Pedra no caminho de Alckmin
Postado por Magno Martins
Blog do Kennedy
A prisão do ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande Lourenço (foto) causa preocupação no PSDB paulista em geral e no grupo alckmista em particular.
Lourenço é ligado ao atual secretário de Governo de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho. Saulo, que tem o apelido de “Posto Ipiranga” no Palácio dos Bandeirantes, possui proximidade com Geraldo Alckmin, o pré-candidato do PSDB à Presidência.
Logo, não se trata de uma figura como Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, personagem ligado ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e ao senador José Serra.
Lourenço é do grupo alckmista. Isso é uma pedra no caminho do ex-governador, que já enfrenta diversos obstáculos na atual corrida presidencial. A Operação Pedra no Caminho apura acusação de desvios em obras do Rodoanel em São Paulo na gestão Alckmin. O TCU (Tribunal de Contas da União) suspeita de superfaturamento de até R$ 600 milhões.
Para que serve honestidade de Geraldo Alckmin?
Josias de Souza
Está ficando monótono. A revelação de que Laurence Casagrande Lourenço (foto),ex-chefão da Dersa, meteu-se em desvios de até R$ 131 milhões nas obras do Rodoanel empurra o tema da corrupção para dentro da campanha presidencial de Geraldo Alckmin pela terceira vez. Guiando-se por autocritérios, o candidato tucano considera-se um político honesto. Não se cansa de mencionar sua vida modesta. Beleza. Mas a reiteração dos escândalos suscita uma incômoda indagação: para que serve a honestidade de Alckmin?
Qualquer um pode testemunhar o conceito extraordinário que faz de si mesmo. Contudo, sem prejuízo do direito de Alckmin ao autoelogio, o que sobra no final da trajetória de um administrador público são os fatos. E os fatos transformam a probidade presumida de Alckmin num asterisco que ajuda a compreender como o Brasil virou uma cleptocracia. A principal marca da perversão nacional é uma administração pública corrupta comandada por pessoas presunçosas.
Acumula-se na porta do comitê eleitoral de Alckmin um monturo que vai ganhando a perigosa aparência de um lixão. Admitindo-se que Siemens, Alston e Paulo Preto sejam pendências compartilhadas com outros tucanos, sobram duas goteiras que supostamente pingaram verbas sujas em arcas clandestinas de campanhas de Alckmin: R$ 10,3 milhões da Odebrecht e R$ 5 milhões da CCR. Nos dois casos, aparece como coletor Adhemar Ribeiro, cunhado de Alckmin.
De repente, a Procuradoria arrasta para o centro do palco Laurence Casagrande Lourenço. Não é um personagem qualquer. Sob Alckmin, o preso foi escalado justamente para averiguar denúncias de corrupção na Dersa, a estatal que cuida de Rodovias em São Paulo —denúncias contra Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador de propinas do tucanato paulista.
Até ontem, Alckmin jactava-se de ter sido o primeiro a investigar Paulo Preto. Agora, precisa explicar por que não notou que Laurence, seu investigador, era, ele próprio, um caso de polícia.
Laurence entrou e saiu da Dersa na gestão de Alckmin. Transitou por cargos relevantes como o de secretário de Logística e Transportes. Um mês antes de o governador trocar o Palácio dos Bandeirantes pelo palanque, passou a responder pela Companhia Energética de São Paulo, onde se encontrava até ser preso.
Alckmin declarou-se “surpreso” com as novidades descobertas sobre Laurence. Defende a investigação. Beleza. Mas continua boiando no ar a pergunta: para que serve a honestidade de um gestor público se essa qualidade precisa ser puxada pelos cabelos para não se afogar no lodo?
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