Planalto, Trad defende a permanência do primo Luiz Henrique Mandetta à frente do Ministério da Saúde, que tem tido o trabalho reconhecido pelas áreas médica e sanitária. A forma como Bolsonaro contradiz as medidas recomendadas pelo próprio governo, porém, vem causando desconforto na família sul-mato-grossense do parlamentar. Um de seus irmãos, o deputado federal Fábio Trad (PSD-MS), tem exposto abertamente a insatisfação nas redes sociais e chegou a afirmar que "ser demitido por ter sido fiel à medicina será razão de orgulho" para quem ama o saber e a razão. Nelsinho Trad não acredita que Mandetta deva pedir demissão agora por ter "uma missão muito maior que qualquer intriga" e considera que Bolsonaro está se rendendo às diretrizes do ministério, aos poucos. No entanto, admite não saber até onde vão as consequências do que classifica como "sapo que o presidente teve que engolir". "A sequela que isso vai gerar no futuro nunca se sabe. Se esse sapo que o presidente teve que engolir em função de toda essa batalha, se isso será digerido ou se lá na frente essa questão vai ser exaurida com a demissão dele [Mandetta]", disse. Em parte do mandato de Nelsinho Trad como prefeito de Campo Grande, Mandetta atuou como seu secretário de saúde. Trad é urologista e Mandetta, ortopedista. Atualmente, um outro irmão seu, Marquinhos Trad (PSD), é prefeito da capital de Mato Grosso do Sul. Recuperação e dia após dia O senador se recupera da infecção confirmada em 13 de março e ainda tem alguma tosse seca, tendo chegado a ficar internado em um hospital de Brasília. Segundo ele, os primeiros sintomas foram dor intensa no corpo, febre alta que não passava com remédios e dor de cabeça. Depois do diagnóstico do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, Trad foi o segundo infectado da comitiva de Bolsonaro em visita ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Flórida, em março. Pelo menos outros 23 integrantes da comitiva foram infectados pelo coronavírus. Agora, o parlamentar retoma os trabalhos no Senado por meio das sessões virtuais e espera "virar essa página" em definitivo. "Dia após dia a gente tem que ir vencendo." Leia a seguir os principais momentos da entrevista, concedida na quarta-feira (1º), na qual o senador fala também sobre a relação difícil de governadores e prefeitos com Bolsonaro e como o Brasil precisa estar preparado para o impacto da pandemia na agropecuária. Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, ele ainda chama os ataques do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à China como "um pouco fora de propósito", mas diz considerar o episódio superado. Confira a entrevista aqui: Senador infectado na comitiva critica Bolsonaro e defende ...
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