Jornal destacou o aumento nos índices da devastação e a redução de ações de fiscalização Por Jennifer Ann Thomas – New York Times Neste domingo, 28, a manchete do site do jornal norte-americano The New York Times destacou o crescimento da destruição da Floresta Amazônica, tendência que o presidente Jair Bolsonaro insiste em negar em seus discursos. Recentemente, Bolsonaro questionou até mesmo os dados produzidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, vinculado ao governo federal. Na quinta-feira, dia 25, ao ser questionado sobre os dados de desmatamento, Bolsonaro retrucou: “então, esses dados servem para quê? Para alguém lá na ponta da linha ficar feliz e nos prejudicar nas relações que temos com o mundo. Estamos avançando no Mercosul, com os Estados Unidos, com o Japão, com a Coreia do Sul. Isso nos atrapalha”. O NYTimes também destacou como a defesa da Amazônia esteve no centro da política ambiental brasileira nas últimas duas décadas e que o país chegou a ser considerado referência mundial de conservação e de combate às mudanças climáticas. Contudo, desde que Bolsonaro assumiu a presidência, o aumento na devastação da floresta foi de 39%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Uma análise feita pelo NYTimes mostrou que as operações de fiscalização, realizadas pelo Ibama, diminuíram em 20%, quando comparado ao mesmo período de 2018, no primeiro semestre deste ano. Neste sábado, 27, ao defender que quer transformar a baía de Angra dos Reis em uma Cancún brasileira, o presidente afirmou que a questão ambiental é importante “só aos veganos que comem só vegetais”. Enquanto isso, no Amapá, a Terra Indígena Wajãpi foi invadida por grileiros armados, que teriam sido os responsáveis por assassinar um cacique na segunda-feira, 22. Em um documento, o Conselho das Aldeias Wajãpi escreveu que: “na sexta-feira, dia 26, os Wajãpi da aldeia Yvytotõ, que fica na mesma região, encontraram um grupo de não-índios armados nos arredores da aldeia e avisaram as demais aldeias pelo rádio. À noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçando os moradores. No dia seguinte, os moradores do Yvytotõ fugiram com medo para outra aldeia na mesma região (aldeia Mariry). No dia 26 à noite, nós informamos a Funai e o MPF sobre a invasão e pedimos para a PF ser acionada. Na madrugada de sexta para sábado, moradores da aldeia Karapijuty avistaram um invasor perto de sua aldeia. No dia 28 pela manhã, um grupo de policiais federais e do BOPE chegou à TIW e se dirigiu ao local para prender os invasores”.
Invasão não tem precedentes, diz prefeita da cidade onde vivem os Waiãpi Segundo Beth Pelaes, a ministra Damares Alves e o ministro Sérgio Moro confirmam que irão até o local Marcello Corrêa - ÉPOCA O ataque à aldeia dos Waiãpi, que fica na cidade de Pedra Branca do Amapari (AP), ocorreu no fim da tarde desta sexta-feira, quando 50 homens armados invadiram a demarcação Foto: EPOCA. A invasão de garimpeiros à terra indígena dos Waiãpi, no Amapá, não tem precedentes na região. A avaliação é de Beth Pelaes, prefeita de Pedra Branca do Amapari, cidade que abriga a demarcação onde vivem cerca de mil índios. Em entrevista à ÉPOCA, a prefeita pediu a intervenção do exército e afirmou que o cacique morto durante o conflito é um primo da secretária nacional de Saúde Indígena, Sílvia Nobre Waiãpi. "Estou me deslocando para a aldeia neste momento. Está um clima de tensão. Um clima de medo. Estamos preocupados, porque a informação é que tem um grupo de pessoas fortemente armadas. Fica a questão: o que passou na cabeça dessas pessoas de entrar naquelas terras e tirar os povos indígenas de lá. Essa é a principal pergunta. Gostaria de pergunta para o líder deles lá. Parece que voltamos à era de descobrimento do Brasil, de tomar as terras dos povos indígenas. Recebi ligação da Ministra Damares (Alves, da Mulher Família e Direitos Humanos) da secretária nacional de Saúde Indígena, Silvia Waiãpi. Eles estão confirmando que estão vindo aqui amanhã com o ministro Sérgio Moro (Justiça). Estamos tendo o apoio que está sendo destinado pela Polícia Federal para resolver o mais rápido possível. Inclusive o cacique que morreu é primo da Silvia Waiãpi. Ela está muito preocupada, muito entristecida, porque ela é daqui, ela nasceu aqui na aldeia, no Amapá. Os parentes dela são daqui, os pais dela são daqui."
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