Época
Dois dias antes de ser eleito presidente do MDB, o deputado federal Baleia Rossi (SP) recebeu o apoio de integrantes da chamada “juventude” do partido. Ao lado dos novatos, alguns com mais de 30 anos, ele gravou um vídeo de campanha. Enquanto sorria, ouviu o líder do grupo, Assis Filho, puxar um grito com o slogan de sua candidatura: “União e renovação!”. Assis Filho, porém, não é iniciante. Já foi superintendente da EBC no Maranhão, trabalhou no governo daquele estado e jurou publicamente “eterna admiração, respeito e lealdade” a Roseana Sarney.
Filho do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi e amigo do ex-presidente Michel Temer, Baleia terá dificuldades para emplacar o discurso da renovação. O MDB ainda é a casa dos longevos caciques, que conseguem preservar o poder e manter influência no jogo político, como Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE), Eduardo Braga (AM) e Romero Jucá (RR).
Ex-presidente do diretório de São Paulo do MDB, Baleia Rossi tem se dedicado à pauta econômica desde o início do ano. Ao apresentar a reforma tributária na Câmara, passou a tratar o tema como a principal contribuição de seu mandato. Baleia, entretanto, sempre foi considerado um parlamentar com pouco influência dentro do partido. Apesar de ser o líder do MDB na Câmara, esteve sempre a reboque de outras figuras, como Michel Temer.
O restante da composição da chapa que venceu a eleição do MDB também indica que a renovação não será uma consequência imediata. Na terceira-vice-presidência está o ex-deputado federal Daniel Vilela, filho do ex-governador de Goiás, Maguito Vilela, e na secretaria-geral o deputado Newton Cardoso Júnior, filho do ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso. Já a primeira-vice é ocupada pelo senador Confúcio Moura, que já governou Rondônia por duas vezes, já foi prefeito por dois mandatos e deputado federal.
A segunda-vice-presidência ficou com o deputado federal Carlos Chiodini (SC) e a primeira-secretaria agora é comandada pelo deputado estadual Gabriel Souza (RS). Ambos representam a bancada do sul. A segunda-secretaria do MDB será de Washington Reis (RJ), ex-deputado federal, ex-secretário estadual no Rio de Janeiro e atual prefeito, em segundo mandato, de Duque de Caxias.
O tesoureiro será o senador Marcelo Castro (PI). Ex-deputado federal por cinco mandatos, Castro teve o apoio dos senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) para guardar o cofre da legenda. Marcelo Castro terá como adjunto o deputado federal Raul Henry (PE), que atende à indicação do ex-deputado federal e senador Jarbas Vasconcelos (PE).
A atual legislatura na Câmara dos Deputados tem sido a que menos gasta da cota parlamentar na década. O acumulado de fevereiro a junho, R$ 84,9 milhões, representa queda de 17% em comparação ao mesmo período de 2018.
O Portal Poder360 comparou, de 2010 a 2019, os valores gastos de fevereiro (início da legislatura) a junho –corrigidos pela inflação oficial de junho deste ano. Os deputados têm até 3 meses para lançar suas despesas no sistema. Por isso, a soma de despesas de julho, agosto e setembro deste ano, que ainda pode sofrer alteração, não foi considerada no levantamento.
De fevereiro a junho deste ano, os gastos dos 513 deputados foram R$ 17,5 milhões abaixo do que o registrado no mesmo período de 2018.
Este já é o 3º ano seguido em que a Câmara vislumbra diminuição nas despesas com cota parlamentar durante o 1º semestre. Mas a queda é mais acentuada em 2019 –o que pode ser reflexo da renovação pós-eleição de 2018 na Câmara. Enquanto os deputados em 1ª legislatura gastaram até agora 68% do dinheiro a que têm direito, os restantes consumiram 78%.
Onde os gastos diminuíram?
Em relação ao ano passado, o item que mais ajudou na queda foi “divulgação da atividade parlamentar”: foram R$ 7,2 milhões a menos gastos na atual legislatura. Despesas com combustíveis, telefonia e aluguel de carros também aparecem abaixo de outros anos.
Há poucos itens em 2019 que superam as despesas de 2018. O único de valor relevante é passagem aérea. Foram gastos R$ 27,4 milhões com os bilhetes. Aumento de 11% em relação aos R$ 24,7 milhões do ano passado.
A verba de gabinete é anual. O dinheiro não usado em um mês é acumulado e pode ser utilizado nos restantes. Os valores registrados até aqui indicam a Câmara mais econômica da década, mas ainda há tempo para que os gastos aumentem.