Brasil : NA ONDA
Enviado por alexandre em 08/04/2020 23:53:50

Lives superproduzidas divertem o público, mas geram polêmicas

Com tantos shows cancelados em decorrência da pandemia do novo coronavírus, os artistas tiveram que arrumar um jeito diferente de se conectarem com os fãs mesmo que a distância.


As transmissões ao vivo pelas redes sociais, que começaram de um jeito simples e despretensioso, se transformaram em superproduções nas mãos de figuras famosas da música brasileira. Se por um lado as lives grandiosas têm garantido o entretenimento do público em quarentena; por outro, sobram críticas aos formatos adotados por alguns.


A apresentação transmitida em tempo real pela dupla Jorge e Mateus, no último sábado (4), gerou uma grande repercussão. Os sertanejos atingiram 3,1 milhões de acessos simultâneos e 25 milhões de visualizações durante o show, que teve mais de quatro horas de duração.


Uma foto que circulou na internet, no entanto, revelou a aglomeração de pessoas trabalhando nos bastidores, incluindo um garçom, que vez ou outra aparecia no vídeo, servindo cerveja da marca patrocinadora.


Segundo a assessoria de imprensa dos cantores, a equipe contou com 18 pessoas, que se revezaram ao longo do processo de produção e utilizaram equipamento de proteção. O evento conseguiu arrecadar mais de 216 toneladas de alimentos, 10 mil frascos de álcool gel e 200 cursos para a área da saúde.


O cantor Gusttavo Lima foi o primeiro a ostentar na produção de uma live. No dia 28 de março, ele comandou uma apresentação dentro da sua própria mansão, com direito a quatro músicos de apoio, câmeras, garçons e equipe técnica.


A estrutura de luxo contrasta com as transmissões feitas por artistas internacionais, como Dave Grohl, Miley Cyrus e Chris Martin, que optaram por gravações simples, feitas por eles próprios. A fala do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a live de Jorge e Mateus, reforça a necessidade do isolamento.


“É importante que a música chegue, mas é importante não aglomerar. O show não pode parar, mas a aglomeração tem que parar”, afirmou o ministro.


Outros artistas brasileiros já demonstraram opiniões contrárias às grandes produções. O ex-vocalista da banda O Rappa, Marcelo Falcão, utilizou as redes sociais para se manifestar, no domingo, um dia após fazer uma apresentação ao vivo simples, só com voz e violão, em sua casa.


“Essa parada de live é uma coisa para ser de coração, como se fosse uma roda de amigos numa vibe boa. Virou competição levar um som para alegrar esse momento difícil, é a parada. Música não é competição de quem ostenta mais. Música é sentimento. Deixar fluir”, escreveu.


Filipe Prohaska, médico infectologista da Universidade de Pernambuco (UPE), chama atenção para os riscos que envolve a aglutinação de diversos profissionais em um mesmo ambiente durante as gravações.


"Como as pessoas estão cantando, há a propensão de gotículas no ar. Nesse caso, assim como em outros, deve ser mantida a distância regulamentar mínima de um metro e meio entre uma pessoa e outra", alertou.


Também é preciso ter cuidado com os equipamentos utilizados. "Toda essa estrutura que você traz de fora passou pelas mãos de muita gente. Por isso, é essencial fazer a limpeza do material inteiro, assim que ele chegar ao local. Isso pode ser feito com água e sabão, álcool em gel ou álcool isopropílico, dependendo do tipo de material", explicou.


Menos é mais


O Festival Palco Em Casa vem reunindo vários nomes da música brasileira através do perfil da Secretaria de Turismo de Pernambuco no Instagram (@descubrapernambuco). O cantor André Rio, idealizador do projeto, defende o papel de entretenimento das lives, mas afirma que cuidados essenciais não podem ser deixados de lado.


“Nesse momento, menos é mais. A gente não pode querer o bem das pessoas fazendo música, mas indo na contramão de tudo aquilo que a OMS e o Ministério da Saúde estão propagando para que essa pandemia se espalhe ainda mais. Fazemos questão de que todos os artistas que participam do festival passem a imagem daquilo que estamos pregando”, comentou o músico, em entrevista à Folha de Pernambuco.


FONTE: FOLHAPE

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