Mudança da Ancine custará caro aos cofres públicos
Cada servidor deslocado de cidade terá direito a receber até três salários de indenização
Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo
A mudança da Ancine (Agência Nacional do Cinema) do Rio para Brasília, anunciada por Jair Bolsonaro, custará caro para os cofres públicos. Cada servidor deslocado de cidade terá direito a receber, por exemplo, até três salários de indenização para arcar com os custos da mudança.
O órgão tem hoje 345 servidores de carreira. A média salarial varia de R$ 9 mil, para os que têm ensino médio, a R$ 18 mil, pagos aos que têm ensino superior.
Funcionários em cargos como os de superintendentes, diretores e secretários e que não têm casa em Brasília receberão auxílio-moradia. O valor varia de R$ 1.800 a até 25% do salário da pessoa.
Um outro problema deve surgir: a grande maioria dos servidores fez concurso para trabalhar no Rio de Janeiro. É provável que haja resistência à mudança de cidade.
Os trabalhadores podem invocar questões familiares ou de saúde para permanecerem onde estão. Eles ficariam, assim, à disposição para serem deslocados para outros lugares do governo –que teria que fazer novas contratações para, se for o caso, substituí-los.
Como a coluna antecipou na quinta (18), Bolsonaro estava contrariado com a área do cinema e planejava extinguir ou pelo menos mudar o desenho da Ancine.
Se aprovada, a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada nos EUA vai abrir nova disputa pela presidência do PSL em São Paulo, que hoje ele ocupa. Uma sucessão natural, a do vice, o deputado estadual Gil Diniz, é vetada por parte da cúpula nacional do partido.
Para superar o impasse, dirigentes sonham com a filiação do apresentador José Luiz Datena —ele poderia assumir a presidência da legenda e ainda se candidataria à prefeitura da capital. Caso ele não entre no PSL, a cúpula do partido cogita nomear uma liderança nacional para chefiar o diretório paulista.
Lideranças do PSL anteveem confronto de alas divergentes. Aliados de Eduardo não aceitam que a presidência seja ocupada pelo grupo que contesta o comando do filho do presidente, encabeçado pelos deputados Júnior Bozella e Alexandre Frota. O rechaço é recíproco. (Painel – FSP)