Política : STF O LIXO
Enviado por alexandre em 09/11/2019 22:06:49

Confiança na Justiça no Brasil foi pra lata do lixo

O Supremo Tribunal Federal se dividiu na interpretação da Constituição quanto à sustentação jurídica para amparar de vez a prisão em segunda instância. Foi preciso que o presidente Dias Toffoli saísse da posição confortável de não usar o seu poder de voto, para dar cabo ao julgamento, prova de que é muito confusa e de difícil interpretação a Carta Magna do País.

Independente disso, a leitura que ficou no inconsciente coletivo é a de que a corte máxima da justiça brasileira julgou o que lá atrás havia decidido o então juiz Sérgio Moro, da operação Lava Jato, apenas para soltar o ex-presidente Lula. Dar liberdade a quem montou e levou a efeito prático o maior assalto aos cofres públicos do tempo em que se constituiu a República é um soco no estômago da sociedade. É ratificar a velha e enfadonha máxima de que cadeia só existe para pobre, puta e negro.

Diante dos rios e mares de dinheiro roubado pela quadrilha de Lula, fico mais indignado ainda ao constatar que tem gente que acha que Lula é um santo, que não cometeu o sacrilégio de tirar da mesa o pão de milhares de pobres e abandonados, roubando o que a eles pertencia.

Foi vapt-vupt Lula não aceitou a prisão domiciliar quando já tinha direito, por ter cumprido um terço da pena, porque tinha certeza de que seria solto pelo Supremo. Tinha razão. Deixou de ver o sol nascer quadrado, ontem, dia seguinte ao Supremo julgar sua inocência na roubalheira da Lava Jato.


Lula o adversário que Bolsonaro ainda não teve

Solto, Lula será o adversário que Bolsonaro ainda não teve.

Ex-presidente vai percorrer o país e liderar um movimento em favor da sua corrente política e, muito mais importante, vai trabalhar contra o governo.

Antonio Cruz/ Agência Brasil                                                                                   Valter Campanato/Agência Brasil

O Globo - Ascânio Seleme

 

 

Lula foi o primeiro e mais importante beneficiário da decisão do Supremo Tribunal Federal em proibir a prisão depois da condenação em segunda instância. Sua libertação se deu em cadeia nacional de TV e pipocou em todas as redes sociais. Foi o único assunto da sexta-feira no Brasil. Lula saiu da cadeia com base na decisão do STF, mas também poderia ter saído pelo cumprimento de um sexto da pena, de acordo com o Código do Processo Penal.

A forma que se deu a liberdade do ex-presidente, porque seu caso ainda não transitou em julgado, serve muito mais aos planos políticos do líder petista. Significa, em outras palavras, que ele ainda não foi condenado. Lula é inocente, estabeleceu a decisão do STF. E como inocente vai percorrer o país e liderar um movimento em favor da sua corrente política e, muito mais importante, vai trabalhar contra o governo Bolsonaro. Ao deixar a prisão, Lula se transformou imediatamente em um rival de tamanho e peso que até aqui Bolsonaro não tinha visto.

É cedo para dizer qual será o resultado do retorno de Lula ao cenário político. Mas será importante. Muito importante. Ninguém pode negar ou fingir desconhecer a estatura do ex-presidente. Mesmo preso, teve força suficiente para colocar o ex-prefeito Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial do ano passado e ainda obter quase 45% dos votos no segundo escrutínio. Não é pouco. Ninguém na oposição se compara a Lula.

Mesmo não sendo capaz de alterar a correlação de forças no Congresso Nacional, Lula livre muda inteiramente a retórica política nacional. O discurso da oposição, que de resto parecia não ter existido até aqui, será “nitroglicerinado” ao ponto da combustão com Lula nas ruas. Será impossível ignorar a sua presença. Mesmo sem mandato e apesar de estar respondendo a seis inquéritos, inclusive o do tríplex do Guarujá, o ex-presidente se transformará imediatamente no principal articulador anti-Bolsonaro do país.

O barulho que se ouviu ontem e se ouvirá nos próximos dias será igual ao que se produziu na prisão do ex-presidente. Depois, com o tempo, tende a esmorecer. Mas enquanto estiver solto, Lula seguirá fazendo política, construindo entendimentos à esquerda, pavimentando caminhos para as eleições municipais do ano que vem e já arquitetando pontes para 2022.

O discurso que fez no acampamento da militância em frente à Polícia Federal de Curitiba ao deixar a carceragem foi temperado por momentos agressivos e por declarações de amor e ternura que lembram o Lulinha Paz e Amor. Difícil dizer qual deles prevalecerá. Acho que vai adotar os dois, dependendo das circunstâncias.

O homem que já identificou a si mesmo com uma metamorfose ambulante, deu ontem a pista de que vai circular em permanente ziguezague. Interessa a ele as vezes morder e em outras assoprar. Foi assim que ele construiu sua liderança incontestável no PT. Será assim que seguirá determinando o rumo de seu partido e dos demais satélites que orbitam o PT.

Foi contundente ao atacar “o lado podre da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal que trabalharam para criminalizar o PT e o Lula”. Mas logo em seguida parecia querer uma trégua. “Saio daqui sem ódio, meu coração só tem amor, porque é o amor que vai vencer nesse país”, disse Lula no seu discurso de Curitiba.

Quinhentos e oitenta dias depois de ser encarcerado, Lula saiu na ponta dos cascos. Sua oratória permanece intacta. Conseguiu em pouco menos de 30 minutos dar um rápido sinal de como serão seus discursos daqui em diante. Enquanto estiver livre, vai mexer com o Brasil. O que Lula livre produzirá sobre Bolsonaro logo vai se ver.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia