Política : QUER ELE
Enviado por alexandre em 20/10/2018 22:47:57

Mercado tem preferência por Bolsonaro

Mercados preferem Bolsonaro, mas seu plano de privatizações não é claro.

O candidato à presidência Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro em 17 de outubro de 2018 - AFP/Arquivos

Da ISTOÉ - Por AFP


Investidores brasileiros estão animados com a possibilidade de o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) chegar à Presidência da República, devido a suas promessas de privatização – pouco claras, até agora, mas mais apreciadas do que o oferecido pelo seu rival Fernando Haddad (PT).

A Bovespa disparou após Bolsonaro ganhar com ampla vantagem o primeiro turno, mas o mercado recuou depois que o candidato hesitou em seus projetos de privatização de ativos do Estado.

O respaldo dos mercados à candidatura se deve, em grande parte, à promessa de Bolsonaro de nomear seu assessor Paulo Guedes para o Ministério da Fazenda. Economista liberal formado pela Escola de Chicago, Guedes propôs uma reestruturação para dar fim à tradição protecionista da economia brasileira.

Mas suas medidas vão muito além do que Bolsonaro – que historicamente apoiou o modelo estadista – está disposto a vender.

O candidato do PSL afirmou na semana passada que, se eleito, só autorizará a privatização de atividades periféricas da Petrobras e da Eletrobras e descartou a participação de grupos estrangeiros no setor energético – especialmente a China, que acusou de estar “comprando Brasil”.

As ações da Eletrobras, responsável pelo fornecimento de cerca de um terço da eletricidade no país, caíram mais de 10% no dia seguinte a este anúncio.

Mudança de rumo

“A mudança de Bolsonaro sobre as privatizações provavelmente reflete sua falta de conhecimento e de uma posição clara sobre a política energética e seu viés populista”, disse a analista Lisa Viscidi, da consultoria centrada nas Américas The Dialogue, com sede em Washington.

Viscidi considera, contudo, que “Bolsonaro continuará com uma política geral de abertura dos setores do petróleo e da energia”.

Isso lhe tornou o preferido dos mercado frente a Haddad, que quer frear as privatizações e ampliar o papel do Estado frente à Petrobras.

Os investidores estão levando à sério a guinada de Bolsonaro ao mercado, disse Roberta Braga, outra analista americana do Atlantic Center.

A política de Guedes “significaria uma mudança significativa, até impactante para o Brasil”, afirmou Braga. Mesmo que seja mais suave, “é provável que vejamos um conjunto moderado de políticas pró-mercado”, acrescentou.

Por outro lado, o programa econômico de Haddad “preocupa investidores, que temem que Brasil dê marcha ré no caminho da competitividade” e que busque retomar a política

contrária às privatizações de seu mentor, o hoje preso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta sexta-feira, contudo, mais de 350 economistas brasileiros e estrangeiros, entre eles o americano vencedor do prêmio Nobel George Akerlof, publicaram um manifesto de endosso a Haddad.

Os signatários do Manifesto dos Economistas pela Democracia Brasileira afirmam que existem divergências entre eles e que muitos são “críticos contundentes” dos governos do Partido dos Trabalhadores.

“Fernando Haddad é, neste segundo turno, a melhor alternativa para garantir tais valores”, afirma o documento. “Abaixo-assinamos este manifesto em apoio à sua candidatura, em prol da estabilidade política e econômica, do desenvolvimento ambientalmente sustentável, da inclusão social e do combate à corrupção”, explicam.

À frente nas pesquisas

“Fernando Haddad é, neste segundo turno, a melhor alternativa para garantir tais valores”, afirma o documento. “Abaixo-assinamos este manifesto em apoio à sua candidatura, em prol da estabilidade política e econômica, do desenvolvimento ambientalmente sustentável, da inclusão social e do combate à corrupção”, explicam.

Bolsonaro obteve 46% dos votos no primeiro turno das eleições, em 7 de outubro, frente a 29% de Haddad.

Nas pesquisas para o segundo turno, no dia 28, ele tem uma ampla vantagem de quase 20 pontos sobre seu adversário.

Em seus 28 anos no Congresso, Bolsonaro se opôs às tentativas de privatização de estatais. Durante a campanha, ele admitiu reiteradamente não entender nada de economia e nomeou Guedes para tentar equilibrar as contas públicas.

Seu plano é dar continuidade às privatizações iniciadas no governo do impopular presidente Michel Temer, freadas por resistências políticas e pelos escândalos de corrupção que colocaram seu mandato em risco.

Contudo, Bolsonaro já apontou que ativos estratégicos não podem ser privatizados – incluindo bancos estatais. Para outras empresas, sugeriu como solução a criação de “golden shares”, ações que dão ao Estado poder de decisão sobre as orientações estratégicas de um grupo, mesmo com participação minoritária.

“Os investidores vão acompanhar de perto. O que é certo é que com Bolsonaro, o Brasil não vai voltar à política nacionalista de Lula sobre os recursos naturais, que seguramente Haddad retomaria”, disse Viscidi

Bolsonaro quer comércio externo sem viés ideológico



Bolsonaro diz que buscará comércio 'sem viés ideológico' na América do Sul. Candidato do PSL a presidente defendeu o bilateralismo nas relações comerciais, mas afirmou que o Mercosul 'não pode ser abandonado assim de uma hora para a outra'.

Foto: Reprodução/TV Globo

Por Alba Valéria Mendonça, G1 Rio

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, defendeu neste sábado (20) o bilateralismo "no que for possível" nas relações comerciais com outros países e afirmou que, na América do Sul, buscará uma forma de fazer comércio "sem viés ideológico".

Embora defenda relações bilaterais, o presidenciável afirmou que o Mercosul "não pode ser abandonado assim de uma hora para a outra" porque "muita gente investiu alto" no bloco comercial, cujos membros efetivos são Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela (atualmente suspensa do bloco).

“Vamos partir para o bilateralismo no que for possível. Conversei com Macri [presidente da Argentina] por telefone esses dias aí. Ontem [sexta, 19], rapidamente por telefone conversei com o presidente eleito do Paraguai, recebi a visita de três senadores do Chile, que não está no Mercosul. Mas nós vamos buscar uma forma de fazer comércio com toda a América do Sul, sem viés ideológico”, declarou.

Em entrevista na casa do empresário Paulo Marinho, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, onde gravou os últimos programas da campanha eleitoral, ele afirmou que pretende reduzir a carga tributária como forma de atrair empresas e estimular o emprego. Como exemplo, mencionou o presidente norte-americano Donald Trump.

“Ele quer uma América grande. Eu quero o Brasil grande também. Ele está preocupado com seu país. Ele diminuiu a carga tributária dos empresários, muitos criticaram, mas com isso voltou o emprego. As empresas que estavam fora do seu país voltaram para o seu país. A Inglaterra fez isso a 2

Governo Temer
Bolsonaro disse na entrevista que nem tudo está errado no governo de Michel Temer (MDB). Segundo ele, o que está certo "tem de continuar".

Como exemplo do que está "dando certo", ele mencionou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, mas não assegurou que ele permanecerá no posto.

“Não sei se vai ser mantido. O que está dando certo você tem de continuar. Não vou dizer que tudo está errado no governo Temer. Tem muita coisa errada, mas não vou citar exemplo. O presidente do Banco Central está dando certo, mas não sei se ele vai ser mantido", declarou.

Ministros
Bolsonaro afirmou que a primeira providência a ser tomada se eleito será a nomeação dos ministros.

O candidato disse que chamará "quadros técnicos e competentes, que tenham patriotismo e iniciativa". Ele afirmou que o ex-astronauta Marcos Pontes está "quase certo" para o Ministério de Ciências e Tecnologia, atualmente unificado com Comunicações – o candidato diz pretender separar.

Bolsonaro já anunciou três ministros: o economista Paulo Guedes (para uma pasta que uniria Fazenda e Planejamento); o deputado Onyx Lorenzoni (Casa Civil); e o general Alberto Heleno (Defesa).

“O tenente-coronel da Aeronáutica Marcos Pontes, está quase certo, para o Ministério de Ciências e Tecnologia. A ideia é separar esse ministério do das Comunicações. Talvez fique junto da educação", declarou.
Reforma política e reeleição

O candidato do PSL afirmou afirmou que pretende propor uma reforma política para acabar com a reeleição e reduzir o número de cadeiras no Congresso.

"O que eu pretendo fazer – pretendo fazer e vou conversar com o parlamento também – vai ser uma excelente reforma política. Você vai acabar com o instituto da reeleição. No caso, começa comigo se eu for eleito. E diminui também em 15% a 20% a quantidade de parlamentares.", afirmou.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia