Política : O DESAFIO
Enviado por alexandre em 30/03/2020 10:05:29

Bolsonaro diz para todos os políticos do Brasil irem às ruas
Por Estadão Conteúdo

O presidente Jair Bolsonaro recomendou ontem que todos os políticos do Brasil saiam às ruas e cumprimentem as pessoas para, na avaliação dele, entender a realidade do País nesses tempos de coronavírus. A recomendação do presidente contraria as orientações do Ministério da Saúde, que, na tarde de hoje, divulgou que o número de contaminações pelo novo coronavírus chegou a 4.256 e o total de mortes por covid-19 no País subiu para 136.

Em um vídeo postado nas redes sociais, Bolsonaro comentou o "tour" realizado por ele nas redondezas de Brasília na manhã deste domingo. "Agora pouco estive em Ceilândia e Taguatinga. Fui ver na ponta da linha como está o nosso povo. E em especial os informais, os mais atingidos por essa onda de desemprego. Uma experiência que recomendo a todos os políticos do Brasil", disse o presidente.

Nas ruas da capital federal, Bolsonaro disse que as pessoas querem voltar a trabalhar. Ele foi a um açougue e também cumprimentou a população, causando alvoroço nas ruas. Após o tour, Bolsonaro voltou ao Palácio da Alvorada, por volta das 12h.



Twitter deleta duas publicações de Bolsonaro

Por Estadão Conteúdo

O Twitter deletou duas publicações feitas na conta do presidente Jair Bolsonaro na noite de ontem, por violação às normas da rede social. Os tuítes foram feitos durante passeio de Bolsonaro a regiões do Distrito Federal durante a manhã, na qual conversou com apoiadores e vendedores de rua e defendeu a reabertura do comércio, apesar das orientações de órgãos de saúde.

Antes, a rede social já adotou postura semelhante e tirou do ar dois tuítes do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e um do senador Flávio Bolsonaro, que republicavam vídeo antigo do médico Dráuzio Varella. As postagens teriam violado as normas sobre conteúdos enganosos, visto que a gravação era datada de janeiro, mas os tuítes passavam a ideia de ser algo recente.

A plataforma conta agora com medidas que preveem a exclusão de conteúdos que neguem ou distorçam orientações dos órgãos de saúde em relação ao combate e prevenção ao novo coronavírus.

As publicações deletadas pelo Twitter foram feitas nesta manhã, enquanto o presidente visitava áreas de Brasília em descumprimento às normas de aglomeração de pessoas. Em uma das imagens, o presidente conversava com um vendedor de churrasquinho em Taguatinga, no Distrito Federal.

“Eu tenho conversado com o povo e eles querem trabalhar. É o que eu tenho falado desde o começo. Vamos tomar cuidado, maior de 65 (anos) fica em casa”, disse.

Além de defender a volta da população ao trabalho, o que contraria as orientações do próprio Ministério da Saúde, o presidente da República diz, no vídeo, que um medicamento usado para malária, produzido no Brasil, “está dando certo em tudo quanto é lugar.” A declaração aconteceu no dia em que o governo da Bahia divulgou que o primeiro paciente que morreu no estado fazia uso de tal medicamento.

Num segundo vídeo apagado pelo Twitter, Bolsonaro aparece entrando em uma casa de carnes em Sobradinho, também na região metropolitana de Brasília. Ele diz que “o desemprego tem apavorado as pessoas” e diz, sem apresentar de qual estudo tirou tal informação, que o País só fica imune ao coronavírus depois que 60 a 70% for infectada.

Apenas um vídeo permanece online, o que mostra o presidente em um comércio em Ceilândia, acompanhado de seguranças e populares.

Procurado pela reportagem na noite deste domingo, o Palácio do Planalto informou que não comentará a decisão da rede social de excluir o vídeo.

As novas regras do Twitter podem levar à exclusão de publicações que neguem recomendações de autoridades de saúde locais ou globais, descrição de tratamentos ou medidas de proteção ineficazes, negação de fatos científicos estabelecidos, afirmações em torno do Covid-19 que têm como objetivo manipular o debate, afirmações não verificada que incitam as pessoas a agir ou causam pânico generalizado, afirmações feitas por pessoas que se passam por funcionário, organização ou governo de saúde, propagação de informações falsas ou enganosas sobre procedimentos de diagnóstico e informações de que grupos específicos ou nacionalidades serão ou não mais ou menos suscetíveis ao coronavírus.


Aliados pedem que Mandetta resista no cargo

O Globo 

Aliados do ministro Luiz Henrique Mandetta preveem uma escalada dos conflitos com o presidente Jair Bolsonaro, mas têm pedido “cautela” e que o comandante da Saúde resista no cargo. A avaliação é de que os próximos 15 dias serão determinantes para mostrar quem está certo: se o ministro da Saúde ou o presidente da República.

Pessoas próximas a Mandetta disseram ao GLOBO que, durante a semana, o ministro chegou a classificar a situação como “insustentável”. Conselheiros, então, entre os quais o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reforçaram os apelos para ele “aguente o tranco” e “toque o barco”. A avaliação unânime levada a Mandetta é a de que, hoje, os brasileiros confiam no ministro e precisam do trabalho que ele tem desempenhado.

Os próximos 15 dias são considerados cruciais. Se a população seguir as orientações de Bolsonaro e voltar às ruas, abrindo caminho para o aumento de mortes por conta da Covid-19, Mandetta pode ganhar fôlego, avalia o entorno do ministro.

Segundo relatos, Mandetta foi à reunião ministerial no Palácio do Alvorada, no sábado, com o objetivo de saber se Bolsonaro continuaria lhe dando carta branca e liberdade para seguir defendendo medidas baseadas na ciência e na medicina. Do contrário, não teria condições de permanecer à frente do ministério.

O movimento de Mandetta, de acordo com aliados, foi respaldado por seus principais auxiliares no Ministério da Saúde, o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, e o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira.

A resposta, dizem aliados, veio com a coletiva à imprensa de Mandetta no próprio sábado, em que o ministro reafirmou a defesa do isolamento social, repudiou a versão de que a hidroxicloroquina é a cura para doença e criticou os atos pela reabertura do comércio pelo país.

Neste domingo, Bolsonaro decidiu sair do Palácio da Alvorada para o que chamou de tour "aleatório" pelo Distrito Federal. O presidente parou em vários pontos da cidade, entre comércios abertos e locais de ambulantes, para cumprimentar apoiadores.

A visita do presidente a locais com concentração de pessoas foi vista como mais um gesto para desautorizar Mandetta. A aliados, no entanto, o ministro da Saúde indicou que seguirá usando as entrevistas coletivas à imprensa para reforçar recomendações técnicas.

A mudança de postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também é apontada como importante sinal de isolamento de Bolsonaro. Ontem, ele pediu para a população americana ficar em casa até 30 de abril. A diretriz anterior era de encerrar o isolamento na Páscoa, no dia 12.

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