Regionais : Seleção Brasileira, a política e a economia
Enviado por alexandre em 14/06/2018 23:53:23

Seleção Brasileira, a política e a economia
Reinaldo Cafeo

A Copa do Mundo sem dúvida é capaz de mexer com as pessoas. Aqui no Brasil, por mais que as pesquisas apontem para queda no interesse por este evento, quando a Seleção Brasileira estiver em campo as famílias e os amigos se reunirão e torcerão por seu sucesso.

Foram longos quatro anos desde o fracasso da última copa em que os famigerados 7 a 1 contra a Alemanha não saem de nossas cabeças. Vejam que, coincidentemente, as eleições no Brasil são realizadas a cada quatro anos. Diferentemente da eleição para prefeito e vereadores, a eleição para presidente da República, senadores e deputados (federal e estadual) coincide com o ano de realização da Copa do Mundo.

Afinal, há relação entre a Seleção Brasileira, a política e a própria economia? Investiguemos esta questão. Para se classificar para a Copa do Mundo as seleções trilham um longo caminho. Aqui no Brasil, depois do fracasso já mencionado da copa passada, em nossa casa, algo contundente teria que ser feito. Dunga foi escalado para esta missão, mas assim como tivemos na política a queda da ex-presidente da República Dilma Rousseff, o mesmo foi afastado. Ambos foram penalizados pelo fraco desempenho em suas gestões. As semelhanças iniciais param por aí, afinal, não é possível pensar em comparar a capacidade e competência do Tite, substituto de Dunga, com que representa o sucessor de Dilma, Michel Temer. Anos luz os separam do ponto de vista de saber conduzir equipes para o sucesso.

Talvez Temer seja semelhante ao então presidente da CBF - Marco Paulo Del Nero, que antes de ser banido do futebol contratou Tite e sua equipe para comandar a Seleção Brasileira. Temer tentou criar um novo momento na condução da política econômica brasileira, trazendo para centro pensante da economia profissionais do mercado, que conseguiram, sim, em pouco tempo dar outra dinâmica à economia nacional. Diferentemente do afastamento de Del Nero, Temer abriu balcão de negócios e, no toma lá da cá, ganhou sobrevida, e mesmo convivendo com denúncias, tudo indica que terminará seu mandato. Tite classificou a Seleção Brasileira em primeiro lugar, com um futebol renovado, e chega para disputar a Copa do Mundo com reais chances de ser campeão. E Temer? Fim melancólico, com uma equipe econômica reconstruída (Meirelles se afastou par concorrer à Presidência da República, Pedro Parente pediu exoneração da Petrobras, ministros da área econômica foram realocados, permanecendo somente o presidente do Banco Central Ilan Goldfaj), que em vez de chegar ao fim de seu mandato com a possibilidade de ficar para história como alguém que deu o primeiro passo para reconstruir o Brasil, com um modelo econômico consistente, se arrasta a olhos vistos.

Em vez de fazer como Tite, se mostrar independente da roubalheira identificada na CBF, Temer foi incapaz de se colocar como um agente político transformador. Tite não perdeu a chance de mexer estruturalmente na Seleção Brasileira, Temer sim.

Certamente vibraremos com a seleção, podemos até nos decepcionar com eventual desclassificação, mas não há dúvida do legado que será deixado por Tite, já Temer não deixará saudades e, o que é pior, nenhum legado que permita projetar que os atuais postulantes a sua sucessão darão andamento ao que foi construído.

Por sinal, com a maior impopularidade da história recente brasileira nenhum candidato em sã consciência irá querer colar seu nome ao de Temer.

E a economia? É consequência de todo este marasmo político. Os agentes econômicos estão sem norte e a maioria está adiando decisões mais importantes. As dúvidas quanto ao futuro do modelo econômico brasileiro, somadas à fragilidade da estrutura do País (vide a dimensão da greve dos caminhoneiros) geram incertezas e, com elas, o adiamento dos investimentos, derrubando as previsões da retomada mais consistente do crescimento econômico.

Enfim, políticos brasileiros, se querem bons resultados sejam sábios e aprendam com o treinador da seleção, o Tite: liderança, equipe de alta performance, metas claras e objetivas, motivação, comprometimento e acima de tudo ética e honestidade. Pelo quadro atual, a única correlação entre a Seleção Brasileira com a política e a economia é que estas últimas tornam a vida dos brasileiros cada vez mais difícil. Em ano de eleições, precisamos mudar este quadro.

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