Brasil : AMPLIANDO
Enviado por alexandre em 12/04/2020 00:38:46

Saúde quer realizar 50 mil testes de Covid-19 por dia
Por Estadão Conteúdo

O Ministério da Saúde pretende espalhar “centros de coleta de emergência” por todo o País, para acelerar a realização de testes de coronavírus para casos leves, ou seja, pessoas que apresentaram alguns sintomas menos graves da doença e que precisam fazer o exame para checar a situação de sua saúde. A ideia é fazer até 50 mil testes por dia. Hoje, o volume que o País tem feito é de apenas 4.200 testes diários, em média.

A informação foi dada neste sábado, 11, pelo secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira. “Não é verdade que estamos testando pouco no Brasil. O que nós vamos fazer é testar mais, baseado numa estratégia de centros de coleta de emergência, com postos volantes para os casos leves”, disse.

O plano do Ministério da Saúde prevê que um atendente ou até mesmo uma gravação entre em contato com a população, por telefone, para checar a situação da saúde, sintomas e eventual necessidade de fazer o teste. “A partir daí, seja por meio do robô ou de profissionais, pelo aplicativo ou na unidade de saúde, a pessoa vai ser orientada a procurar uma dessas unidades de coleta, a partir de seus sintomas”, comentou Wanderson.

“Na unidade, vai ser coletada a amostra da pessoa. O resultado vai chegar para ela em até 36 horas depois, pelo celular. Queremos que esse prazo seja até menor, de até 24 horas”, disse.

Segundo o secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, o teste de casos leves ainda não está funcionando porque depende da instalação de máquinas e do “parceiro privado que ganhar a concorrência pública” lançada para o serviço.

Há previsão de que um piloto do serviço seja realizado nos próximos dias com a população da região de Curitiba (PR) e do Rio de Janeiro, com utilização de máquinas da Fundação Oswaldo Cruz. “Estamos em parceria com o Instituto Butantã e o Estado de São Paulo, que vai concentrar a maior rede de testagem. A gente vai chegar ao ponto de testar entre 30 mil e 50 mil amostras por dia. Hoje nós fazemos em média 4.200 amostras por dia”, disse Wanderson.

A promessa de testes em massa não prevê, porém, que toda a população do país será testada. “Estamos fazendo o máximo possível de acordo com o que é possível. Pode ter certeza que teremos teste em quantidade suficiente para realizar a avaliação do cenário epidemiológico”, disse Wanderson. “O que eu posso garantir para vocês é que nós não teremos testes para todas as pessoas. Os testes são para conhecer a epidemia e para algumas regiões do País, para que a gente possa tomar a decisão baseado na evidência mais robusta possível.”


Profissionais reclamam da falta de materiais de proteção

Por Jornal Nacional

Profissionais da saúde de vários lugares do país reclamam da falta de equipamentos de proteção individual, essenciais para o combate à pandemia do novo coronavírus.

As luzes das ambulâncias e o silêncio são uma homenagem dos colegas do hospital do Campo Limpo, em São Paulo. “Esse vídeo vai em homenagem à nossa querida colega Luzanira, que nos deixou hoje”.

Enquanto algumas cidades ainda não têm registro de casos, em outras já há baixas na batalha contra a Covid-19. Uma batalha intensa em hospitais como o municipal do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Os leitos da UTI estão ocupados e a sala de observação do pronto-socorro virou uma unidade semi-intensiva improvisada com 14 pacientes.

Um dos profissionais de saúde gravou as imagens e um outro, que não quer ser identificado, fala da falta de equipamentos de proteção no hospital: “Até está sendo disponibilizado o avental impermeável, porém além dele você tem que usar o descartável por cima porque você não pode sair de um paciente e atender o outro com o mesmo. Porém, não está tendo esse descartável. A máscara cirúrgica também não está tendo.”

O perigo para quem está na linha de frente é enorme porque ao trabalhar diretamente com os doentes os profissionais de saúde recebem uma carga de vírus e podem, por isso, desenvolver as formas graves da doença. As queixas se multiplicam no país. O Conselho Federal de Enfermagem já recebeu quase 3,6 mil denúncias de falta, escassez ou má qualidade dos equipamentos de proteção individual como máscaras, luvas e aventais.

“Por exemplo, no estado do Amapá, nós recebemos denúncias de pacientes com diagnóstico positivo de Covid-19 e os profissionais atendendo sem equipamento de proteção individual adequado”, diz o presidente do Conselho Federal de Enfermagem, Manoel Neri.

Os pedidos de ajuda chegam também por e-mail. Um deles, de São José do Xingu, em Mato Grosso, relata a falta de máscaras cirúrgicas, avental, protetor facial, óculos, luvas, propé e álcool gel.

Ou por mensagem de áudio: ‘Avental é aquele avental que a gente usa para dar banho, um avental de TNT bem fraquinho, não temos avental impermeável.”

Também tem relatos nas redes sociais, como o de um enfermeiro, no Rio. Ele disse que nas primeiras 12 horas de trabalho, cuidou de conseguir material para abastecer o setor. Não havia capote nem máscara para começar o plantão.

A Associação Médica Brasileira já acumula quase três mil denúncias em 611 municípios.

Na Santa Casa de São Paulo, os profissionais se queixam da capa de chuva fornecida como avental. “Não cobre o que tem que cobrir, que é a parte do braço, e no comprimento também ele é curto.”

O Jornal Nacional conversou com uma enfermeira do Hospital São Paulo, que é federal. Ela está afastada do trabalho por suspeita de Covid-19. A enfermeira conta que por causa da escassez de aventais, ela e os colegas evitam tomar água e urinar.

“Vou ao banheiro antes de entrar para trabalhar, não tomo água e passo o período de seis horas sem beber água e sem ir ao banheiro”, afirma.

Ela diz que o risco é grande também por falta de treinamento para lidar com pacientes e também para usar e retirar os equipamentos: “O que eu vejo é muita gente não fazendo de forma adequada, talvez por falta de treinamento.”

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, diz que o consumo explodiu: “Os nossos profissionais de saúde consumiam, até 30 dias atrás, 250 mil máscaras cirúrgicas por mês. Nós estamos consumindo 500 mil máscaras cirúrgicas por semana.”

O presidente do Conselho Nacional de Enfermagem pede ajuda da indústria nacional para não ficarmos dependentes dos produtos chineses. “É preciso que as empresas brasileiras, que a indústria brasileira seja incentivada a produzir esses equipamentos, principalmente os equipamentos de proteção individual, que têm uma linha de produção mais simples”, diz Manoel Neri.

As baixas já são muitas. O Conselho registra mais de mil enfermeiros e auxiliares de enfermagem afastados por suspeita de Covid-19. São 20 mortes notificadas e 11 já confirmadas por exame.

Entre os últimos, dois jovens: Paulo Henrique Lima, de 40 anos, que trabalhava no Rio, e André Augusto Cruz, de 37 anos, em São Paulo. Sofia da Silva tinha 64 anos e trabalhava em Manaus.

Um avião que aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos trouxe pouco mais de um milhão de máscaras e óculos. É parte de um lote de 15,8 milhões equipamentos que o governo vai receber em doação e distribuir pelo país.

Enquanto aguardam proteção, os profissionais de saúde falam do medo de adoecer. Uma enfermeira de um hospital estadual no Espírito Santo conta que, sem equipamentos, ela trabalha com medo e não só por ela.

“Eu penso todos os dias nos meus filhos. Eu não sei se vou chegar lá bem, se eu vou voltar contaminada”, diz.

A prefeitura de São Paulo informou que já tomou todas as medidas para garantir a compra de 4,9 milhões de máscaras de proteção. Disse ainda que a China doou 100 mil máscaras e mil macacões.

A Santa Casa declarou que, além de doações recebidas, comprou novos aventais e que houve atraso na entrega por falta do produto no mercado, mas que a situação já foi regularizada.

O Hospital São Paulo afirmou que segue regras e protocolos dos órgãos de saúde e disponibiliza equipamentos para seus colaboradores. Mas ressalta que também tem encontrado dificuldades para encontrar os produtos no mercado.

A Secretaria da Saúde do Amapá admite a dificuldade em repor os equipamentos devido à escassez, ao alto preço e a logística de entrega, mas afirma que tem garantido a disponibilidade com aquisições e doações.

A Secretaria da Saúde do Espírito Santo declarou que atualmente não faltam equipamentos de proteção individual, mas que existem critérios para utilização. Disse também que tem processos de compra em andamento e que três milhões de máscaras devem ser entregues neste mês.

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