Política : 60 MILHÕES A MENOS
Enviado por alexandre em 28/05/2021 08:51:10

Vidas humanas perdidas sem vacinas

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, fez uma grande revelação durante depoimento prestado na CPI da Pandemia, ontem: ele afirmou que foi feita uma oferta de 60 milhões de doses da Coronavac ao Governo Federal em julho de 2020. De acordo com ele, o imunizante contra a Covid-19 seria entregue ainda no último trimestre do ano passado, caso o acordo fosse firmado naquele momento.

“Em julho, quando houve essa primeira iniciativa (início do estudo clínico do imunizante), nós fizemos a primeira oferta de vacinas ao Ministério da Saúde. Eu mandei um ofício, no dia 30 de julho de 2020, em que ressaltamos a importância de tomar essa iniciativa num momento que ainda não se tinha vacina. Ofertamos, naquele momento, 60 milhões de doses, que poderiam ser entregues no último trimestre de 2020”, atestou.

Ainda segundo Dimas, o Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar o processo de vacinação contra o novo coronavírus, mas o Butantan não recebeu uma resposta efetiva. Ele imputou a “percalços” no fechamento do contrato. A declaração do diretor do instituto paulista expõe a resistência do Governo Federal na aquisição de vacinas, já evidenciada em falas anteriores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de outros integrantes de sua gestão.

No último dia 21 de outubro, quando foi perguntado publicamente sobre um ofício encaminhado ao Butantan pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, Bolsonaro foi categórico: “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade.” Isso dois dias depois de Pazuello manifestar interesse na vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto brasileiro.

Enquanto travava uma disputa política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), principal responsável pelo acordo que trouxe a Coronavac para o Brasil e com pretensão de concorrer à Presidência em 2022, Bolsonaro seguiu desacreditando a vacina: chegou a chamá-la de “vachina” e até a comemorar a suspensão dos testes do imunizante pela Anvisa, em novembro, após a morte de um dos voluntários. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, declarou. Mais adiante, questionou a eficácia da Coronavac.

Durante o depoimento de Dimas, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) sublinhou os danos causados pela recusa em adquirir os imunizantes no ano passado: “Com as 60 milhões de vacinas do Butantan e a oferta da Pfizer, poderíamos ter pelo menos o dobro dos brasileiros vacinados. Esse é o tamanho do desastre.”

Até agora, foram aplicadas 65.268.576 vacinas contra a Covid-19 no Brasil, segundo dados do Localiza SUS, plataforma do Ministério da Saúde. Destas, 42.468.033 de doses são Coronavac, o que representa 65,06% do total. Ainda ontem, o País atingiu 456.753 óbitos devido à doença.

Papelão – Ainda na sessão da CPI ontem, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) insinuou que a Coronavac é produzida utilizando células “extraídas de fetos abortados”. Ele se baseou em um boato para questionar Dimas Covas, chegando a pedir uma “mostra laboratorial”. O diretor do Butantan respondeu que a produção da Coronavac não utiliza células humanas. Durante sua fala, Girão também pôs em dúvida a eficácia da vacina. Apesar de se declarar independente, Girão tem atuado na CPI em defesa do presidente Bolsonaro.

Presidente contra lockdown – O presidente Jair Bolsonaro apresentou, ontem, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ao Supremo Tribunal Federal (STF). A finalidade é pedir que sejam consideradas ilegais medidas restritivas de governadores e prefeitos para conter o avanço da Covid-19, que incluem toque de recolher e lockdown. Decretos instituídos recentemente no Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Norte motivaram a ida de Bolsonaro ao STF. A ADI é assinada pelo presidente e pelo advogado-geral da União, André Mendonça.

Risco de impeachment – Uma pesquisa do PoderData realizada nesta semana aponta que 57% dos entrevistados consideram que o presidente Jair Bolsonaro deve sofrer impeachment. A taxa cresceu 11 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em fevereiro deste ano. Em contrapartida, 37% avaliam que ele deve continuar no cargo, representando uma queda de 10 pontos. Antes, 47% apoiavam sua permanência. Esta é a primeira consulta sobre a possibilidade de impeachment de Bolsonaro após a instalação da CPI da Pandemia no Senado. Foram entrevistadas 2,5 mil pessoas em 519 municípios das 27 unidades federativas. A margem de erro é de dois pontos.

Fox News Brasil? – Ex-presidente da CNN Brasil e ex-diretor de Jornalismo da Record, Douglas Tavolaro está tentando abrir uma franquia da Fox News no País. De acordo com o Poder360, o executivo tem conversado com diretores da emissora caracterizada pelo conservadorismo. A Fox News foi uma espécie de braço-direito do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enquanto ele esteve no poder. Durante o processo eleitoral conturbado, no entanto Trump criticou o canal.

CURTAS

PERDA – A morte do sambista Nelson Sargento, ontem, aos 96 anos, teve grande repercussão. Ele contraiu a Covid-19 e estava internado desde o último dia 20 no Instituto Nacional do Câncer (Inca), onde já havia tratado um câncer de próstata há dez anos. O estado de saúde do músico, que era presidente de honra da Mangueira, se agravou na quarta (26). Ele chegou a tomar duas doses da Coronavac.

PDT E VOTO IMPRESSO – O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, divulgou um vídeo em defesa do voto impresso nas redes sociais. Ao citar Leonel Brizola, fundador da sigla, ele usou o mesmo argumento de apoiadores de Bolsonaro: “Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem a recontagem, a fraude impera”, bradou o líder pedetista.

Perguntar não ofende: Quantas vidas teriam sido salvas se as vacinas chegassem a tempo no Brasil?



Dimas diz que Butantan ofertou 60 mi de doses para 2020

Na CPI da Pandemia, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que houve uma oferta de 60 milhões de doses da CoronaVac ao governo federal ainda em julho de 2020, mas o instituto não recebeu uma resposta efetiva. As doses seriam entregues ainda no último trimestre do ano passado.

“Em julho também, quando houve essa primeira iniciativa (início do estudo clínico do imunizante), nós fizemos a primeira oferta de vacinas ao Ministério da Saúde. Eu mandei um ofício, no dia 30 de julho de 2020, em que ressaltamos a importância de tomar essa iniciativa num momento que ainda não se tinha vacina. Ofertamos, naquele momento, 60 milhões de doses, que poderiam ser entregues no último trimestre de 2020”, assegurou.

Ainda de acordo com o pesquisador, foi feita uma nova oferta de 100 milhões de doses em outubro de 2020.




Covas diz que vê necessidade de dose anual de reforço

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse, hoje, em depoimento à CPI da Covid, que vê necessidade de dose anual de reforço para as vacinas contra a doença. Ele explicou que o surgimento de novas cepas e o tempo que dura a imunização das vacinas que atualmente estão no mercado geram a necessidade de aplicações periódicas.

A CPI da Covid investiga ações e omissões do governo e eventuais desvios de verbas federais enviadas aos estados para o enfrentamento da pandemia. Dimas Covas é a décima pessoa a ser ouvida pela Comissão.

"Com relação a uma dose adicional, uma terceira dose – eu não tenho chamado de terceira dose, mas de dose de reforço –, isso será necessário neste momento para todas as vacinas, não só em relação à própria duração da imunidade, na minha opinião, é claro, como também em relação às variantes", afirmou o diretor do Butantan.

"Tudo indica que seria essa periodicidade, a não ser que a gente tenha mudanças nas próprias vacinas. As vacinas que nós temos hoje, nesse momento, levariam a uma necessidade anual de vacinação", completou Dimas Covas.

O Butantan produz a vacina CoronaVac, parceria do instituto com o laboratório chinês Sinovac. Até o momento, é a vacina mais aplicada no Brasil contra a Covid. A CoronaVac exige duas doses, a princípio.

Dimas Covas afirmou que a dose de reforço é planejada também para a ButanVac, uma nova vacina que está sendo desenvolvida pelo instituto.

"Uma dose adicional, já com as variantes, já está sendo pesquisada, inclusive, com o Butantan, que já incorpora esta variante chamada P1 nos estudos em andamento, inclusive com a ButanVac, já prevendo que ela seja produzida", explicou.


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