Política : BRASIL X CRISE
Enviado por alexandre em 14/05/2020 09:21:43

Brasil um país diferente de todos, por quê?

Por Danizete Siqueira de Lima

Em tempo de pandemia, quando a grande preocupação dos nossos governantes é apresentar o maior número possível de certidões de óbito e caixões, com o objetivo de arrancar mais recursos do governo federal, é raríssima uma manifestação dos nossos parlamentares ou do nosso judiciário, em abrir mão, temporariamente, dos vultosos salários, gratificações e penduricalhos que recebem para auxílio no combate ao coronavírus.

Isoladamente, sabemos de algum governador, deputado ou senador que lançou a ideia embora não seja vista com bons olhos pela categoria de sanguessugas. É bem mais fácil e cômodo cortar na carne dos trabalhadores que já convivem com uma política salarial inexistente, onde faltam benefícios, em detrimento de uma carga tributária extorsiva e que não dá transparência na alocação desses recursos, em prol do próprio trabalhador.

Desconhecemos uma ação conjunta até o momento, vindo da parte desses privilegiados, abrindo mão de qualquer percentual salarial ou regalias inerentes a cada cargo, como forma de minimizar as agruras de uma população mais carente que aguarda o anúncio de sua morte, precocemente, nos corredores de hospitais da rede pública, abarrotados de pessoas enfermas que se acham entre a vida e a morte, sem ter a quem recorrer.

A propósito, nos chamou à atenção a condução do parlamento escandinavo, onde deputados entram na fila para almoçarem em um bandejão. Estranho, não é?

Pois bem queridos leitores. Para os deputados suecos do novo Parlamento, eleito em setembro de 2018, a realidade é a austeridade de sempre: gabinetes de sete metros quadrados, apartamentos funcionais pequenos e rígidos limites para o uso do dinheiro dos contribuintes no exercício da atividade parlamentar.

Não são oferecidos a deputados suecos benefícios extras como aqueles concedidos a parlamentares no Brasil, a exemplo de verbas para fretamento de aeronaves; aluguel e demais despesas de escritório político na base eleitoral; alimentação do parlamentar; contratação de secretária e entre 25 e 50 assessores particulares; ressarcimento de gastos com médicos; auxílio-creche pago por cada filho até os seis anos de idade; auxílio-mudança para se transferir para a capital; fundos para contratação de consultorias; assinatura de publicações e serviços de TV; além de verba para divulgação de mandato.

E imunidade parlamentar é um conceito que não existe na Suécia.

“Somos cidadãos comuns”, diz à BBC News Brasil o deputado Per-Arne Håkansson, do partido Social-Democrata, em seu gabinete no Parlamento sueco. “Não há sentido em conceder privilégios especiais a parlamentares, uma vez que nossa tarefa é representar os cidadãos e conhecer a realidade em que as pessoas vivem. Também pode-se dizer que é um privilégio em si representar os cidadãos, uma vez que temos a oportunidade de influenciar os rumos do país”, complementa Håkansson.

Como vemos na matéria acima, a preocupação com o parlamento sueco é representar os cidadãos, o que, para eles, é um privilégio, segundo as palavras de um dos próprios, em rede nacional.

Por aqui, infelizmente, essa casta de privilegiados pouco ou nada se preocupa com os destinos do País. O povo que se dane, como bem dizia Justo Veríssimo, aquele personagem criado pelo grande Chico Anysio. Privilégios, sim, para isso existe a tradicional legislação em causa própria, onde os penduricalhos se acumulam vergonhosamente, à custa do suor dos nossos trabalhadores. Mas, de quem é mesmo essa culpa?



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Num momento em que se discute o congelamento do salário de servidores públicos por causa da crise provocada pelo coronavírus, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez um afago a dois ministros do governo. Nesta terça-feira (12), Guedes promoveu trocas em postos dentro do Sistema ‘S’. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, vai assumir uma cadeira no Conselho Fiscal do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, o Senac. Já Onyx Lorenzoni, à frente do Ministério da Cidadania, ganhou o posto no Conselho Fiscal do Serviço Social do Comércio, o Sesc.

A mudança representa um ganho considerável no contracheque dos ministros. O conselho fiscal dos órgãos costuma se reunir poucas vezes no mês e rendem um pagamento extra de 21.000 reais.

Os conhecidos jetons são considerados uma manobra para inflar o salário de ministros e servidores públicos. O teto constitucional permite uma remuneração máxima de 39.2000 reais mensais brutos, valor referente ao salário de ministros do Supremo Tribunal Federal. Acontece que os pagamentos referentes a conselhos de estatais e bancos públicos não são enquadrados na regra do teto, o que passa a permitir os supersalários.

Atualmente, o ministro Onyx Lorenzoni mantém o salário de deputado federal: R$ 33.763,00 brutos, o que lhe rende 21.351,30 reais líquidos mensais. Seu salário, agora com o incremento do Sesc, vai dobrar. Onyx assume o lugar do ex-senador tucano Paulo Bauer.

Já o ministro Tarcísio substituirá o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. O chefe da Infraestrutura atualmente tem duas fontes de renda. O Portal da Transparência da Câmara dos Deputados informa que ele mantém o salário de 27.853,43 reais como analista legislativo –  17.715,64 reais após os descontos obrigatórios. Ministros de estado costumam receber 31.000 reais de salário. O da Infraestrutura, por manter a remuneração da Câmara, ganha apenas 10.038,19 líquidos do governo federal – o máximo permitido pelo teto. Com o pagamento do Senac, sua remuneração vai ultrapassar o valor estabelecido como limite. Continue lendo

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