Política : O PRESIDENTE
Enviado por alexandre em 22/03/2021 09:28:22


Bolsonaro "Só Deus me tira"

Bolsonaro: Só Deus me tira

O Globo

Em meio à queda de popularidade e a inúmeros pedidos de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito para apurar a atuação do governo no combate à Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo que “só Deus” o tira do cargo. A declaração foi dada diante de uma pequena multidão que se aglomerou em frente ao Palácio da Alvorada para lhe homenagear por seu aniversário. Bolsonaro faz 66 anos de idade neste domingo.

"Enquanto eu for presidente, só Deus me tira daqui", afirmou o presidente.

Ao contrário do que ocorreu em diversas outras aparições públicas do presidente, Bolsonaro foi ao encontro dos seus apoiadores usando máscara. Durante um breve discurso, o presidente fez menções a “tiranos” que estariam tentando tolher o direito de ir e vir do povo. Ele não disse a quem se referia, mas na semana passada, o governo federal ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter toques de recolher impostos pelos governos da Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

"Se alguém acha que, um dia, nós abriremos mão da nossa liberdade, estão enganados. Alguns tiranetes, ou tiranos, tolhem a liberdade de muitos de vocês. Podem ter certeza que o nosso Exército é o verde-oliva e é o de vocês também", afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro insinuou que estariam “esticando a corda”, mas que seus apoiadores poderiam contar com as Forças Armadas. "Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade. Estão esticando a corda. Faço qualquer coisa pelo meu povo e esse qualquer coisa é o que está na nossa Constituição, é a nossa democracia e o nosso direito de ir e vir", disse o presidente.

Em outro ponto do discurso, Bolsonaro defendeu sua atuação no combate à Covid-19: "Fizemos, até o momento no combate ao vírus, não só compra de vacinas desde o ano passado, bem como o maior projeto social do mundo, que foi o auxílio emergencial. O povo precisou e nós atendemos. Agora, o povo mais pede pra mim é: eu quero trabalhar."

O discurso acontece na semana seguinte à divulgação de uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha que revelou que 54% da população rejeita a condução da epidemia de Covid-19 feita por Bolsonaro. Pesquisa realizada em janeiro indicavam que esse percentual era de 48%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Além disso, há diversos pedidos para a instauração de uma CPI para investigar a atuação do governo no combate à epidemia. Entretanto, nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e nem o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dão indicações de que podem acatar os pedidos.


O que temos é um ao outro

Por Ana Dubeux*

No meio do caos, do redemoinho de desinformações, do desgoverno, temos poucas escolhas a serem feitas. O caminho é o outro. Quando nosso ego está impregnado de confusões e a mente entorpecida pela falta de rumo, saia de si e foque no próximo. Esticar a mão, aprimorar a escuta e ter uma voz de conforto a soprar no ouvido de quem precisa de um pouco de alento pode nos tirar do escuro. Há uma luz adiante e ela ilumina a necessidade de alguém muito próximo. Olhe, observe com atenção e escolha o alvo.

Pessoalmente, há alguns dias me sinto leve. Convenci três amigas a tomar vacina. Para que a gente serve, afinal? O que devemos fazer é ajudar. Portanto, saia do seu desconforto, do seu desespero e ajude alguém a enfrentar esse caos. Você pode fazer isso com atos políticos, você pode protestar, continuar na linha de frente de trabalhos essenciais, arrecadar e distribuir alimentos, comprar daquele pequeno comerciante da quadra. Você pode ligar para um amigo e ouvir como ele está. Você pode ser uma mão esticada, um ombro amigo, um cafuné virtual, uma palavra que consola.

A arte de acolher é bonita que só. Tira a gente do individualismo e nos joga naquele bote salva-vidas com um remo potente para levar as pessoas até a margem. É de uma ingenuidade ímpar pensar que, apenas focando no próprio bem-estar, estaremos prontos para sobreviver à tempestade. Não vivemos sós; não estamos sós. Neste momento, em que o sofrimento é mood de cada dia e o isolamento se impõe como a medida sanitária mais efetiva, é importante saber e reconhecer que somos apenas uma partezinha do todo.

Sentimentos ruins são hoje como mercadorias a granel. Para dar e vender. Podem abastecer o universo inteiro com palavras mesquinhas, egoísmo exacerbado, falta de empatia, pessimismo. Nossa saúde mental exige outro tipo de colheita. A solidariedade pode te ajudar a sair dessa sensação de abandono e de solidão. Pode te levar direto a um lugar de genuíno bem-estar.

Hoje, quando beiramos os 3 mil mortos por dia, quando assistimos a uma luta inglória entre vírus matador X vacina escassa, temos pouco a nosso lado: a esperança que resiste; a solidariedade que persiste; a vida que insiste apesar de tudo e de todos os que agem em desfavor dela. Você está vivo — olha que loteria! Então, seja grato e ajude alguém.

Faça o que pedem as autoridades sanitárias, os cientistas de todo o mundo. Tenha ouvidos moucos para a bestialidade dos maus políticos e de seus pérfidos seguidores. Aguce os sentidos, abra o coração e olhe adiante. E, acima de tudo, leve alguém consigo pela mão. Acredite: a recompensa é imediata.

*Jornalista

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