Política : IRRITAÇÃO
Enviado por alexandre em 12/02/2021 15:20:30

Mourão dispara "Governo não pode ser escravo do mercado"

Segundo vice-presidente, dando aval ou não a novas parcelas do auxílio, Bolsonaro será criticado


Vice-presidente, Hamilton Mourão Foto: VPR/Adnilton Farias

Após o presidente da República, Jair Bolsonaro, demonstrar irritação com o mercado financeiro, o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta sexta-feira (12) que o governo não pode ser “escravo do mercado”. Sobre uma nova rodada do auxílio emergencial, Mourão opinou que o chefe do Executivo é “obrigado a decidir” alguma forma de auxiliar à parcela da população mais prejudicada por conta da pandemia da Covid-19.

– Em linhas gerais, ou você faz empréstimo extraordinário (aí seria tal do “orçamento de guerra”), ou corta dentro do nosso orçamento para atender às necessidades. Não tem outra linha de aço fora disso – disse Mourão na manhã desta sexta-feira (12), na chegada dele à sede da vice-presidência.

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Questionado sobre como o mercado financeiro receberia a possibilidade de um novo “orçamento de guerra”, Mourão respondeu:

– Minha gente, a gente não pode ser escravo do mercado. Tem que entender o seguinte: temos aí 40 milhões de brasileiros em uma situação difícil. A gente ainda continua com a pandemia.

Na quinta-feira (11), durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que representantes do mercado ficam “irritadinhos” com “qualquer coisa que [ele] fala”. A fala remete à preocupação de investidores com medidas em análise pelo governo, como a retomada do auxílio emergencial.

A equipe econômica considera mais três parcelas de R$ 200 do auxílio, desde que sejam aprovadas medidas de ajuste fiscal (como cortes de gastos com servidores) e uma base jurídica (como uma “cláusula de calamidade” ou uma nova versão do “orçamento de guerra”), para permitir ao governo ampliar os gastos fora de amarras fiscais.

Segundo Mourão, dando aval ou não a novas parcelas do benefício, Bolsonaro será criticado.

– Vamos lembrar… Se ele disser que não vai auxiliar, ele vai tomar pau. Se disser que vai auxiliar, vai tomar pau também. É uma situação difícil e julgo que ele vai buscar a melhor solução – declarou.

O chefe do Executivo indicou, na quinta (11), que o benefício tem “pressa” e já deveria começar a ser pago a partir de março e por até quatro meses.

Na visão do vice-presidente, o país ainda deve levar três ou quatro meses para ter “uma produção de vacina capaz de começar um processo de imunização consistente”. E, enquanto isso, o governo segue em busca de alternativas para atender a população. “O presidente é obrigado a decidir alguma forma de auxiliar essa gente”, disse Mourão.


Bolsonaro sobre economia: ‘A culpa é de quem? É tudo minha?’

Presidente disse ainda não ter "apego" à cadeira presidencial


Presidente Jair Bolsonaro Foto: PR/Anderson Riedel

O presidente da República, Jair Bolsonaro, citou na manhã desta sexta-feira (12) problemas “que estão se avolumando” no país. Entre as questões, o presidente destacou a perda de poder aquisitivo de parte da população, a inflação “além do normal” nos produtos de primeira necessidade e o preço dos combustíveis.

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– A culpa é de quem? É tudo minha? – argumentou Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

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Entre as preocupações do Executivo está o preço dos combustíveis e do gás de cozinha, impulsionados pela alta do petróleo. Pelas redes sociais, Bolsonaro lançou a proposta de que enviem a ele notas fiscais de postos de combustíveis com as alíquotas dos impostos federais e estaduais cobradas ao abastecer. Segundo o presidente, “mentem na nota fiscal”. “Falam que só eu estou cobrando imposto.”

– É igual ao gás de cozinha. Está em média R$ 90 reais. Está caro? Está. O pessoal cobra de mim. O preço lá na origem está menos de R$ 40. O imposto federal, se eu não me engano, é R$ 0,16. Então, R$ 40 mais R$ 0,16 não justifica chegar a tanto, a R$ 90 – disse o presidente a apoiadores.

– São cartéis, cartéis poderosíssimos com dinheiro, com bilhões, contra mim. Alguns, que eu fico chateado pela ignorância, apontam: tem que resolver. Só com fuzil na mão, e ninguém quer fazer isso daí. Agora, nós vamos chegar lá, não adianta dar pancada em mim – completou.

“SEM APEGO”
O presidente do Brasil afirmou não ter “apego” à Presidência da República. Disse: “não tenho apego àquela pipoca daquela cadeira presidencial”.

– É uma desgraça aquele negócio, mas é uma missão. Enquanto Deus permitir eu vou estar lá – emendou.

MERCADO FINANCEIRO E CRÍTICAS AO ISOLAMENTO
Bolsonaro também voltou a reforçar críticas ao mercado financeiro. “A bolsa e o dólar não reagem como a gente pensa”, afirmou.

Na quinta-feira (11), durante transmissão semanal ao vivo, Bolsonaro disse que o governo quer “tratar da diminuição dos impostos num clima de tranquilidade e não num clima conflituoso no Brasil”.

– E o pessoal do mercado, qualquer coisa que se fala aqui, vocês ficam aí irritadinhos na ponta da linha, né. Sobe dólar, cai a bolsa – afirmou, durante live semanal.

O presidente ainda voltou a criticar as políticas de isolamento a fim de conter a transmissão do novo coronavírus.

– O problema não é só isso, combustível, não. Essa política do fica em casa, a economia a gente vê depois, bateram bastante em mim. Agora estão cobrando que estão desempregados. Quem mandou ficar em casa, fechou o comércio e destruiu empregos não fui eu – completou.

*Estadão

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