Dilma levou outro olé. De Renan Postado por Magno Martins
Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo Parece inesgotável a capacidade do governo de tropeçar nas próprias pernas e levar rasteiras no Congresso. Bastou o vice Michel Temer dar um giro pela Europa para Dilma Rousseff sofrer outro drible humilhante do PMDB. O novo olé foi aplicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele despejou sobre os ombros de Dilma toda a responsabilidade pelo aumento da mesada paga aos partidos políticos, incluída no Orçamento por outro senador do PMDB. A emenda que triplicou o fundo partidário foi apresentada pelo peemedebista Romero Jucá, um dos mais fiéis aliados de Renan. A presidente deveria ter vetado a mudança, que atenta contra a necessidade de cortar gastos públicos, mas optou por sancioná-la, com medo de represálias dos parlamentares. O que fez o presidente do Congresso? Aproveitou a repercussão negativa da medida e aumentou o desgaste de Dilma, que já havia se curvado para tentar agradar os políticos. "A presidente fez o que havia de pior", atacou o senador. "Ela deveria ter vetado, como muitos pediram, porque aquilo foi uma coisa aprovada no meio do Orçamento sem que houvesse um debate suficiente." A reação de Renan mostra que Dilma errou feio ao assinar embaixo da farra do fundo. Agora ela terá que pagar a conta duas vezes. Assumirá o desgaste sozinha e precisará se virar para bancar o repasse extra de R$ 578 milhões aos partidos. O novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, declarou que a imagem da entidade é ruim por culpa da imprensa, e não da cartolagem. "A CBF não é suja. A pessoa pode pensar que é suja, mas ela não conhece a CBF. Algum jornalista fala que ela é suja e a pessoa pensa isso", disse, em entrevista à ESPN. Quem esperava que o 7 a 1 mudasse alguma coisa no futebol brasileiro pode voltar a acreditar apenas em Papai Noel e no Saci Pererê.
Retrato da dispersão Postado por Magno Martins
Carlos Brickmann O clima do nós contra eles na política ia acabar levando a isso. O fotógrafo Beto Novaes, do Estado de Minas, é parecido com Lula. Parecido, não igual; parecido o suficiente para fazer brincadeiras, não mais do que isso. Mas, no meio da manifestação contra Dilma e o PT, acabou sendo agredido, apenas por ser parecido com Lula. Outros foram atacados por usar camisas vermelhas, como se isso fosse crime; mas, enfim, a escolha da cor da camisa é pessoal, e foi interpretada como provocação (e se fosse? Por que a violência?) Mas Beto Novaes não tem culpa de ser parecido com Lula. E dificilmente poderia ser confundido com alguém que, a título de provocação, fingisse ser Lula: estava com crachá, perfeitamente identificado, e ainda por cima com aquela roupa de repórter fotográfico, cheia de bolsos com lentes, câmeras diversas, baterias de reserva. Levou chutes, empurrões, e teve de fotografar a manifestação de longe, protegendo-se contra novas agressões. Não dá: é preciso reduzir o nível de agressividade. Partidos, governos, oposições - e imprensa - têm um papel a desempenhar, um papel moderador. De que adianta protestar contra a corrupção pondo a violência no lugar da ladroeira? Não há programa partidário que dê certo (e admitindo-se, gentilmente, que haja programas partidários) num país que se inciviliza a passos rápidos.
Novela não termina com o novo capítulo Postado por Magno Martins
Carlos Chagas Enfim, a condenação dos oito primeiros implicados no escândalo da Petrobras. A expectativa é de que outros sigam o mesmo rumo, em especial os altos dirigentes das empreiteiras e os políticos envolvidos. Sobressai o fato de que os dois por enquanto tidos como maiores responsáveis pela lambança saíram das grades e cumprirão as penas em suas residências, mesmo sujeitos a restrições. Tanto Alberto Youssef, doleiro, quanto Paulo Roberto Costa, ex-diretor da petroleira, beneficiaram-se da delação premiada, mas, ainda assim, receberam sentenças compatíveis com seus crimes. Mais existem buscando facilidades iguais, mas a ressaltar estão as condenações aplicadas pelo juiz Sérgio Moro. O singular nessa equação é que os detentores de mandatos parlamentares, a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal, não tiveram sequer iniciados os inquéritos capazes de transformá-los em réus. Nem ex-governadores e ex-ministros à disposição de outros tribunais. O exemplo, no entanto, foi dado pelo juiz da primeira instância, esperando-se que não demore a correspondente ação superior. Pelo menos, fica claro que roubar já não parece tão fácil, em se tratando do assalto a instituições do poder público. As quadrilhas deixam de movimentar-se com a desfaçatez de antes. A impunidade continua sendo questionada, como no caso do mensalão. A pergunta que fica refere-se à culpa coletiva. Isoladamente, os malandros foram em boa parte identificados, tanto os do meio empresarial quanto os da política. Mas haverá, sobre eles, nuvens mais densas. Os governos Lula e Dilma terão tido responsabilidade na roubalheira, ao menos por omissão? O PT, o PP, o PMDB e outros partidos poderão ser arrolados como coniventes? A novela não termina com o novo capítulo das condenações.
Terceirização: ameaças entre Renan e Cunha Postado por Magno Martins
Da Folha de S.Paulo – Andréia Sadi O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse à Folha nesta quinta-feira (23) que, caso seu par no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atrase a votação do projeto que regulamenta a terceirização, propostas de senadores também podem ter o mesmo tratamento na Câmara dos Deputados. "A convalidação na Câmara vai andar no mesmo ritmo que a terceirização no Senado", provoca Cunha. A Câmara aprovou a terceirização nesta quarta (22). Agora, o projeto será analisado pelo Senado. No Senado, o projeto será analisado sem pressa, disse Renan. A ideia é segurar ao máximo a votação para evitar seu retorno em curto prazo para a Câmara. O presidente do Senado disse nesta quinta que, do jeito que está, a proposta representa uma "pedalada" contra os direitos dos trabalhadores. A Folha apurou que Renan não descarta segurar o texto durante todo seu mandato à frente do Senado, até janeiro de 2017. Parlamentares próximo a ele afirmam, no entanto, que o peemedebista poderá mudar seu posicionamento se houver pressão do empresariado, que tem pressa na votação da matéria.
Cid: País vive presidencialismo parlamentar Postado por Magno Martins
Na primeira entrevista após a conturbada saída do Ministério da Educação (MEC), o ex-ministro Cid Gomes (Pros) avaliou que o Brasil vive hoje uma espécie de "presidencialismo parlamentar", com um Congresso com "muito pouco" compromisso com a governabilidade e um governo cada vez mais dependente do PMDB. Diante desse cenário, Cid Gomes prevê que a presidente Dilma Rousseff enfrentará muita dificuldade para aprovar o ajuste fiscal. "Vivemos hoje um presidencialismo parlamentar, com um Congresso que tem muito pouco compromisso com os reais problemas do país", afirmou, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. De acordo com ele, falta atualmente uma "sintonia" entre os Poderes Executivo e Legislativo. Não por questões ideológicas, mas por motivos "fisiológicos", com um Parlamento onde são poucos os que têm compromisso com a governabilidade. O ex-governador do Ceará avaliou que esse cenário é agravado por um PMDB com espaço cada vez maior no governo federal, o que, na opinião dele, é "ruim para o país". Segundo Cid Gomes, a ida do vice-presidente Michel Temer para a articulação política do Planalto, no lugar do ex-ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), mostra a força do PMDB e a dependência do governo em relação ao partido, que também detém as presidências do Senado, com Renan Calheiros (AL), e da Câmara, com Eduardo Cunha (RJ). |