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Meio Ambiente : Áreas indígenas no Oiapoque recebem 100 mil sementes de mandioca com melhoria genética para plantação
Enviado por alexandre em 20/06/2023 11:10:59

Inicialmente, as manivas-sementes serão replicadas no campus da Embrapa/AP. Foto: Reprodução/Arquivo Secom AP

O Governo do Amapá adquiriu, no Estado do Pará, 100 mil manivas-semente de mandioca que apresentam melhoramento genético, sendo mais resistentes e com maior capacidade de produção. O objetivo é avaliar o plantio dessas sementes em áreas indígenas no município de Oiapoque.

As sementes são das espécies manivão, poti, Jurara e mari. Elas são mais resistentes às pragas e têm maior capacidade de produção. É possível chegar a cerca de 30 toneladas de raízes por hectare, sendo que a média de produção no Amapá, atualmente, é de dez toneladas por hectare. 

Representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estiveram na cidade de Tracuateua, no Pará, para tratar do envio das sementes.

Melhoramento genético

O volume adquirido é suficiente para plantio em 10 hectares. Inicialmente, elas serão cultivadas pela Embrapa em uma área rural para posterior plantio nas terras indígenas.

"Estamos fazendo uma certificação genética das sementes que levaremos para as áreas indígenas de Oiapoque e procuramos uma das melhores manivas do país para atender essa demanda. O que levaremos são quatro variedades e, em seguida, a Embrapa irá replicar para plantio nas comunidades indígena", informou o gestor da SDR, Kelson Vaz.

No Amapá, cerca de 1700 mil hectares são dedicados à produção agrícola indígena. O plano é iniciar o cultivo das novas variedades em Oiapoque entre os meses de dezembro de 2023 e janeiro de 2024.

"O que apresentamos é um material com maior possibilidade de resistir às fortes chuvas e às dificuldades do campo. O que faremos, inicialmente, é selecionar sementes com maiores possibilidades de se adequar às características da região e essas quatro vêm apresentando bons resultados em diversas terras no Amapá"

destacou o maniveiro paraense Benedito Dutra.

Reniva Amapá 

É uma estratégia de produção de materiais de plantio de mandioca com o objetivo de difundir, por meio de uma rede devidamente articulada para multiplicação, a transferência de manivas-semente de mandioca com garantida qualidade genética e fitossanitária, tanto para pequenos agricultores familiares quanto para os grandes agricultores. 

Meio Ambiente : Bioeconomia: no Amazonas, tecnologias ampliam cultivos de guaraná
Enviado por alexandre em 09/06/2023 13:08:10


O guaraná vem sendo estudado no Amazonas para criação de soluções tecnológicas para a agricultura na região amazônica. O fruto movimenta economicamente toda uma região, gerando renda para as comunidades que dependem dessa cultura.

O grande salto no cultivo do guaranazeiro se deu recentemente com o avanço das pesquisas realizadas pela Embrapa no bioma Amazônico: o lançamento da cultivar para plantio por sementes, em 2021, representa menor custo na produção de mudas e se torna mais acessível aos produtores, permitindo a estabilização das características genéticas da planta.

Tecnologias ampliam cultivos de guaraná -  Foto: Reprodução/ Idesam

Pesquisas recentes sobre a presença de substâncias responsáveis por efeitos energéticos e antioxidantes em genótipos de plantas de guaraná revela que esse conhecimento permitirá, futuramente, lançar cultivares de guaranazeiros com capacidade de produzir frutos com menores ou maiores teores de substâncias funcionais, de acordo com o interesse, ampliando o potencial de uso do guaraná em indústrias como a cosmética e a farmacêutica.

A Bioeconomia na Amazônia é outro investimento da ciência que no futuro próximo irá gerar resultados. Neste trabalho do centro de pesquisa, destaca-se a prospecção de microrganismos com potencial biotecnológico e a interação multidisciplinar com áreas da microbiologia, química e genômica. Recentemente foram identificados microrganismos amazônicos com potencial para o desenvolvimento de bioinsumos, para o controle de patógenos de interesse agrícola, para promoção de crescimento de plantas, além de outras aplicações em atividades industriais e inclusive para fins de uso na medicina.

Tecnologias ampliam cultivos de guaraná -  Foto: Reprodução/ Idesam

Do aumento de produtividade às características funcionais do guaranazeiro 

A Embrapa Amazônia Ocidental é pioneira em desenvolver tecnologias para cultivo do guaraná. O agrônomo Firmino do Nascimento Filho, que atua na empresa há 39 anos, conta que os primeiros trabalhos com a planta foram relacionados a fitotecnia, espaçamento e adubação, mas o maior desafio foi enfrentar a doença Antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum guaranicola, que estava reduzindo a produção dos guaranazais na terra de origem dessa planta, em Maués no Amazonas.

Na década de 70, esse problema tornava os cultivos inviáveis e desestimulava agricultores. Pesquisadores e técnicos identificaram plantas com potencial de resistência, elaboraram método de propagação vegetativa e outros protocolos, além de diversos estudos agronômicos com o guaranazeiro. "O objetivo principal era assegurar produtividade e resistência e nós logramos êxito", afirma Firmino Filho. Como resultado do programa de melhoramento genético do guaranazeiro, vieram os lançamentos de cultivares que permitem alta produtividade e trazem resistência genética às principais doenças.

Entre 1999 e 2013 foram lançadas 18 cultivares clonais, baseadas na reprodução por estaquia e mais recentemente a BRS Noçoquem. O conhecimento agronômico em torno do cultivo do guaranazeiro, como a produção de mudas, orientações de manejo e tratos culturais, além de boas práticas de colheita e pós-colheita, norteiam o cultivo dessa planta no Amazonas e em outros estados.

O coordenador do programa de melhoramento genético do guaranazeiro, agrônomo André Atroch, destaca a importância estratégica de investir em estudos nessa planta que tem grande potencial de uso na saúde humana, em razão de seus compostos bioativos. Assim, nos últimos anos a Embrapa passou a realizar estudos sobre a diversidade genética com olhar também sobre as propriedades funcionais. Atroch tem coordenado pesquisas sobre a presença de substâncias responsáveis por efeitos energéticos e antioxidantes em genótipos de plantas de guaraná e revela que esse conhecimento permitirá, futuramente, lançar cultivares de guaranazeiros com capacidade de produzir frutos com menores ou maiores teores de substâncias funcionais, de acordo com o interesse, ampliando o potencial de uso do guaraná em indústrias como a cosmética e a farmacêutica. 


Publicado originalmente por Embrapa Amazônia Ocidental. Leia o artigo completo AQUI*

Meio Ambiente : Reserva Ambiental da Cachoeira da Onça
Enviado por alexandre em 30/05/2023 10:39:08

Reserva Ambiental da Cachoeira da Onça

A Reserva Ambiental da Cachoeira da Onça em Presidente Figueiredo no Estado do Amazonas é de fato um recanto dos apaixonados que buscam ventos úmidos, que por suavez são gerados pela queda espontânea de gotículas de água, para o seu idealizador o jornalista e empresário das comunicações Phelippe Daou, que nos sábados tinha por frequência fazer suas caminhadas nas trilhas ao som de pássaros que, segundo ele era uma fonte de rejuvenescimento, de ideias, de pensamentos e do prazer de viver em harmonia com a natureza.

Reserva Ambiental da Cachoeira da Onça - Foto: Ramon Vicente/Rede Amazônica

 Foi nesse espaço geográfico de jardins naturais e de puro silêncio somente quebrando a sua rotina, pelo cântico romântico dos acauãs, dos tucanos, das araras, dos papagaios, dos beija-flor e de outros pássaros que matizavam as árvores pelas suas plumas coloridas, que sobressaiam sobre o verde da floresta.

Nas trilhas rochosas, de arenitos esbranquiçados, repletos de palino fósseis que segundo o saudoso geólogo professor Fred Cruz era fósseis vegetais constituídos de pólens, esporos e fragmentos, que costumeiramente servem de tráfego de vertebrados e invertebrados, compondo assim uma rica fauna, na qual estão presentes quase todos os animais do arcabouço amazônico.

A Reserva Ambiental da Cachoeira da Onça de propriedade do Grupo Rede Amazônica é de fato um enigma de mistérios e de acontecimentos que fora vivenciado semanalmente com a presença de seu idealizador Phelippe Daou, que tinha como hábito jogar nas águas do Rio Urubui, ração para os peixes que em festa bailavam sobre as águas, memórias de um tempo não muito distante.

Reserva Ambiental da Cachoeira da Onça - Foto: Divulgação

 Segundo o pesquisador Carlos Alberto Cid Ferreira, pesquisados botânico do INPA eelaborador das trilhas e identificação das espécies destaca:

"Existem dezesseis países no mundo considerados "megadiversos". São nações que reúnem em seus territórios imensas variedades de espécies de animais e vegetais. Sozinhas detém 70% de toda biodiversidade global, entretanto, nenhuma delas chega perto do Brasil. A variedade da flora é impressionante: de cada cinco espécies vegetais do mundo, uma está no Brasil.

relatou.

A floresta amazônica é responsável por uma grande parte dessa riqueza natural, em apenas um hectare de floresta pode-se conhecer até 300 tipos de árvores diferentes. Neste contexto, o município de Presidente Figueiredo apresenta diferentes tipos de fisionomia vegetacional, em razão de estarem associadas a vários fatores, tais como as características do solo, condições microclimáticas, geomorfológica e relevo entre outras.

A vegetação que compõem a área da RPPN é formada por diferentes formações, tendo a floresta de terra firme de dominante, seguido da Campinarana, floresta de baixio e floresta de igapó. Em quatro quilômetros de trilhas, foram identificadas cerca de 731 plantas arbóreas, distribuídas por 62 famílias, 172 generos e 317 espécies. Dessa forma, esperamos que este trabalho contribua para um melhor conhecimento da vegetação do município. Por fim, queremos agradecer à Coordenação de Pesquisa em Botânica do INPA e, em particular, à Fundação Rede Amazônica, não mediu esforços para o desenvolvimento deste trabalho. 

Fonte: Fundação Rede Amazônica/Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA. Reserva Ambiental daCachoeira da Onça/Manaus: 2003.

A Reserva Particular de Proteção Natural Cachoeira da Onça, conforme Portaria do InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, n. 17 de 23 de fevereiro de 2001, visando a Conservação do Eco Sistema Existente, tornando-a assim, modelo a ser seguido por todos aqueles que desejam praticar o desenvolvimento sustentável da nossa natureza.

 Sobre o autor


Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Meio Ambiente : Agência Brasil explica: o que é Fundo Amazônia?
Enviado por alexandre em 02/05/2023 00:55:37

O governo dos Estados Unidos anunciou a doação de U$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) para o Fundo Amazônia, entre outras iniciativas de combate ao desmatamento direcionadas ao Brasil. O valor proposto pelo presidente Joe Biden ainda precisa ser aprovado pelo Congresso americano.

 

O anúncio aconteceu no dia 20 de abril, durante o Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, após uma série de encontros bilaterais entre os dois países nos últimos três meses. Outras nações, como Noruega e Alemanha, também já se comprometeram a retomar as doações para o Fundo, que esteve paralisado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

“O governo brasileiro tem feito um trabalho muito sério, que dá credibilidade para que países se disponham a fazer doação a fundo perdido para ajudar o Brasil a levantar um novo modelo de desenvolvimento que nos possibilite gerar emprego, renda, prosperidade e preservar as bases naturais”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em coletiva de imprensa após o anúncio da doação. Na avaliação da ministra, a iniciativa encoraja colaborações de outros países.

 

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O Fundo investe em ações de combate ao desmatamento e de promoção da sustentabilidade na Amazônia. Projetos em outras regiões do país também podem ser apoiados, desde que cumpram com as diretrizes estabelecidas. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Corpo de Bombeiros Militar (em seus programas de proteção florestal) e órgãos ambientais estaduais estão entre as instituições financiadas.

 

Responsável pelo monitoramento ambiental por satélites, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) também é uma entidade apoiada pelo fundo. Além disso, os governos dos estados podem ter projetos aprovados. Por exemplo, entre 2011 e 2017, o governo amazonense recebeu R$ 17,5 milhões para reflorestamento no sul do estado, região sob intensa pressão de desmatamento.

 

Segundo Adriana Ramos, coordenadora de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (Isa), o fundo é o principal financiador das políticas para o meio ambiente na Amazônia e para o monitoramento e controle do desmatamento em todos os biomas. “As novas doações ao Fundo Amazônia são extremamente importantes, pois demonstram a confiança da comunidade internacional com os compromissos assumidos pelo Presidente Lula de desmatamento zero até 2030”, afirma a pesquisadora.

 

DISSOLUÇÃO E RETOMADA DO FUNDO


Em 2019, o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles extinguiu os dois comitês responsáveis pela gestão dos recursos do Fundo Amazônia, inviabilizando o financiamento de projetos e a continuidade das doações.

 

A existência desses comitês é uma condição contratual dos doadores, para impedir que o dinheiro seja utilizado para outros fins. Segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Brasil deixou de investir cerca de R$ 3 bilhões em ações ambientais entre 2019 de 2022, valor que permaneceu retido no fundo após a dissolução dos comitês orientadores.

 

Em outubro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a União tomasse as providências necessárias para reativar o Fundo Amazônia. Na ocasião, a maioria dos ministros concluiu pela inconstitucionalidade da extinção dos comitês, pois configuraria omissão do governo em seu dever de preservar a Amazônia. Reinstituídos por decreto em 1º de janeiro de 2023 pelo presidente Lula, os comitês retomaram suas atividades, o que permitiu os novos aportes de recursos.

 

COMO FUNCIONA


Criado em 2008, o Fundo Amazônia é gerido pelo BNDES e pode ser visto como uma espécie de crédito que outros países dão ao Brasil pelos bons resultados de suas políticas ambientais. Apesar dos desafios, o país está entre os que mais diminuiu emissões de gases que causam o efeito estufa.

 

Entre 2005 e 2016, houve a redução de 71% as taxas de desmatamento, segundo dados apresentados pelo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM). Devido a esses esforços, o Brasil se qualificou internacionalmente para receber recursos de países estrangeiros, como a doação anunciada por Joe Biden.

 

COMITÊS


O governo brasileiro tem autonomia para decidir sobre a utilização do dinheiro, mas depende das decisões de duas instâncias: Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA) e Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA).

 

O COFA estabelece os critérios para aplicação dos recursos, enquanto o CTFA atesta a quantidade de emissões de carbono oriundas de desmatamento em território nacional. Anualmente, o Fundo passa por dois processos de auditoria, que avaliam a contabilidade e a adequação dos investimentos aos objetivos do programa. Em todos os anos, os auditores concluíram pela adequação das contas e dos relatórios apresentados pelo BNDES.

 

O Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA) é formado por três blocos: governo federal, governos estaduais e sociedade civil. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estão entre seus membros e acompanham a aplicação dos recursos. Estados precisam contar com um plano estadual de combate ao desmatamento para ter direito a voto nas deliberações. Esse comitê também é responsável pela aprovação do Relatório de Atividades.

 

Já o Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA) é composto por cientistas que se reúnem pelo menos uma vez ao ano. A atribuição deles é avaliar a metodologia de cálculo da área de desmatamento e das emissões de carbono adotada pelo Ministério do Meio Ambiente. Como a participação no CTFA é considerada de interesse público, seus membros não recebem qualquer tipo de remuneração. A última reunião deste comitê aconteceu em outubro de 2018, indicando a descontinuidade dos trabalhos nos anos posteriores.

 

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Para Adriana Ramos, o modelo de funcionamento do Fundo Amazônia oferece autonomia na aplicação dos recursos, fortalecendo as políticas ambientais brasileiras. “Alcançar o desmatamento zero é um desafio imenso que envolve estratégias múltiplas como a demarcação e proteção de terras indígenas, titulação de quilombos e criação de unidades de conservação, destinação de terras públicas, inclusão de critérios de agricultura de baixo carbono no Plano Safra e efetividade do Cadastro Ambiental Rural, para citar apenas algumas das ações que poderão ser apoiadas com recursos do Fundo”, conclui. 

 

Fonte: Agência Brasil

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Meio Ambiente : Desmate em terras indígenas levou à emissão de 96 milhões de toneladas de CO2
Enviado por alexandre em 26/04/2023 00:40:26

O desmatamento em terras indígenas (TIs) na Amazônia brasileira provocou a emissão de 96 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) entre 2013 e 2021, modificando nessas áreas o papel de “sequestrador de carbono” da floresta. Desse total, 59% foram emitidos nos últimos três anos analisados (2019-2021), quando houve intensificação da devastação.

 

Os dados são resultado de uma pesquisa liderada por brasileiros e foram divulgados na revista Scientific Reports. Os cientistas mostram que o desmatamento nas TIs atingiu uma área de 1.708 quilômetros quadrados (km2), o que equivale a 2,38% de todo o desmate na Amazônia brasileira no período. Em 232 TIs analisadas, a taxa de devastação foi, em média, de 35 km2 ao ano, representando aumento de 129% entre 2013 e 2021.

 

Considerando apenas os três últimos anos, o crescimento foi de 195%. Além disso, o estudo apresenta outra informação preocupante: a derrubada da floresta está 30% mais distante das fronteiras em direção ao interior das terras indígenas, entrando até 8,87 km ao ano além da borda.

 

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PRESSÕES 

 

Foto:Reprodução

 

“Em números absolutos, a área devastada nas TIs pode parecer pouca, mas, como se trata de uma região destinada à proteção ambiental, a magnitude do impacto é muito maior. Além da perda de floresta, o desmatamento também serve de vetor de outros problemas para o interior dessas áreas, como o avanço de doenças e ameaças à sobrevivência de indígenas isolados. Um caso recente é o do povo ianomâmi, onde houve diversas mortes de indígenas após a entrada de garimpeiros”, diz à Agência Fapesp Celso H. L. Silva-Junior, professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e primeiro autor do artigo.

 

Consideradas um modelo eficiente de preservação da floresta, as TIs têm sofrido crescentes pressões, como o aumento de garimpos ilegais. Com o avanço da devastação – induzida por recentes reveses ambientais, como o enfraquecimento da governança e a redução da proteção e dos direitos dos povos –, as terras indígenas podem reverter o papel vital de áreas protegidas no combate às mudanças climáticas e na manutenção da floresta em pé.

 

As florestas tropicais, como a Amazônia, são um dos ecossistemas mais importantes na mitigação das mudanças climáticas. Mas podem funcionar como via de mão dupla, absorvendo carbono enquanto crescem e se mantêm e liberando os gases quando degradadas ou desmatadas, por isso a importância da conservação e de políticas de combate ao desmatamento, entre outras ações.

 

“Precisamos lembrar que as TIs são fundamentais para que o Brasil consiga cumprir as metas ambientais que procuram diminuir os impactos das mudanças climáticas. Preservá-las é essencial. É necessário forçar o cumprimento das leis para que essas áreas mantenham o seu papel de ser uma espécie de escudo para a floresta em pé e os povos tradicionais que nelas vivem”, completa o pesquisador Guilherme Mataveli, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que é bolsista de pós-doutorado da Fapesp e um dos autores do trabalho.

 

AmeaçaO estudo também recebeu financiamento por meio do Centro de Pesquisa e Inovação de Gases de Efeito Estufa (RCGI) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por Fapesp e Shell na Universidade de São Paulo (USP) – e de um Projeto Temático vinculado ao Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

 

Em texto publicado no ano passado na revista Science, o pesquisador já havia alertado que o crescente desmatamento em TIs é uma ameaça ao cumprimento das metas brasileiras (leia mais em: agencia.fapesp.br/38317/). O Brasil assumiu no Acordo do Clima de Paris a meta de recuperar 12 milhões de hectares de floresta até 2030 e se comprometeu a neutralizar as emissões de carbono até 2050.

 

Um terceiro estudo realizado por parte dos cientistas do mesmo grupo já havia mapeado outra ameaça: o avanço da mineração em terras indígenas na Amazônia Legal. Houve um aumento de 1.217% nos últimos 35 anos, passando de 7,45 km2 ocupados por essa atividade em 1985 para 102,16 km2 em 2020. De acordo com esse trabalho, quase a totalidade (95%) dessas áreas de garimpo ilegal está concentrada em três TIs: Kayapó, seguida pela Munduruku e a Yanomami, localizadas nos estados do Pará e Roraima (mais informações em: agencia.fapesp.br/40613/).

 

CONCENTRAÇÃO

 

Agora, a pesquisa mostra que 42% das TIs analisadas tiveram alta da taxa de desmatamento, sendo que em 20 delas a tendência foi mais significativa. Entre essas, a TI Arara registrou a menor taxa (0,02 km2 ao ano), enquanto a Apyterewa teve a maior (8,58 km2 ao ano). Ambas estão localizadas no estado do Pará.Por outro lado, 11% das áreas analisadas reduziram o desmatamento, sendo cinco mais significativamente. Entre elas está a TI Alto Turiaçu, no Maranhão, onde vivem cerca de 1.500 indígenas dos povos Awa Guajá, Ka’apor e Tembé.

 

“O foco do estudo era mostrar os riscos que as terras indígenas vêm sofrendo. Mas um dado interessante foi também esse da redução. Sabemos que, no caso do Maranhão, por exemplo, os indígenas conseguiram esse resultado positivo porque têm iniciativas próprias de combate ao desmatamento ilegal, grupos que atuam como guardiões da floresta”, afirma Silva-Junior. O professor destaca a multidisciplinaridade da equipe de pesquisadores, com a participação de dois antropólogos – Maycon Melo, do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade Ceuma (Maranhão), e Bárbara Maisonnave Arisi, da Vrije Universiteit Amsterdam (Países Baixos) –, permitindo diferentes olhares sobre a questão.

 

RECOMENDAÇÕES 

 

Ao final do artigo, os pesquisadores fizeram seis recomendações visando contribuir com o avanço das políticas públicas voltadas a evitar o avanço do desmate nessas áreas. São elas: a revogação de leis e normas que causaram retrocessos ambientais; o fortalecimento de instituições de fiscalização; a criação de zonas de amortecimento de 10 km entre TIs e áreas de exploração mineral ou de projetos de alto impacto, além do cancelamento de todos os CARs (Cadastro Ambiental Rural) dentro das TIs.

 

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Propõem ainda o apoio a iniciativas que promovam agricultura e outras práticas sustentáveis de uso da terra, incluindo projetos de restauração de ecossistemas, e o fortalecimento do monitoramento por sensoriamento remoto, com investimentos no desenvolvimento de novos sistemas com melhorias em frequência e escala. Por fim, tratam do fortalecimento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), órgão federal responsável pela garantia dos direitos indígenas, sugerindo mais financiamento e contratação de novos funcionários. Neste ano, pela primeira vez, a Funai tem a presidência ocupada por uma indígena, a advogada Joenia Wapichana. 

 

Fonte:Planeta

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