Política : EXAUSTO
Enviado por alexandre em 23/08/2018 08:28:19

Bolsonaro acha brincadeira nova: o "esconde-esconde"

Exausto de debates

Josias de Souza

O Brasil vive uma fase peculiar de sua história. Ao observar o cenário de 2018, o eleitor vê um grande passado pela frente. A maioria (61%) oscila entre um corrupto de segunda instância e um apologista da ditadura militar. Preso, Lula (39%) lidera as pesquisas e quer debater sem poder. Solto, Bolsonaro (22%) colocou um pé no segundo turno e quer o Poder sem debater.

Bolsonaro já participou de dois dos nove debates previstos para o primeiro turno. Revelou-se um presidenciável de verdades múltiplas. A plateia descobriu que, embora frequente a Câmara há 27 anos, o capitão não aprendeu um ensinamento básico da política: jamais diga uma mentira que não possa provar.

Na Band, Bolsonaro irritou-se com espetadas de Guilherme Boulos. E voltou a negar que a ‘Wal do Açaí’ fosse uma funcionária fantasma do seu gabinete. Foi desmentido em 24 horas. Na Rede TV!, negou ter declarado que mulher pode receber contracheque menor que o dos homens.

Qualquer criança de 5 anos encontra na internet o vídeo da entrevista em que Bolsonaro declara sobre as mulheres: “Eu não empregaria com o mesmo salário”. Levou um sabão de Marina Silva por dizer que a encrenca de gênero não é assunto para um presidente da República.

Exausto de sua própria inépcia, Bolsonaro decidiu começar a descumprir suas promessas antes mesmo de chegar ao Planalto. Havia assegurado que participaria de todos os debates. Agora, com os calcanhares de vidro já bem expostos, prepara uma rota de fuga.

Presidente do PSL, partido de Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebiano declarouque “ele está de saco cheio desses debates inócuos, que não levam a nada.” Numa conversa com o repórter Gustavo Maia, Bebiano soou peremptório: “Não vale a pena comparecer a nenhum tipo de debate.”

Debates eleitorais estimulam no imaginário do eleitor uma fantasia: a de que governa melhor o candidato que discute melhor. Ainda assim, é mais vantajoso ter algum debate do que não ter nenhum. Tome-se o caso do próprio Bolsonaro.

Dois debates e um par de sabatinas foram suficientes para revelar que Bolsonaro é a soma dos lugares-comuns que sua memória for capaz de decorar. Ficou claro, de resto, que o capitão quer assumir a direção do país. Mas quem dispõe do itinerário é o economista Paulo ‘Posto Ipiranga’ Guedes.

No fundo, Oscar Wilde é quem estava com a razão: “As primeiras impressões estão sempre certas''. São mesmo admiráveis os presidenciáveis que o eleitor não conhece muito bem. Longe do contraditório, certos candidatos podem até passar por candidatos certos. Daí a opção de Bolsonaro. De “saco cheio” de suas vulnerabilidades, o capitão escolheu uma brincadeira nova: esconde-esconde.

A fuga pode se converter num grave erro do candidato do PSL. Imaginando-se no segundo turno, Bolsonaro esquece que ocupa o primeiro lugar no ranking da rejeição. Para prevalecer, terá de ampliar o rebanho, não pregar para os convertidos.

Enfiando a cabeça nas redes sociais, onde os adoradores o chamam de “mito”, Bolsonaro deve se livrar do contato direto com Boulos, Marinas e outros rolos. Mas não há na história do Brasil nenhum exemplo de avestruz que tenha virado presidente da República.



Ele quer mais: “Voltarei em 2022!



Defensor do aerotrem apoia Bolsonaro, reclama da falta de propostas dos candidatos e ameaça voltar em quatro anos

Daniela Pinheiro – ÉPOCA

Candidato a presidente em 2010 e 2014, quando obteve menos de 1% dos votos, o empresário Levy Fidélix, de 66 anos, tentou emplacar sua terceira candidatura pelo PRTB, partido nanico que comanda. Desistiu para embarcar na candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), para a qual a legenda indicou o candidato a vice, o general reformado Antonio Hamilton Martins Mourão. A calvície e o bigode grosso são tão marcantes quanto as propostas exóticas — a de mais sucesso foi a defesa veemente que fez do “aerotrem”, um monotrilho para desafogar o trânsito das metrópoles. Fora da disputa, Fidélix reclama da falta de propostas dos candidatos a presidente e ameaça: “Voltarei em 2022!”. Na terça-feira (21) cedo, enquanto tomava um café curto sentado sozinho no aeroporto do Rio de Janeiro, ele conversou com ÉPOCA.

Como se sente fora da campanha depois de tantos anos?

Levy Fidélix - São muitos anos, mas sinto como se fosse a primeira, na medida em que nas outras vezes em que eu saí, especialmente nas majoritárias, as possibilidades eram ínfimas, devido aos investimentos, ao desconforto de disputar contra pessoas com muito dinheiro que estavam envolvidas na Lava Jato e no mensalão. Então era praticamente uma disputa sem possibilidades reais, mas sempre insisti nas teses e nos pontos de vista. Muitas coisas que eu sempre falei estão sendo aplicadas hoje.

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