Regionais : Advogada que criticou agressão de PMs no Piauí é assaltada e arrastada no chão
Enviado por alexandre em 20/04/2019 17:56:31


Advogada que criticou agressão de PMs no Piauí é assaltada e arrastada no chão
Mensagens de texto, o vídeo e um áudio da vítima relatando o crime viralizaram em tom de deboche contra Faelem Nascimento (Foto: Montagem OitoMeia)

O que um assalto a uma advogada e a tortura de policiais militares (PM) contra um suspeito algemado tem em comum? Se levar em conta o fato de os envolvidos não se conhecerem, as relações são inexistentes. Por outro lado, um posicionamento fez com que o crime contra a jovem Faelem Nascimento fosse comemorado por muito “cidadão de bem”, após ela criticar agressões das autoridades contra o homem que não oferecia riscos dentro da delegacia de Piripiri, a 165 km de Teresina.
Um vídeo circula nos grupos de WhatsApp e mostra o momento do crime contra a jovem, que em seguida foi socorrida pela vereadora Beatrice (PSB) e que também teve a arma apontada para si. Além do vídeo, uma captura de tela (print) mostra uma publicação no Facebook de Faelem, datada de 11 de abril, criticando a postura dos PMs que agrediram um suspeito de roubar uma motocicleta naquela cidade.
Mensagens de texto, o vídeo e um áudio da vítima relatando o crime viralizaram em tom de deboche. “Advogada que criticou a polícia no Facebook. Olha aí o que os bandidos fizeram com ela agora a pouco”, diz trecho do conteúdo compartilhado. “Essa fez um textão defendendo o preso e dias depois foi assaltada e arrastada por criminosos”, ironizou outra parte.
Fato é que, em nenhum momento, Faelem defendeu o homem agredido pelos PMs. Na publicação, ela apenas deixou claro que os policiais não agiram dentro dos aspectos legais enquanto representantes do Estado para com o indivíduo, inclusive quando está soba a custódia da instituição da Polícia Militar. “O preso não oferecia qualquer ameaça ou resistência. Estava algemado. Ponto”, discorreu na publicação.



















VÍTIMA FOI ARRASTADA
O OitoMeia entrevistou Faelem, que relatou o crime, ocorrido na noite da última quarta-feira (17/04), em Piripiri. Na ocasião, ela estava sozinha na rua, quando foi abordada por dois homens em uma motocicleta. Na fuga, os bandidos arrastaram a vítima pelos cabelos e pela alça da bolsa, que cruzava o corpo. Após a chegada da vereadora Beatrice, os dois elementos foram embora e levaram os pertences, recuperados logo em seguida pela Força Tática da Polícia Militar. A advogada sofreu algumas escoriações e fraturou um dedo.
Sobre as críticas relacionadas ao posicionamento contrário aos PMs, a advogada destaca que as pessoas se deixam levar pelo senso comum. “Eu, enquanto profissional, não poderia me posicionar contra o que está em lei porque, a partir desse momento, eu estaria faltando com o juramento que fiz”, disse. “O que pedimos e clamamos é por um novo Código Penal, leis mais rígidas e respeito à Polícia que trabalha com poucos recursos”, completou a jurista, que ainda se mostrou revoltada com a criminalidade no Piauí.
A TORTURA EM PIRIPIRI
A tortura contra o suspeito de roubar uma moto em Piripiri foi parar no Ministério Público Estadual (MP-PI), assim como a Delegacia dos Direitos Humanos também o investiga, querendo saber se houve omissão dos agentes da Polícia Civil que presenciaram o fato. A Corregedoria da Polícia Militar também apura as responsabilidades e mantém os acusados presos preventivamente.
No dia 11 de abril, a vítima dos PMs foi solta logo após a audiência de custódia. Segundo o MP, o juiz que decretou a soltura entendeu que a prisão foi viciada em decorrência das agressões, considerando, ainda, o laudo que constata lesões sofridas por ele durante os minutos de violência. A Ordem dos Advogados no Piauí e Conselho Estadual de Direitos Humanos também repudiaram a ocorrência.

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