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Política : OS LIMPINHOS!
Enviado por alexandre em 23/04/2021 08:49:10

Gilmar Mendes e Barroso batem boca no STF

Presidente da Corte, Fux interrompeu a sessão e cortou o microfone dos colegas


Ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso protagonizaram bate-boca no STF Foto: Reprodução

Os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes protagonizaram um bate-boca no final do julgamento desta quinta (22), no Supremo Tribunal Federal, levando o ministro Luiz Fux a encerrar prontamente a sessão quando a situação começou a sair do controle. Durante a discussão, Barroso acusou Gilmar de ‘manipular a jurisdição’ ao ‘sentar em cima’ do processo sobre a suspeição de Moro por dois anos e só pautá-lo após o ministro Edson Fachin anular as ações da Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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– Vossa Excelência sentou em cima da vista por dois anos e ainda se acha no direito de ditar regra para os outros – criticou Barroso. Ao fundo, Gilmar responde: “o moralismo”, e “é a pátria da imoralidade”.

Barroso continua.

– Não tem moralismo nenhum. Vossa Excelência cobra dos outros o que não faz. Fica criticando o ministro Fachin depois de ter levado dois anos com o processo embaixo do braço, esperou a aposentadoria do ministro Celso, manipulou a jurisdição. Ora, depois vai e acha que pode ditar regra para os outros – disparou.

“Vossa Excelência perdeu, perdeu”, rendeu Gilmar.

O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, tenta interferir na briga e encerrar a sessão, afirmando que concedeu a palavra a todos. Ao ver que a discussão começava a escalar, informa que finalizaria o julgamento.

– Me perdoem, não gosto de cassar a palavra de ninguém, não gosto de cassar as palavras dos colegas, mas está encerrada a sessão – decretou, cortando o microfone dos ministros.

A confusão começou após Gilmar defender seu entendimento de que a Segunda Turma tinha competência para julgar a suspeição de Moro, posição referendada pela maioria do plenário na sessão desta quinta. Ao criticar o colega, Barroso relembrou que foi o próprio Gilmar quem pediu vista nos autos da suspeição de Moro em 2018, e só os devolveu para julgamento após Fachin anular todos os atos do ex-juiz da Lava Jato ao reconhecer a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar Lula.

Para Barroso, a manobra de Gilmar atropelou o relator da operação no Supremo, que defendia que o caso fosse discutido no plenário.

– O conflito não foi entre a turma e o plenário, foi entre o relator e a turma. A fórmula processual é: se os dois órgãos têm o mesmo nível hierárquico, um não pode atropelar o outro – disse Barroso.

Gilmar criticou.

– Também eu quero aprender essa fórmula processual. Talvez isso exista no código do Russo – fazendo referência ao apelido da força-tarefa a Moro.

Barroso rebateu.

– Isso existe no Código do bom senso, o respeito aos outros. Se um colega acha uma coisa e outro acha outra, é um terceiro que tem que decidir – disse.

TENSÃO COM LEWANDOWSKI
Mais cedo, Barroso já havia se envolvido em outra discussão acalorada com o ministro Ricardo Lewandowski em razão de seu voto no julgamento da suspeição de Moro. Barroso destacou as conquistas da Lava Jato e classificou como ‘pecadilhos’ as revelações descobertas nas mensagens hackeadas dos procuradores, o que não agradou o colega.

Ao pedir a palavra, Lewandowski relatou o que vê como falhas e erros da Lava Jato, citando suposta busca da força-tarefa por cooperações internacionais fora dos trâmites regulares.

– Não estamos tratando de pecadilhos. Estamos tratando de pecados mortais, que constitui colaborações à margem da lei brasileira com autoridade estrangeira – disse o ministro.

Barroso questionou: “Vossa Excelência acha que o problema então foi o enfrentamento à corrupção, e não a corrupção?”.

– Vossa Excelência sempre quer trazer à colação, à baila a questão da corrupção, como aqueles que estivessem contra o modus operandi da Lava-Jato fossem favoráveis à corrupção. Mas o modus operandi da Lava-Jato levou a conduções coercitivas, a prisões preventivas alongadas, ameaças a familiares, prisão em segunda instância, além de outras atitudes a meu ver incompatíveis com o Estado democrático de Direito – rebateu Lewandowski.

*Estadão

Política : VIOLAÇÃO
Enviado por alexandre em 23/04/2021 08:46:03

General Heleno "Apreensão de celular de Bolsonaro é ideia estapafúrdia"

Ministro voltou a comentar sobre suposta perícia no telefone do presidente


General Augusto Heleno voltou a citar ‘perigos’ de uma possível apreensão do celular de Bolsonaro Foto: PR/Marcos Corrêa

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal, o general Augusto Heleno, voltou a comentar sobre a declaração que deu, ainda em 2020, ao dizer que a possível apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro, aventada pelo então ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, teria “consequências imprevisíveis”.

Em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, Heleno voltou a defender que a medida citada por Mello seria uma “violação à privacidade de presidente estapafúrdia”.

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– Quando eu falo em consequências imprevisíveis, é porque elas continuam a ser imprevisíveis. Se fossem, eu teria dito quais eram. Na oportunidade, sendo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, eu vi a figura do presidente da República, não do Jair Bolsonaro, do presidente, algo que é primordial que não seja violado. Vi uma violação à privacidade do presidente da República feita de uma forma absolutamente estapafúrdia e, para mim, sem nenhum fundamento.

O ministro também apontou que seria um desrespeito à Constituição Federal.

– Seria uma ordem do então ministro do STF [Celso de Mello] para apreender o celular do presidente da República; [isso] é estapafúrdio, é sair totalmente das quatro linhas da Constituição – apontou Heleno.

INTERFERÊNCIA NA PF
O pedido para apreensão dos celulares do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, partiu de deputados da oposição ao presidente, em maio do ano passado.

Os parlamentares queriam uma perícia nos aparelhos para verificar a denúncia do então ministro da Justiça Sergio Moro sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal em favor de Flávio.

Na época, Heleno se manifestou energicamente contra a medida e citou que haveria “consequências imprevisíveis” caso Celso de Mello acatasse o pedido, o que não aconteceu.

– O pedido de apreensão do celular do Presidente da República é inconcebível e, até certo ponto, inacreditável. Caso se efetivasse, seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro Poder na privacidade do presidente da República e na segurança institucional do país. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional – disse o general Heleno.

Política : O POVO NA RUA
Enviado por alexandre em 23/04/2021 08:40:00


Bolsonaro reafirma "O nosso Exército não manterá o povo em casa"

Presidente criticou ação da oposição no STF visando imposição de lockdown


Presidente Jair Bolsonaro descarta uso do Exército para impor lockdown no país Foto: PR/Marcos Corrêa

O presidente Jair Bolsonaro reagiu a uma ação protocolada por partidos da oposição no Supremo Tribunal Federal (STF) exigindo a imposição de um lockdown nacional. Em sua live semanal, nesta quinta-feira (22), Bolsonaro reafirmou que o Exército brasileiro não será acionado para “manter o povo dentro de casa”.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão foi apresentada pelo PSOL e pelo PC do B. A ADPO pede “providências urgentes e inadiáveis necessárias ao combate à pandemia de Covid-19”.

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– Eu já falei que o nosso Exército não vai para a rua para manter o povo dentro de casa. Está decidido. Então, PT, PCdoB, PSol estão perdendo tempo. E tudo [se] judicializa. Tenho certeza de que o STF não vai interferir nessa questão – afirmou.

Bolsonaro disse ainda que sempre foi contra o confinamento geral e que a tentativa de adotar esta estratégia prejudicou o Brasil.

– Nós já perdemos muito com o lockdown no Brasil. Sempre fui contra o lockdown. Fui favorável ao isolamento vertical, tá? Fizeram [o isolamento] horizontal e a desgraça está aí – declarou.


“É um crime o que fazem no Brasil no tocante à Covid”

Em sua live semanal, presidente Jair Bolsonaro falou sobre medicamentos contra a doença


Presidente Jair Bolsonaro em sua live semanal Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro falou, nesta quinta-feira (22), sobre remédios que podem ser utilizados no tratamento contra a Covid-19. Em sua tradicional live pelas redes sociais, ele rebateu críticas feitas o uso de medicamentos contra a doença e falou que é “um crime o que fazem no Brasil no tocante à Covid”.

O assunto foi abordado por Bolsonaro ao lado do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que falou sobre o testes de alguns medicamentos no Brasil contra a Covid-19.

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– Por que no caso do Covid você tem que ir para casa e ficar com o protocolo Mandetta até sentir falta de ir para o hospital? Ir para o hospital fazer o quê? Ser intubado. É um crime o que fazem no Brasil no tocante à Covid (…) Interessa morrer gente – apontou Bolsonaro.

O presidente então deu um exemplo histórico sobre o uso de procedimentos sem comprovação científica.

– Já falei muito aqui. Lá atrás, na Guerra do Pacífico. O cara chegava ferido, não tinha sangue e metiam água de coco na veia do soldado. E deu certo para muita gente. Tinha comprovação científica? Não. Por que nesse caso não se pode falar em remédio? – questionou.

Ele concluiu dizendo que pretende usar o tratamento precoce de novo caso seja infectado com Covid-19 mais uma.

– Ano passado falei em remédio e fui massacrado (…) Eu tomei um negócio ano passado; se eu tiver problema de novo, vou tomar a mesma coisa. Não faz mal. E aquilo que tomei serve para malária, para lupus e se não me engano artrite (…) O pessoal consumiu muito isso (…) E para muita gente deu certo – destacou.

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Política : LULA & MORO
Enviado por alexandre em 22/04/2021 08:25:25

O que significam as voltas de Lula e Moro à pauta do STF?
A partir das 14h desta quinta-feira (22), o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) volta a discutir o caso envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lava Jato e o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Depois de terem decidido por maioria de 8 a 3, na sessão da semana passada, que a 13ª Vara de Curitiba não tinha a competência para julgar os casos envolvendo o ex-presidente, agora os ministros devem continuar a analisar as consequências dessa decisão.

Além de decidir para onde irão as denúncias apresentadas contra Lula, os ministros podem abrir a discussão se Moro deve ou não ser considerado parcial em todas as ações envolvendo o ex-presidente.

O que está em jogo agora é para onde serão encaminhados os processos em que Lula voltará a ser investigado. São, ao todo, quatro denúncias: duas envolvendo o Instituto Lula, a do sítio de Atibaia e, por fim, a do triplex de Guarujá, em que Moro já foi considerado parcial pela 2ª Turma do STF.

Os ministros estão julgando um conjunto de habeas corpus e reclamações impetrado pela defesa do ex-presidente, entre eles um que também questiona a suspeição de Moro. Ao analisar a questão, o relator da Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, decidiu em julgamento da 2ª Turma que o caso do triplex não tinha relação direta com os desvios na Petrobras que deram início à operação Lava Jato. Por isso, os atos condenatórios seriam anulados. 

O mesmo entendimento se deu com os casos da compra de um terreno para a construção do Instituto Lula e doações feitas ao instituto e no caso do sítio de Atibaia. Isso significa que as condenações foram anuladas também nesses três casos.

É nesse ponto que se destaca a suspeição de Moro. O que os ministros também discutirão é um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente. Quando Fachin decidiu que a 13ª Vara de Curitiba não tinha a competência de julgar os processos, também declarou que não deveria mais ser julgada a suspeição de Moro em outros processos por “perda de objeto”.  Ou seja, a decisão sobre esse tema não teria mais efeito, já que eles estavam sendo anulados. Para a defesa, entretanto, não há correlação imediata entre a suspeição e o envio das ações para outra vara.

Moro já foi considerado parcial na ação do triplex, o que fez o processo voltar à estaca zero. Porém, como explica a advogada criminalista Maíra Fernandes, a decisão não vale para as outras três ações. “Nada é automático. Para que a suspeição de Moro seja considerada também nesses três processos, é preciso um pedido da defesa do Lula”.

O professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas Roberto Dias reforça que a extensão de suspeição não deve ser automática, mas que ter a suspeição declarada em uma ação traz um reforço aos argumentos da defesa. “Eles [os ministros] terão de analisar caso a caso, verificar em cada caso qual foi o fato que gerou a suspeição. Ou seja, não é algo que se dá automaticamente. Mas é claro que se nós estamos falando de um juiz que em um caso julgou uma pessoa e agiu para prejudicá-la, agiu com parcialidade, há uma força argumentativa muito grande.”

Por isso, a suspeição de Moro nesse caso, já decidida na 2ª Turma, não deve ser uma decisão sob questionamento no plenário neste momento. Porém, o tema deve ser abordado como um dos efeitos da decisão de Fachin. 

Ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo
Ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo
Foto: Amanda Perobelli/Reuters

 A professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Juliana Cesário Alvim explica que caberá aos ministros decidir apenas sobre dois pontos: para onde irão os processos e se a suspeição de fato perdeu o objeto. Ela também aponta que os ministros vencedores na 2ª Turma já demonstraram que não devem querer levar adiante a discussão sobre a suspeição.

“Eles devem continuar nesse sentido de que o Plenário não tem competência de revisar uma coisa que já foi decidida pela turma, que não poderia ter essa decisão. Cármen Lúcia deu esse recado na semana passada. Ela falou que o Plenário não é órgão revisor de Turma. Se a Turma decidiu, está decidido. O debate vai ser esse. A turma já declarou a parcialidade do Moro no caso do triplex”.

A criminalista Maíra Fernandes concorda. “Acho que essa questão vai ser aberta no Plenário, mas o lógico é que se reconheça que esse assunto está totalmente superado por decisão da 2ª Turma”, completa ela.

A questão envolvendo a distribuição do caso foi aberta pelo ministro Alexandre de Moraes. Fachin já havia determinado o envio da ação para Brasília, onde o ex-presidente então residia na época dos fatos. Moraes abriu divergência, sugerindo que os casos fossem enviados para São Paulo, onde os supostos crimes ocorreram. 

Lula ficou preso por 580 dias em Curitiba pela condenação em segunda instância pelo caso do imóvel de Guarujá. Agora, com as condenações anuladas, Lula recuperou seus direitos políticos e não é mais considerado ficha suja. A decisão sobre essa distribuição dos processos e da suspeição de Moro não têm mais consequências jurídicas negativas imediatas para Lula, que seguirá podendo concorrer a cargos eletivos enquanto as investigações forem retomadas.

A pedido da CNN Brasil, os professores Juliana Cesário Alvim (UFMG) e Roberto Dias (FGV) e a criminalista Maíra Fernandes explicam em detalhes o que está em jogo.

Caso os ministros decidam manter a decisão de Fachin sobre a perda de objeto da suspeição, os outros três processos também começam do zero, assim como o do triplex de Guarujá? 

Não. A suspeição de Moro foi declarada apenas no caso do triplex. Por enquanto, caberá ao novo juiz analisar o processo e decidir se fará coleta de mais provas ou se julgará com as provas já produzidas anteriormente. “A incompetência foi julgada para os quatro processos e a suspeição em relação a apenas um. Imagino que a essa altura a defesa do ex-presidente Lula já tenha feito um pedido de extensão da suspeição para os demais três casos por uma questão lógica. De fato, não é automático, nada é automático, tem que ter o pedido da defesa. Mas uma vez tendo o pedido da defesa, eu imagino que vai ser reconhecida a extensão da suspeição em relação aos outros casos. Porque não é possível separar que o juiz seria suspeito em um caso e não seria suspeito no outro”, explica a criminalista Maíra Fernandes. 

Por que o caso do triplex e esses três outros foram parar na Lava Jato? Ele surgiu da delação premiada de Alberto Youssef e dos diretores da estatal, que deram início à operação? 

Os procuradores atestavam que, mesmo não tendo origem nas primeiras delações, as ações estavam ligadas à estrutura de esquema de corrupção da Lava Jato. “A Lava Jato acabou quase como um sinônimo de combate à corrupção. Como se todas as ações de combate à corrupção no país tivessem que ser julgadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Então, tem a ver com essa expansão da Lava Jato e com esse juízo único para julgamento de ações penais”, completa Maíra.

A suspeição de Moro pode ter impacto em anular provas colhidas durante a instrução do processo em todos os outros casos envolvendo Lula? 

Sim, mas apenas se Moro for considerado suspeito também nos outros três processos. Para isso, a defesa do ex-presidente precisa pedir que a suspeição seja estendida para os demais processos que passaram por Curitiba. A professora da UFMG Juliana Cesário Alvim, explica qual deve ser a discussão em plenário: “O que a gente vai ver é se a incompetência vai afetar nessa decisão da imparcialidade. Se, de alguma maneira, o plenário vai dizer que a questão da parcialidade perdeu o objeto. Mas, claro, os ministros que venceram na Turma estão argumentando que não se pode fazer essa avaliação, porque já está decidido. Então, é essa a discussão que vai acontecer. Eles vão definir qual é a vara competente e a questão de como fica então a decisão da parcialidade. É isso que está em jogo daqui para frente."

O que isso significa para Lula? Ele já está ficha limpa? 

Lula já é ficha limpa. Contudo, a decisão não teria impacto apenas político: caso a imparcialidade de Moro seja declarada em todos os casos, o impacto jurídico é o do tempo de prescrição dos processos, que volta a correr. “Pelo fato de ter sido decidida a nulidade das decisões, eventualmente pode ocorrer a prescrição desses crimes. Porque há alguns atos durante o processo que interrompem a prescrição, mas no momento em que esses atos são anulados, é como se o prazo não tivesse sido interrompido e continuado a correr. Como ele [Lula] tem mais de 70 anos, os prazos das prescrições caem pela metade”, explica o professor Roberto Dias, da FGV.

O que acontece com Moro já que ele foi considerado suspeito em um dos casos? 

Não. Moro não faz mais parte da magistratura, e por isso não pode sofrer sanções a que estaria sujeito caso ainda fosse juiz. Mesmo com uma ação originária desse processo por improbidade administrativa, Moro também não poderia ser considerado ficha suja. Isso se dá por uma recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em dezembro do ano passado, que decidiu que a Lei da Ficha Limpa exige que, para ficar inelegível, o ato cometido pela pessoa tenha resultado em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. 

Mas o que isso significa para o Moro? Ele pode ser condenado por improbidade administrativa?  

Sim, Moro pode ser processado por improbidade administrativa por ter sido considerado suspeito no caso do triplex. Há uma ressalva, entretanto, quanto ao conjunto de provas que pode ser usado contra ele: provas obtidas ilegalmente, como é o caso das mensagens trocadas por Moro com os procuradores e reveladas pela Vaza Jato, não podem ser usadas para condenar uma pessoa, apenas para absolvê-la. Por isso, as mensagens são importantes para a defesa de Lula, mas não podem ser usadas contra Moro em um processo. 

O que acontece com a Lava Jato caso Moro seja considerado suspeito nos outros três casos? 

É possível que outros condenados usem a decisão sobre o caso do triplex para questionar a parcialidade de Moro, mas isso não significa que ele será automaticamente considerado um juiz parcial em todas as ações. 

Este é o último recurso que pode ser julgado pelo Supremo?

Para a professora Juliana Cesário Alvim, o tema soa repetitivo pois é fragmentado e diversos aspectos e casos semelhantes já chegaram ao STF antes. “Esses casos do Lula já chegaram ao Supremo algumas vezes por razões diferentes. A competência está chegando por uma via e a suspeição está chegando por outra. Isso porque a defesa vai arguindo essas falhas do processo e isso vai se desenvolvendo desde lá de baixo. Então digamos: a defesa alegou a suspeição em algum momento na primeira instância. Isso foi para a segunda instância e depois para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). E todas essas coisas vão subindo separadamente, não necessariamente juntas”.  

O MPF ou a PGR podem entrar com mais algum recurso neste caso?

Não. Legalmente, ainda há outros recursos a serem apresentados, mas que são para esclarecer decisões. Nesses chamados embargos declaratórios, que só podem ser apresentados em casos em que as decisões colegiadas não são unânimes, a possibilidade de reversão de entendimento é praticamente nula.

Moro também pode apresentar algum tipo de ação ou recurso caso seja declarado suspeito?

Não. Por não ser uma das partes do processo, Moro não pode questionar a decisão.

 

 

 

 

 

Tópicos

Política : ACAREAÇÃO
Enviado por alexandre em 22/04/2021 08:21:10

CPI da COVID-19 quer ouvir ministro do STF

Candidato a presidente da CPI da Covid, o senador Eduardo Girão propôs nesta quinta-feira (22) um plano de trabalho alternativo para comissão em que prevê o depoimento de um ministro do Supremo Tribunal Federal, o decano Marco Aurélio, e a possibilidade de acareação de todas os depoentes, tal como os ex-ministros da Saúde, Eduardo Pazuello e Henrique Mandetta. A proposta também dá mais ênfase à investigação dos atos de governadores e prefeitos.

Ao falar de vacinas e outras medidas contra o coronavirus, o plano destaca o isolamento social, como medida a ser investigada. "Avaliar se foram expedidos atos suficientes e se foi adequado o conteúdo; avaliar a base científica que norteou a adoção das medidas". Neste ponto, o senador defende o depoimento de Marco Aurélio, uma vez que o ministro foi relator da decisão que reconheceu a competência de estados e municípios no combate ao vírus. A sugestão, no entanto, é incomum e poderia agravar a tensão entre os dois Poderes. O ministro seria convocado a depor sobre uma decisão judicial, o que poderia configurar tentativa de interferência e constrangimento de um Poder em outro.

Na proposta de plano, o parlamentar defende que a CPI seja a oportunidade de realizar uma "radiografia do combate à Covid-19". Já há um plano de trabalho da comissão apresentado, por acordo, pelo senador Alessandro Vieira, que é ex-delegado da Polícia Civil. O texto não chegou a ser analisado pela CPI até agora porque a instalação da comissão será ainda na semana que vem.
Na versão proposta por Girão, além das subrelatorias previstas no plano inicial, há também uma que trata da "gestão dos recursos públicos", para investigar licitações e contratos assinados pelos três níveis de governo. O plano também prevê a oitava do ministro da Economia, Paulo Guedes, para falar sobre o auxílio emergencial e outras medidas econômicas na pandemia.

O ministro do STF Marco Aurélio
O ministro do STF Marco Aurélio
Foto: Carlos Moura - 11.dez.2019 / SCO - STF

"Vários Estados e Municípios da Federação, também com o argumento da urgência no enfretamento da Covid-19, emitiram decretos estaduais que na mesma toada da Lei Federal, afastaram a necessidade do processo de licitação para as compras dirigidas à pandemia", afirma o plano.

Os outros campos são: emprego dos recursos federais, vacinas e outras medidas de contenção do vírus, colapso da saúde em Manaus, insumos para tratamento de enfermos.

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