Mais Notícias : Simpatia é quase amor: o flerte de Toffoli e Bolsonaro
Enviado por alexandre em 01/06/2019 09:09:33

Bernardo Mello Franco – O Globo

Jair Bolsonaro costuma usar metáforas amorosas para falar de suas relações políticas. O presidente já disse ter um “casamento hétero” com Paulo Guedes. Depois declarou estar “namorando” Rodrigo Maia. Falta saber que termo ele escolherá para descrever o flerte com Dias Toffoli.

Os chefes do Executivo e do Judiciário estão ensaiando a dança do acasalamento. Na terça-feira, Toffoli tomou café da manhã no Palácio da Alvorada. Saiu anunciando um pacto para “destravar o Brasil” e “retomar o crescimento”, entre outras platitudes.

Ontem o presidente do Supremo esteve no Planalto com uma caravana de deputadas e senadoras. Passou o encontro sorrindo e cochichando com o anfitrião. Parecia um ministro do governo, não o chefe de outro Poder.

Bolsonaro foi só elogios. Chegou a dizer que Toffoli é “uma pessoa excepcional”. “É muito bom nós termos aqui a Justiça ao nosso lado”, derramou-se. Pouco depois, ele juntou as mãos em gesto de coração. Para as câmeras, não para o convidado ilustre.

O momento “simpatia é quase amor” tem causado constrangimento no Supremo e na comunidade jurídica. A razão é simples: Toffoli não pode antecipar julgamentos ou fazer acordos em nome dos colegas.

A reforma da Previdência não é o único projeto do governo que deverá ser questionado no Judiciário. A Corte já recebeu diversas ações contra atos do presidente que afrontam a Constituição. Além disso, os ministros ainda voltarão a tratar dos rolos do Zero Um.

Para cumprir seu papel, o Supremo precisa manter a independência e a imparcialidade. Não pode despir a toga diante da faixa presidencial.


Coluna deste sabadão na Folha

Puxada de tapete do Mourão

Com passaporte carimbado para Pernambuco na próxima quarta-feira, onde vira cidadão do Recife em ato na Câmara Municipal, por iniciativa do ex-vereador e hoje deputado estadual Marco Aurélio (PRTB), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), general da reserva, enfrenta uma rebelião silenciosa no Congresso: a tramitação de uma PEC, de autoria do deputado Henrique Fontana (PT-RS), com o aval de sete deputados do PSL, legenda do presidente Bolsonaro, propondo eleições diretas para presidente três meses após o afastamento do chefe da Nação.

A proposta não deixa brecha para que, numa eventual vacância do cargo, ele assuma o posto além deste prazo dos 90 dias. A emenda ganhou o apelido de “anti-Mourão”, em referência ao vice-presidente que está em rota de colisão com a família Bolsonaro. Nunca se viu tamanha puxada de tapete.

Reza a Constituição que no impedimento do presidente, em qualquer tempo, o vice assume e cumpre o restante do mandato. Foi assim com Sarney e Itamar. Não pode ser diferente com Mourão.

Confiança em Bivar – A Folha de São Paulo cometeu um deslize ao incluir o deputado Luciano Bivar entre os que, da base do Governo, assinaram a proposta alternativa da reforma da Previdência. O jornal foi obrigado a se retratar com um desmentido. O ministro da Economia, Paulo Guedes, interlocutor da reforma no Congresso, disse que confia muito em Bivar e na sua liderança no PSL.


Política x missão divina

Embalado pela manifestação pró-governo, Bolsonaro mostra nas entrevistas estar convencido do caráter quase divino de sua missão. Diz que o povo está cansado da forma tradicional de política, que, a seu ver, acabou, e que a cadeira presidencial lhe pesa como  a criptonata para o Super-Homem, mas ele resistirá –inclusive a supostas “sabotagens” que aponta, sem dizer de onde vêm– em nome da tal missão divina que recebeu. Messianismo em doses cavalares, num país com a economia estagnada.

Bolsonaro voltou a fazer distinção entre as manifestações contra os cortes na educação, que, nas duas entrevistas que concedeu, repetiu terem sido apoiadas por “inocentes úteis”, e aquelas em defesa de seu governo, essas sim espontâneas. Fez uma definição própria de democracia, que seria a expressão da vontade direta do povo, de cunho plebiscitário permanente.(Vera Magalhães – Estadão)

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia