Bolsonaro fala só aos extremistas
Reação ao Datafolha Para centro-direita, reação ao Datafolha mostra que Bolsonaro fala só ao núcleo duro de apoiadores. O presidente da República, Jair Bolsonaro. (Marcos Corrêa/PR) Folha de S. Paulo - Painel Por Daniela Lima A reação de Jair Bolsonaro ao declínio de sua aprovação no Datafolha reforçou em dirigentes de siglas de centro-direita a avaliação de que ele conscientemente abriu mão de reter todo o eleitorado que o sagrou vencedor em 2018. Para este grupo, o presidente está determinado a alimentar apenas o núcleo duro de sua militância, mantendo o antagonismo com o PT vivo nesta ala por acreditar que em 2022 a rejeição à esquerda vai reeditar o roteiro que lhe rendeu a vitória na última disputa. Na planilha A análise de detalhamentos da última pesquisa Datafolha tende a corroborar a avaliação política feita pelos dirigentes partidários. Alhos e bugalhos A maioria dos eleitores que votaram em Bolsonaro rechaça frases usadas por ele para defender a indicação do filho Eduardo à embaixada nos EUA, assim como a referência pejorativa a governadores do Nordeste. Quando a análise centra apenas os que declaram preferência partidária pelo PSL, a proporção se inverte. Alhos e bugalhos 2 Entre todos os que declaram ter votado em Bolsonaro, 54% discordam de fala pronunciada por ele para justificar a indicação de Eduardo, enquanto 42% concordam. O mesmo índice desse grupo diz não chancelar a menção a “governadores de Paraíba”, enquanto 36% assinam embaixo dela. Meu pessoal Se levados em conta apenas os que dizem ter preferência pelo PSL, o partido do presidente, 59% dizem concordar com a menção a “governadores de Paraíba” e 57% endossam a justificativa para a indicação de Eduardo à embaixada nos EUA.
Bolsonaro cancela ida a reunião sobre Amazônia por recomendação médica. Presidente, que passará por nova cirurgia, deve enviar representante para encontro com líderes latino-americanos a ser realizado nesta sexta na Colômbia. O presidente da República, Jair Bolsonaro (Claudio Reis/Folhapress) Da redação da revista Veja com AFP O presidente Jair Bolsonaro cancelou sua participação na reunião regional sobre os incêndios na Amazônia, prevista para a próxima sexta-feira 6, na cidade colombiana de Letícia, por “orientação médica”, informou nesta segunda-feira seu porta-voz. “Por questões de orientação medica, o presidente precisará, a partir de sexta-feira, entrar em dieta líquida”, dois dias antes de uma cirurgia abdominal. “A consequência disso é praticamente inviabilizar uma viagem a Leticia nesse momento”. “O governo brasileiro está analisando a possibilidade de um substituto ao presidente da República, uma autoridade que possa representá-lo neste evento ou, “eventualmente, a postergação a fim de que o próprio presidente, pela importância que atribui ao tema, possa estar presente em uma futura reunião”, disse o porta-voz Otávio Rego Barros. A reunião foi proposta por Peru e Colômbia, no dia 27 de agosto, em meio ao alarme internacional envolvendo o aumento das queimadas na Amazônia, cujo território abrange nove países da América Latina. No Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia, desde janeiro até domingo os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram 91.891 focos de incêndio, 1.390 a mais que na véspera, um recorde desde 2010 para este período. Deste total, 52% estão na região amazônica. Os dados do Inpe apontam que apenas em agosto a Amazônia concentrou um terço de todo o fogo registrado no Brasil até aqui neste ano – 30.901 focos. Mesmo com a cirurgia, Bolsonaro garantiu nesta segunda-feira que estará presente na Assembleia Geral da ONU para defender a posição do Brasil sobre a Amazônia, “nem que seja de cadeira de rodas”. O Brasil tradicionalmente realiza o primeiro discurso da conferência, marcada para 24 de setembro. “Eu vou comparecer à ONU nem que seja de cadeira de rodas, de maca, vou comparecer. Porque eu quero falar sobre a Amazônia”, disse Bolsonaro à imprensa em frente à sua residência oficial em Brasília. Bolsonaro passará por uma quarta cirurgia no domingo, resultante facada no abdômen que recebeu em 6 de setembro de 2018 em um ato eleitoral. Os médicos estimam que ele precisará de um repouso de 10 dias. (Com AFP) |