Política : PT & ÓDIO
Enviado por alexandre em 26/06/2020 09:03:07

O gabinete do ódio foi criado pelo PT, diz Cristovam Buarque

O gabinete do ódio foi criado pelo PT, diz Cristovam

Na live a este blog, há pouco, o ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania-DF) afirmou que o Gabinete do Ódio não é cria de Bolsonaro, mas do Governo de Lula, dos radicais serviçais do PT e que foi uma das primeiras vítimas após votar pelo impeachment de Dilma, em 2016. Segundo ele, seu voto no processo do impeachment o fez perder grandes e antigos amigos e muitos eleitores, ser criticado e ouvir repúdios publicamente. Conforme contou, chegou ao ponto em que suas netas foram interpeladas por grupos com cartazes dirigidos a elas com os dizeres “seu avô é golpista”. "Isso, sim, é produto do Gabinete do Ódio instalado pelo PT", afirmou.

“Passei por um abalo emocional grande em razão da decisão que tomei, mas não me arrependo. Vinha falando há anos em responsabilidade fiscal e cheguei a realizar audiências públicas no Senado para discutir o tema. Não poderia agir diferente, seria uma incoerência”, ressaltou.

Cristovam afirmou que a esquerda progressista do país, incluindo ele próprio, não se elegeu em 2018 porque estava na hora de mudar. Ele não considera que Bolsonaro ganhou as eleições que o colocaram na cadeira de presidente da República.

“O Bolsonaro não ganhou, fomos nós que perdemos. O eleitor é sábio. Queria coisa nova e mostrou isso nas urnas”. destacou. “Não votaram para elegê-lo, votaram para que nós não ganhássemos”, acrescentou.

A tese de Buarque, que está sendo divulgada no livro de sua autoria intitulado “Por que falhamos”, que tem repercutido em todo o país, é de que existem 24 erros cometidos pela esquerda progressista brasileira de 1994 até hoje. Dentre esses, ele destaca a falta de união entre os partidos, a negação em admitir os erros do passado, o fato de os governos “não terem deixado um país bom” e a corrupção.

“Tudo de bom que se fez ainda foi muito pouco. Não levou a transformações profundas no país”, frisou. A seu ver, mesmo as transformações provocadas na mesa dos brasileiros com o programa Bolsa Família – criado a partir do programa Bolsa Escola, implantado na sua gestão como governador do Distrito Federal – é considerado muito pouco.

Para o ex-ministro, a mudança do regime ditatorial para o democrático foi um avanço, mas os governos não conseguiram avançar a partir daí. “O ideal seria que tivéssemos construído um projeto de transformações para o Brasil em 20, 30 anos, o que não foi realizado”, disse.

Ele citou como exemplo a Educação. Afirmou que assumiu o ministério, no governo Lula, pensando em preparar o caminho para que em três décadas o país passasse a ter as melhores escolas do mundo e que os filhos dos mais pobres pudessem estudar em escolas tão boas quanto as frequentadas pelos filhos dos mais ricos.

“Entrei no Ministério pensando em ser o ministro que iria erradicar o analfabetismo no país”, disse, ao afirmar que ficou “ao mesmo tempo frustrado e aliviado” com a demissão.

Cristovam ficou pouco mais de um ano no cargo e saiu após ser demitido pelo telefone, por Lula, durante viagem fora do país. “Hoje avalio que fui demitido porque cuidei muito da educação de base, quando os governos preferem cuidar do ensino superior. Acho que a educação de base que é a grande responsável pelas transformações de que falo”.

O ex-senador também reclamou das universidades. Em sua opinião, a comunidade acadêmica brasileira não fez uma discussão crítica sobre a corrupção no país, nas últimas décadas. “Não debatemos esta e outras questões importantes como a gratuidade dos serviços, por exemplo. Ficamos mais ao lado dos trabalhadores sindicalizados do que do povo”, destacou.

Cristovam informou que está participando de vários movimentos de apoio à democracia, fortalecimento das instituições e contrários a Jair Bolsonaro, mas afirmou que acha que o segundo turno nas eleições presidenciais de 2022 vai repetir o pleito de 2018 e dar o candidato do PT com Bolsonaro na disputa final.

Perguntado se vê riscos hoje à democracia ele disse que riscos sempre existem, mas não acha que o presidente tenha condições de dar um golpe nas atuais circunstâncias, até pelas suas características.

“Os ditadores são extremamente carismáticos, possuem inteligência privilegiada e boa dose de brutalidade. Dessas qualidades só vejo em Bolsonaro a brutalidade”, ironizou.

Sobre o ex-ministro Sérgio Moro, Buarque destacou que não vê nele um futuro presidente da República, porque seu eleitorado de raiz é o eleitorado de Bolsonaro.

O ex-senador disse que não viu muitas provas no caso do apartamento tríplex que levou Moro a incriminar Lula e o levar à prisão. Apesar disso, respeitou a posição dele enquanto magistrado, embora não nutrisse simpatia por sua pessoa, mas considerou o maior erro de Moro ter aceitado integrar o governo Bolsonaro.

Cristovam Buarque também falou sobre o novo ministro da Educação, o militar Carlos Alberto Decotelli da Silva. Afirmou que nunca ouviu falar em Decotelli, mas que no atual governo “o fato de ele não ser conhecido é positivo, diante de tanta coisa negativa observada nos ministros anteriores que ocuparam a pasta nesta gestão de Bolsonaro”.

Sua avaliação é de que, com todas as mudanças, o governo mostrou que não tem clareza, nem continuidade ou linha de trabalho, além de não saber escolher bem as pessoas para ocupar os cargos.

“O último ministro (Abraham Weintraub) da Educação saiu passando a impressão de que estava fugindo. A passagem dele pela Educação foi péssima. Mesmo o governo Bolsonaro nunca tendo sido um governo bom, perdeu bastante com esse ministro”, destacou.

Ao falar sobre suas raízes pernambucanas, o ex-senador contou que nasceu no Recife e saiu da cidade aos 26 anos para projetos acadêmicos em outros países. Quando voltou, foi convidado para trabalhar em Pernambuco, mas recusou para passar um período de dois anos em Brasília. “Terminei ficando aqui até hoje”.

E fez elogios a vários políticos pernambucanos como o ex-ministro do Tribunal de Contas da União e ex-deputado, José Jorge Vasconcelos, e o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. “Os dois foram meus contemporâneos de faculdade e são grandes amigos”, frisou.

Segundo ele, José Jorge foi, quando ocupou a Secretaria de Educação de Pernambuco, “o melhor secretário do país”. Buarque também elogiou o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, por ter feito a reforma do ensino médio durante sua passagem pelo MEC no governo Temer.

A seu ver, Mendoncinha fez um excelente trabalho. “Pena que tenha sido uma iniciativa pequena em meio às várias necessidades da Educação no país”, comentou.


Falta o batom na cueca para Bolsonaro cair, diz Cristovam

Aos 74 anos, derrotado na reeleição para o Senado em 2018, o ex-ministro e ex-governador Cristovam Buarque, do Distrito Federal, ex-PT e hoje filiado ao Cidadania, tem difundido num livro, recentemente lançado, as raízes dos erros cometidos pela esquerda para a direita chegar ao poder com Bolsonaro, mas do alto da sua sabedoria e experiência não enxerga nenhum crime que possa levar o presidente a sofrer um processo de impeachment. “Enquanto não aparecer o batom na cueca, Bolsonaro não cai”, avalia, nesta entrevista via live pelo Instagram deste blog.

Cristovam bate duro em Bolsonaro, não acredita na recuperação do seu Governo, diz que ele tem um perverso viés autoritário, mas por tudo que já leu não encontra motivos em nenhum dos processos que tramitam no TSE ou no Supremo que levem à sua cassação. O ex-senador também não acredita na possibilidade de um autogolpe como vem se difundindo por ai. “Bolsonaro tem um viés autoritário, mas não o vejo dando um golpe e sendo ditador. Para ser ditador, tem que ter três qualidades: inteligência, carisma e crueldade. Bolsonaro só tem uma: a crueldade”, afirma.

Ao longo da entrevista, Cristovam também revela detalhes da sua demissão por telefone do Ministério da Educação quando estava na Europa, em viagem autorizada pelo ex-presidente Lula. “Eu saí de Brasília, do gabinete de Lula acertado que me encontraria com ele na Índia, mas quando estava lançando meu livro em Portugal recebo um telefonema dele informando que precisava do Ministério para entregar ao Tarso Genro (ex-governador do Rio Grande do Sul). Foi obra do José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil). O PT não queria um ministro para zerar o analfabetismo, mas para cuidar das universidades, do ensino Superior”, desabafou. Abaixo a integra da live.

O senhor conhece Carlos Alberto Decotelli, o novo ministro da Educação?

Não, não conheço. Nunca ouvi falar. Pode ser ruim, mas vindo do Bolsonaro pode ser uma coisa boa, porque os que a gente conheceu não foram bons. Para mim, é uma coisa positiva dele.

É o primeiro Ministro negro do Governo dele, não é?

Tem um que não é ministro, da Fundação Palmares. Mas ministro, acho que é o primeiro, uma característica positiva, no momento em que a gente quer quebrar preconceitos. Quanto ao ponto de vista educacional, não tenho a menor ideia se vai ser bom ou ruim. Eu não sou otimista, não é por causa dele, mas sim por causa do Governo. Acho difícil sair do Governo Bolsonaro coisas positivas para a Educação.

 Foi o senhor que abriu a cota de negros nas universidades?

Não, eu como reitor iniciei, mas quando houve a cota para negros eu não era mais reitor e não era ministro. O que eu fiz, foi a lei que obriga o ensino de história da negritude brasileira nas Universidades. Mas foi o projeto do Paulo Renato, na época do Fernando Henrique. Mas como os projetos demoram, terminou que nós assinamos.

Já é o quarto Ministro da Educação. Essas mudanças são muito ruins?

Sim, são péssimas. Demonstra que esse governo não tem clareza e uma linha. Não sabe escolher quem vai trabalhar. Pegam pessoas que só fazem trapalhadas. Ministro é mais que um técnico, é um político que sabe falar. O próprio Guedes, que é bom técnico, diz coisas que um ministro não pode dizer. Ele pode falar na sala de aula, mas não como ministro na televisão. Ele dá exemplos que desgastam. Então, tudo tem sido muito negativo para o Brasil.

O ministro que saiu, Weintraub, brigou com Deus e o mundo...

Sim, saiu muito mal, passando a impressão que saía fugido, para não ser preso. A passagem dele foi péssima. O primeiro também não era bom, mas o último foi pior.

E é uma área vital para o Governo. Lembro que fui secretário de imprensa do governador Joaquim Francisco e o último secretário que ele escolheu foi o de Educação, José Jorge. E eles nem se davam bem. Mas o Joaquim me disse que "não podia errar" na Educação.

E realmente foi um excelente secretário. Foi um dos melhores o Brasil. Aliás, tem duas figuras excelentes em Pernambuco, ele e Everardo Maciel.

O senhor morou no Recife por quanto tempo?

Desde que nasci até 26 anos, quando casei e saí do Brasil. Quando terminei meu tempo na França, Equador e Estados Unidos, voltei para o Brasil e para Recife, graças ao convite de Everardo e Marco Maciel, em 1979. Mas decidi passar um tempo no sul, em Brasília e já estou há 40 anos.

Seu Governo foi de mudanças em Brasília. Instalou pardais, fez obras urbanas...

Foi difícil, mas conseguimos. Não houve nenhuma grande obra, acho que eu não fiz nem viaduto. Mas organizei o trânsito. Duvido que alguém tenha feito mais salas de aula do que eu: duas por dia. Criei programas como o "Bolsa Escola", que depois virou "Bolsa Família", que o Lula não mudou para melhor. Eu acho que mudamos a cultura, até hoje o pessoal se lembra que eu criei a faixa de pedestre. Trânsito é um problema de educação, não de engenharia. Brasília tem trânsito de cidade civilizada.

O senhor foi eleito pelo PT, depois mudou de partido e não conseguiu a reeleição. Aonde o senhor acha que errou?

Estava na hora de mudar, o eleitor é sábio. Eu já estava há tempo demais, eles queriam coisa nova. Durante a campanha, no corpo a corpo, vi um homem de uns 40 anos me olhando e fui lá cumprimentá-lo e ele disse que eu era o melhor candidato. Porém, ele disse que não ia votar em mim. Nas palavras dele: "Cansei de bom ou ruim, eu quero outro". E foi isso que elegeu outros, inclusive Bolsonaro. E acabei escrevendo um livro falando dos motivos de nós, democratas progressistas, perdermos no Brasil. Eu lembro que fui até convidado para uma palestra para falar o porquê de Bolsonaro ter ganhado. Eu aceitei para falar o porquê de termos perdido. São 24 erros. Nós ficamos 26 anos e no final, o que fizemos? Cem milhões sem esgoto, 35 milhões sem água, carimbo de corrupção. E fui criticado porque no meu livro falo de "nós", mas o PT diz "nós, não. Foram os golpistas". E O PSDB diz que a culpa é do PT. Mas a culpa foi de todos e também por isso eu perdi. Mas o PT não entende o erro, acha que o erro é do eleitor. O PT e os outros não querem fazer autocrítica. Por exemplo, na educação, o Ministro Weintraub foi péssimo, mas já pegou de uma gestão ruim que deixamos.

O pernambucano Mendonça Filho fez algo de bom no Ministério da Educação?

Fez, fez a reforma do ensino médio. É pequena para o que gente precisa, mas já foi boa. Criou escolas em horário integral, aumentou os cursos profissionalizantes, entre outros. Fiz discursos a favor dele, e fui criticado, pois o Sindicato dos Professores não quer mudar nada, só aumentar o salário.

 Quais os três principais erros que o senhor aponta no livro?

 O primeiro é o divisionismo. Fernando Henrique assume e o PT vai para a oposição, quando poderia ter se juntado. PSDB e PT são paulistas e a preocupação é eleger o prefeito da capital, não é mudar o Brasil. O PT estava preocupado em quem ia ser o prefeito. Depois, se nós éramos progressistas, deveríamos ter trazido uma utopia, uma proposta nova. Para mim, teria que ser algo que em 20 ou 30 anos o Brasil tivesse as melhores escolas o mundo e os pobres estudando na mesma escola do rico. Eu sabia como fazer. Era substituir o frágil sistema dos municípios pelo da União. Por que a gente não fez todas as escolas federais? Qual é a nossa bandeira? O terceiro erro foi não ter dado liberdade aos intelectuais a fazerem críticas. Fizemos uma Copa ao invés de fazer escolas. As universidades foram engessadas e a culpa é do Lula. Protegeu demais as universidades. E o quarto erro, o mais grave, foi a corrupção. E ainda tem o quinto: deixamos a direita se apropriar dos símbolos como a bandeira e o hino. E também ficamos mais ao lado dos sindicalistas do que do povo.

Por que o senhor não conseguiu ser o ministro realmente foi produtivo, fazer o que o senhor imaginava e sempre sonhou?

Eu defendo que a gente tenha dois Ministérios: um de educação de base e outro de superior. O ministro que se dedica à educação de base cai, como eu caí. O Lula me telefonou e ele precisava também encontrar um lugar para o Tarso Genro. Mas ele me disse que precisava de um ministro para o Superior, pois eu só pensava em base e alfabetização de adultos. E é verdade. Weintraub não cuidou de nada, mas só falava de Superior. O que aparece mais no MEC? O Enem. Porque é o que dá ingresso à Universidade. E Lula, que é um gênio da política, percebeu que as pessoas querem um diploma na parede. E aí ele fez muito no número de alunos, mas na qualidade foi embora. Ele aumentou o número de alunos, mas não aumentou o de formandos, pois as pessoas não tinham uma boa formação de base. Aí o Lula deixou o ensino de base para os municípios, o médio para os governadores e cuidou das Universidades e Escolas Técnicas. Ensino de base não dá voto. O que dá voto é oferecer vaga em Universidade.

O senhor foi candidato a presidente, e se dizia que o senhor só falava em Educação, o chamado samba de uma nota só. Isso atrapalhou sua campanha?

 Prejudicou, mas não foi isso que me derrotou. Eu disputava com Lula no auge, Alckmin e ainda tinha Heloísa Helena. Eu era de um partido pequeno, que não abraçou minha candidatura, eu não tinha tanto carisma quanto os outros e acho que foi isso. Agora, fui o único que apresentou um programa de governo. Foram 45 capítulos. Mas o vetor da transformação é a Educação, não a Economia.

Ser demitido por telefone do Ministério fora do Brasil, na Europa, foi o maior golpe que o senhor sofreu na vida pública?

Sinceramente, não. Aliás, quando fui demitido senti um "frustroalívio". Eu queria ficar na história como o ministro que erradicou o analfabetismo. Mas o grave é que eu estava indo me encontrar com Lula na Índia. Ele disse para eu continuar a viagem como ex-ministro, mas não aceitei. Mas a demissão não me traumatizou. Era claro que o governo do Lula ia se meter em coisas complicadas. Muita gente diz que na hora de decidir, o Zé Dirceu falou que era para me tirar. Mas hoje não me importo.

Falando agora dos dias atuais, o Brasil corre risco de uma ruptura institucional?

 Sim, Bolsonaro tem um viés autoritário, mas não o vejo dando um golpe e sendo ditador. Para ser ditador, tem que ter três qualidades: inteligência, carisma e crueldade. Bolsonaro só tem uma: a crueldade. Ele não tem carisma, por exemplo, para ter o exército com ele. O exército dele são os eleitores que deram 57 milhões de votos. E a principal razão é que nós perdemos esses votos, não foi ele que ganhou. E o detalhe é que só o PT conseguiu um bom número de votos e acho que vai conseguir de novo. Para mim, o segundo turno em 2022 será entre PT e Bolsonaro. Mas nada impede que haja uma ruptura. Basta um Major de uma PM juntar um grupo e dar continência ao Bolsonaro, está feito o estrago. Mas não vejo a possibilidade de golpe estrutural. Não há líder nas Forças Armadas. 

 Quem seria o candidato do PT?

Não sei, o melhor é Haddad.

O senhor vê chances de o Governo Bolsonaro dar certo?

Não. Era ótimo que desse. Nomear um ministro negro foi um gesto. Parar de falar besteira naquele muro foi um gesto, vai ver ele está aprendendo. O meu temor é que fique nessa instabilidade o tempo todo. Essa desorganização preocupa.

 Quem seria hoje um anti-Bolsonaro?

Não tem. Por isso acho que vai ser PT contra Bolsonaro de novo, a não ser que Moro ganhe força. Mas nós não temos unidade, cada um pensa no seu candidato. Ciro é um desses. E não aceitamos os nossos erros. A gente não vai ganhar se não falar a verdade ao povo. E a gente não tem um programa. Unificar para derrubar Bolsonaro não basta. Temos que saber o que fazer no dia seguinte. Eu defendo federalização e Ciro defende repetir Sobral, município por município. E a gente não se senta para se entender.

 Sérgio Moro pode ser anti-Bolsonaro?

Acho difícil. O eleitorado dele está ligado a Bolsonaro. Mas ele errou muito logo ao ser ministro. Não falo sobre a Lava Jato. Não vejo muita prova para incriminar Lula, mas eu disse que o Moro está errado, eu já não estou acreditando na democracia. Eu respeitei o Moro como juiz. Mas eu nunca quis nem aparecer numa foto com ele. Mas quando foi para o Ministério, perdeu toda a credibilidade. Ele prendeu Lula e depois foi trabalhar para o adversário de Lula. Ele desmoralizou a Lava Jato e a Justiça em torno dele. Agora suponha que no segundo turno seja Bolsonaro e Moro. Não é hora de perguntar onde nós erramos? (risos).

O senhor acha que os pedidos de impeachment contra Bolsonaro vão dar em alguma coisa?

Vai ser difícil, só se aparecer um batom na cueca. Queiróz pode ser um homem bomba, mas não sabemos. Agora, eu vi uma propaganda da Dilma defendendo o impeachment, mas na época dela dizia que era golpe. Eu votei a favor da saída dela, mas foi um constrangimento moral. Perdi amigos e etc.

O senhor acha que isso pesou na sua derrota na última eleição?

Nas pesquisas que eu fiz, não. Eu perdi mais votos por ter sido do PT do que ter votado pela saída da Dilma. Mas eu sofri muito com o Gabinete do Ódio. Não esse, o antigo. Pegaram uma foto minha, usando o nome das minhas netas e escreveram "meu avô é golpista". Não sei quem foi que mandou, mas fala-se de um deputado ou deputada do PT. E esse grupo na campanha de 2018 foi muito forte.  Na verdade, o Gabinete do Ódio não é cria do Bolsonaro, foi inventado pelo PT, por Lula e seus asseclas. Eu fui a primeira vítima do Gabinete do Ódio do PT pelo fato de ter votado a favor do impeachment. O que fizeram contra mim e minha família foram de uma brutalidade terrível, uma selvageria.

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