Política : VALORIZAÇÃO
Enviado por alexandre em 12/02/2020 08:48:37

A vez do Nordeste no governo Bolsonaro

O Nordeste não foi generoso com Bolsonaro nas urnas, nem no primeiro nem no segundo turnos. Perdeu para Fernando Haddad, no confronto final, mesmo por uma diferença pequena em alguns Estados. Ao longo do acirramento final da disputa não soube captar o sentimento do eleitorado nordestino de que seria o instrumento para tirar o PT do poder, pondo fim à roubalheira generalizada.

Bolsonaro não encontrou ressonância sequer na principal bandeira que assumiu com os menos favorecidos: o pagamento do 13º salário do programa Bolsa-Família, promessa cumprida. Mesmo não valorizado pelos nordestinos, o presidente não teria o direito de expurgar a Região do seu Ministério. No primeiro ano, não se viu uma alma nordestina despachando na Esplanada dos Ministérios.

Ontem, um nordestino do Rio Grande do Norte, especializado em sistema previdenciário, assumiu a pasta de Desenvolvimento Regional: o ex-deputado federal Rogério Marinho. Competente, articulado e respeitado, deu um show na discussão da reforma da Previdência, sendo o principal protagonista que falava em nome do Governo.

Não sei, na verdade, se ele entende de políticas regionais, mas se sua atuação na nova pasta se der na mesma direção em que atuou na Previdência, o Nordeste estará em boas mãos. Como é influente com o rei, pode canalizar um novo direcionamento aos Estados nordestinos que, historicamente, vivem de pires nas mãos em Brasília.

O Nordeste não é terreno fértil do ponto de vista político para o Governo Bolsonaro, porque todos os governadores, sem exceção, foram eleitos no campo de oposição, entre os quais dois dos mais influentes, Bahia e Ceará, empunhando a estrela do PT. Bolsonaro já deu alguns sinais de que não discrimina. Numa entrevista ao blog, o governador do Ceará, Camilo Santana, que é do PT, defendeu o fim da política do ódio por parte de colegas da Região, afirmando que não tinha do que reclamar do tratamento dispensado pelo presidente ao seu Estado.

Os excluídos – O presidente Bolsonaro assinou, ontem, em cerimônia no Palácio do Planalto, decreto para transferir o Conselho Nacional da Amazônia Legal do Ministério do Ambiente para a Vice-presidência. De acordo com o texto do decreto, divulgado pela Secretaria de Comunicação Social, o conselho será integrado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e por 14 ministros do governo federal. A composição anterior do conselho, estipulada em um decreto de 1995, incluía os governadores da Amazônia Legal. No decreto assinado por Bolsonaro, os governadores não integram o conselho.

E a SUDENE? – Se Bolsonaro age assim com o Norte, degolando governadores, o que pode vir a fazer em relação ao Conselho da Sudene? Esta foi a pergunta mais ouvida, ontem, em Brasília, depois que o presidente degolou os governadores do Conselho Nacional da Amazônia Legal, do Ministério do Meio Ambiente. A Sudene, vale a ressalva, só volta a ganhar vitalidade de vez se os governadores nordestinos se engajarem efetivamente às novas propostas e políticas apresentadas pelo superintendente Douglas Cintra.

CURTAS

TENTANDO AMENIZAR – O vice-presidente Hamilton Mourão tentou controlar os governadores da região da Amazônia, ontem, após a decisão do Governo de excluir todos do Conselho Nacional da Amazônia Legal. Afirmou que, mesmo sem compor o Conselho, os governadores serão consultados para estabelecer as prioridades para a região. “O Conselho tem a função de integrar e coordenar as políticas em nível federal. Os governadores serão consultados para que estabeleçam suas prioridades”, declarou. A fala do vice-presidente, entretanto, não foi levada a sério pelos governadores, que se sentiram apunhalados.


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