Mais Notícias : Jucá: “Se morrer, faz parte”
Enviado por alexandre em 20/03/2017 08:10:33

Jucá: “Se morrer, faz parte”

Postado por Magno Martins

Os golpes contra o eleitor e o contribuinte mostram o pânico que se abateu sobre a classe política

Ruth de Aquino - ÉPOCA

A frase lapidar é de Romero Jucá, um dos homens fortes do governo Temer, aquele que queria “estancar a sangria da Lava Jato”.

Foi uma reação à “lista de Janot”, o procurador-geral da República que pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de 83 inquéritos.

A lista atinge cinco ministros do governo, o Legislativo e ex-presidentes. “Estamos na guerra”, disse Jucá, o Congresso “não pode ficar paralisado, tremendo”.

Nessa guerra, não são os políticos que costumam morrer – embora alguns estejam presos. Eles dão crias, ressuscitam, fazem conchavos, comem, riem e bebem juntos, criam leis para obrigar você a pagar a campanha deles. Criam leis para aumentar sua própria remuneração.

Mais Notícias : Não se engane: "Doações foram dinheiro do crime"
Enviado por alexandre em 20/03/2017 08:09:59

Não se engane: "Doações foram dinheiro do crime"

Postado por Magno Martins

Celso Rocha de Barros - Folha de S.Paulo

A esta altura, não se sabe bem o que seria considerado uma surpresa na lista de Janot. A única dúvida é se alguém politicamente relevante ficará de fora (Marina Silva talvez?). Os outros que talvez comemorem sua ausência, como Bolsonaro, não foram comprados, porque as empreiteiras buscavam políticos competentes o suficiente para participar de discussões e decisões importantes. Em 30 anos de carreira legislativa, o máximo que Bolsonaro produziu em troca de seu alto salário de deputado foram duas ou três piadas sobre gays.

Os outros grandes quadros da política brasileira devem aparecer na lista. Sim, é importante saber o grau de envolvimento de cada um dos citados. Mas não se deixe enganar pela discussão sobre caixa um e caixa dois: o dinheiro pode ter entrado pelas mais variadas reentrâncias, mas sua origem é um cartel de empreiteiras que roubava dinheiro dos contribuintes. O cartel dava dinheiro para políticos em troca de tolerância à sua manipulação de preços. Todas as doações foram dinheiro do crime.

Alguns dos acusados terão negociado essa transação pessoalmente, outros o terão feito por meio de subordinados. Outros terão recebido dinheiro por serem aliados ou correligionários de alguém importante que vendeu um favor. Deveriam ter perguntado por que estavam recebendo dinheiro de empresas que faziam o grosso de seus negócios com o governo, mas não perguntaram.

De qualquer jeito, fica claro que o sistema era esse, e já fazia tempo que era. Os esquemas vinham de décadas. Portanto, a primeira lição a tirar do episódio é: não, nunca houve uma época em que tudo fosse mais honesto.

O que havia eram ditaduras, como a que Bolsonaro apoiou, que teriam fuzilado Sergio Moro e Deltan Dallagnol quando suas investigações chegassem no primeiro assessor de ministro.

Em segundo lugar, não é razoável supor que todos esses políticos sejam gente pior que nós. Se todos aceitaram dinheiro do cartel, é porque devia mesmo ser muito difícil se eleger sem aceitá-lo. Portanto, enquanto a polícia e o Judiciário cumprem seu papel, precisamos pensar em formas de tornar nossas campanhas mais baratas. Se não mudarmos essas regras, mesmo que elejamos 500 Pepes Mujicas em 2018, em 2022 todos serão Eduardos Cunhas.

Mais Notícias : Universidades, em vez de aeroportos
Enviado por alexandre em 20/03/2017 08:09:26

Universidades, em vez de aeroportos

Postado por Magno Martins

Carlos Chagas

Nunca é demais repetir episódios da vida de Voltaire. Jean Marie Arouet, na flor de seus vinte anos, foi para Paris, onde logo se lançou como cronista de costumes. Ao saber que o Regente da França, empenhado em promover a contenção de gastos, havia decidido vender a metade das cavalariças reais, escreveu que melhor seria livrar-se da metade dos asnos que rodeavam o trono.

Num domingo, passeando pelo Bois de Boulogne, o monarca deparou-se com Voltaire e disse: “monsieur Arouet, vou proporcionar-lhe uma visão de Paris que o senhor desconhece.” A guarda real aproximou-se e levou o cronista para a Bastilha, onde ficou preso por quase um ano.

Amigos intercederam, o jovem foi perdoado e Felipe ainda o gratificou com razoável pensão mensal, “para que pudesse prover suas despesas com alimentação e habitação”.

Voltaire agradeceu por carta, acentuando que ficava feliz pela preocupação do Regente com sua alimentação, mas quanto à habitação, não se preocupasse, pois ele mesmo a proveria.

Seguiu-se nova ordem de prisão e o cronista fugiu para a Inglaterra.

A historinha se conta a propósito de nosso Regente haver privatizado quatro aeroportos e comemorado o sucesso da venda a empresas estrangeiras. Bem que Michel Temer poderia ter feito diferente e, em vez de alienar patrimônio público, por que não transformar os quatro aeroportos em universidades abertas, à disposição de estudantes carentes? Melhor teria sido o investimento, em especial porque o dinheiro a ser recebido pelo governo logo sairá pelo ralo, sem nenhum proveito para a recuperação nacional.

Mais Notícias : Passará o céu e o inferno
Enviado por alexandre em 20/03/2017 08:08:55

Passará o céu e o inferno

Postado por Magno Martins
Carlos Brickmann

O Inferno vem antes: com o avanço da Operação Lava Jato e a entrega ao Supremo da Lista de Janot, na qual há pedidos de abertura de inquérito sobre 107 pessoas - todas, de alguma forma, poderosas - Brasília parou. A oposição decidiu ir à guerra: entre os envolvidos, estão Dilma e Lula, e os ex-ministros Palocci e Mantega. O Governo não sabe bem como agir: os ministros Eliseu Padilha, Gilberto Kassab, Moreira Franco, Aloysio Nunes fazem parte da lista. Que fará Temer, com tantos ministros sob suspeita?

Boa pergunta: o que não falta, nos meios políticos, é gente imaginando fórmulas para se livrar da prisão. A mais simples é definir especificamente a Caixa 2 como crime. Em seguida, enquadrar nessa definição o maior número possível de políticos e empresários. E, como a lei que especifica que a Caixa 2 é crime será recente, todos os acusados serão inocentes, já que quando a praticaram ainda não havia lei que a definisse como crime.

As tentativas de livrar-se legalmente da cadeia podem não dar certo, se a opinião pública se mantiver atenta (e mobilizada, o que será demonstrado no próximo dia 26). Entretanto, ao menos para o pessoal mais poderoso, os pedidos de inquérito podem incomodar, mas dificilmente os atingirão.

Há dois anos, Janot pediu ao Supremo a abertura de 27 inquéritos envolvendo pouco mais de 40 políticos. Passados dois anos, seis estão sendo processados. Para quem tem foro privilegiado, o Supremo é o Céu.

Através do espelho

Toda verdade tem múltiplas facetas. A nota acima pode perfeitamente ser lida ao contrário. Há quem conteste a existência do foro privilegiado; há quem até o aceitaria, mas discorda de uma legislação que joga nas costas de um tribunal constitucional, já sobrecarregado de processos, o julgamento de réus, o que não é sua especialidade, e desprovido de recursos para dar aos casos a celeridade que deveria ser a norma.

Para a população, que espera Justiça, e a quem os julgamentos deveriam mostrar que o crime não compensa, Céu e Inferno se invertem.

Mais Notícias : Serraglio era protetor do fiscal da "Carne Fraca"
Enviado por alexandre em 20/03/2017 08:08:20

Serraglio era protetor do fiscal da "Carne Fraca"

Postado por Magno Martins

O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR) e o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho (PR)

Josias de Souza

Não foi por acaso que Osmar Serraglio recorreu ao fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho para pedir que acudisse o dono de um frigorífico sob fiscalização no Paraná. No exercício do seu mandato de deputado federal, Serraglio notabilizou-se como um ferrenho protetor político do personagem. Agora, na pele de ministro da Justiça, Serraglio tenta se desvencilhar do seu protegido, acusado pela Polícia Federal de liderar a “organização criminosa” desbaratada na Operação Carne Fraca.

O blog apurou que Serraglio pegou em lanças para tentar impedir que o “grande chefe”, como se referia a Daniel Gonçalves Filho, fosse afastado do comando da superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná. Última titular da pasta da Agricultura na gestão de Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) recebeu Serraglio em seu gabinete no ano passado, antes do impeachment da ex-presidente petista. O visitante estava acompanhado do deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), outro anteparo político do fiscal da Carne Fraca.

Numa deferência à dupla de apoiadores do fiscal tóxico, Kátia Abreu informou que recebera da Consultoria Jurídica do Ministério da Agricultura uma recomendação para suspender Daniel Gonçalves do posto de autoridade máxima da pasta no Estado do Paraná. Explicou que o afastamento ocorreria como resultado de um Processo Disciplinar Administrativo. Inconformado, Serraglio pediu à então ministra de Dilma uma cópia do processo. Embora o pedido fosse inusual, foi atendido.

Mesmo depois de folhear o processo, Serraglio não se deu por achado. Insistiu para que Kátia Abreu mantivesse Daniel Gonçalves no comando da representação da Agricultura no Paraná. O processo administrativo tratava de um caso de furto na superintendência paranaense do ministério. Daniel livrara um subordinado da acusação de surrupiar combustível. O problema é que ele não tinha poderes para inocentar o colega. Para complicar, as evidências do desvio eram eloquentes.

De resto, o protegido de Serraglio respondia a vários outros processos administrativos. Àquela altura, Daniel Gonçalves já se encontrava também sob investigação da Polícia Federal. Mas o inquérito que desaguaria na Operação Carne Fraca corria em segredo. Sem saber, Kátia Abreu tomou distância de uma encrenca.

Dois meses antes, em fevereiro de 2016, o ainda deputado Serraglio, também alheio à movimentação dos agentes federais, tocara o telefone para Daniel Gonçalves. Por mal dos pecados, aproximara-se da radiação. Sua voz soara num grampo que a Justiça autorizara a PF a instalar, para ouvir as conversas vadias do então superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná. Agora, convertido em Ministro da Justiça por Michel Temer, Serraglio encontra-se na constrangedora posição de superior hierárquico de uma Polícia Federal que chama seu ex-protegido de corrupto.

Segundo a Polícia Federal, a “quadrilha” liderada por Daniel Gonçalves cobrava propinas de frigoríficos. Em troca, fechava os olhos da fiscalização. E permitia que chegassem às gôndolas dos supermercados carnes com prazo de validade vencido —por vezes, muito vencido.

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