Regionais : Bolsonaro e Moro traçam estratégias para depoimento
Enviado por alexandre em 18/09/2020 09:12:24


Moro e Bolsonaro

Enquanto o Supremo Tribunal Federal não decide a forma que será tomado o depoimento do presidente Jair Bolsonaro no inquérito que investiga se ele interferiu ou não na Polícia Federal, interlocutores dele e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro já começam a delinear as estratégias para a oitiva.

Do lado de Moro, o roteiro de perguntas a serem dirigidas ao presidente já está pronto. Seus aliados dizem que foram esmiuçados todos os depoimentos prestados aos policiais no inquérito até agora com o objetivo de formular as perguntas dentro da linha de investigação adotada pela PF. Desse lado do campo, porém, a avaliação é a de que, qualquer que seja o resultado do depoimento, o destino da investigação já está traçado: o arquivamento pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Isso mesmo com a PF apresentando um relatório conclusivo deixando claro haver indícios de crime por parte do presidente, como o entorno de Moro acredita que será. 

Já do lado do presidente, há uma clara expectativa de que o STF não acompanhará Celso de Mello e irá barrar o depoimento. Mas, ainda que ele ocorra que o presidente se valha da regra legal de não responder às perguntas. Uma ideia que começa a circular dentre seus interlocutores é o de apresentar tão somente uma petição esclarecendo os fatos do inquérito e até mesmo se recusar a responder.



Blog do Vicente

A visão no Palácio do Planalto sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes, é clara: ele tornou-se um estorvo útil para o presidente Jair Bolsonaro. Perdeu força, mas continua sendo um alicerce importante para o governo manter apoio junto ao mercado financeiro.

Para assessores de Bolsonaro, está cada vez mais claro que as ações do ministro da Economia estão se encaixando cada vez menos no governo. Não por acaso, abriu-se um fosso de ruídos entre o Palácio do Planalto e a equipe econômica. 

“Alguém pode dizer alguma notícia boa para o governo que tenha saído do Ministério da Economia mais recentemente?” Indaga um dos assessores mais próximos do presidente da República. “Pelo contrário, tudo o que está saindo da equipe econômica vem criando problemas para Bolsonaro”, acrescenta. 

Problemas, segundo esse assessor, que se resumem a polêmicas criadas junto ao público de mais baixa renda, justamente aquele que o presidente mais conta para elevar sua popularidade. “Pesquisas internas do Planalto apontam que disparou a aprovação do governo entre aqueles que ganham até 2,5 salários mínimos”, frisa. 

Apoio a Bolsonaro, mas com ressalvas 

As pesquisas internas indicam, porém, algumas ressalvas: o apoio desse público a Bolsonaro não é consolidado. Há uma certa desconfiança ainda em relação ao presidente. “Portanto, quando surgem notícias de que o governo quer prejudicar os mais pobres, acabar com a correção do salário mínimo, congelar as aposentadorias, o presidente reage”, assinala o assessor. 

Bolsonaro não pensa em outra coisa que não seja a reeleição. Portanto, reconhecem auxiliares, ele montou uma estratégia política que muitos dizem ser confusa, mas que conversa muito com os menos escolarizados e os mais pobres. O presidente manipula a opinião pública. 

Nessa manipulação, vale, inclusive, enfraquecer Guedes publicamente, criticá-lo em praça pública, dar cartão vermelho a integrantes da equipe dele. Ao mesmo tempo, o presidente passa a mão da cabeça do Posto Ipiranga, indicando a investidores e empresários que apoia a política liberal do ministro da Economia. 

A pergunta que mais incomoda os assessores próximos a Guedes é: até quando ele está disposto a ser o estorvo útil para Bolsonaro. Quem conhece o ministro sabe que ele tem o ego elevado, mas, por enquanto, está aceitando a fritura sem reclamar.

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