Justiça : Mendonça vota para restabelecer piso para enfermagem
Enviado por alexandre em 12/09/2022 00:09:49

Ministro é o primeiro integrante do STF a se posicionar contra a suspensão da norma

Ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal Foto: STF/SCO/Rosinei Coutinho

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça votou para restabelecer os efeitos da lei que definiu piso salarial de R$ 4.750 para os profissionais de enfermagem. Mendonça é o primeiro integrante da Corte a se posicionar contra a suspensão da norma no julgamento do tema, que ocorre no plenário virtual do Supremo.

Até agora, já são cinco votos para manter a lei suspensa, de acordo com a decisão liminar já proferida pelo ministro Luís Roberto Barroso, no último domingo (4).

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Indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ao STF, Mendonça argumentou ser necessário cuidado em preservar, “tanto quanto possível”, as escolhas “legitimamente” feitas pelos Poderes eleitos.

– Dentro do espaço de conformação legislativa outorgado pelo Constituinte Originário, ao desenharem determinada política pública, com o inevitável sopesamento entre os valores constitucionais em disputa, deve nortear a atuação da Corte Constitucional, não apenas quando do julgamento mais percuciente e aprofundado do próprio mérito da demanda, mas, com ainda mais ênfase e rigor por ocasião da apreciação das medidas cautelares – afirmou o ministro.

Ele ainda completou que a Corte deve ter, em regra, deferência diante das escolhas dos poderes Legislativo e Executivo.

– Ante o exposto, renovando as vênias ao e. Relator, divirjo de Sua Excelência para indeferir a medida cautelar, deixando de referendar a decisão monocrática que a deferiu – acrescentou.

SUSPENSÃO
Ao suspender liminarmente a lei no último dia 4, a pedido da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde), Barroso foi duramente criticado por parlamentares governistas e oposicionistas, que aprovaram o projeto de lei no Congresso no início de agosto.

O texto foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Para Barroso, que já foi acompanhado por outros quatro ministros até o momento no julgamento, a lei deve permanecer suspensa até que uma série de questões sobre impactos financeiros do piso salarial seja esclarecida.

De acordo com o ministro, nas reuniões que teve com representantes do Congresso na última semana, todos reconheceram a importância da alocação de recursos e registraram o fato de que demissões já vinham ocorrendo por antecipação ao início de vigência da medida.

Ao divergir de Barroso, Mendonça discorreu sobre a necessidade de uma postura de “maior autocontenção” pela Suprema Corte.

– Quanto maior o leque de legítimas opções interpretativas disponíveis aos Poderes democraticamente eleitos, menor deve ser o rigor daquele que tem o ônus do controle de conformação dessas escolhas complexas, diante da largueza das balizas estabelecidas. Em tais situações, a postura que se convencionou denominar como autocontenção judicial se impõe – escreveu o ministro.

No voto, Mendonça rememora, inclusive, abordagens usadas por Barroso, ao atribuir ao colega a tese de que, sob o risco de asfixiar o exercício democrático, não se deve pretender que a “normatividade constitucional” seja responsável pela direção de todos os espaços estatais.

O julgamento da ação no plenário virtual do Supremo começou na última sexta-feira (9), e poderá ter duração de cinco dias, com conclusão até quarta-feira (14).

*AE

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