Brasil : OS RITOS DA IGREJA
Enviado por alexandre em 12/04/2020 00:31:18

Sacramentos estão suspensos durante a pandemia
Por Estadão Conteúdo

Mas se a questão das missas ficou "resolvida" nestes tempos de exceção, como ficam os demais sacramentos? De forma geral, tudo está suspenso. De acordo com o padre Denilson Geraldo, especialista em direito canônico e diretor do Instituto San Vincenzo Pallotti, de Roma, "depende de cada diocese as orientações para os sacramentos do Batismo, Crisma, Matrimônio e Ordem". "Todavia, podemos constatar que dificilmente serão celebrados durante a vigência da pandemia", afirma.

Um dos decretos recentes do Vaticano prevê que, durante esta situação - e com a permissão do bispo da circunscrição - "um sacerdote pode dar a absolvição geral aos penitentes, por exemplo, internados em um hospital por conta do coronavírus", explica Geraldo.

"Estão todos adiados", afirma o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Junior, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Batismo, crisma, matrimônios, ordenações podem esperar o fim da quarentena. Já os dois sacramentos de cura: penitência e unção dos enfermos estão sendo praticados a todo vapor nos lugares mais cruciais onde ocorre a pandemia. Até por isso muitos padres italianos morreram."

O teólogo afirma que, por conta disso, tem havido proposições de "confissão auricular por celular." "Mas será preciso verificar as condições de sigilo e de personificação para evitar fake-pecador, fake-pecados ou até mesmo um fake-padre."

Suspensões

"A orientação do meu bispo é para que não se marque novas celebrações de batizados e casamentos. Os que já estão marcados, que sejam celebrados sem a presença de convidados, apenas com pais e padrinhos, com noivos e testemunhas, podendo esses ser suspensos em comum acordo com os fiéis em questão", conta o padre Lucas Gobbo, reitor da Casa de Formação São Caetano e vigário da Paróquia de São Geraldo, em Guarulhos.

"Eu jamais me recusaria, por exemplo, ao saber que uma pessoa está necessitando da unção dos enfermos, a ir até o local para poder lhe conceder isto. É meu dever enquanto sacerdote. O que precisamos neste momento é nos colocar na consciência daquilo que é urgente e necessário."

Para ele, "sacramentos de emergência, de cura, são essenciais". "Não podemos fechar totalmente (a possibilidade de) que esses sacramentos aconteçam. E que não exigem participação pública", pontua.

"A unção dos enfermos está além de nossa capacidade de controlar. Mas a Igreja supre, pelo decreto recente, entendendo que, ao desejar receber este sacramento, na verdade, a pessoa já está recebendo, neste momento", defende o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. "Casamentos, em último caso, podem ser celebrados em pequenos grupo. Ordenações sacerdotais podem ser feitas sem povo."

Caso emblemático é o da confissão. A Igreja não permite que seja feita de forma remota. Papa Francisco já orientou que, por conta da pandemia "as pessoas possam se confessar, em um primeiro momento, diretamente a Deus - mas que não se esqueça de, assim que possível, procurar um padre", lembra Gobbo.

"É o sacramento mais prejudicado neste momento", avalia Domingues. "Porque exige a presença. Não pode ser feito por redes sociais, por telefone, por Skype. Só o pecador e o padre, sem qualquer mediador ou qualquer interferência. E a Igreja nunca vai mudar isso, eu acho."

"Nesta época, por conta da quaresma, já é grande o número de pessoas que nos procuram para confissões. Depois da quarentena, acho que não vamos dar conta de tantos atendimentos", comenta o padre Eugênio Ferreira de Lima, da paróquia Cristo Rei, de Ipatinga. "Passado este tempo, alguns, que têm uma relação meio doentia com Deus, devem nos procurar por medo. E muitos virão nos procurar por amor ao sacramento."

"O decreto do Vaticano prevê seguir na vida da igreja e voltar a se confessar quando for possível", ressalta Domingues. "Não se confessa enquanto não for possível. Esse é o ponto."



Pandemia une movimentos de renovação política

Por Estadão Conteúdo

Em expansão nos últimos anos na busca de espaço e influência na política, movimentos de renovação como o RenovaBR, Acredito e Agora! têm atuado conjuntamente no "UniãoSP contra o coronavírus". A ação de solidariedade da sociedade civil, com a participação de megaempresários, já arrecadou em duas semanas mais de R$ 13 milhões em doações pela internet.

O movimento sem vínculos partidários tem a intenção de minimizar os efeitos da crise para pessoas em vulnerabilidade social no Estado. A cifra já arrecadada foi impulsionada por grandes doações de empresas como a XP Investimentos, que desembolsou R$ 500 mil, e o grupo JHSF, dos hotéis e restaurantes Fasano e de shoppings como o Cidade Jardim, que doou R$ 100 mil.

Membros da iniciativa defendem que, depois da crise, setor privado e setor público estejam mais próximos, com empresas e governo atuando para reconstruir o País. "Em momentos como este, setor privado e público precisam se unir", diz Eduardo Mufarej, criador do RenovaBR, um dos porta-vozes do UniãoSP. "Vírus não se importa com ideologias. É nosso papel, depois de tudo que isto passar, lutar para manter esta relação de apoio mútuo entre pessoas, empresas e poder público".

Moradores de quinze comunidades em São Paulo já receberam cerca de 43 mil cestas básicas e o movimento informa que distribuirá mais 51 mil nesta semana. O movimento repassa o valor arrecadado a órgãos públicos e do Terceiro Setor, que, então, fazem a entrega para a população. Já receberam recursos órgãos como o Fundo Social do Estado de São Paulo, o Fundo Social de Mauá, de São Bernardo do Campo, e a Prefeitura de São Paulo.

Todas as organizações que atuam no movimento trabalham voluntariamente. Além dos grupos de renovação, participam entidades e empresas como a Península, do empresário Abílio Diniz, o grupo JHSF, a Central Única das Favelas, o Grupo Tellus e o Educafro. A gestão financeira está sob a responsabilidade do RenovaBR, que informa não ter nenhuma margem de retenção.

Coordenador do movimento Acredito, Zé Fred afirma que a pandemia do coronavírus é o maior problema da atual geração. "Será como um pós-guerra. Um dos aprendizados é a relação setor público e sociedade. Grandes problemas públicos só são resolvidos quando governo e sociedade se juntam." Para Leandro Machado, do movimento Agora!, a união contra o coronavírus deve aproximar o poder público da sociedade. "A expectativa é essa integração entre o poder público, setor privado e sociedade prospere cada vez mais."

A distribuição é acompanhada pelo UniãoSP por meio de um sistema remoto de georreferenciamento. É uma forma de mapear as entregas e evitar fraudes. Tudo é feito por meio de aplicativo. No site da iniciativa, é possível doar de uma cesta básica (R$ 60) até a 200 (R$ 12 mil). Pouco mais de 2,6 mil doações já foram registradas, feitas por pessoas físicas e jurídicas. A meta do movimento é juntar o equivalente a 120 mil cestas em três meses. "Estamos passando por um momento muito grave de nossa história. A solidariedade e o cuidado com o outro é a única forma de enfrentarmos o medo e a desesperança e superarmos tudo construindo um futuro melhor", diz Ana Maria Diniz, da Península Participações.

Celebridades do mundo do esporte, como Neymar e Gabriel Medina, e influenciadores digitais como Nathália Arcuri gravaram vídeos incentivando doações. O apresentador Luciano Huck, ligado aos movimentos de renovação e apontado como possível candidato a presidente em 2022, também é "garoto propaganda" da iniciativa.

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