Política : DESAFIANDO
Enviado por alexandre em 16/03/2020 08:34:31

Bolsonaro desafia Maia e Alcolumbre a testarem suas popularidades
Por Estadão Conteúdo

O presidente Jair Bolsonaro desafiou ontem, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), a irem “às ruas” para ver como eles serão recebidos.

A declaração de Bolsonaro, feita à CNN Brasil, foi uma resposta a críticas sobre a participação do presidente em protesto realizado hoje em Brasília em prol do governo e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. “Gostaria que Maia e Alcolumbre saíssem às ruas como eu. Saiam às ruas e vejam como vão ser recebidos”, disse.

“Estão fazendo críticas. Estou tranquilo. Espero que não queriam fazer algo belicoso”, disse Bolsonaro. O presidente afirmou que está disposto a receber Maia e Alcolumbre ou visitá-los para alinhar uma “pauta de interesse da população”.

Segundo o presidente, se houver “aproximação” com o povo, todos no meio político serão “muito bem tratados, reconhecidos e até idolatrados”. “Não quero eu aparecer e eles não. Estou disposto a recebê-los. Vamos conversar”, disse.

Bolsonaro disse que políticos têm de ser “quase escravos da vontade popular”. Ele criticou acordos políticos, como para divisão de recursos do Orçamento impositivo. “O acordo não tem de ser entre nós. Tem de ser entre nós e o povo”, disse.

Economia

O presidente considerou como “neurose” e “histeria” as medidas diante do avanço do novo coronavírus no Brasil. Para ele, o vírus é grave, mas a economia não pode ser prejudicada. Ele fez os comentários para rebater críticas à sua participação no protesto de hoje, contrariando as orientações técnicas para conter a doença.

Bolsonaro disse não estar preocupado em manter contato com as pessoas, porque é do povo e toma as devidas precauções.

Ele mencionou ainda decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de proibir jogos de futebol dos torneios nacionais. “Quando se proíbe jogo de futebol, está partindo para o histerismo”, afirmou. “A questão do vírus é grave, mas a economia tem de funcionar e não podemos prejudicar economia”. O presidente lembrou que o desemprego ainda é alto no Brasil e disse que a onda crescer pode levar pessoas a se alimentarem mal e até a óbito.

Bebianno a Bolsonaro: "meu capitão, o senhor precisa acordar"

O Globo - Por Gustavo Maia

A carta escrita por Gustavo Bebianno, morto na madrugada de sábado, ao presidente Jair Bolsonaro após sua turbulenta saída do comando da Secretaria-Geral da Presidência, em fevereiro do ano passado, trazia alertas ao seu ex-chefe, dirigidos principalmente ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). "Meu Capitão, o senhor precisa acordar e cair em si", escreveu Bebianno. "O senhor cultiva e alimenta teorias de conspiração, intrigas e ódio, e ensinou seus filhos a fazerem o mesmo", completou.

O texto foi enviado ao GLOBO na noite de ontem pelo empresário Paulo Marinho, amigo do ex-ministro e suplente do senador Flávio Bolsonaro. Bebianno morreu neste sábado aos 56 anos, em Teresópolis (RJ), depois de sofrer um infarto. Após sua demissão, a primeira do governo, ele nunca mais voltou a falar com o presidente, de quem se aproximou quase dois anos antes. Até o momento, o presidente não se manifestou publicamente sobre a morte do ex-aliado.

Em tom de desabafo, o advogado que coordenou a campanha de Bolsonaro rumo ao Palácio do Planalto abriu seu relato citando o trecho bíblico adotado pelo candidato para pregar que falava a verdade e disse ter acreditado no seu teor e na amizade que tinha com ele.

Referindo-se ao estado da já deteriorada relação entre os dois no momento da demissão, Bebianno apontou que Bolsonaro não teria chegado à Presidência sem o seu trabalho --"que só deu certo porque fiz, acima de tudo, com AMOR — amor que intensamente desenvolvi por você. Amor hétero, como costumávamos brincar", acrescentou.

Na sequência, Bebianno alertou que o presidente estava "obsedidado" (o mesmo que obcecado), pelo próprio filho. "Carlos precisa de ajuda e só o senhor tem esse poder. Não estou falando com rancor. Meu sentimento não é de raiva, acredite. Não tenho uma só gota de raiva do Carlos (a que tive, já passou, graças a Deus), porque ele precisa de ajuda. Isso é visível aos olhos de TODOS", escreveu.

Na carta, ele diz que o vereador "vive em uma prisão mental e emocional" e sofre "intensamente em função do próprio ódio", que seria cultivado contra tudo e todos, principalmente a pessoas por quem Bolsonaro demonstra afeto. "Ele é consumido pelo ódio 24 h por dia, independentemente do que esteja acontecendo no mundo real", apontou.

"A despeito do que, de fato, esteja acontecendo no mundo real, por melhores que possam ser as circunstâncias, Carlos continua odiando e sofrendo. Mesmo o senhor tendo alcançado o objetivo de ser eleito, ele permanece odiando. Ele aprendeu a ser assim e não sabe fazer de outra forma. Não é por mal, ele não tem culpa, simplesmente não sabe fazer diferente. E o senhor tem alimentado essa situação. E isso só vai mudar quando o senhor RECONHECER A VERDADE", complementou Bebianno.

Ele fez então outras observações sobre Carlos, a quem atribuía sua demissão, dizendo que o filho 02 de Bolsonaro "se tornou um canal aberto para influências espirituais negativas". "O mal opera por aí. Ao contrário do que muita gente pensa, o mal nem sempre age pelas mãos de Adelios [nome do autor da facada contra Bolsonaro, em setembro de 2018]. Na maioria das vezes, age de forma ardil e sub-reptícia, pela mente de pessoas próximas a nós, que nos amam e a quem também amamos. Acredite nisso, Capitão".

"O senhor cultiva e alimenta teorias de conspiração, intrigas e ódio, e ensinou seus filhos a fazerem o mesmo. O melhor discípulo foi o Carlos, pois é o que tem maior conexão espiritual com você. O problema é que ele é muito forte, muito intenso, e o senhor perdeu o controle sobre o 'pitbull'. Hoje, ele morde aleatoriamente as pessoas, sem que o senhor consiga segurá-lo. Pior do que isso, quando o senhor tenta segura-lo, ele se vira e morde o senhor mesmo", diagnosticou Bebianno, que reclamou de ter sido atacado injustamente.

Segundo o ex-ministro, que era pré-candidato à Prefeitura do Rio pelo PSDB quando morreu, a única forma de tudo acabar bem, em benefício do Brasil, era Bolsonaro romper o ciclo de ódio. Bebianno dizia acreditar que o presidente é um homem bom e justo e o exortava a quebrar padrões negativos por meio do amor. "Só o amor tem o poder de salvar o Brasil e livra-lo das influências negativas que o prejudicam".

Na despedida, ele pediu perdão a Bolsonaro pelos maus sentimentos que teve contra ele nos dias anteriores e avisou: "O senhor pode ficar tranquilo. Vou embora em paz".

Ao fim da carta, ele diz querer que o governo dê certo e que não pode acreditar "que tudo o que foi feito tenha sido em vão". E reitera que nunca traiu Bolsonaro e nem nunca fez nada pelas costas. "Nunca plantei nota desfavorável ao senhor ou a seus filhos, nunca vazei áudio. Não há complô algum. Talvez o senhor nunca enxergue isso. Mas minha consciência sabe. Isso é o que basta".

"Minha missão chegou ao fim aqui. A sua, não. Reconheça seus erros (para si próprio). Faça um profundo exame de consciência. Limpe o seu coração. Recupere o Carlos pelo seu exemplo. Ele vai aprender. Ele é um bom garoto. Só precisa da sua ajuda. Fique com Deus e um beijo no seu coração (hétero). O senhor continuará a ser o meu Mito", finaliza.

Leia a íntegra da Carta: Leia a carta que Bebianno escreveu para Bolsonaro: 'meu ...

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia