Política : QUEBROU!
Enviado por alexandre em 06/01/2021 09:30:00

Maia critica Bolsonaro e diz que o país não está quebrado
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chamou de "grave e desalentador" o comentário do presidente Jair Bolsonaro, feito hoje, de que o Brasil está "quebrado" e que, por isso, não consegue "fazer nada".

"É grave e desalentador porque você olha para os próximos dois anos sem entender o projeto de país que ele [Bolsonaro] tem. Desde o fim de 2019 e durante a pandemia, a mensagem do presidente se pareceu mais com a do deputado que representa corporações do que com a do presidente que representa o estado", disse Maia.

Maia se refere ao fato de Bolsonaro não ter conseguido promover reformas que dessem fôlego ao Brasil para os próximos dois anos. "Primeiro, o Brasil não está quebrado. Segundo, um governo que não tem projeto de país não tem condição de apontar os caminhos para solucionar os nossos problemas", afirmou o presidente da Câmara.


“O Brasil está quebrado”, diz Bolsonaro












O presidente Jair Bolsonaro afirmou, hoje, que o Brasil está "quebrado" e que ele não consegue "fazer nada". Bolsonaro citou a alteração da tabela do Imposto de Renda (IR) como uma das suas promessas que não consegue cumprir.

O presidente colocou a culpa na pandemia de Covid-19 e na imprensa, que, segundo ele, teria "potencializado" o coronavírus. A doença já matou mais de 196 mil pessoas no Brasil.

“O Brasil está quebrado. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda...Teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos”, disse o presidente, em conversa com apoiadores nesta terça, ao deixar o Palácio da Alvorada.

Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente prometeu isentar o IR de quem ganha até R$ 5 mil. Hoje, o limite de isenção é de R$ 1.903,98. No fim de 2019, propôs uma elevação para R$ 3 mil, mas o plano não foi adiante.

A isenção significaria uma arrecadação menor para o governo, que vive um aperto nas contas públicas. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, sancionada por Bolsonaro na semana passada, estabelece como meta um rombo de até R$ 247,1 bilhões.

É esse limite que baliza a liberação de recursos ao longo do ano. A cada dois meses, o governo avalia se a meta corre risco de ser descumprida e, se necessário, faz um contingenciamento no Orçamento – ou seja, bloqueia temporariamente recursos dos ministérios.

A economia brasileira dá sinais de retomada, mas isso vem ocorrendo de forma lenta, e analistas temem que o recente aumento no número de casos possa impactar o desempenho da atividade econômica. Além disso, no ano passado, o consumo das famílias foi impulsionado pelo auxílio emergencial, que não foi prorrogado para 2021.

O aumento da faixa de isenção no IR não é o único plano frustrado pela falta de recursos. No ano passado, o governo tentou colocar de pé o Renda Brasil, benefício com valor maior e mais abrangente que o Bolsa Família. A medida custaria cerca de R$ 50 bilhões – R$ 20 bilhões a mais que o Orçamento do Bolsa Família.

A ideia não foi à frente porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu cortar outros programas sociais, como o abono salarial, para abrir espaço para o projeto. Bolsonaro, no entanto, desautorizou publicamente a ideia de Guedes e afirmou que a manobra significaria tirar de pobres para dar a paupérrimos.

O País quebrou

O presidente Bolsonaro parece que vive para se alimentar da polêmica. Três depois de mergulhar no litoral paulista e ser acusado de promover aglomeração no mar, ontem, em seu primeiro dia de trabalho do ano novo, afirmou que o Brasil está ''quebrado". Enfatizou que que não "consegue fazer absolutamente nada" e citou como exemplo as mudanças na tabela do Imposto de Renda.

"O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, tá, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter ", afirmou, dirigindo-se a um apoiador na saída do Palácio da Alvorada. A ampliação da isenção do IR é uma das promessas de campanha de Bolsonaro que nunca saíram do papel.

Em 2019, ele chegou a retomar o assunto algumas vezes ao afirmar que a ampliação estava sendo estudada pelo Governo. Atualmente, quem ganha até R$ 1,9 mil por mês está isento de declarar o IR. Bolsonaro já chegou a dizer que gostaria de aumentar a isenção da tabela do IR para quem ganha até cinco salários-mínimos até o final de seu mandato (hoje, R$ 5,5 mil).

A ideia, contudo, já enfrentava resistência da equipe econômica ainda em 2019, quando as contas do Governo não estavam afetadas pela crise do novo coronavírus. Na conversa com apoiadores, Bolsonaro também voltou a intensificar as críticas à mídia, que segundo ele, realiza um "trabalho incessante de tentar desgastar" o Governo. "Vão ter que me aguentar até o final de 2022, pode ter certeza aí", afirmou.

Um presidente da República não deveria nunca sair alardeando por aí que o País que ele mesmo governa está quebrado. Muito menos para servir de justificativa para o fato de não ter cumprido uma promessa de campanha. O que vão achar os investidores que compram papéis de um Governo do qual o seu próprio presidente diz que está quebrado?

É natural que comecem a cobrar cada vez mais para comprar os títulos da dívida brasileira. Ou seja, pode custar mais dinheiro para os contribuintes que o presidente promete ajudar com a correção da tabela do IRPF.

Fala inoportuna – A fala do presidente é inadequada sob todos os aspectos. Mas é ainda mais perigosa no momento atual em que o Tesouro Nacional passou por meses de grande dificuldade para se financiar e tem pela frente um trabalho difícil para pagar uma montanha de dívida concentrada nos primeiros meses do ano e que já supera R$ 1,3 trilhão até o final de 2021. É ainda mais inoportuna depois da revelação de que o Brasil não honrou o pagamento da penúltima parcela de US$ 292 milhões para o aporte de capital no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a instituição financeira criada pelos cinco países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Dívida não paga – O prazo para a quitação da parcela terminou no último dia 3 de janeiro e o Brasil agora está inadimplente com o banco que ajudou a fundar e é um dos acionistas. A equipe econômica não quer nem que se fale em calote com temor do estrago. Prefere dizer que é um atraso. No dicionário, porém, a definição de calote é dívida não paga. O sinal é ruim. Outros organismos multilaterais também não receberam, mas não há transparência nenhuma do Ministério da Economia para explicar o que aconteceu, qual o tamanho da dívida e a razão dela não ter sido paga.

Pauleira – Tão logo a fala do presidente ganhou repercussão na mídia, os políticos passaram a reagir batendo duro nele. Presidente nacional do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire disse que o Brasil quebrou e está sendo afundado por causa do próprio Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Você, Bolsonaro, e o Guedes estão terminando de afundar a economia. Ao invés de choramingar, por que não vão cuidar de trazer a vacina para imunizar o povo?”, reagiu Freire.

Adesão – O MDB negocia a entrada de dois novos senadores para sua bancada: Rose de Freitas, ex-Podemos, e Veneziano Vital do Rêgo, ex-PSB. As filiações ainda não foram concretizadas e os congressistas também receberam propostas de outros partidos. Caso o embarque no MDB seja concretizado, a sigla abriria vantagem como a maior bancada do Senado, com 15 integrantes. O panorama influencia diretamente na corrida eleitoral para a presidência da Casa, na qual o MDB já anunciou que terá candidato único. Disputará contra Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apadrinhado do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia