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Meio Ambiente : Inseto de um milímetro encontrado apenas em caverna do Pará já está em extinção
Enviado por alexandre em 05/10/2023 09:55:11

Inseto de um milímetro encontrado apenas em caverna do Pará já está em extinção

Um inseto de um milímetro, sem olhos e com seis pernas, é encontrado dentro de uma única caverna no interior do Pará. Longe do senso comum, pesquisadores brasileiros estão mobilizados para a preservação do Troglobius brasiliensis, ainda sem nome popular, que está criticamente ameaçado de extinção.

A ação para manter o inseto (inofensivo ao ser humano) em uma rocha na Caverna do Limoeiro (o único registro em todo o mundo), em Medicilândia (PA), vai além das paredes da caverna e tem potencial de sensibilizar comunidades para o respeito ao meio ambiente. Nas expedições, os cientistas ficaram agachados por horas em busca de encontrar o inseto.

"O animal existe, tem direito de continuar existindo e está intimamente associado ao processo de ciclagem de nutrientes no solo (da caverna)",

afirma o professor Douglas Zeppelini, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Foto: Reprodução/ Acervo IDEFLOR-Bio
Ele explica que o bichinho, registrado pela primeira vez há 25 anos, alimenta-se de detritos e transforma a matéria orgânica em decomposição, mantendo o ciclo natural para a riqueza do solo.

O trabalho de preservação do Troglobius brasiliensis é do Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Xingu (PAT Xingu), com o trabalho de pesquisadores do projeto 'Pró-Espécies: Todos contra a Extinção'.

A ação é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pretende gerar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo.

"Com as expedições recentes, conseguimos coletar novos dados sobre essa espécie e observamos que o bicho está dentro de uma cadeia alimentar de organismos. Imagine que todos os indivíduos da espécie inteira habitam uma localidade em um único ponto",

explica.

Segundo os pesquisadores, a caverna está bem conservada e conta com a consciência dos donos da fazenda. "A gente se sente muito privilegiada depois dessas descobertas, já que a fazenda está bem conservada", diz a fazendeira Rosane Gotardo. 

Ela espera que as pessoas na região fiquem mais bem informadas sobre a novidade e que existam mais recursos para proteção do local. 

Políticas públicas 

O professor Douglas Zeppelini entende que seria necessária uma unidade de conservação, também levando em conta que os proprietários colaboram para preservação da região. "Nós coletamos o material de pesquisa em três expedições para fazer o levantamento". 

O pesquisador defende que existam políticas públicas para preservar os animais ameaçados de extinção. 

Foto: Reprodução/ Acervo IDEFLOR-Bio

Ele lembra que, além do Troglobius brasiliensis, os pesquisadores encontraram um pseudoescorpião predador. Uma mostra, segundo ele, de que o ecossistema da caverna está funcionando perfeitamente. "São duas espécies que ocupam diferentes níveis na cadeia alimentar", explica.

Sensibilização 

A coordenadora do PAT Xingu, Nívia Pereira, pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor), também defende que é necessário garantir visibilidade para mudar a realidade de espécies ameaçadas, o que inclui levar as histórias para diferentes públicos, como é a escola, por exemplo. "Conscientizar ou sensibilizar a comunidade está entre os objetivos. Percebemos que a caverna do Limoeiro, entre todas que a gente visitou, tem o entorno mais conservado. Há uma fauna que entra e sai da caverna", comenta.

A área do plano tem contexto de dificuldades, incluindo incidência de desmatamento, avanço agrário e garimpo: "O plano contempla a preservação de oito espécies e já tivemos resultados muito interessantes". Além das expedições, os pesquisadores têm como prioridade a educação ambiental. É esse aprendizado que fascina os pesquisadoras que precisa chegar às crianças em uma aula prática de meio ambiente, saúde e educação. 

Foto: Reprodução/ Acervo IDEFLOR-Bio

A bióloga Tayane Accordi, da Secretaria de Meio Ambiente de Medicilândia, defende que é importante para a cidade a parceria com o plano Pat Xingu, a fim de promover a proteção das espécies na cidade, com ênfase no Troglobius, que é o mais sensível. A conscientização sobre a novidade é trabalhada na escola. "Promovemos campanhas de educação ambiental nas escolas e, em breve, vamos implementar com algumas das metas do plano", diz.

Potencial de cavernas 

Para o analista ambiental Daniel Mendonça, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), que atua na pesquisa e conservação de cavernas, pode haver interesse turístico em regiões como essa.

A lógica é simples: ao garantir visibilidade para os animais, maior seria o interesse de conservar. "Que mais cavernas possam ter planos para o turismo ocorrer de forma sustentável". As instalações têm custos como escadaria, rampa e outras estruturas, mas que devem ser feitas com planejamento.

Foto: Reprodução/ Acervo IDEFLOR-Bio
Mendonça explica que a Constituição Federal considera as cavernas como bem da União e que devem ter proteção máxima. Para ele, há um mundo de descobertas em estruturas naturais de fauna e flora. Hoje o Brasil tem, registradas e conhecidas, aproximadamente 23.500 cavernas.

Há estimativa de mais de 150 mil. A caverna do Limoeiro tem 1,5 mil metros de extensão.

"Quanto mais mapear, maior a chance de proteger também. Na verdade, é desaconselhável que se entre em uma caverna que não se conhece sozinho. Sempre é um ambiente de risco",

alerta.

Meio Ambiente : Rios voadores, o fenômeno que fornece chuva para o Brasil e regula o clima do mundo
Enviado por alexandre em 04/10/2023 00:28:39


Se você olhar para o céu agora, deve ver nuvens, pássaros ou estrelas e a lua, mas lá, ocorre também um fenômeno invisível que ajuda a fornecer chuva e influencia o clima em diferentes partes do mundo: os rios voadores.

Leia também: Portal Amazônia responde: O que são os rios voadores?

Especialistas explicam que os rios voadores são volumes de vapor de água que vêm do oceano Atlântico, precipitam-se sob a forma de chuva na Amazônia e seguem até a Cordilheira dos Andes, uma cadeia de montanhas localizada na costa da América do Sul.

Rios Voadores da Amazônia. Foto: Reprodução/Globo

Por conta das formações rochosas das Cordilheiras, o que não se precipitou é "rebatido" de volta para o continente, fornecendo umidade para várias regiões do país. Ou seja, massas de ar, carregadas de vapor de água, passam por cima das nossas cabeças carregando umidade da Amazônia para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Mas esse vento carregado de umidade que chega até a Amazônia só é possível porque as árvores da Floresta bombeiam as águas das chuvas de volta para a atmosfera, através de um fenômeno denominado 'evapotranspiração', ou seja, a água das chuvas que fica retida nas copas das árvores evapora e permanece na atmosfera em forma de umidade e é exatamente essa umidade que forma os rios voadores.

Marcelo Lucian Ferronato, doutor em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, explica que os rios voadores podem carregar bilhões de toneladas de água por ano.

"Os rios voadores podem transportar quantidades massivas de água na forma de vapor, variando de centenas de milhões a bilhões de toneladas de água por ano, dependendo das condições climáticas e sazonais", 

diz.

Os rios voadores e o clima 

A chegada de uma nova e forte onda de calor extremo, que fez com que várias regiões do país registrassem temperaturas próximas dos 40ºC, indica a necessidade de olhar para os rios voadores como parte fundamental na regulação do clima.

"Essas correntes de vento e umidade determinam os ciclos climáticos locais e regionais, influenciam nos padrões climáticos, afetando a estabilidade do clima e a sazonalidade das chuvas", explica Marcelo.

O pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, Carlos Nobre, explica que os rios que sobrevoam os céus da América ajudam a manter a estabilidade climática da Terra.

"Esse é um serviço sistêmico muito importante, o que nós chamamos de 'rios voadores'. É muito importante para manter a estabilidade climática do planeta",

 pontua Carlos Nobre.

Mas como os rios voadores estão ligados ao aumento da temperatura global? Marcelo Ferronato explica que, como no Brasil a emissão dos gases de efeito estufa está ligada ao desmatamento da Floresta Amazônica, há uma relação direta entre a preservação da floresta e a regulação do tempo.

"Do mesmo modo que um rio que corre pela terra, quanto mais se desmata menos água ele tem, ocorre nos rios voadores. Quanto mais se desmata a Amazônia, menos "volume" de água esses rios voadores têm. Afetando os padrões climáticos em escalas locais e regionais e contribuindo assim para escala planetária", explicou.

Ou seja, Marcelo destaca que, "a perda da Floresta Amazônica, por exemplo, pode diminuir a quantidade de umidade transportada pelos rios voadores, afetando o clima global".  

*Por Thaís Nauara, do g1 Rondônia

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Retorno de El Niño é anunciado no Brasil e pode durar até dois anos - Portal Amazônia

No Brasil, esse fenômeno climático é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em diversas áreas do mundo e, dessa maneira, ocasiona secas prolongadas nas Regiões Norte e Nordeste.

Meio Ambiente : Plataforma mobiliza investimentos para promoção de negócios sustentáveis na Amazônia
Enviado por alexandre em 22/09/2023 09:59:20


O Instituto Amazônia+21 desenvolveu uma plataforma para angariar investimentos para financiamento de projetos sustentáveis em vários segmentos do setor produtivo da floresta Amazônica. A Facility de Investimentos funciona a partir de um blended finance, que são estruturas de financiamento misto que utilizam fundos não reembolsáveis e ações filantrópicas para atrair investimentos.

O especialista sênior do Instituto Amazônia+21 Fernando Penedo detalha o funcionamento da plataforma:

"Ela trabalha com diferentes veículos e instrumentos financeiros, a partir do blended finance. Então é um ambiente de segurança jurídica, transparência, risco equilibrado, alto desempenho econômico e impacto significativo no ecossistema da Amazônia."

Foto: Gustavo Frazao/Shutterstock

Segundo Penedo, esse ambiente se localiza dentro do próprio Instituto Amazônia+21, a partir das relações humanas e negociações entre os diferentes atores. 

"Então tem uma relação com o sistema financeiro, com as ONGs locais, com as empresas locais, com os distribuidores de ativos. Ela se dá por meio da conexão entre diferentes atores fazendo o ecossistema de financiamento sustentável acontecer na Amazônia"

destaca o especialista
Os recursos da Facility são captados de diferentes atores como filantropos, fundações, institutos empresariais, grandes fortunas, bancos empresariais, bancos de desenvolvimento, organismos multilaterais, entre outros. "Todo esse ecossistema de financiamento, de coinvestimento ou de doação se acomoda na Facility em diferentes veículos", explica Penedo.

A estratégia é que a plataforma opere em três ciclos sucessivos e crescentes. O primeiro, com duração de 3 anos, tem a meta de captar R$ 79 milhões para o Fundo Catalítico, R$ 168 milhões para o Fundo de Investimento em Participações, e R$ 450 milhões para o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, totalizando R$ 697 milhões no primeiro ciclo. A expectativa é alcançar R$ 3,9 bilhões ao final do último ciclo. 

Plataformas 

A Facility de Investimentos trabalha simultaneamente com quatro plataformas que integram múltiplas ferramentas de apoio aos projetos, como empréstimos, participação acionária, garantias, seguros, programas ou fundos de garantia, doações, remuneração com base em resultados e suporte técnico. 


  •  Plataforma de conhecimento: gera dados e informações quantitativas e qualitativas sobre a Amazônia, como riscos e oportunidades, por exemplo;
  • Plataforma de assistência técnica: auxilia os originadores de projetos a criarem ativos financiáveis no contexto do desenvolvimento sustentável;
  • Plataforma de investimentos: onde acontece de fato o blended finance, que irá acomodar os diferentes capitais para fazer os investimentos, os financiamentos e as doações aos projetos do território;
  • Plataforma de engajamento multistakeholder: onde os variados atores se encontram e se alocam em diferentes funções dentro do ecossistema de finanças sustentáveis.

Como participar 

Os projetos são selecionados de quatro formas: a Facility contata os originadores um a um; os originadores podem procurar a Facility; seleção por meio de parcerias ou lançamento de edital. 

"A própria Facility contata os atores originadores daquelas iniciativas e começa a modelar um projeto que é financiável e que gera impacto na Amazônia Legal brasileira. Uma outra possibilidade é esse ator procurar a gente também. Uma terceira possibilidade é a gente operar com parcerias. E a quarta forma é lançar edital. Então, a gente já lança edital chamando projetos dentro de todo o regramento que a gente espera que aquele projeto atenda e ele pode ser beneficiado com o financiamento dentro dessa lógica de finanças híbridas"

- detalha Fernando Penedo

Os originadores dos projetos devem atender aos critérios de conformidade, compliance e integridade da Facility de Investimentos. Segundo Fernando Penedo, a plataforma possui vantagens tanto para os originadores, quanto para quem financia. 

"É um ambiente seguro, de risco controlado, que faz gestão de impacto de forma muito madura. E tem oferta de diferentes tipos de capital. Então eu posso ofertar um capital filantrópico, coinvestimento, cofinanciamento, e eu posso combinar todas essas estratégias em um mesmo projeto. Na ponta, para o originador de projetos, a grande vantagem é que, no caso de um financiamento, uma Facility consegue, combinando recursos, aumentar o prazo de carência e diminuir a taxa de juros frente ao que é colocado diretamente para ele pelo mercado."

Segundo o especialista sênior do Instituto Amazônia+21, a estimativa é que a Facility de Investimentos seja lançada agora em outubro de 2023. O Instituto Amazônia+21 é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).  Para mais informações acesse o site.


*Com informações do Brasil 61

Meio Ambiente : Bactérias encontradas em áreas degradadas podem ser utilizadas na agricultura e combate de doenças
Enviado por alexandre em 21/09/2023 09:46:14

Bactérias encontradas em áreas degradadas podem ser utilizadas na agricultura e combate de doenças

Bacias hidrográficas do estado de Mato Grosso - Foto: Reprodução/UFMT

Cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) têm coletado e catalogado bactérias em áreas degradadas próximas a nascentes de rios para reutilizá-las de forma sustentável. O projeto testa a utilização dos micro-organismos na saúde e na agropecuária.

A equipe identificou os micro-organismos nos estômagos de insetos que se alimentam de detritos, em áreas com alta concentração de mercúrio.

"Essas bactérias estão sendo catalogadas e estamos estudando os usos para fins agropecuários e combate a doenças causadas pelo Aedes aegypti, como a dengue. Temos pelo menos 13 materiais genéticos com potencial para descoberta de novas espécies ou de registros dessas espécies associadas a essas áreas"

explica Adilson Pacheco, coordenador do projeto e pesquisador da UFMT.

O projeto é um dos 67 selecionados pelo PDPG na Amazônia Legal, que tem como objetivo fomentar propostas de Planos de Desenvolvimento de Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em áreas estratégicas da região: biotecnologia, biodiversidade, conservação e recuperação ambiental, saúde pública, doenças tropicais e tecnologias para o trabalho em saúde, combate e prevenção voltadas ao enfrentamento de epidemias, engenharias e tecnologias de informação e comunicação, clima energia e recursos hídricos, produção animal e vegetal sustentável, diversidade sociocultural e atividade socioeconômica.

Os trabalhos envolvem três PPG. Além de Ciências Ambientais: o PPG em Zoologia, PPG em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. A atuação conjunta dos programas irá consolidar aqueles que ainda não contam com curso de doutorado. O investimento é de até R$627,2 mil por projeto.

Meio Ambiente : El Niño interrompe capacidade das florestas da América do Sul de absorver carbono, revela estudo
Enviado por alexandre em 19/09/2023 10:21:24


Um estudo divulgado recentemente pela revista Nature Climate Change aponta que as altas temperaturas causadas pelo evento climático El Niño, no período de 2015 a 2016, interromperam a capacidade das florestas da América do Sul de absorver o carbono. Mais de 100 cientistas de instituições nacionais e internacionais participaram do trabalho, entre eles a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Flávia Costa, e a pós-doutoranda do Inpa, Thaiane Sousa.
Foto: Laboratório de Ecologia Vegetal/Inpa/Divulgação

O estudo liderado pela pesquisadora Amy Bennett da Universidade de Leeds, no Reino Unido, revelou que o El Niño, evento climático que aquece a superfície do mar no Oceano Pacífico levando a uma grande mudança no sistema climático mundial, daqueles dois anos foi recorde, causando aumentos extremos de calor e seca em toda a América do Sul. Isso levou cientistas de várias instituições a avaliar o impacto do fenômeno (2015-2016) comparado com os anteriores.

Durante muito tempo, as florestas tropicais funcionaram como sumidouros de carbono, retirando mais carbono do ar do que emitindo, um processo que reduziu o impacto das mudanças climáticas. A recente pesquisa mostrou que as altas temperaturas e a seca durante o El-Niño de 2015-2016 levaram ao aumento das perdas de carbono através da mortalidade das árvores.

Foto: Laboratório de Ecologia Vegetal/Inpa/Divulgação

Foram estudadas 123 parcelas florestais, que são áreas delimitadas de uma população de floresta, na América do Sul tropical, árvore por árvore. Essas áreas florestais são administradas pelas redes de pesquisa da Rede Amazônica de Inventários Florestais (RAINFOR) e do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio/Inpa). Após as análises foi notado que o sumidouro de carbono, representado pelo acúmulo de biomassa nas árvores, cessou durante o El Niño, com o balanço de carbono tornando-se indistinguível de zero.

De acordo com o estudo, de 123 parcelas estudadas, 119 delas experimentaram um aumento médio mensal de temperatura de 0,5 graus celsius. Outro dado relevante é que 99 parcelas sofreram déficits hídricos, isso quer dizer que onde estava mais quente, também estava mais seco. Essas parcelas florestais estudadas são estruturalmente intactas e abrangem florestas amazônicas e atlânticas, incluindo as que são de transição com florestas secas e Cerrado.

O estudo aponta que as florestas em climas mais secos da América do Sul sofreram os maiores impactos do El Niño, indicando maior vulnerabilidade a temperaturas extremas e secas, provavelmente, algumas árvores já estavam operando nos limites das condições toleráveis. Entretanto, se acreditava que as florestas mais úmidas seriam mais vulneráveis ao clima extremamente seco, já que estariam menos adaptadas a tais condições. 

Vigilância constante  

Os resultados da pesquisa sugerem que as florestas mais secas na região tropical terão maiores taxas de mortalidade no El Niño que está acontecendo em 2023, provocando uma emissão maior de carbono para a atmosfera, que influencia de forma significativa nos impactos das mudanças climáticas. Nas regiões de florestas mais secas, onde o desmatamento é maior, especialmente no leste e sul da Amazônia, existe risco de incêndios florestais. Outro fator apontado na pesquisa é que secas mais frequentes em curtos espaços de tempo enfraquecem as florestas que já mostraram ser mais resistentes no passado, tornando-as mais vulneráveis.

Foto: Laboratório de Ecologia Vegetal/Inpa/Divulgação

 Segundo a pesquisadora do Inpa, Flávia Costa, esses resultados demandam uma vigilância constante por parte das agências ambientais em todos os estados da Amazônia brasileira. "A proteção destas florestas que ainda não sofreram efeitos negativos do El Nino é crucial para continuar a prover os serviços ecossistêmicos de absorção de carbono e produção de água, que afetam não só a população amazônica, mas todo o planeta", frisa.

A pós-doutoranda do Inpa, Thaiane Sousa, destaca a importância das análises, principalmente ao considerar os eventos recorrentes.

"É importante analisarmos as respostas das florestas às secas extremas e seus efeitos no balanço de carbono para entendermos como as plantas podem ser nossas aliadas. A partir disso, poderemos definir formas de diminuir as mudanças climáticas e conservação das áreas de floresta nativa. Considerando o papel crucial das florestas na absorção de carbono da atmosfera, é importante termos medidas eficientes de controle ao desmatamento, valorização da floresta em pé e apoio às comunidades tradicionais"

pontua.

Equipe de pesquisadores 

O estudo envolveu uma ampla rede de pessoas para a medição de mais de meio milhão de árvores, todas as medidas feitas à mão, utilizando fita diamétrica, e a identificação de mais de 4.000 espécies. O trabalho foi realizado em seis países sul-americanos por pesquisadores de diversas nacionalidades e destaca a importância do monitoramento ecológico de longo prazo para compreender e proteger as florestas.

Dois relatórios foram publicados na Nature Climate Change relacionados a esta pesquisa. O artigo científico, "Sensitivity of South American tropical forests to an extreme climate anomaly", e um resumo de pesquisa intitulado "Impact of the 2015-2016 El Nino on South American tropical forests". 

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