'Não sou James Bond'
Eduardo Saboia tem pavor de telefones celulares. A razão para a repulsa, que ele mesmo explica, só tende a aumentar desde que chegou ao Brasil.
Diz Saboia:
- Acho que todos estão grampeados.
Saboia agora se concentra entre a preparação de sua defesa, os contatos com a mulher – por e-mail – que ainda está na Bolívia, e providências triviais.
- Saí da Bolívia com nada. Daqui a pouco, esse terno vai sair andando sozinho. Mandei fazer outro, mas por enquanto só tenho ele.
As maiores perdas, ao menos por enquanto, são emocionais. Enquanto corre o processo disciplinar no Itamaraty, Saboia continua sendo funcionário público, devidamente remunerado.
- O salário desse mês caiu – brinca.
Ontem, durante a visita ao gabinete de Ricardo Ferraço, Saboia atendeu o telefone uma única vez. Pediu duas coisas ao interlocutor: desligar logo e encontrá-lo na igreja no início da noite.
Saboia a todo momento cita conselhos da mulher e, embora reitere ter tomado a decisão mais correta, lembra um dos ensinamentos femininos que chegou à sua caixa de e-mail:
- Como diz minha mulher, eu posso até ser herói, mas não tenho poderes de super-herói. Não sou James Bond, apenas fiz o que achava que deveria fazer.