Brasil : Cem anos nas ondas do rádio
Enviado por alexandre em 05/09/2022 14:55:22

No mês em que comemora o seu centenário, o rádio continua cada vez mais jovem, ativo e fazendo história no cumprimento de seus objetivos: informar, entreter e prestar serviço ao ouvinte

 

O dia 7 de setembro de 1922 marcou as comemorações em torno da independência do Brasil, mas não foi esse o único acontecimento a merecer registro naquela data, pois esta viu surgir também um veículo que se tornaria extremamente popular como entretenimento de massa – mas não só, como veremos – ao longo das décadas seguintes: o rádio, cuja gênese está diretamente ligada ao nome de Roquette-Pinto. Foi ele que, maravilhado com a transmissão, à distância e sem fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa – evento que deu início à radiotelefonia brasileira – fez surgir, em abril do ano seguinte, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com transmissor instalado na Escola Politécnica, na cidade que ainda era a capital federal.

A vocação popular do rádio não demorou, então, a aflorar, e foi justamente essa vocação que o transformou num veículo de entretenimento, cultura, informação e prestação de serviço, um aparelho que reinou absoluto nos lares de todo o País pelo menos até o surgimento da televisão, nos anos 50. Esta, que foi um obstáculo quase intransponível no caminho de outra arte popular – o cinema -, não teve a mesma força para desbancar o rádio da posição que ocupava na preferência de boa parte da população.

Ao longo de sua história, essa proximidade só cresceu. Amigo de todas as horas, o rádio levava  informação, música e entretenimento àqueles que moravam nos recantos mais periféricos do País, onde a televisão ainda era uma realidade distante. As donas de casa debruçavam-se em torno do aparelho para se encantarem com as peripécias de O Direito de Nascer, maior audiência em radionovelas de toda a América Latina, no ar pela Rádio Nacional em 1951. E o que dizer então do Repórter Esso, primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil que não se limitava a ler as notícias recortadas dos jornais e que foi testemunho da vida política e social do Brasil e do mundo em seus mais de 25 anos de existência, tendo migrado, ainda nos anos 1950, também para a tevê, meio no qual sobreviveu até o ano de 1970.

Mas é quase impossível falar do rádio sem mencionar a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que tanto contribuiu para divulgar a música popular brasileira. Artistas do porte de Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Silvio Caldas, Francisco Alves, Linda e Dircinha Batista, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Elizeth Cardoso, Emilinha Borba e Marlene, entre tantos outros, fizeram de suas vozes naquela emissora da era dourada passaporte para vender milhões de discos e conquistar a fama e a notoriedade num país que iniciava sua urbanização e a migração do campo para a cidade.

História à parte, o certo é que o rádio chega à modernidade sem ter perdido o seu alcance e apelo junto ao público. Só isso pode explicar o fato de ter sobrevivido ao cinema e à televisão e de ter chegado com muita saúde e disposição ao meio digital, uma vez que o rádio acontece – cada vez com maior força e ocupando mais espaço – também na internet, a despeito daqueles que apostavam que o mundo virtual, mais cedo ou mais tarde,  acabaria por sepultar o rádio.

Diante dessa realidade, o Jornal da USP resgata um pouco da aventura desse meio de comunicação no Brasil, divulgando uma série de boletins que entraram na programação da Rádio USP como parte das comemorações aos cem anos do rádio no Brasil. Nas páginas abaixo, será possível acompanhar uma série de entrevistas com professores, pesquisadores, escritores e artistas, os quais fazem  recortes sobre a história do rádio, enfocando  sobretudo sua importância como expressão da cultura popular do País. E é exatamente essa característica que nos garante que não, o rádio não morreu –  e, ao que tudo indica, deverá sobreviver por mais cem anos.

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